17°| Sombras
D I A N A
Algo está me chamando.
É grande. Poderoso. Mortal. E está me dando terríveis dores de cabeça.
Eu rolo na cama, enjoada pelo balançar do mar. Minha visão escurece, depois clareia e então volta a ficar turva. As sombras parecem brincar e eu sei que há algo muito errado comigo. Eu não deveria estar aqui...
Algo está me chamando.
É grande. Poderoso. E irá matar todos nós.
E L L E
Hellige inteira brilha. É quase impossível de enxergar devido a luz do sol que reflete nela, quase como se ela fosse feita de prata. É magnifico.
Brand também observa. Mas não está encantada como eu e Thomas. Está tensa, preocupada até.
_ Algo está errado. - murmura ela, para si.
_ O que foi? - pergunto.
_ Está muito fácil... - ela olha para Sir.MacFarland e o chama. Assim que ele se aproxima ela diz: - O Escorlario já não devia ter aparecido?
_ Estava pensando o mesmo - diz ele. O mesmo vinco de preocupação surge em sua testa - Talvez Deesh já tenha chegado e derrotado...
Deesh? Eles estavam aqui?
Só o pensamento de ter Peter tão perto fazia meu coração querer explodir de ansiedade. A emoção boa mais forte que eu havia sentido nos últimos dias.
_ Não, acho que não. - murmura Brand.
Como se suas dúvidas se concretizassem, algo bate no casco do navio, quase nos lançando ao mar. O mar ainda está calmo, como se nada tivesse acontecido. Mas uma sombra enorme passa por baixo de nós, e então, outra batida, mais forte que a primeira.
É quando Diana escancara a porta da cabine, o rosto pálido como a neve, os olhos arregalados de medo. Sua voz não passa de um sussurro estrangulado quando diz:
_ Eu despertei ele.
. . .
Suas palavras nos atinge como um baque.
Quem ela despertou? Como ela despertou?
Minha cabeça roda, mas a dela parece que vai explodir. Ela grita alto e estridente, as mãos ao redor da cabeça, os joelhos fraquejam e tocam o chão. As sombras oscilavam, como se possuíssem vida própria.
_ Isso... - Brand começa, a voz por um fio - Isso é impossível... - ela olha para Elarus, que parece tão surpreso quanto. Ele não tem a chance de dizer nada, pois no exato momento em que abre a boca, algo emerge da água.
É feito de escamas tão escuras quanto a noite. As presas afiadas são de marfim, fincadas em uma boca tão grande que é capaz de engolir um Ogro Branco inteiro. O corpo é como o de uma serpente, mas há patas com membranas entre os dedos e garras afiadas. O nariz e
é curto e os olhos escuros e medonhos, como encarar a própria escuridão.
_ Isso não é um Escorlario! - grita Sir.MacFarland.
A criatura parece entender, pois solta um som agudo como vidro arranhado. Coloco a mão nos ouvidos e meu corpo cede. O barulho parece reveberar em meus ossos, querendo quebrá-los. O mundo fica escuro por alguns segundos. Ao meu lado, todos haviam caído no chão também e mais ao longe Diana está encolhida, chorando e murmurando algo.
A criatura fica em silêncio e mergulha, mas então emerge novamente, dessa vez jogando o corpo para cima de nós, quebrando a ponta do barco. Iríamos afundar.
Os guardas atacam. Fogo, flechas, espadas, nada parece fazer efeito na criatura. Apenas a deixa mais irritada.
Diana grita de dor novamente. Parece lutar contra algo, conter algo. A criatura nota sua presença, os olhos escuros analisam, observam a garota. Quase como se estivesse encantada. Então mergulha novamente.
_ Diana! - Thomas berra, correndo ao seu encontro. Ele agarra o braço dela e a arrasta de lá no momento em que a criatura surge e faz outro ataque, no lugar em que Diana estava antes. Madeira explodiu pra todos os lugares.
Mais uma parte danificada do navio. Estávamos afundando cada vez mais e mais rápido.
Me aproximo de Thomas e Diana.
_ Minha culpa. Minha culpa. Eu não posso. Minha culpa. Fui eu. Fui eu. Não posso. - Diana choraminga, os ombros encolhidos, a cabeça baixa. Eu nunca a tinha visto tão fraca, indefesa.
Brand a agarra pelo braço e Diana ergue a cabeça para encará-la, lágrimas molham sua bochecha e um soluço escapa de seus lábios.
_ Conserte isso, Diana. - ordena. A empurro e Thomas coloca Diana atrás dele.
_ Perdeu a cabeça!? - inquiro irritada- Como ela vai consertar isso?
Brand me empurra de volta, me fazendo recuar alguns passos. Uma de suas unhas arranha meu braço, mas eu não me importo.
_ Do mesmo modo que chamou essa... Essa coisa, ela mandará embora! - Brand olha novamente para Diana - Conserte.
_ Não temos tempo para isso, Brand. Para os botes! Todos! - Sir.MacFarland berra, se encaminhando para a lateral do barco onde alguns guardas já adiantam o processo de descer os botes até o nível da água.
Brand grunhe de raiva, mas se junta ao Sir.MacFarland, assim como Thomas também não perde tempo.
Tento correr, mas assim que dou meu primeiro passo o chão embaixo dos meus pés cede e sinto a dor pulsante da madeira rasgando minha perna e me prendendo. A criatura ressurge da água e seus olhos pousam em mim. Parecem famintos. Então ela recua a cabeça, se preparando para um ataque na minha direção. Tento desesperadamente puxar mimha perna, mas movê-la causa mais dor ainda. Fecho os olhos.
_ Aní! - Diana grita, sua voz soando tão alta e autoritária que faz meu corpo todo estremecer. Reconheço as palavras ditas em deesh, dizendo não. Não tenho tempo para pensar onde ela aprendeu a se comunicar assim, pois ela se joga na minha frente, as mãos estendidas para a criatura, que mostra as presas afiadas. Diana não se deixa sentir medo, permanece ali, em pé, desafiando o monstro - Eliva aní!
"Eu disse não!", minha mente traduz.
A criatura solta outro de seus terríveis gritos, balançando a cabeça de um lado para o outro, como se estivesse lutando contra si mesma. Nuvens pesadas começam a nos rodear, o mar se agita e falta pouco para que o navio seja completamente engolido pela água. O sol foi escondido e o céu, antes tão azul, fica com uma colação avermelhada.
Thomas surge ao meu lado, me estendendo a mão.
_ No três eu irei te puxar e você empurra seu corpo para cima, tudo bem?- instrui ele. Temerosa, balanço a cabeça em concordância. Ele comprime os lábios em uma linha fina - Sinto muito, mas vai doer pra caramba...
Ele começa a contagem e quando chega no três, me forço a obedecer, impulsionando meu corpo para cima com o apoio dos meus braços. Sinto a dor irradiar meu corpo até que toda minha perna fosse retirada do buraco. Minha visão fica turva ao ver o pedaço de madeira fincado em minha perna, além dos diversos rasgos e arranhões. Thomas começa a me arrastar para os botes, já na água.
Diana permanece encarando a criatura se debatendo.
_ Diana, vamos! - minha voz sai rouca e lágrimas rolam em minha bochecha pela dor. Ela não se move - Diana!
Então ela grita novamente. O mundo fica escuro e frio, como se tivesse mergulhado nas sombras. Sinto o corpo de Thomas enrijecer. Minha cabeça fica pesada. Dor, agonia, solidão... Meus ossos estremecem com o frio. Não o frio que estou acostumada, é diferente. Mais perigoso e mais letal.
O estrondo de algo grande caindo no mar. Um choro na escuridão.
As sombras começam a se dissipar. Não apenas se dissipar, mas retornar. Retornar para a menina estirada no chão, chorando e murmurando:
_ A culpa é minha.
Diana com poderes? O que está acontecendo? Hehehe, quero teorias na minha mesa!
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Você é incrível!
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