Observo a todos interagindo na mesa de reunião e fico em silêncio pois a maioria dos assuntos eu não entendo. Erick está comentando seu ponto de vista em relação ao tráfico de armas e munições direto dos italianos, mas para mim os russos fazem o melhor serviço de armas a pronta entrega. Mantenho minha boca calada e meus pensamentos vão direto para minha filha, já se passa das duas da manhã e me pergunto como ela está se comportando.

Torço para que esteja dormindo. Ela não costumava dar trabalho antes mas ultimamente não sei o que fazer com a rebeldia que ela está criando. Suspiro.

Talvez eu não tenha feito um trabalho tão bom quanto achei que estava.

__ Luara,__ Lorenzo diz meu nome e o olho sobressaltada.__ soube que as coisas começaram a funcionar parcialmente na sua empresa.

__ Depois de algumas providências necessárias, as coisas começaram a rodar novamente.

Ele me entrega uma folha que o título está em negrito escrito renovação de contrato. Estranho e o encaro.

__ Achei que eu já fizesse parte disso tudo.

__ Não, seu pai fazia parte,__ diz __ você tem escolha de fazer ou não parte desse grupo, ele queria que tivesse sua própria essência na vida.

__ Acho que meu pai estava muito certo de sua morte.__ suspiro cansada.

__ Ele era um homem poderoso McCartney, __ Erick fala coçando o queixo de modo lento.__ E um homem poderoso tem inimigos.

Encaro o papel em minha frente e me levanto cansada de tantas coisas para resolver. Coloco o contrato dentro da minha bolsa e olho para Lorenzo que me olha com expectativa.

__ Eu preciso pensar, preciso muito mesmo. Vou revisar esse contrato e dou retorno.

__ Tem o tempo que precisar.__ diz ele e assinto agradecida.__ Sabe onde encontrar qualquer um de nós para contar sua decisão.

Saio da sala e desço pelas escadas evitando o elevador, um lugar abafado não vai me ajudar em nada. Quando chego ao andar de baixo abro caminho pelo meio das pessoas bêbadas, suadas e dançantes da boate me sentindo de repente velha demais para tudo aquilo.

__ Boa noite__ um homem se aproxima e segura meu braço. Seu hálito fede a álcool e isso me causa um enjôo.__ o que uma moça linda esta fazendo sozinha aqui?__ ele aproxima o rosto e reviro os olhos.

Sem que ele perceba piso em seu pé o fazendo gritar e logo lhe dou uma chave de braço usando toda minha força.

__ Você já ouviu falar em espaço pessoal?__ pergunto e ele engasga me fazendo sorrir de verdade depois de muito tempo.__ Se uma moça está sozinha e não está falando com ninguém, talvez você devesse a deixar como está, caso contrário ela pode se aborrecer assim como eu, estamos entendidos?

__ S... Sim.

O soltei no chão e alisei meu vestido, pego minha bolsa ao lado dele e propositalmente posso em sua mão. Alguns homens deveriam aprender que nem todo mundo gosta dos avanços inoportuno deles.

Saio da boate e caminho tranquila até meu carro e quando entro nele coloco a gravação no som do carro onde a mãe dele diz tudo que fez e o por que fez. Sem pensar duas vezes soco o volante com força antes de acelerar saindo daquele lugar ainda escutando a confissão dela.

Sim, eu escondi as cartas daquela pobretona assassina e daquela bastarda. Você merecia algo melhor na vida Erick e aquela garota não era o melhor.
Eu fiz tudo aquilo por que queria te proteger meu menino.
Luara Ravi não passa de uma garota que mata pessoas todos os dias e não tem onde cair morta.

Isso não é futuro Erick, aquela bastarda nem deveria existir!

Sem que eu me dê conta estou parada em frente a minha casa apertando o volante com força.

__ Ah querida, vou fazer você engolir suas palavras nesse jantar idiota.

Saio do carro sentindo a velha Luara despertando. Com um sorriso diabólico e um plano na mente entro em casa, minha filha dorme tranquila e beijo sua testa. Tomo um banho e me deito na minha cama tranquila como a tempos eu não me sentia, pego o contrato dentro da bolsa e assino me tornando oficialmente mafiosa e para o tormento da mãe de Erick dobrando minha fortuna.

__ Noite incrível.__ sussurro e logo caio num sono profundo e sem sonhos.