06• Olá, Kyujin
Eu não consigo nem descrever a emoção que senti vendo o rostinho lindo de Kyujin pela primeira vez. Ela nasceu extremamente saudável e não precisou de nenhum tipo de cuidado especial, por isso pude vê-la ainda antes de amanhecer. Ela dormia como um anjo no colo de nossa mãe, seus dedinhos eram tão pequenos e fofos e seu nariz era exatamente como o meu.
Eu conversava com minha mãe enquanto a bebê dormia profundamente; meu pai havia saído para buscar algumas mudas de roupa em casa. Eu me peguei pensando em como aquele momento era incrível e um sorriso tomou conta dos meus lábios na hora. A chegada de Kyujin trouxe muita alegria e um sentimento enorme de esperança para mim.
Eu tinha vontade de protegê-la e ensinar todas as coisas para ela. De me apresentar e dizer: "Oi, Kyujinie, eu sou sua irmã mais velha. Prometo cuidar bem de você, ok? Apenas cresça saudável e vamos nos divertir muito juntas".
— Quer segurá-la? — minhas sobrancelhas se ergueram em surpresa.
— Será, mãe? E se eu machucar ela? — perguntei receosa.
— Não vai, filha — ela disse, me chamando para mais perto. — Vem, eu te ajudo.
Minha mãe me ensinou a forma certa de segurar a bebê e a colocou em meus braços com o maior cuidado do mundo. Minhas pernas tremiam um pouco, mas eu sempre vou me lembrar desse momento como um dos melhores da minha vida. Kyujin tinha um cheirinho tão delicioso e eu podia saber que seus cabelos eram macios como nuvens mesmo sem nem tê-los tocado ainda.
— Ela é tão linda, mãe — eu a olhava, apreciando cada pequeno detalhe.
— Igual a você, Ky — minha mãe sorriu, fazendo meus olhos brilharem.
[...]
Uma semana se passou desde que Kyujin nasceu. Eu mal queria sair de casa apenas para ficar admirando a bebê em seu berço ou niná-la em meus braços. Estava completamente apaixonada por ela. Mas infelizmente eu precisava sair. E pro último lugar que eu gostaria de ir.
Nosso seminário de geografia estava chegando e muita coisa acabou ficando pra última hora por minha causa. Não vou negar que todos foram muito compreensivos comigo por não ter ido na casa de Soojin quando o grupo se reuniu pela primeira vez para começar o projeto na semana passada.
Eu peguei meu celular e arrastei o dedo por cima do contato de Yena. A garota me atendeu rapidamente.
— Olá, senhorita Yena! — fiz uma voz engraçada e ouvi sua risada do outro lado da linha. — Tudo bem?
— Tudo bem, Ky, e você? Trocando muitas fraldas? — eu ri soprado com a pergunta. Já troquei a Kyujin algumas vezes pros meus pais poderem ter 5 minutos de descanso.
— Sim pra ambos — respondi bem-humorada. — Vamos juntas pra casa da Soo?
— Ãn... ninguém te avisou?
— Avisou o que? — franzi o cenho confusa.
— A casa da Soojin tá em reforma, então nós vamos fazer o trabalho na casa do Minho.
— O que? Por que justo na casa dele?
— Ah, porque é o lugar mais perto para todos. Você vai, né? — eu suspirei.
— Sabe que não tenho outra opção.
[...]
A casa de Minho era enorme. Eu percebi no momento que cheguei só de ver a altura do grande portão cinza. Yena apertou o botão da campainha eletrônica e nós três logo ouvimos a voz da Sra. Lee pelo alto-falante. Ela abriu o portão e nós entramos por um caminho asfaltado no meio de um gramado extenso. A arquitetura da casa era moderna, as paredes eram feitas de vidro de cima a baixo e a estrutura do imóvel era uma perfeita obra de arte geométrica.
Nós fomos até a porta principal da casa, onde a Sra. Lee nos esperava com um sorriso no rosto.
— Sejam bem-vindas, meninas! — nos curvamos para a mulher, que nos dava passagem para entrarmos. — Separei pantufas pra vocês.
— Obrigada, Sra. Lee — eu disse, tirando os meus tênis e calçando os chinelos macios. Minhas amigas me seguiram.
— Kyra, como está a sua mãe? E a pequena Kyujin?
— Estão bem! Obrigada por ter ajudado minha mãe no dia do parto — me curvei mais uma vez.
— Imagine — ela sorriu docemente. — Veja com seus pais um bom dia para irmos visitá-los. Quero muito conhecer sua irmãzinha.
— Claro, Sra. Lee.
— Meninas, vocês podem subir. O quarto do Minho é a primeira porta à esquerda — nós obedecemos e subimos as escadas de mármore claro.
Eu observava cada detalhe do lugar. A prateleira preta que ocupava a parede inteira do corredor estava cheia de porta-retratos e decorações que davam um ar de família de margarina à casa. Eu parei para olhar uma foto de Minho criança. Ri mentalmente percebendo que ele tinha cara de atentado desde pequeno. Parecia um diabinho.
— Ei, eu não imaginava que Minho era tão rico assim! — Yena sussurrou para nós duas, como se estivesse contando um segredo.
— Muito menos eu! — Soojin concordou, analisando cada ponto da casa.
— Eles acabaram de se mudar pra Seul e já moram num lugar assim? — perguntei pra mim mesma. — Eu gostaria de saber o que o Sr. Lee faz da vida.
— Meu pai é dono de uma rede de restaurantes — quase caí pra trás com a aparição do menino. Levei a mão ao peito assustada. — Pensei que sabia disso, afinal, nossos pais são amigos.
Eu queria fugir dali. Estava envergonhada demais até para olhar para frente. Eu sou uma máquina de me meter em situações constrangedoras.
— Por que estão demorando tanto? — o meu agora salvador Han Jisung apareceu na porta do quarto, chamando a atenção de todos. Nunca serei capaz de retribuí-lo o suficiente por isso. — Temos muita coisa pra fazer!
Soojin limpou a garganta, caminhando para perto de Jisung:
— Ele tem razão. Quanto mais rápido fizermos isso, mais rápido nos livramos.
No quarto de Minho, nós já estávamos finalizando nosso projeto. Algumas conversas paralelas surgiam no meio do trabalho e era nesses momentos que eu viajava daqui para outro lugar. O quarto do garoto era como estar dentro de um mundo paralelo. Havia uma televisão enorme no painel da parede que era acompanhada por um videogame de última geração e diversos jogos arrumados em ordem alfabética na prateleira. Pra ser sincera, a decoração era um pouco escura demais para o meu gosto, mas continuava sendo bonita e interessante de se ver.
— Não sabia que gostava tanto de jogos — eu comentei sem perceber, fazendo Minho estranhar minha fala. Ele não respondeu nada.
— Isso porque você não viu o quarto gamer dele! — Jisung exclamou, levando um tapa no braço. — Ai!
— Fique quieto! — o Lee o repreendeu.
— Por que tá brigando com ele? — o defendi. — Seu pai já disse que você é um péssimo aluno porque só liga pro computador, isso não é novidade pra ninguém!
Han me olhou agradecido, mas Minho continuava carrancudo. Minhas amigas apenas observavam confusas a cena.
— Virou advogada do Jisung, Kyra? — suspirei irritada me segurando para não dizer nada de que fosse me arrepender depois.
— Sim, virei. E eu não sei como ele aguenta ser amigo de alguém tão insuportável como você.
O clima pesou. Dava pra sentir a atmosfera radioativa emanando entre nós dois enquanto nos encarávamos com raiva.
— É... pessoal...? — Soojin interviu, chamando minha atenção. — Temos que terminar o projeto.
Contei até dez mentalmente, tentando não surtar ali mesmo.
— Tem razão. Vamos terminar isso logo.
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