Capítulo 4
Isabella
Foi um dia bastante cansativo . Tive que passar pano nos três andares da loja de noivas que eu trabalho, fui obrigada a lavar um vestido bem detalhado com as mãos só porque Melissa disse que estava com muita poeira, tive que passar ferro em cinquenta vestidos, fora os três banheiros que fui forçada a lavar.
Melissa, minha patroa, me odiava de corpo e alma. E por que? Porque o marido dela me deu algumas caronas certas vezes até em casa, e ela realmente achava que eu seria capaz de me interessar pelo seu marido, um velho babão, de setenta e tantos anos só porque ele tem dinheiro... e o pior; nem posso me demitir, afinal, com essa crise que o Brasil anda enfrentando conseguir outro trabalho seria como uma missão impossível. Seria como pedir minha própria ruína.
Entrei em casa, jogando minha bolsa no sofá e observando a hora no meu relógio de pulso. Já eram 22:00 horas, acho que eu mereço um aumento!
Ainda por cima tenho prova amanhã de manhã. Ai, Melissa, como eu te odeio!
Subi as escadas em direção ao meu quarto, que nem me dei tempo de tirar meus tênis. Me deitei na cama impossibilitada por tamanho cansaço que não fiz outra coisa , se não dormir.
♣
___ Que cara é essa? - Helena me perguntou encarando meu rosto deitado sobre a carteira da escola - Trabalhou até tarde ontem de novo?
___ Melissa, me deu mil e uma tarefas ontem. Estou cansada, com sono e não estudei para prova, por favor me diga que a professora de Biologia não veio hoje!
___ Está louca é? - ela me perguntou com espanto.
___ O quê? - a encarei sem a entender.
Ela se levantou da sua cadeira- que ficava ao lado da minha- e pegou seu caderno abrindo a capa do mesmo e mostrando a mim o horário de aulas que ela havia anotado.
___ Hoje é Quinta-feira! - exclamou - Aula de Biologia só amanhã.
Não pude evitar de abrir minha boca em sinal de choque, o quão burra eu fui! Estou muito feliz em razão de que não farei a prova hoje, porém, trouxe para a escola todos os livros da aula de amanhã.
Enquanto eu mantinha minha boca aberta, revelando espanto, ouvia no fundo as altas gargalhadas da Helena.
___ Senhorita Helena! - O professor de História adentrou a sala naquele momento chamando a atenção dela - Silêncio, por favor! - pediu.
Ela parou de rir, mas ainda me soltou um risinho leve e brincalhão, sem parar de me fitar.
♣
Estava indo embora quando Miguel se aproximou de mim e de Helena.
Miguel era o aluno novo. Muito bonito, magro, alto, seus olhos e cabelos negros, sua pele tão branca e delicada, me lembrando que ele acabara de se mudar de São Paulo para Maceió.
Senti um frio na barriga quando sua mão macia tocou meu ombro, Helena percebeu a deixa e se afastou da gente.
___ Esqueci um livro na escola! - falou seguindo pelo lado oposto .
___ A escola é para lá! - Falou Miguel apontando para o lugar mencionado.
Ela deu risinhos tímidos e se foi em direção a escola.
Miguel e eu continuamos caminhando juntos. Eu com minhas mãos presas sobre os livros que estavam sobre os meus seios, e ele com suas mãos dentro da sua calça moletom preta. Durante os primeiros cinco minutos, nada além do silêncio existia ali.
___ Então...- ele começou - Fiquei sabendo que você trabalha em uma loja de vestidos de noivas...
___ Sim! - respondi sem saber o que falar depois. Um dos meninos mais gato da escola estava falando comigo e eu não sabia o que fazer - E você já trabalha ou continua vivendo as custas dos seus pais? - eu mesma me surpreendi comigo mesma. Que pergunta mais idiota!
Ele soltou um riso sem graça e baixou a cabeça.
___ Vivo do "din din"do papai mesmo! - disse se mantendo calado.
___ Foi só uma brincadeira! - falei para evitar que ele se zangasse comigo.
Ele parou e segurou meu braço, respirando fundo , como se estivesse a ponto de me contar o maior segredo de sua vida!
___ Eu sei que foi brincadeira é que... bom, Isabella... eu-eu-eu... - gaguejou um pouco - Eu estou um pouco envergonhado, mas tenho que te dizer que não penso em outra coisa a não ser você! - fiquei tão surpresa sem saber o que falar, poxa, ele estava se declarando para mim - Desde a primeira vez que eu te vi, minha vida perdeu o rumo, e de repente , tudo que não fosse você não fazia sentido.
Eu não sabia se falava alguma coisa, ou se ele ainda iria falar, mas como os segundos se passavam e nada, resolvi quebrar aquele terrível silêncio que se alastrou entre nós.
___Eu acho muito bonito da sua parte, mas é que infelizmente eu não sinto o mesmo por você, a não ser atração! - falei meio que receosa.
Ele abriu a boca, esticou o dedo para começar a dizer alguma coisa, mas não o fez.
___ Podemos tentar? - ele perguntou segundos depois.
___ Como amigos!
♣
Estava indo em direção ao trabalho. Era sufocante ter que trabalhar em um lugar onde você era tratada como lixo , em razão de um ciúmes irrelevante.
Nunca pensei que Miguel fosse se interessar por mim, então está explicada a minha reação depois de tudo o que ele me falou.
Meu celular começou a tocar, e eu estava com meus livros e o mesmo estava dentro da bolsa, então imagina o meu sacrifício para tentar pegar o celular.
Coloquei Meus livros de lado e somente com uma mão, tentei abrir a bolsa, foi quando alguém esbarrou em mim, e todas as minhas coisas se foram ao chão, incluindo a minha bolsa e o meu celular.
___ Droga! - falei frustrada ao observar o arranhão que se formou na tela do meu celular.
___ Desculpe - Um rapaz muito bonito, alto, cabelos loiros e os olhos num azul perfeito, exclusivamente em forma falou para mim.
Ele pegou todos os meus livros e minha bolsa, se levantou e os entregou para mim.
___ Posso pagar a troca da tela, se você quiser. - disse apontando para o meu celular.
___ Não precisa! - disse encarando seus olhos sem poder me desligar.
Não pude explicar o que eu estava sentindo, só sei que foi como se o mundo houvesse parado, como se nada mais existisse além de nós dois . E o frio na minha minha barriga me impossibilitava de parar de olha-lo.
___ Eu sou Isabella! - disse estendendo minha mão para ele.
___ Davi! - apertou minha mão , com um sorriso que denunciava que ele estava sentindo o mesmo que eu . - É um prazer te conhecer - Concluiu com os olhos presos aos meus .
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