Isabella

"Então você vai se casar com outro e nem se quer avisou o seu atual namorado?"

Como esquecer o que ele me disse. Ele não falou nada que me fizesse chorar... Foi eu! Eu que só muito tarde fui perceber que o amava. Eu que só me dei conta do quanto precisava dele muito tempo depois. Seus olhos vermelhos, banhados em lágrimas. Seu cabelo bagunçado, reforçando a ideia da noite mal dormida. As 30 ligacões perdidas em meu celular, só revelam a sua ânsia pela verdade.

Imagino o quanto seu coracão deve estar partido agora. Posso ver seu olhar de desprezo em mim.

Posso sentir seu ódio à distancia.
Eu não queria que tudo terminasse assim. Pelo menos, não com ele machucado. Eu daria a minha vida se fosse possivel, só para poder evitar esse sofrimento.
Entrei em casa. As luzes apagadas. Meu pai dormindo no sofá - como sempre desde aquela aposta - a cozinha limpa, e um bilhete sobre a mesa :

"Sua comida está na geladeira.
Assinado: Sua mãe

Se ao menos eu podesse comer agora. Se ao menos eu podesse voltar no tempo. Se ao menos eu tivesse evitado que uma simples gota de lágrima caisse de seu rosto.

Subi as escadas apressada. Eu já não conseguia conter às lágrimas, assim como eu sei que o homem da minha vida tambem não deve conseguir.

Joguei minha bolsa de franginha contra a parede. E me joguei na cama. Lágrimas desciam enquanto novas lágrimas brotavam de meus olhos.

Estava doendo. Minha alma gritava seu nome. Eu só precisava ouvir sua voz. Sentir seu cheiro. Provar o refrescante sabor de hortelã de seus lábios.

Eu queria sua mão delicada em meu rosto outra vez. Queria ver suas palhaçadas, as quais me faziam rir nos piores momentos. Eu queria ser capaz de ter seu abraço outra vez.

Eu me sentia suja. Suja porque a culpa foi minha. Culpa porque eu poderia, mas não evitei.

Entrei no banheiro, tirando minha roupa devagar. Depois de despida, me olhei no grande espelho que lá continha. Meus cabelos assanhados, devido a rápida corrida que dei atràs dele. Meu rosto branco, agora vermelho. Lágrimas. Meu olhar tão vago e tão distante ao mesmo tempo.

Um lixo! Era o que espelho refletia. A bela imagem de uma grande idiota. Eu não fiz nada. Eu deixei rolar sabendo o que poderia acontecer. Mas eu fui egoísta. Eu queria aquele sentimento. E por isso, só pensei em mim. Eu o usei. Eu não percebi o grande tesouro que se encontrava do meu lado. Eu neguei para mim mesma o quanto o amava. Eu neguei o óbvio. Essa é a grande realidade. Essa é a grande verdade. Eu não fui capaz de resistir. Eu queria um amor e consegui. E acabei pisando em seus sentimentos, sem me dar conta do que estava fazendo.

Liguei o chuveiro. Troquei de àgua morna, para àgua fria. Cada gotinha gélida de àgua que percorria meu corpo, era como se eu estivesse em outra dimensão. Era como se eu podesse esquece-lo.

Mas eu não quero esquecer.não mesmo!

[...]

Era o dia da nossa formatura. Eu deveria estar feliz em saber que finalmente consegui concluir meus estudos. Mas só de pensar em Miguel, toda a minha alegria e ansiedade se foram por água à baixo.

Coloquei meu vestido novo. Ele era na cor violeta, com um tecido fino sob uma renda da mesma cor. Ele era de alça e tinha um bojo em formato meio que de coração. Meus cabelos ficaram soltos, e coloquei uma maquiagem leve. Sai de casa. Com o olhar debilmente sem vida. Porque o sentido da minha vida se perdeu no ódio de Miguel.

[...]

Na festa, bebidas. Os alunos bancaram tudo isso. Tudo perfeito. No estilo jovem.

Depois de alguns minutos, bebendo uma bebida qualquer que me ofereceram. E em um canto, isolado de todos. Esquecido do mundo. Miguel chorava enquanto bebia sentado em uma mesa. Segui seu caminho desesperadamente, enquanto esbarrava em pessoas, e tropeçava em outros saltos além dos meus. De costas para ele, minha mão hesitou entre toca-lo ou não. Mas a saudade foi mais forte do que a razão.

Foi como um choque térmico entre nossos corpos. E enquanto essa magia englobava o ambiente, seu olhar vermelho me fitou . Ele soluçava. Me ajoelhei a sua frente, não contendo as lágrimas também. Deitei minha cabeça em seu colo, e delicadamente, suas mãos a ergueram. Com as duas mãos presas em minha bochecha. Seus polegares enxugavam as lágrimas que rolavam de meus olhos.

___ Eu estou pronto, Isabella - disse entre prantos e soluços - Eu quero a sua explicação.

Me levantei aliviada. Puxei a cadeira ao seu lado. Peguei suas mãos com a ânsia de toca-lo outra vez. A beijei.

___ Meu pai, ele era viciado em jogos de mesa. E em um desses jogos ele acabou me apostando sem querer, e acabou me perdendo. Com o passar do tempo achei que eles não iriam voltar, mas me enganei. Ele sequestrou toda a minha família, e se eu não assinasse o contrato em que dizia que eu aceitava o casamento, eles morreriam.

Depois que falei tudo, seus olhos encaravam o chão. Ele estava sem reação.

___ Eu te amo tanto. - falou tornando a chorar.

___ Eu também. Mas do que você possa imaginar. E com medo de te perder, cheguei a conclusão, de que só serei feliz ao seu lado. - meus olhos lutavam para prender as lágrimas. Mas foi inevitável.

___ Eu te espero, Isabella. Espero o tempo que for. Nem que para isso eu só te tenha quando você for bem velhinha. Ou se você quiser, eu enfrento todos. Eu só não quero viver longe de você. Longe do seu toque e do seu amor. Você é a minha metade. Um pedaço de mim. Eu te amo. Mais que a minha própria vida. Mais que tudo.

Me levantei e o abracei. Eu precisava daquilo. Ele beijou minha cabeça.

De repente o Dj da festa parou a música.

___ Essa é para os casais apaixonados. D'Black, hit sem ar. A pista de dança espera por vocês, casais .

Ele se levantou, a cada batida sonora da música meu coração saltitava. Esticou sua mão para mim, que a peguei com um sorriso. Lentamente ele me puxou para o meio da pista de dança. Entre todos os casais, éramos o único casal que chorava e ria ao mesmo tempo.

Sua mão esquerda segurou delicadamente em meu quadril, e a direita pegou a minha mão esquerda, a erguendo para cima.
A cada melodia suave, nossos corpos se mechiam com doçura. Aquela música realmente nos definia. Cada letra parecia ser composta para nós. O universo parecia torcer por nós dois.

No meio da música, nossos lábios se aproximaram, um beijo nostálgico aconteceu ali.

___ Vamos fugir ? - perguntei - Mesmo sem rumo e sem direção. Para um lugar bem longe desse.

___ Eu vou até o fim do mundo por você.

E já dançavamos docemente outra vez, foi quando nossos lábios se chocaram de novo em um beijo lento e prazeroso. Algo sem data de validade, e sem prazo para acabar. Eu não queria parar, mas ele se soltou de mim, e sua mão puxou a minha. Ele estava me ajudando a quase dar uma pirueta perfeita, mas quando menos se esperava, um barulho ensurdecedor penetrou o ambiente. E só quando olhei para Miguel, em como sua camisa social branca estava manchada de sangue, e um ferimento na região de seu peito. Ele havia levado um tiro. Seus olhos me olhavam amedrontados. E seu corpo sem forças despencou para cima de mim.

___ ALGUÉM ME AJUDA! - gritei enquanto meu corpo ajoelhado sustentava o dele. - ELE ESTÁ FERIDO!CHAMEM UMA AMBULÂNCIA ELE LEVOU UM TIRO! NÃO O DEIXE MORRER POR FAVOR. FAÇAM ALGUMA COISA- gritei mais alto.

Enquanto algumas pessoas se aglomeravam ao nosso redor, outras visivelmente preocupadas buscavam por ajuda.

Depositei minha cabeça em seu peito. Ouvi as batidas do seu coração. Estavam fracas. E meu homem morrendo pouco a pouco.

___ Não me deixe, Miguel - sussurrei - Eu preciso tanto de você agora. Por favor. Fique. Por mim. Por nós dois. Fica. Fica. Eu te amo. Te amo muito. - implorei em sussurros.

___ N-nunca v-v-vou te abandonar - gaguejou baixo, cuspindo sangue para fora - Eu vou estar com você mesmo que não fisicamente - falou com dificuldade - Eu te amo! Minha linda! Minha rainha. Minha vida...

___ Não fala nada, descança por favor. Tudo vai ficar bem. Nós vamos ficar juntos para sempre. -disse acariciando seu rosto. Ele abriu um sorriso. E sua mão segurou a minha

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Oi😢

Bom, se lembram quando eu disse que o romance deles não terminariam bem? Bom, não terminou bem mesmo!
Então, vamos apertar na estrelinha 🌟, por Miguel e Isabella! Eles merecem.
By! Até a próxima