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Thomas Peter.
Hospital. Preocupado. Perdido.
-Você é o acompanhante da paciente?- Uma enfermeira me parou.
Acenei sem condições de explicar nada naquele momento. Eu precisava falar com Sabrine o mais rápido possível.
-Pode entrar, parece que a irmã dela já saiu.- A mulher respondeu e eu me apressei a entrar na sala.
Assim que abri a porta fui recebido por um sorriso dela.
-Oi Sabry, então, vai explicar o que aconteceu?- Perguntei e me sentei na cadeira vazia ao lado da cama dela.
-Eu só não estava tomando o medicamento, estava cansada daquilo.- Ele respondeu segurando minha mão e apertando.
-Mas você precisa disso, teve que desmaiar e ter uma crise pra perceber?- Falei apertando a mão dela de volta.
-Peter, eu estou bem. Essa é a minha decisão, quero que aceite isso. Esse remédio está me fazendo mal, não quero mais tomar, prefiro optar por uma dieta sem açúcar.- Ela respondeu com um sorriso orgulhoso.
Deixei um beijo na sua mão e sorri pra ela também.
-Parece que está orgulhosa disso, o que sua irmã falou?- Perguntei enquanto tirava uma mecha bagunçada da frente de seu rosto.
-Michelly é uma chata, diz que com a dieta tudo fica mais fácil de errar, ela não confia em mim.- Sabrine falou e soltou um suspiro cansado.
-Mas é complicado confiar em você depois de ter desmaiado a caminho da escola, você mentiu, disse ter tomado os medicamento mas não fez. Ela deve está chateada ainda.- Defendi Michelly, apesar de saber que eu também estava chateado por minha amiga ter mentido pra mim.
-Desculpe por isso, eu não queria deixar vocês preocupados assim. Você tem a peça, se livrou de uma detenção longa, suas notas estão caindo, e agora faltou aula pra ficar aqui.- Sabrine disse e me olhou preocupada.
-Quem está internada é você e fica se preocupando comigo. Eu estou bem, Sabry. Problemas eu sempre vou ter, mas meus amigos eu corro o risco de perder se não tomar cuidado.- Respondi deixando um beijo na bochecha dela.
-Foi um teste, Peter. Eu queria saber da peça, Rafael me contou que você saiu. Falei pra você me dizer mas pelo visto não ia fazer isso.- Ela murmurou como se fosse um segredo de estado.
-A peça não representa mais nada pra mim.- Respondi friamente.
-Nossa, quanta falta de sensibilidade.- Ela falou soltando minha mão e olhou em volta procurando seu celular.
-Michelly levou. Ela quer que você descanse, palavras dela e não minhas.- Avisei recebendo um olhar reprovador da minha amiga.
-Isso é tão ridículo, eu estou bem. Desmaiei, tive uma crise, voltei ao normal e agora estou bem. Agem como se eu tivesse a beira da morte.- Sabrine reclamou.
-Na minha visão você estava, eu fiquei desesperado sem saber o que fazer quando você começou a tremer por excesso de açúcar.- Expliquei e cruzei os braços tentando mostrar que estava mesmo chateado com aquilo.
-Se eu te contasse você iria me matar ali mesmo. Foi errado o que eu fiz, sei disso, poderia está sozinha e seria bem pior, mas entenda que é muito complicado está sendo vigiada e orientada sobre o que fazer o tempo todo, só queria um dia livre disso, mas pelo visto eu não suporto mais ficar sem tomar uma agulha no corpo.- Minha amiga respondeu e vi seus olhos marejarem.
-Não vou mentir e dizer que entendo, porque não faço a mínima ideia do que é isso, mas estou aqui pra te ajudar, não pra ficar te vigiando, desculpa se ultrapassei os limites mas foi pra cuidar de você, tenha certeza disso.- Tentei falar e fazer com que ela não chorasse mas era realmente complicado.
-Chega de falar de mim, conte de você agora.- Sabrine mudou o assunto limpando as lágrimas que escorreram do rosto.
-Bem... não tenho nada de interessante pra contar.- Falei dando de ombros.
-Não minta pra mim, Thomas. Vou acabar descobrindo.- Ela ameaçou.
Suspirei e me aproximei mais da cama, entrelacei nossos dedos e abri um sorriso.
-A Eva esteve lá em casa por esses dias, mas acabamos brigando como sempre. O Brian não olha mais na minha cara e deixou de me seguir em todas as redes sociais, agindo como se nunca tivéssemos nos conhecido. E tive uma conversa com o Rafael também, ele é até legal.- Contei tudo o mais resumido possível.
-Brigou com a Eva porque motivo?- Ela fez a temida pergunta.
-Disse que gostava de mim, mas a Eva é só pensa nela mesma, passou anos de odiando e chega na minha casa dizendo que gosta de mim, queria que a gente se resolvesse. Com a desculpa que eu troquei ela pelo Brian. Acho melhor me afastar dos Cossfords de uma vez por todas.- Expliquei encarando Sabrine.
-Todos sabem que eles dois são complicados, o Brian é impulsivo e a Eva é egoísta, não se faça de perfeito, você é insuportável também, mas a diferença é que eles eram uma pessoa melhor com você. Mas se isso está te fazendo mal talvez deva se afastar, a vida é sua.- Ela respondeu e deu um sorriso de canto.
Acenei confirmando e ela fez carinho no meu cabelo.
-Uma pergunta meio boba, porque você chama a Eva de snowfloke?- Sabrine perguntou e eu dei risada, aquela era mesmo uma pergunta boba.
-Eu chamava ela assim desde que ela conseguiu pegar um floco de neve com a língua quando tínhamos uns sete anos. O apelido pegou e todos chamam ela assim quando querem perturba-la.- Eu expliquei dando de ombros mais uma vez, não me importava mais nenhuma lembrança da Eva em minha vida.
-Ela foi sua melhor amiga por um bom tempo, foi realmente estranho um dia ver você entrando na escola com o Brian em vez dela, os dois foram crescendo e todos esqueceram da Eva e do Thomas, agora era Brian e Thomas. Ela não tinha amiga nenhuma e nem mesmo o irmão dela andava mais com ela agora, entenda como foi tão mais fácil odiar você do conversar.- Minha amiga tentava explicar mas eu ignorava.
-Não quero mais falar da Eva, muito menos do Brian. Eles não estão aqui, não fazem mais parte da minha vida, nem se importam mais comigo e nem com você, está na hora do seu almoço e eu vou buscar pra você, descanse enquanto isso.- Respondi mudando completamente o assunto.
-Peter, quero que dê uma última chance pra Eva.- Sabrine pediu.
-Volto em alguns instantes.- Falei ignorando o pedido.
Sabrine podia ter razão, mas eu não me importava mais com eles, ela estava doente e internada agora, precisava focar em ajudar minha melhor amiga e só depois lembrar dos meus problemas.
-Oi cara, e então? Como ela está?- Rafael apareceu no corredor parando em minha frente.
-Está bem, na verdade muito bem. Só que ainda não dormiu e eu estou tentando convencer a Michelly a não dar nenhum calmante pra Sabrine, deixar ela dormir por conta própria, ela já tomou medicamento demais.- Eu expliquei e ele confirmou.
-Tem razão, está indo buscar o almoço dela?- Ele perguntou outra vez.
-Sim, pode fazer isso por mim? Eu tenho que ligar pra minha mãe e avisar a ela que estou aqui, não tive tempo disso ainda.- Pedi e ele deu um soco amigável no meu ombro me tranquilizando.
-Pode ficar tranquilo, Peter. Eu faço isso e você liga pra mamãezinha.- Ele provocou e sorriu indicando que estava brincando comigo.
-Seu idiota.- Falei enquanto procurava o meu celular.
-O único idiota dessa história é você, Thomas.- Rafael respondeu e seguiu em direção ao refeitório do hospital buscar o almoço da Sabrine, e eu encarei o meu celular, onde tinha uma única ligação perdida da Eva.
Fiz o que deveria fazer, ignorei e me concentrei em avisar minha mãe do que estava acontecendo. Minha família e meus verdadeiros amigos eram mais importantes do que qualquer outra coisa naquele momento.
⨁
Eu acho o Thomas muito fofo, mas ele está sendo idiota.
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