39• Borboletas no Estômago

Depois da consulta com a xamã, Minho e eu evitamos os assuntos abordados lá dentro, mas era óbvio que tanto eu quanto ele ficamos satisfeitos com o que a mulher nos disse. Nós trocamos olhares e sorrimos um para o outro enquanto tomávamos sorvete passeando pelo festival. Já estava escurecendo e eu precisava voltar para casa antes que meu pai ligasse me procurando.

 — Podemos tentar só mais um jogo? — a julgar pela forma que Minho disse isso depois de ter demorado meio século para terminar de tomar um único sorvete, eu poderia pensar que ele estava enrolando porque não queria ir embora.

Bom, mas eu também não queria ir.

— Claro! Qual? 

— Aquele ali! — apontou, e caminhamos até lá. 

Antes mesmo de chegarmos próximos à barraca, meus olhos brilharam. Um dos prêmios do tiro ao alvo era uma Anya de pelúcia de pelo menos uns 40 centímetros. Era muito fofa.

O homem nos explicou as regras e Minho comprou algumas fichas que davam direito a dez tiros. Eu fiquei apenas observando. Não conseguimos ganhar nada de interessante nas outras barracas, então eu estava ali apenas pela diversão de Minho, nunca fui boa de mira.

Para ganhar os melhores prêmios, era necessário acertar um pequeno alvo específico, que não parecia nada fácil de ser acertado.

Meu queixo praticamente caiu quando vi Minho acertando em cheio alvo a alvo, sem perder um tiro sequer. Como ele é tão bom nisso? Provavelmente, o dono da barraca pensava a mesma coisa, além do fato que o Lee o daria um bom prejuízo levando quase todos os prêmios exibidos ali. 

Pensei que não seria possível ele ficar ainda mais lindo, mas vê-lo concentrado enquanto segurava uma arma, mesmo que de mentira, o deixou ainda mais atraente. 

Depois de ver Minho derrubar dez alvos como se fosse a coisa mais fácil do mundo, o homem se levantou de seu banquinho, elogiando o garoto enquanto pegava na barraca urso por urso de pelúcia que o Lee havia ganhado. 

— Com licença, senhor! Vou querer só aquele ali! — Minho o interrompeu, apontando para o objeto.

O homem não pareceu entender direito, mas agradeceu com um aceno de cabeça e o entregou a Anya. 

— Você é realmente bom atirando em coisas! — elogiei, me afastando da barraca com ele — Já pensou em ir pro exército? 

— Como a xamã disse, tem uma parte covarde dentro de mim — riu nasal, parando no caminho. — Aqui, isso é pra você.

Eu sorri, o vendo estender a Anya de pelúcia em minha direção.

— Sério? — ele assentiu e eu peguei a pelúcia, a abraçando para sentir como era macia — Obrigada, Minho. Eu amei!

— Não foi nada — ele coçou a parte de trás do pescoço, meio sem jeito, mas logo sua personalidade cara de pau voltou. — E então? Essa Anya é muito maior e mais bonita do que aquela que você ganhou do outro garoto.

Meus olhos se arregalaram quando ele tocou nesse assunto, e tentei esconder minha expressão de quem tinha sido pega. Naquele dia, quando Minho viu a pequena Anya de pelúcia na minha casa, eu disse que um garoto tinha me dado apenas para mostrar a ele que eu estava por cima. 

— Ér... então, sobre isso... 

Comecei, um pouco relutante em falar, mas não queria mais que Minho pensasse que havia em minha vida outra pessoa de quem eu pudesse gostar.

— Na verdade, aquilo nem é meu — ele parou abruptamente no caminho para me olhar —, foi um presente dado pra Kyujin quando ela nasceu. 

— É sério? — eu assenti, ainda meio envergonhada. Pensei que ele ficaria bravo por eu ter mentido mas, ao contrário disso, ele sorriu.

Seu olhar sobre mim fez meu rosto esquentar como se eu estivesse dentro de uma sauna e eu tratei de desviar meus olhos de volta para o caminho. Pigarreei, querendo mudar o assunto. 

— Ah! Acabei de lembrar de uma coisa! — pela forma como Minho reagiu, minha fala provavelmente o tirou do mesmo transe que eu estava presa antes — Aquilo que você disse mais cedo, achou que eu ia esquecer? 

— O que exatamente? Eu disse muitas coisas hoje — o garoto riu, ajeitando alguns fios de cabelo meus que tinham sido bagunçados pela brisa que passou de repente. As borboletas em meu estômago se reviraram.

— Quando chegamos você disse que queria fazer algo. O que era? 

— Ah, aquilo... — ele tirou a mão do meu cabelo lentamente, olhando bem no fundo dos meus olhos — acho melhor deixarmos pra outro dia, não sei se você iria gostar.

— Você fez tudo que eu queria hoje, agora é sua vez de escolher — sua expressão ainda era relutante, então continuei: — Vamos! Só diz um lugar, podemos ir pra onde você quiser! 

Peguei suas duas mãos, as balançando de um lado para o outro. Ele riu de um jeito fofo, e eu sabia que ele estava prestes a se render.

— Na verdade, não quero ir pra lugar nenhum — parei de balançar nossas mãos, me atentando ao que ele dizia — Eu só...

Quando me dei conta, eu já estava nos braços de Minho. Meu rosto estava encostado em seu peito e o abraço quente do garoto me envolveu por completo. O tempo simplesmente pareceu parar ali. Deixei a pelúcia cair no chão, passando meus braços por sua cintura. 

[...]

Em casa, eu ainda me sentia extasiada pelo encontro com Minho. Me joguei na cama, abafando um grito com o rosto no travesseiro e batendo freneticamente os pés no colchão em um completo surto depois de ter sido abraçada por ele e ter caminhado de mãos dadas no caminho até minha casa.

Me virei na cama, pegando meu celular para ligar imediatamente para Soojin e Yena. Tenho exatamente meia hora para sair de casa para o jantar com meus avós e não aguentaria deixar pra contar tudo a elas depois.

Cliquei no ícone de chamada de vídeo em conjunto e adicionei as duas, esperando que me atendessem. Yena foi a primeira a surgir na tela. 

— Hmmm, isso aí é sorriso de quem viu o namorado hoje! — fiquei chocada com o palpite certeiro dela. Talvez ela devesse se tornar xamã também. 

— Nós não somos namorados! — tratei de explicar, mas dizer essa frase agora me dava uma pontinha de dor no coração.

— Mas viu ele hoje, né?

Balancei a cabeça assentindo sorridente e nesse exato momento Soojin entrou na chamada. Claro que Yena a recebeu já contando a novidade e passamos alguns minutos conversando sobre tudo que tinha acontecido no encontro. Enquanto a Choi me provocava, Soojin disse com um biquinho nos lábios:

— Aaaah, estou com tanto ciúme! — resmungou chorosa, me fazendo rir — Também quero ter um encontro assim! 

E, de uma forma quase providencial, a notificação de uma chamada perdida de Yohan apareceu no topo do meu celular. 

— Yohan tá tentando me ligar, vou adicionar ele na chamada com a gente — avisei, vendo os olhos de Soojin se arregalarem. — Já que quer tanto ter um encontro, aproveita pra convidar ele, Soo! 

Yena gargalhava ao mesmo tempo que Soojin reclamava alguma coisa por ter sido provocada por mim. Cliquei no botão convidando meu amigo para a chamada e logo ele aceitou, aparecendo no vídeo enquanto nos cumprimentava com um aceno. 

— Pensei que ia vir aqui me contar como foi, mas como você não veio eu tive que te ligar — Yohan disse, parecendo bem suspeito.

— Não dava tempo Yohanie, estamos de saída pra casa da minha vó.

— Bom jantar de Chuseok pra vocês! — ele continuou, as garotas prestavam atenção em nossa conversa. — Mas escuta, não tem nada, nadinha, que você poderia ter contado rapidinho antes de ir? Tipo, algo que aconteceu quando ele te trouxe em casa? 

Seus olhos estavam semicerrados e minhas amigas já começaram com o alvoroço especulativo sobre o que ele estava falando. Eu perdi nessa.

— Espera! Você tava me vigiando?! 

— Vigiar é uma palavra muito forte, eu só tava passando perto da janela e por acaso e vi vocês dois chegando de mãos dadas.

— Vocês andaram de mãos dadas?! — Soojin exclamou, arregalando os olhos. Eu bati em minha própria testa pelo surto que certamente viria dela.

— Há! Sabia que estavam namorando! — Yena complementou, eles queriam mesmo me provocar.

— E tem mais! — eu queria matar Kim Yohan por não fechar a boca — Eu vi quando você deu um beijinho no Lee antes dele ir embora! 

A confusão de gritinhos de Soojin e Yena eram altos e Yohan gargalhava vendo minha expressão de desespero no rosto. Aish! Como ele pôde ter me vigiado? Isso é humilhante! 

— Você não sabe como ele saiu igual um bocó depois que você beijou ele — sua risada continuou, mas pelo menos não era mais uma gargalhada alta. — Colocou a mão na bochecha e ficou paralisado igual uma estátua com a boca aberta.

— Ya! Minha mãe tá me chamando pra ir, estamos atrasados! — menti, tentando sair dali logo.

— Eu não escutei nada! — Yena falou.

— Eu também não! — os outros dois acompanharam.

— Já vou, mãe! — gritei, olhando para a porta do quarto — E-eu preciso ir, meus pais estão me esperando! Nos falamos depois! 

E desliguei a chamada, suspirando de alívio ao me jogar na cama.

Logo em seguida, meu celular vibrou. Resmunguei sozinha, pensando que era um dos três. 

— Aish, eles não vão mesmo me deixar em paz com essa história de namoro, né...?

Mas, ao ler a mensagem na tela, meu olhar simplesmente escureceu. Era um número desconhecido e minhas pernas tremeram ao ler.

"O Festival Chuseok parece ter sido divertido rs. Mas aposto que você ainda não sabe o segredinho do seu namorado. Agora que descobri, posso te contar. O que acha?"

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