Cap. 16
{Quebra temporal}
Já estou pegando jeito nesse novo..."trabalho". Mas ainda não me acostumei a ver coisas que nunca imaginaria. Posso ser uma entidade demoníaca, mas ainda tenho nojo e ódio puro de coisas que sou obrigada a testemunhar sem poder fazer nada. Meu querido papai, ao menos me deixa intervir quando é abuso de menores. Eu ajudo a criança, a adolescente a se vingar.
Repararam que eu só disse "a", né?
É raro ver alguém abusando de garotos, e quando ocorre, me deixa ainda mais horrorizada. As pessoas são bem cruéis, e isso desperta meu lado sensível, e então, abandono meu "eu" luxúria, e volto a ser o "eu" Arlete. Defendendo, e ajudando a se vingar.
Mas existem casos que a foda é bem gostosa também, que os casais se esfregam com uma malícia, se acariciam...é incrível. Sinto muita vontade de participar, só que segundo as "leis", só posso ficar olhando o ato, desejando. Muitas vezes acabo me tocando vendo essas cenas, querendo ter a atenção daquele homem também, ou daquela mulher, ou ambos. O desejo sexual é o que predomina em mim, afinal, sendo o que sou, não vivo só de alimentação saudável, correndo para manter o corpo sexy.
Hoje era aparentemente um dia normal. Estava tudo em silêncio naquela casa, minha prima saiu com o namorado/noivo/amante — ainda não sei defini-lo —, e eu estou sozinha, recém chegada de uma missão. Ultimamente venho recebendo chamados bem bizarros, que envolvem bastante sexo grupal, que envolvem toda a comunidade LGBT, heteros, é realmente uma orgia. E admito que esses casos são os meus favoritos. Confesso que é frustante ter que me tocar na calcinha, mas é a vida.
Bom, já que eu estava sozinha, eu resolvi sair para correr um pouco, para esquecer os problemas. Subi os degraus, os contando em silêncio, até que entrei em meu quarto, indo vestir um top e uma calça legue, juntamente com um tênis e uma blusa de alça delicada, que deixou meu corpo fresco por alguns poucos instantes. Dei um jeito de colocar meu celular entre meus seios, e já sai correndo dali, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo firme.
Diretamente me encontrando na rua, passei a correr, murmurando algumas letras de músicas conhecidas e que eram fáceis de decorar. O dia estava ótimo. Sol, flores, gente na praça, música de desconhecidos que esperavam ganhar algum trocado. Tudo o que me parecia extremamente agradável. Bom, até me esbarrar com um de meus irmãos.
Soberba.
Ele estava a espreita de uma mulher, que aparentemente não tinha onde cair morta, mas estava se vangloriando de coisas "chiques" que havia comprado a poucos minutos. Resolvi ignorar, e passei correndo, rindo daquela cena completamente estúpida. Adiante, dei de cara com uma barraquinha onde vendia sorvete, e sem pensar duas vezes, eu peguei um picolé de limão, pegando a última moeda que eu tinha, para paga-lo. O rapaz me olhava de jeito estranho, assim como muitos homens.
As vezes me esqueço quem sou, o que provoco. Mas os olhares de desejo me lembram bem.
Encolhi os ombros, resolvendo sair dali, antes que eu ganhasse uma foda em público, e comecei a chupar o picolé tranquilamente, agora andando em passos rápidos.
— Achei que fosse trepar com o vendedor de picolés, irmãzinha. Mas acho que não chegou a esse ponto ainda. — Soberba, digo, Cailil, tocou meu ombro, e passou a andar ao meu lado. — Ainda bem que não ficou lá, porque se ficasse olhando pra ele enquanto chupava isso ai, com certeza ia ter uma foda daquelas.
— Você nunca fala comigo, e hoje misteriosamente vem me encher o saco.
— Não seja grossa, maninha. Não somos filhos da mesma mãe, mas não é por isso que pode me tratar assim, eu sou um amor. — Ele parou a minha frente, colocando as mãos em minha cintura, o que me fez erguer a sobrancelha automaticamente, e tirar o picolé bem devagar de minha boca, passando a língua pelos lábios em seguida. — Está tentando me seduzir também?
— Estou tentando ir pra casa da minha prima, tomar um banho, porque estou suada.
— Oops, desculpe então.
Ele começou a rir debochado, me fazendo revirar os olhos, mas continuar com meu caminho, ignorando completamente cada uma das palavras dele.
Quando cheguei em casa, deixei ele falando completamente sozinho, e fechei a porta de uma vês, a trancando — Soltei um "Graças a Deus", só que creio que isso é ironia. Acabando meu saboroso sorvete, subi novamente as escadas, completamente frustrada, por não ter conseguido nem correr direito. Odeio muito meus irmãos. Eles são invasivos, abusados, estranhos, e completamente safados. Eu que sou a luxúria ainda estou na média, se me compararmos com a avareza, por exemplo. Só quer saber de golpes do baú.
— Que coisa feia você fugindo da sua família.
— Mas que merda, saia do meu quarto! — coloquei a mão na testa, suspirando pesadamente. — Caralho, vocês são muito chatos, esse está sendo o dia mais entediante da minha vida. Porra meu, some daqui.
— Uh...sabia que falando palavrões, você desperta meu lado...selvagem?! — Simplesmente mostrei o dedo do meio, e já fui para o banheiro, fechando a porta logo em seguida. Só que não deu tempo nem de tirar a blusa. — Só queria falar com você, irmãzinha.
— Não acredito que vou dizer isso...vá para o inferno! Demônio.
Ele me olhou, erguendo as sobrancelhas, e começou a dar uma risada irônica, mas finalmente saiu. Aquilo me fez sorrir grande, e ir encher a banheira com água quente, e bastante espuma. Acho que agora vou ter um segundo de p-
— Não deveria tratar seus irmãos assim.
— Puta que pariu, da pra vocês deixarem eu tomar a porra de um banho em paz? — meu outro irmão, a gula, apareceu diante de mim. — Mas que inferno, aqui não é a casa de vocês, me deixem em paz, vão atormentar outra pessoa. Aqui não é feira dos defuntos condenados não.
Ele apenas encolheu os ombros e saiu.
Espero que tenham entendido o recado.
Tirei minhas roupas lentamente, entrando aos poucos na água. Meu olhar se foi para minhas mãos, as quais passei a encarar por um tempo interminável. O silêncio foi meu melhor amigo por alguns segundos, antes que eu visse que não estava sozinha, e que a inveja estava ali, na minha frente, dentro da água.
Nu.
Peladinho da Silva.
Sem roupa nenhuma.
Do jeito que veio ao mundo.
Minha.
Nossa.
— Não vai me expulsar também, hm? — Ele sussurrou, enquanto analisava meu rosto. — Você é muito bonita, me da inveja.
— Eu sei, mas você é aceitável até. — falei tranquila, vendo ele abrir um sorriso doce. — Somos irmãos, não é? Pode ser gentil comigo. Eu sei que fui o mais invasivo até ag- não está com vergonha?
— Sou a luxúria, não fico com vergonha do que sou, nem do meu corpo.
— Então...por que os expulsou?
— Eu odeio vocês.
Dei um sorriso sincero, vendo que aos poucos ele ficou com um olhar triste, e desapareceu em seguida.
Pela milésima vez hoje:
FINALMENTE eu estava sozinha, relaxando na ág-
Tenho que ir trabalhar.
Merda.
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