11• A Competição

O dia da competição de Yohan chegou e eu estava extremamente animada para vê-lo lutar. Adoro ver aqueles chutes giratórios legais que ele faz no Taekwondo. Me despedi de meus pais e de Kyujin e saí de casa, indo em direção ao ponto de ônibus. 

Penso em comprar algo para o meu amigo e me lembro da padaria em que estive outro dia. Yohan sempre fica mais motivado depois de comer algo gostoso. 

Vou até o estabelecimento e paro na frente, admirando aquela fachada encantadora como da primeira vez. Ajeito o cabelo me olhando no vidro da vitrine e confiro se minha roupa estava no lugar antes de entrar. Ouço o sininho acima da porta tocar com minha entrada, mas paro ao olhar para o balcão, vendo uma garota parada atrás da caixa registradora. 

Sinto uma coisa estranha dentro de mim ao perceber que Seungmin não estava ali como da última vez. Será que se demitiu? 

Talvez ele esteja apenas de folga, ou quem sabe tenha mudado de turno. Me apegar a essas suposições me alivia um pouco de alguma forma. 

Percebo para onde os meus pensamentos estavam querendo me levar e me apresso em removê-los de minha mente. Ora, isso não era nada além de um carinho por alguém que se preocupou em presentear a minha irmã caçula. 

Caminho até a atendente, que me cumprimenta e em seguida pergunta com um sorriso no rosto o que vou querer. Penso por alguns segundos. 

— Uma fatia de torta de queijo e um brownie pra viagem, por favor — ela assentiu com a cabeça. 

— Deixe que eu atendo ela, Eunbi, pode ir almoçar  — Seungmin surgiu dos fundos da loja. — Quando voltar do almoço eu vou te mostrar como organizamos as coisas no estoque — a garota concordou, fazendo uma pequena reverência ao passar por ele. 

Confesso que a aparição de Seungmin me fez sentir algo bom. Estava feliz em vê-lo novamente. 

— Uma torta de queijo e um brownie, certo? — balancei a cabeça concordando e ele sorriu de lado, anotando meu pedido no computador do caixa. — E sua irmã, está bem? 

— Bem e super saudável — respondi sorrindo. — E muito obrigada mais uma vez pelo presente. Ela adorou. 

— Mesmo? — ele perguntou e eu murmurei um "uhum" em resposta. — Fico feliz em saber disso. 

Acompanhei com os olhos Seungmin arrumando meu pedido na sacola. Ele é adorável fazendo o que quer que seja. Pensando bem, ele me parece um pouco familiar agora que reparei melhor. Algo nele me faz achar que já nos vimos antes. 

— Aqui está! — ele me deu a sacola e eu o entreguei o dinheiro. 

— Obrigada. 

— Ah, o que achou da nossa nova atendente? 

— Ela parece muito simpática — respondi sincera. — E o melhor de tudo, ela não falou comigo em inglês achando que eu era estrangeira. 

Seungmin riu, mas percebi que suas bochechas ficaram vermelhas com a minha fala. 

— Kyra, será que você... — ele disse baixo, e eu o olhei, o encorajando a continuar a frase. — poderia me dar o seu número? 

Ele estava de cabeça baixa e fazia uma reverência profunda enquanto estendia seu celular para mim com as duas mãos. 

— É claro! — respondi animada, pegando o aparelho de sua mão e ele me encarou confuso. — Aqui! Pode me mandar mensagem quando quiser! 

— O-obrigado — o garoto agradeceu meio sem jeito, passando a mão atrás do pescoço. 

— Bem, eu preciso ir agora — apontei com o polegar em direção à saída. — Até mais, Seungmin! 

Acenei me despedindo e caminhei confiantemente pela loja, atravessando a porta do lugar. Do lado de fora, eu finalmente pude soltar o ar que estava prendendo esse tempo todo por Seungmin pedir meu número. Minha respiração era acelerada e meu coração batia descompassado dentro do peito, como se a qualquer momento fosse pular para fora de meu corpo. 

— Isso não é nada bom, Kyra — sussurrei para mim mesma, tentando recuperar o fôlego. — Nada bom. 

[...] 

Na competição, Yohan se alongava junto de seus colegas de equipe em um canto do ginásio. As arquibancadas não estavam lotadas, mas havia algumas pessoas que vieram assistir e torcer para os atletas, assim como eu. Um pódio estava montado na área da quadra que não era ocupada por tatames e uma faixa enorme anunciava o "22° Torneio Interescolar de Taekwondo". 

Desci as escadas da arquibancada, acenando com a mão para Yohan. O garoto veio até mim ao notar minha presença, amarrando a faixa preta de seu Dobok no caminho. O uniforme cai perfeitamente bem nele. 

— Trouxe isso pra você — estendi o pacote com a comida para ele, sussurrando em seguida: — Não deixe seu treinador ver. 

— Obrigado, Ky! — agradeceu, espiando o que havia dentro da sacola. — Vou comer escondido dele!

— Você pode me agradecer dando muitos chutes legais hoje. 

— Vou me certificar de chutar bem todos os adversários, pode deixar — ele riu, olhando para trás ao ser chamado por um colega. — Acho que preciso ir. 

— Vai lá — o abracei, sentindo ele me apertar forte. — Ah, sei que não precisa disso, mas boa sorte, Yohanie! 

— Eu deixo você usar a minha medalha por 5 segundos quando eu ganhar! 

Encontrei um lugar com uma boa vista para os tatames e me sentei. Os confrontos ainda não tinham começado então eu apenas matei tempo olhando minhas redes sociais enquanto o narrador apresentava os colégios participantes. Percebi facilmente quando os garotos do Songdong entraram na quadra, pois conhecia bem o agasalho vinho de esportes da nossa escola. 

Apertei os olhos tentando ver de longe os garotos que faziam parte da equipe. Yeonjun liderava o grupo, dava pra perceber apenas vendo como ele discursava e todos os outros o escutavam obedientemente. Reconheci alguns rostos de turmas do segundo e terceiro ano, ninguém que fosse meu amigo. 

— Han Jisung é da equipe? — me auto questionei, notando-o no meio do time do Songdong. Não fazia ideia que ele praticava esportes, isso não se parece nada com ele. 

Dei de ombros, deixando essa nova informação de lado em meu cérebro. Jisung é legal mas, infelizmente, o máximo que posso fazer é torcer para que ele consiga o segundo lugar, porque o primeiro já pertence a Yohan. 

Me ajeitei na cadeira, olhando os competidores se aquecerem. Vez ou outra a voz do narrador surgia nos auto-falantes do lugar, anunciando as regras e premiações do torneio que logo começaria. Agora, mais pessoas haviam chegado e ocupado as arquibancadas. Eu observei tudo isso ao meu redor, sentindo a atmosfera do lugar. 

Meu rosto franziu quando vi Lee Minho, sentado com as pernas cruzadas, do lado oposto do ginásio, comendo pipoca tranquilamente e rindo de algo que via na tela de seu celular. Olhei para o relógio em meu pulso, ainda tinha alguns minutos até as lutas começarem. 

Caminhei até ele, enquanto repassava em minha mente todas as verdades que queria dizer desde o dia que ele apareceu e arruinou tudo na loja. 

— O que tá fazendo aqui? — perguntei, parando de pé em sua frente. Ele pareceu surpreso, mas o seu único movimento foi levar o celular ao bolso e guardá-lo. 

— Não é óbvio? Vim ver o Jisung lutar — respondeu com um sorriso sarcástico no rosto. 

Eu estava tão perplexa com a falta de vergonha na cara de Minho que não fui capaz de dizer nada nos segundos seguintes. 

— Se não for dizer mais nada, por favor, saia da frente, não estou conseguindo enxergar a quadra — ele colocou a mão em meu braço, me afastando para o lado. 

— Como você consegue ser tão cara de pau assim, Minho? 

— Não sei do que tá falando. Dá pra ser mais específica? 

— Eu perdi o meu emprego por culpa sua! O mínimo que você deveria ter feito era ir até lá e assumir a merda que fez depois de ter saído correndo igual a um covarde e me deixado levar a culpa toda sozinha! 

Foi um alívio gritar isso na cara de Minho, mas essa sensação não durou muito tempo, já que o Lee retrucou com indiferença: 

— E quem disse que isso é problema meu? 

Eu não sei explicar o tamanho do ódio que senti nesse momento. Era como se algo dentro de mim estivesse fervendo, e minha única vontade era esmurrar o seu rosto até deixá-lo completamente desfigurado. Entretanto, não poderia fazer isso. 

Eu o encarei com raiva uma última vez e dei um tapa forte no balde de pipoca que ele segurava, espalhando tudo pelo chão. 

— Vai pro inferno, Minho.

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