Capítulo 36🌙A última batalha/Parte 3

Nota inicial:

Boa leitura ♥

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“– Temos que ser pacientes. A tirania é insuportável, mas logo acaba. É muito frágil.”
Assassin's Creed, Irmandade,
– de Oliver Bowden (2012)

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Parte III

Aranel bebeu mais um gole do vinho e mordeu a boca, apreensiva.

— Eu vou lá. — anunciou Gimli, ansioso e com o machado nas mãos.

Um sorriso fraco se formou nos lábios dela. — Creio que não é prudente, filho de Glóin. — disse ela, melancolicamente — Ainda mais se estiver sozinho.

— Não estarei sozinho — o anão a observou com cautela. — Estarei com Monarca. — e sorriu.

— E quem é esse? — Caos, que estava no canto mais escuro da cabana, questionou.

Gimli bufou, tediosamente, e rodou o machado. — Meu machado, ora!

Caos franziu e passou a mão na longa barba clara. Desejeitado, remexeu-se na cadeira grande de madeira maciça e estreitou os olhos em direção ao anão.

— Bem — disse ele, após um longo suspiro — Monarca não é exatamente um nome adequado a uma arma tão bruta.

Gimli bufou observando o Rei. — Certo, ahn, vossa magnificência — aquilo soou tão ridiculamente sarcástico, que Aranel prendeu um riso. — Da próxima vez que for nomear uma arma que eu usarei, pedirei sua opinião.

O elfo encarou o anão ruivo e mexeu os lábios. — Engraçadinho. — rosnou ele.

Gimli forçou um sorriso e revirou os olhos.

Aranel abaixou o olhar em direção a outra parte da cabana e suspirou. Cansada e desgastada com a quantidade de energia que as Sombras lhe sugavam, bebeu mais um gole do vinho branco exportado de sua terra sulista – Reino de Núhren. E pensou nas coisas que eles estavam passando. Nëssa, Driën e Bard estavam se recuperando dos malefícios que sofreram enquanto estavam ali – foram levados para a Floresta das Trevas após a chegada de Thranduil. Mas, de longe, a pior coisa que poderia ter acontecido a eles naquele período de trevas e sombras, Eáránë, a filha do rei, a princesa da Floresta das Trevas, foi transformada em um tipo de caçadora potencialmente perigosa. E aquilo era um problema.

A rainha engoliu em seco ao se lembrar dos olhos dela e da observação maligna que deles saía – o olhar de uma assassina. Sombras flutuavam em torno dela e pareciam querer brincar – e não morder –, e ainda havia a foice. Aquela arma poderia ser fatal se fosse utilizada com a habilidade e disciplina certa, e Aranel duvidava que Eáránë não possuísse nenhum dos dois. A filha do rei estava sendo treinada para ser uma caçadora tão boa quanto seu irmão, e tão habilidosa com lâminas e bastões quanto seu pai. Depois de finalizado o treinamento, Eáránë seria o que ela estava sendo agora – uma caçadora insaciável e incansável, involuvel e incapaz de ceder as tentações do inimigo. Porém, ela cedeu; Aranel viu o assombro e o medo atrás daquelas alcovas negras cheias de ira e desdém. Aquela não era ela!, pensou Nel, bebendo mais um pouco do vinho branco. Ela tinha quase certeza que Eáránë sucumbiu ao desespero. Ela deve ter visto algo... Ele deve ter plantado a ilusão em seu interior. Por Eru, o que será de nós?! A rainha engoliu em seco e sugou o ar, tentando, deseperada e inutilmente, acalmar-se e pensar em tudo aquilo com destreza. Era difícil, entretanto, pois as sombras bruxuleavam em torno das chamas vacilantes das velas, e aquilo a deixava tensa. A noite a deixava tensa.

Ela bebeu mais um gole e se lembrou do nome de seu inimigo.

Rúbel Blatter Salazar. Filho de Joseph e Morgana. Como poderia estar vivo? Como poderia existir? Ela suspirou e se lembrou de Adamar, lendo o livro de anotações de Alëssan enquanto cavalgavam de volta para o leste da Terra-média.

— Bem — ele foleou algumas páginas. — Parece que Morgana engravidou dele depois de despertar, e quando foi nos presentar com sua aparição, deixou o filho aos cuidados, literalmente, das trevas. — Adamar olhou para a rainha. Seu rosto estava distorcido de assombro. — Foi criado por Alëssan por vinte anos, quando resolveu fugir e se vingar da morte dos pais.

— Mal-amado! — grunhiu Caos, ao lado dele, cavalgando um corcel marrom estonteante.

— E ai diz alguma coisa sobre os poderes dele? — Ela questionou, preocupada. — Ele é imortal?

Adamar foleou mais algumas folhas e suspirou, profundamente. — Não. Alëssan deixa claro que ele não é imortal, mas que seu poder é tão genuinamente tenebroso, que isso basta. — os olhos castanhos do noldo a fitaram, amedrontados. — Ele é o pior inimigo que poderia surgir da união profana de Joseph e Morgana.

Caos mexeu-se na sela. — E que poder é esse?

O elfo bufou. — Essa informação eu não tenho. Sinto muito, meu Rei.

O soberano entre os elfos das montanhas sorriu calorosamente. — Certo. Então, vamos descobrir. Não vai ser tão difícil. — ele parecia acreditar do que dizia.

Aranel dispersou a lembrança e observou a floresta pela porta da cabana. Os elfos acamparam em torno da cabana e pareciam desconfortáveis. Todos queriam sair e procurar pela princesa Ayla, mas somente Legolas, Thranduil e Laura saíram para tal resgate.

Porém, ao vê-los passarem pela porta com os rostos cansados e entorpecidos de culpa, a esperança pareceu arrefecer ainda mais entre eles. Aranel se levantou e suspirou. Legolas se aproximou e a abraçou.

— O que descobriram? — perguntou ela. Sua voz saiu mais nervosa do que queria.

Legolas balançou a cabeça. — Nada! — o príncipe piscou algumas vezes antes de continuar — Isso não devia ser tão difícil.

— Foram em que direção? — questionou Caos, levantando-se de sua cadeira e se aproximando do Rei Élfico.

Thranduil o olhou, cansado e cauteloso, e suspirou. — Para o leste. — respondeu.

Caos se virou para a porta da barraca e olhou para os elfos noldor que já estavam de pé. — Para o leste. Vasculhem cada caverna, montanha, um buraco grande o bastante para um rato! — ordenou, friamente — Encontrem Ayla e tragam-me Morian... de preferência viva! Adamar e Geraldinë, vocês estão no comando.

Então o grupo de vinte elfos gritaram e partiram correndo noite adentro.

Laura se sentou e colocou o rosto entre as mãos, suspirou e fungou.

— Tem que ter um jeito de acabar com isso. — disse Legolas, se jogando na cadeira que Aranel estava sentada antes. — Mormacil, Clawren e Ireth foram para o Monte Gundabad com o exército, a dois dias, mas faz mais de duas semanas que não temos notícias de Kayke e Eruel. — ele suspirou por um longo tempo antes de continuar. Ao levantar seus olhos, Aranel viu que ele estava transtornado com tudo aquilo. E ela sabia muito bem como era ser sugado pelas Trevas. — Eu não acho que esteja tudo bem. Estou preocupado com eles... com todos eles.

Houve um momento de silêncio. O ar parecia mais pesado do que nos últimos dias ali. As sombras tremeluziam em torno das chamas fantasmagóricas das velas. Aranel olhou para o fundo de sua taça de vinho e seu reflexo estava triste e preocupado, e ela respirou fundo. Como poderia conseguir as respostas que precisava para por um fim em tudo aquilo?

— Nós precisamos nos mexer. — Gimli estava nervoso e ansioso. — Não acho que ficar parado aqui resolva alguma coisa. — Ele tinha razão, e todos ali sabiam disso. — Vamos para o oeste, para Gundabad, e chutar o traseiro de quem quer que seja nosso inimigo agora! — Havia determinação em sua voz.

Thranduil e Caos olharam para o anão ruivo. O Rei Élfico ergueu uma sobrancelha.

— A pressa é a inimiga da perfeição. — retrucou ele.

Gimli cruzou os braços. — As respostas não vão vir do céu, majestade. — bradou ele.

Aquela frase despertou algo em Aranel e ela viu-se sorrindo. Como ela não havia pensado naquilo? A rainha se virou para o anão e colocou as mãos em seus ombros.

— Isso é você quem está dizendo, Gimli, filho de Glóin. — disse, calmamente.

O anão ruivo franziu as sobrancelhas e pareceu ficar ainda mais confuso.

Aranel entregou a taça para Thranduil que aceitou com um sorriso no rosto.

— Vinho! — disse parecendo uma criança.

Ela caminhou para fora da cabana e olhou para o céu encoberto de nuvens cinzentas e escuras. Ajoelhou-se, colocando a mão sobre o peito e engoliu em seco, suspirando fundo.

— Lua — chamou, baixinho, desejando do fundo do coração que ela a atendesse. Molhando os lábios, continuou: — Preciso de você.

Um vento forte soprou e as nuvens se dissiparam, revelando um céu estrelado azul escuro. A lua surgiu redonda e cintilante entre as nuvens e iliminou a campina com uma luz prateada, quase fantasmagórica.

Estou aqui. — Aquela voz poderosamente sagrada encheu seus ouvidos. As sombras pareciam temê-la e Aranel sorriu ao ver aquilo. — Do que precisa, Aranel, filha da lamentação, Rainha da Floresta Branca?

Aranel ergueu seu olhar para a lua e respirou fundo.

— Como eu acabo com isso? E salvo as pessoas que estão em perigo? — questionou.

O mal que vive no oeste é poderoso, criado para controlar as sombras que cincundam acampamentos, vilas e reinos. Rapunzel será necessária para tirar o poder do corpo hospedeiro.

— Certo — ela molhou os lábios — Mas como posso matá-lo de uma vez?

Você não pode. — Respondeu a Lua, simplesmente.

Aranel piscou, confusa. Será que o destino estava fora de sua responsabilidade naquele momento?

Um vento forte soprou. — O Mal cairá, mas não será pelas suas mãos, e sim, pelas mãos de quem agora o detém. — continuou a Voz, mas Aranel não estava entendendo nada.

— Não compreendo. — disse.

Vai compreender.

— Como?

As árvores balançaram e a lua pareceu piscar. — Desvende esse enigma e saberá quem detém o poder contra o Mal. — ponderou a Lua.

Aranel franziu. — Que enigma?

— Eu sou dado e sou tomado. Não sou visível, mas sigo você. Você não me pediu, mas eu acompanho você até a sua morte. — disse a Lua, antes de desaparecer entre as nuvens, mais uma vez.

Aranel se levantou e suspirou fundo. Havia alguém atrás dela.

— O que descobriu, querida? — Era Legolas.

Ela se virou e engoliu em seco. Legolas, Laura, Thranduil, Caos e Gimli a observavam.

— Precisamos ir para o oeste.

As sombras na floresta guincharam. Um odor pungente subiu os ares.

— Agora! — ela trincou os dentes.

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Nota final: Será q vcs descobrem a resposta do enigma antes do próximo capítulo? Me contem aí....

Que os jogos comecem....

Tenn'enomentielva...

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