Cap. 3

Estou completamente sem chão ou qualquer tipo de coisa referente. Não sei o que se passa comigo a partir do momento que estou aqui nessa cidade. As vezes penso que minha mãe nunca quis me ter, pois era bem jovem quando engravidou, e bem, sei que não deve ter sido fácil ter que dedicar os estudos e dividir está dedicação com um bebê.

    Suspirei fundo deixando esses pensamentos de lado. E olhei na direção do nada. Depois que voltei do parque fiquei aqui o tempo todo esperando o jantar. Mas tinha perdido o apetite. Aquelas marcas em minha perna, eram as únicas coisas que me tiravam o sono, os pensamentos bons. Como elas foram parar ali? Que merda de sonho foi aquilo? Eu nunca tinha tido um tipo de sonho daquele antes durante toda minha vida. É uma loucura total, é uma explosão de tudo que eu sinto, ou que irei sentir.
Me sentei na mesa, mas meus pensamentos não deixaram eu se quer espetar o garfo no que tinha para comer ali. Parecia que a palpitação de meu coração poderia sair pela boca. Eu precisava de distração.

— Hey...eu to meio sem fome. Vou pro meu quarto um tempinho ta?

— Ta tudo bem, melhoras...conheço essa carinha. Mas não esqueça das orações.

— Ta.

Sorri bem falso.

Mais falso mesmo, tipo aqueles sorrisos de miss que a gente não sabe se ela ta feliz, ou se cagou na roupa de tanto nervoso. Fui caminhando para os degraus, os subindo lentamente enquanto alisava com as pontas de meus dedos aquele apoio de madeira do começo do século. Em questão de segundos estava dentro de meu quarto olhando pela janela. Tranquei a porta e fui diretamente pra cama me jogando na mesa...Aquele espelho de teto fazia com que eu mesma me encarasse, o que me dava um medo lá no fundo. Balancei a cabeça em negação e me deito de bruços com o corpo voltado aos pés da cama e pego meu notebook de um baú velho que lá estava de apoio.

     Abro o mesmo e começo a procurar algumas lendas urbanas. Sim eu gosto de lendas. Elas me fazem viajar pra um lugar obscuro cheio de medos infantis. Não medos reais.

— Vamos ver. Esse site aqui. "A história que você vai conhecer agora se trata sobre um teatro de bonecos para crianças, chamado Candle Cove, que foi apresentado na década de 70. O enredo tratava sobre uma garotinha que imaginava ter inúmeros amigos piratas com quem brincar. Bom, até aí tudo bem.Acontece que, no meio do vídeo (que você vê acima) algo deu extremamente errado e o show parece ter sido interrompido. As crianças que assistiam à peça começaram a gritar compulsivamente e até mesmo os adultos que estavam no lugar disseram que haviam presenciado algo obscuro e bastante perturbador.Isso porque, conforme os relatos dos presentes, um dos personagens, o mais esquelético que aparece no vídeo, considerado o principal vilão da história, mostrou uma reação totalmente demoníaca. Sua boca, que consistia em apenas o maxilar preso ao crânio, começou a deslizar para trás e para frente, abrindo e fechando compulsivamente.Uma garotinha que estava assistindo ao teatro, sem entender, perguntou ao boneco porque ele estava fazendo isso. Foi então que algo muito errado aconteceu. O boneco ignorou a menina e respondeu olhando diretamente para a câmera: "Para arrancar sua pele!".
2. Rake, a criatura misteriosa
Em 2003, no nordeste dos Estados Unidos, houve um incidente envolvendo uma criatura aparentemente humana, que atraiu muita atenção da mídia local. Depois que a história veio à tona, a maioria dos documentos online e escritos foram misteriosamente destruídos. Mas os boatos sobre a criatura não sessaram e muitos ainda disseram ter visto um ser bizarro durante a noite, nas casas daquela região.O problema foi tão sérios que especialistas de várias áreas do conhecimento começaram a estudar as pistas do tal humanoide e, em 2006, acabaram fazendo uma descoberta terrível. Conforme uma dezena de documentos que encontraram, pessoas relatavam encontros medonhos com o tal ser, mencionado nos escritos como "Rake".Dentre todos os relatos, a história mais chocante foi a de uma mulher, que relatou ter acordado no meio da noite e, como havia despertado seu marido também, pediu desculpas por ter se virado com tanta força na cama. Acontece, no entanto, que ao se virar, o homem praticamente congelou e imediatamente arrastou sua mulher para o chão. Isso porque, ao pé da cama do casal, sentado de costas, estava a tal criatura, descrita como meio homem, meio cão, completamente sem pelos.Não houve tempo de fugir ou reagir ao ataque do Rack, que arranhou o rosto do homem em um gesto rápido. Assustado, o casal correu para o quarto da filha, que já estava completamente mutilada e dando os últimos suspiros. As últimas palavras da garota foram: "Ele é o Rake".
3. Onde as crianças más vão parar
Essa lenda conta sobre um fotógrafo libanês que decidiu investigar sobre uma velha série que ele costumava assistir quando era criança, durante a Guerra do Líbano. Ele se lembrava que durante a meia hora de duração dos capítulos, as imagens pareciam táticas de intimidação, para manter as crianças da época sobre controle e evitar que se comportassem mal, uma vez que os episódios giravam em torno do que acontecia às crianças que ficavam acordadas até tarde ou o castigo que os ladrões de geladeira, no meio da madrugada, recebiam.Mas a cena mais impactante, na opinião do fotógrafo - e a que ele mais se recordava -, era a imagem que fechava cada episódio da série. Isso porque se tratava de um enquadramento que ia se fechando e se aproximando de um porta de ferro, velha e enferrujada, de onde podiam ser ouvidos os gritos se lamentos de várias crianças. Assim, à medida que o zoom e aproximando da porta, mais alto ficava os gritos, até que uma legenda, em árabe, aparecia dizendo: "É onde as crianças más vão parar".Depois de meses de investigação, o libanês finalmente conseguiu rastrear o velho estúdio onde a série que marcou sua infância foi gravada. Embora o lugar parecesse abandonado há muitos anos, a porta enferrujada que ele se lembrava estava lá, em um dos cantos do estúdio.O fotógrafo, então, se aproximou e descobriu que atrás daquela porta - ele pensava ser fictícia -, havia uma quarto, coberto com vestígios de sangue, fezes e com ossos espalhados por todos os cantos. O que mais o assustou, entretanto, foi um microfone, que pendia do telhado do quarto, e ficava suspendo no meio da sala...
4. O buraco da fechadura
Um viajante, de passagem por uma cidade do interior, precisou encontrar um hotel para se hospedar, já que ficaria alguns dias por aí a negócios. Ele então deu entrada no primeiro estabelecimento que viu e foi logo pedindo as chaves de seu quarto.A moça da recepção, no entanto, explicou que a porta sem número, vizinha à suíte onde o viajante ficaria era usada para estocar mantimentos e que ficava fechada dia e noite. Ela pediu para que ele não fosse até lá, nem tentasse abrir a porta, já que que o hotel determinava que nenhum hóspede poderia adentrar aquele lugar. Sem mais perguntas, o homem foi direto para seu quarto.Na segunda noite em que passou ali, no entanto, o viajante não aguentou de curiosidade. Ele foi até a porta e, então, tentou abri-la. Mas, como a recepcionista havia alertado, o quarto estava realmente trancado. Ele então, resolveu espiar dentro do quarto, pelo buraco de fechadura.Sem entender porque tanto suspense, ele viu apenas uma quarto comum, bem parecido com o seu, onde uma mulher muito pálida estava recostada na parede, bem em frente à porta. Confuso, então, o viajante voltou a dormir.Na noite seguinte, o homem decidiu olhar pelo buraca da fechadura mais uma vez. Dessa vez, no entanto, ele não conseguiu ver nada, a não ser uma mancha extremamente vermelha. Ele achou que a mulher, ao notar estar sendo espiada, tivesse colocado um pano vetando o buraco da fechadura.Sem aguentar de curiosidade, o viajante foi até a recepção conversar com a mulher que o havia recebido no primeiro dia. Quando ouviu os relatos do homem, a recepcionista ficou assustada e disse a ele que contaria toda a história. Segundo ela, anos atrás, um homem havia assassinado sua esposa naquele quarto e seu fantasma nunca mais saiu dali. Aliás, tudo que contam sobre o espírito da moça assassinada é que se mostra muito pálido e com os olhos injetados de sangue, tão vermelho quanto jamais imaginado!
5. Jeff, o matador
No dia em que se mudou para o novo bairro, Jeff, um menino aparentemente comum, foi convidado para a festa de aniversário de seu vizinho. Enquanto ele e seu irmão se encaminhavam para onde estava acontecendo a comemoração, eles acabaram sendo atacados por um grupo de adolescentes parados em um ponto de ônibus.Para defender seu irmão, Jeff revidou os ataques e deixou os garotos, muito mais velhos que ele, jogados no meio da rua, com os pulsos quebrados e profundos ferimentos de faca. Foi depois desse episódio, aliás, que o menino descobriu que sentia prazer em causar dor nas pessoas. Ele já desconfiava disso, mas até aquele momento nunca havia surgido uma oportunidade para provar a sensação que estava sentindo.Certa noite, a mãe de Jeff acordou com os ruídos de alguém chorando. Quando chegou a banheiro, a mulher se deparou com o filho fazendo em si mesmo um corte profundo, de lado a lado da boca, como um sorriso permanente. Ele também havia conseguido cortar suas pálpebras, de modo que nunca mais pudesse dormir.Vendo o garoto daquele forma, a mãe de Jeff achou que ele tinha ficado louco e saiu correndo, para acordar seu marido. Ela parou na porta do quarto no entanto, quando percebeu que Jeff estava lá, com aquela cara horrível, segurando uma faca. A última coisa que a mulher ouviu foi seu filho dizendo: "Mãe, você mentiu!".Liu, o irmão de Jeff, tinha acordado no meio da noite e ouvido os sons abafados do quarto dos pais. Como, depois de instantes, não conseguiu ouvir mais nada, simplesmente tentou dormir novamente. Mas, o garoto não conseguia se livrar da sensação de estar sendo observado. E foi assim, antes que ele pudesse fazer qualquer coisa, uma mão lhe tapou a boca e ele sentiu uma lâmina enfiando em seu estômago.Liu tentou escapar do aperto das mãos, mas já era tarde demais. "Shiiiiiiiii, basta ir dormir", disse Jeff. Depois desse dia, o garoto nunca mais foi visto, mas diz a lenda que ele está por aí, sempre à espreita de sua próxima vítima."

   Ao terminar minha leitura, suspirei olhando para o nada, tentando manter minha mente livre. Sinto falta dos meus pais, das noites de sexo fervorosas, dos abraços de meu irmão mais novo, e por Deus, até do meu cachorro. Bom, se bem que o babalaô some que nem sei lá o que, está mais para Gasparzinho.

    Assim que me levanto, olho para o espelho como de costume, e tenho uma visão de um lugar completamente horrível, pegando fogo. Eu estou enlouquecendo por completo. Isso não é normal. Eu devo estar realmente no ápice de minha anormalidade. Deus, porque isso ta acontecendo comigo? Dancei Anaconda na santa ceia? Aquela visão se tornava mais horrível cada vez que eu a tinha. Balancei minha cabeça em negação e sai andando rapido de lá, nisso fechei a porta rapidamente, ainda segurando a lâmina em mãos e a aperto fortemente, sentindo rasgar a pele de minha mao fortemente, mordo o lábio inferior sentindo a dor que me proporcionava a medida que rasgava minha pele. Eu estou enlouquecendo. Minha mente ja não me obedece mais, cria ilusões. Nossa até minha própria mente desistiu de se importar comigo.
Dei mais alguns passos de costas e acabei tropeçando em um tênis que havia deixado na noite anterior e acabo caindo, Bato minha cabeça ao chão e num passe de mágica aquela dor fica muito mais potente e acabo desmaiando..

" filha..eu sei que você pode me ouvir, eu sei que pode, você tem que me escutar com atenção. Algo ruim esta prestes a acontecer a você.. Ou melhor, algo bom. Mas que neste caso pra você será ruim...entra neste espelho garota. Entra. Você tem que saber a verdade , você tem que entender sobre a origem de teu sangue...ouça - me menina...ouça - me... "

Num surto eu me sento de uma vez, percebendo que estou na cama, mas que o corte ainda esta aqui, esta sim. Céus o que ha de errado comigo? Eu preciso tomar um ar.

Isso um ar.

     Sorrio fraco me levantando com calmaria daquela cama e ando com calma até a sacada e abro as portas indo ficar bem na beira da sacada. Me encosto sobre ela calada e acabo meio que me debruçando ali mesmo. O que raios está acontecendo? Era só o que passava na minha cabeça, não tinha como pensar outra coisa. Não tinha. Merda.. Alguém me da um sinal de que tudo isso é uma loucura e que vai acabar. Ah...tem que acabar.

     Balanço minha cabeça em negação sentindo meu coração palpitar forte, na esperança que as coisas parem de se passar comigo dessa forma. Por favor , tem que parar eu não aguento tanta loucura. Tanto medo. Sim um medo que agora estava muito pior. Alguém me ajuda. Sentindo lágrimas frias tocarem meu rosto, percebo alguma coisa perto de mim, e no que me viro para ver o que é...Alguém me empurra. Alguém me joga da sacada com força bruta.

"Nunca pensei em como seria minha morte, mas morrer entre a loucura ? Seria essa a minha maneira? Ficar doida a ponto de enlouquecer de uma vez e ser jogada ao vento...ser jogada ao mundo pra que eu possa aprender e em uma fração de segundos tudo isso iria acabar da maneira mais brusca, sem sentido. ... Alguém, por favor.. Da um sinal de que isso acabou? Porque eu sinto que mesmo que não morri. Meu coração falha ao bater."

A única coisa que sinto é minhas costas batendo no chão com força junto com todo meu corpo e num milésimo de segundos... Tudo fica escuro...

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