O universo tremia. Não em metáfora, mas em essência. Algo estava errado.

Nas profundezas do espaço, além da última estrela conhecida, Uatu, o Vigia, permanecia imóvel. Seus olhos, capazes de testemunhar a ascensão e queda de civilizações inteiras sem piscar, agora tremiam. Ele sentia—aquela presença era diferente de tudo que já existira. Mesmo os Celestiais, os Eternos, os Devoradores de Mundos... nenhum se comparava ao que estava vindo.

Então, ele apareceu.

Não houve explosão de energia. Nenhum rasgo no tecido da realidade. Apenas um vazio crescente, um silêncio absoluto que engoliu tudo ao redor. Quando Uatu percebeu, O Juiz já estava ali.

Ele não era um ser de carne ou metal. Não tinha forma fixa, apenas uma silhueta humanoide feita de pura ausência, como se o próprio conceito de existência se recusasse a tocá-lo. Seus olhos eram dois sóis negros, queimando sem luz.

— "Tu que observas... agora testemunharás."

A voz do Juiz não foi ouvida. Foi sentida. Como um veredito incontestável que já estivesse escrito desde o início do tempo.

Uatu tentou falar, mas sua boca não se moveu. O Vigia sabia o que aquilo significava. O Juízo havia começado.

E o universo 616 estava condenado.

Nova York, Terra-616.

Doutor Estranho despertou com um grito. Sua respiração estava pesada, suando como se tivesse acabado de escapar de um pesadelo. Mas aquilo não era um pesadelo. Ele viu.

Viu o vazio consumindo estrelas. O Juiz estendendo a mão e apagando realidades como se fossem velas ao vento. O universo sendo posto à prova.

Stephen se levantou do leito em Kamar-Taj, cambaleando até o espelho. O reflexo mostrava seus olhos vermelhos, exaustos. Ele sentia o eco da entidade dentro de sua mente, como se a própria realidade estivesse se despedindo dele.

— "Não... não pode ser..." — sussurrou.

Mas já era tarde. A primeira anomalia surgiu no céu.

No centro de Nova York, um círculo negro abriu-se acima das nuvens. Não era um buraco negro. Nem uma fenda dimensional. Era ausência.

Então, o primeiro Executor desceu.