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capítulo 47, décimo primeiro da segunda temporada.
Lembro da última briga que tive com minha família, e ainda mais de quanto Hamilton morreu. Foram os piores meses pra mim, pois sentia que aquela culpa terrível era toda e completamente minha. Agora quatro anos se passaram, aprendi a conviver com aquela coisa que me consumia lentamente, porém o conselho de Gabriel fez eu notar que voltar pra cá não foi uma ideia tão ruim assim.
Eu dei duas batidas na porta da enorme casa, me lembrando que um dia eu já chamei aquele lugar sombrio de lar. Não importava a reação da minha mãe, eu iria me desculpar com ela. Tirar aquele peso em minha mente era a melhor solução mesmo em saber que eu não tinha feito nada de errado.
Mas foi minha avó que abriu a porta. Aqueles segundos se estenderam, ela me encarava séria, completamente paralisada. Avancei um passo, e sorri.
-Minha flor!- Ela disse me abraçando, ainda em dúvida de acreditar em me ver.
Ficamos juntas por alguns instantes, ela sorria sem parar agora.
-Louise está?- Perguntei, ela franziu a testa confusa.
-Não soube? Ela e o Thiago se separaram e sua mãe decidiu morar na América do Sul.- Quase cai pra trás de susto. Minha avó notou que não sabia de nada disso.
-Quatro anos de casada, o casamento dela com o Max durou muito mais que isso.- Eu reclamei entrando na casa e olhando tudo em volta.
-Nós duas sabemos quem foi responsável por metade dessa confusão.- Jane Cossford toca naquele temido assunto.
-Ele destruiu a vida de muitas pessoas, alguns foram trágicos e outros foi aquela semente de incerteza e culpa, assim como o meu.- Confessei enquanto caminhávamos até a cozinha.
-Sim, com certeza. Então, acha que ela vai se sair bem morando em outro país?- Minha avó notou aquela amargura sobre ele e mudou o foco da conversa.
-Ela viajava pra vários estados americanos, deve ter conhecido alguém que iria ajudá-la.- Comento dando de ombros, não muito interessada em saber disso.
-Parece que foi morar no Chile, foi o único lugar onde o clima é próximo do nosso.- Jane continua a falar. Com isso eu noto que ela está muito preocupada com a filha.
-Louise é a pessoa que mais sabe se virar nessa vida, deve está esquiando agora.- Eu respondo, dando um gole no chá que minha avó oferece.
-A casa ficou tão vazia depois que você foi embora...- Ela diz me encarando carinhosamente.
-Eu precisava ir, ia acabar me destruindo se ficasse mais um tempo nesse lugar.- Expliquei sentindo o peito apertar de saudade.
-Teve toda a razão, nem eu mesma sei como suportei tanto tempo ao lado daquele maldito homem. Que Deus o tenha.- Ela colocou a mão no coração, como se desculpasse por falar aquilo dele.
Nem Deus deve querer um homem daquele.
-E como está indo o trabalho em Miami?- Jane se sentou em minha frente na mesa e bebeu seu chá de camomila.
-Agitado e trabalhoso, do jeito que eu gosto. Saber que a qualquer momento sua rotina vai mudar, precisa viajar pra algum outro lugar, vai ser substituta de alguém do outro lado do estado. Faria isso pro restante da minha vida.- Contei animada, finalmente um assunto que me interessava.
-Fico tão feliz, Eva!- Ela segurou minha mão e apertou.
-Foi John que me convidou pra passar o feriado com eles. Eu não queria vim por conta de Thomas, porém um amigo me fez lembrar que tinham coisas que eu precisava resolver se quisesse seguir a vida sem um peso.- Continuei e ela sorriu alegremente.
-Quando Thomas apareceu um dia na praça com uma nova namorada eu me surpreendi, apostava que sempre ficariam juntos.- Jane comentou dando mais um gole no chá.
-Eu o amo, ele foi responsável por uma boa parte da minhas mudanças e decisões. Só que comigo morando a três horas daqui e com uma rotina sem programação meio que não sobrava espaço algum pra ficarmos juntos. Demorou bastante tempo pra entendermos isso e decidimos ser grandes amigos.- Desabafei aquilo que a tempos me prendia.
-Estou tão orgulhosa, você cresceu tanto que está distante de ser aquela garotinha que aprendeu a andar entre os tropeços.- Ela disse sorrindo.
-Ah não, eu tropeço muito, na verdade nem sai dessa fase ainda.- Brinquei fazendo nós duas cairmos na risada.
-Eu não se deveria perguntar sobre o seu pai...- Jane diz prestes a dar o último gole da xícara.
-Max Leonard, meu pai, que jurou ficar comigo em todo momento e quando encontrou o amor da sua vida me abandonou, resolvendo viver sua história de amor bem longe de mim? Se for esse, eu conheço.- Ironizei fazendo minha avó fazer uma expressão triste.
-Lamento por isso, na verdade eu lamento por tudo. Você é tão forte, eu não sei se aguentaria tudo isso que está passando. Nossa família é tão... como posso dizer... tão complicada.- Ela tenta me consolar, sendo que eu sabia disso muito bem.
-Não resta dúvida disso. Mas o que aconteceu mesmo com a Vivian e o Zack?- Perguntei terminando meu chá. Comi uns dos biscoitos antes de minha avó contar aquela história.
-Resolveram finalmente viajar juntos depois de toda aquela confusão, são mãe e filho no final das contas, parece que estão bem. O que eu acho incrível, brigaram tanto e no fim tinham que se entender.- Jane falou.
Não sei se terei esse mesmo final...
-É ótimo que tenham se resolvido.- Comentei enfiando um biscoito na boca.
Minha avó ficou quieta e eu também, sem saber mais o que contar, já que para nossa família tudo estava indo de mal a pior. Um som de buzina chamou nossa atenção, depois o som da campainha, olhei as horas no celular e tive certeza que era Gabriel.
-Eu tenho que ir.- Falei caminhando pra abraça-la. -Caso queira me achar é só ir até a casa dos Peters, eu acho que deveria passar o feriado com a gente também.- Eu fiz o convite, sabendo que ficar naquela enorme casa vazia era péssimo e não desejava a ninguém.
-Vou pensar no assunto.- Ela falou sorrindo de novo. Se separando no abraço apertado que demos.
Jane me acompanhou até a porta e fiquei completamente surpresa quando vi Gabriel numa moto, ele parecia um modelo de revista, com uma blusa cinza, jaqueta jeans pelos ombros e calça jeans, sem contar o tênis da Nike nos pés.
-Onde raios conseguiu essa moto?- Perguntei curiosa. Ele sorriu e deu de ombros.
-Primeiro me apresente a sua avó e nós conversamos.- Gabe disse e já estava na nossa direção, ele limpou a mão na calça e estendeu a Jane com um sorriso no rosto.
-Você é...- Minha avó não fazia ideia de quem ele era.
-Gabriel; Gabriel McCall. A senhora deve ser Jane Cossford.- Ambos apertaram as mãos. Jane olhou pra mim cerrando os olhos perdida ainda.
-Vó, Gabriel e eu viemos juntos, eu falei da senhora pra ele.- Expliquei.
-Vieram juntos, estão... namorando?- Ela perguntou direta, eu comecei a ficar nervosa com a expressão que ela tinha. Agradeci aos céus ela não saber da história dos McCall's.
-Quase isso, vamos decidi o nome ainda, mas garanto que chega perto de um namoro.- Eu interrompi o ruivo antes dele abrir a boca.
-Vão decidi o nome?- A cara dela se fechou mais ainda.
-Na verdade...- Gabriel começou a falar de novo.
-Na verdade eu acho que já está na hora de irmos, o jantar começa em algumas horas. Tem certeza que não quer ir com a gente?- Perguntei mudando completamente aquele assunto assustador.
Jane olhou para a moto perto de nós e franziu a testa, a expressão dela só ficava pior. Eu não queria nada com um título sério demais, namoro era sério demais, porém tinha descoberto recentemente que amava aquele garoto e tinha algo entre nós que comigo e Thomas não tinha, porém ao ouvir aquela pergunta sobre o que nós eramos me fazia tremer de medo novamente.
-Não obrigada, peça pra Thomas vir me buscar as sete que eu vou está lá.- Ela deixou bem claro de quem gostava mais. O que eu julgaria, pois nem tinha conhecido Gabe ainda.
Eu confirmei quieta caminhando até a moto, Gabriel também não falou nenhuma palavra. Ele me entregou o capacete, deixando ainda em mistério o lugar onde nós iriamos antes do jantar.
De alguma forma eu notei que ele estava chateado comigo.
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O que acharam da primeira aparição da Jane hoje?
Mais uma vez, sem músicas :(
N/A : Me indiquem algumas que combinam com o livro, pode ser por aqui ou pelo imbox.
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