Capítulo 2- Halloween

Dias atuais...

Hoje finalmente é feriado e eu poderia dormir até mais tarde, sem um despertador me enchendo a paciência. Eu gostava de estudar, gostava muito, mas às vezes era cansativo e eu precisava de uma folga.

Hoje era halloween, o ano que todos se animavam, se fantasiavam e eram outras pessoas por trás de suas máscaras. Lembro-me do ano passado, ir à festa não foi tão horrível. Eu me divertir um pouco, rir e conversei. Esse ano, com certeza teria festa de novo, para os universitários, tudo era motivo de festa.

Eu estava um ano aqui e me tornei veterana. Tornei-me amiga de algumas pessoas e colegas de outras. Eu já estava acostumada, com a vida festeira da faculdade. Mas eu não frequentava muito,as casas de fraternidade que eram usadas para isso.

Molly até conseguia me arrastar para algumas, mas outras ela perdia. Molly se tornou minha melhor amiga aqui e apesar de sermos tão diferentes. Nos entendemos bem, desabafamos uma com a outra. Foi difícil me abrir com ela, mas eu consegui, Molly era a única que sabia do meu passado. E continuaria assim.

Também fiz uma outra grande amizade aqui, Riley, ela cursava artes. Era uma ótima companhia e bem humorada, sempre colocava cores em tudo. Ela amava pintar e falar sobre o mundo da arte. Ela se tornou uma grande amiga, mas mesmo assim, Molly sempre viria primeiro em meu coração,ela sabia disso.

Eu finalmente estava tentando superar o trauma de amizades, tentando confiar novamente nas pessoas. Mas eu sabia que no fundo, eu não conseguiria tão facilmente. Às únicas pessoas que eu tinha mais intimidade, digamos assim. Era Molly e Tate. Tate se tornou um grande amigo para mim e esteve ao meu lado, desde que nos conhecemos.

Nunca tentou ultrapassar a linha do limite e sempre se mostrou carinhoso e cuidadoso. Ele não sabia sobre meu passado, mas sabia que eu tinha um sério problema de deixar alguém, chegar tão perto. Ele me cativou aos poucos, até que eu cedi e agora ele é um dos meus grandes amigos.

Charlie!.—Molly gritou e eu senti seu peso, encima de mim em um pulo.

Merda!.

—Qual é Molly? Sai de cima de mim!.—tentei empurrá-la, mas a mesmo se agarrou no meu corpo, por cima do edredom.

—Se me empurrar, você também irá junto.—ameaçou de maneira divertida e eu revirei os olhos.

—O que você quer?.—falei contra o travesseiro, querendo dormir.

—Hoje é halloween, e isso significa o que?.—falou entusiasmada.

—Que os mortos saíram das suas tumbas?.—retruquei, desinteressada.

—Não sua chata, hoje é dia de festa!.—me sacudiu e eu bufei.

—Eu sei que é dia de festa, para vocês todo dia, é dia de festa.—zombei.

—Somos jovens, gostamos de liberdade. É a faculdade nos proporciona isso.—saiu de cima de mim e eu suspirei aliviada.

Já não estava mais com sono, Molly fez o favor de tirá-lo de mim. Suspirei e virei-me para ela, que mexia em seu celular, ainda com seu babydoll de seda preto.

—O que tá fazendo?.—perguntei, sentando-me na cama.

—Confirmando nossa presença, na festa de hoje.—sorriu.

—Você e sua mania de me arrastar para festas.—revirei os olhos e ela me olhou.

—Enquanto você for minha melhor amiga, não terá paz.—caminhou até mim, sentando-se à minha frente.

—Eu sei, minha paz acabou, assim que entrei nesse quarto.—zombei e ela me deu um tapinha no braço e eu rir.

Lembro-me bem quando entrei nesse quarto a primeira vez. Eu estava ansiosa e eufórica para começar a faculdade. Não fazia ideia de quem era minha colega de quarto. E quando encontrei Molly, ela estava totalmente descabelada, a maquiagem manchada e cheirando a vodka.

Minha mãe surtou para que eu mudasse de quarto e que Molly era uma louca. Mas eu não quis, não iria exigir uma mudança de quarto, aquela altura do campeonato eu tinha acabado de chegar.

Minha mãe sabia sobre meu trauma, ela que esteve comigo, me levou a tratamentos e esteve sempre comigo. Ela tinha receio que outra coisa do tipo poderia acontecer. E quando olhou para Molly, naquele estado ficou com medo. Eu também, mas eu tinha que enfretá-lo e não me arrependo de ter escolhido ficar aqui.

Foi a melhor escolha que eu fiz. Apesar da Molly às vezes ser impossível e um tanto persistente. Ela me entende, me escuta e me consola quando eu preciso, e faço a mesma coisa com ela.

Molly também não teve uma vida fácil, mas ela superou e seguiu em frente, dizendo a si mesma que era mais forte do que o passado. E eu a admiro muito por isso, pela sua força e boa vontade de viver.

—Eu sei que você não se arrepende de ter me conhecido.—diz convencida.

—Você é muito convencida.—joguei o travesseiro nela, que gargalhou.

—Só estou dizendo a verdade, gata.—me devolveu o travesseiro, tacando-o em mim.—Mas saiba, que você também foi a melhor coisa que me aconteceu.

Own, que fofa ela é.—sorrir abertamente e ela revirou os olhos rindo.

—Não fica se achando, não.—sorriu e levantou-se.—A festa é às sete, precisamos de fantasias.

—Eu poderia ir igual ao ano passado.—dei de ombros.

—De jeito nenhum, vamos arranjar outra fantasia pra você.—disse convicta.

—Certo.—levantei-me.—Você vai me fazer andar feito uma louca. Procurando uma fantasia pra mim, então melhor começarmos logo. Já são onze.—olhei para o relógio encima da minha mesa de cabeceira.

—Então vamos correr, o centro deve tá lotado.—assenti e ela andou apresada pelo quarto.

Com certeza o centro de Pullman estaria lotado,essa época do ano era a mais esperada, principalmente pelas crianças e adolescentes, incluindo jovens. Às Crianças adoravam pedir doces assim como alguns adolescentes, que iam de porta em porta pedindo "doces ou travessuras?."

Já os jovens, usavam o halloween para fazer trotes e festas a fantasias. Seria minha segunda festa de halloween e eu não estava ansiosa para isso. Ano passado não foi tão ruim, mas também não foi maravilhoso.

Eu iria por Molly,ela sempre dizia que eu precisava me distrair, de diversão. E eu sabia que ela estava certa. Eu fazia isso por mim e por ela.


O centro de Pullman, estava realmente cheio. Várias pessoas adultas e crianças indo em lojas para comprar suas fantasias. Eu ainda não tinha nada na cabeça. Certamente Molly iria com uma fantasia extravagante, que chamaria atenção,afinal ela tinha um corpo perfeito e poderia usar qualquer coisa, que ficaria bom. Passávamos de frente em algumas lojas e todas tinham decorações de halloween. Com abóboras e morcegos de papel empedurados.

—Ok, precisamos de fantasias espetaculares!.—disse ela, enroscando seu braço no meu.

—Procuramos uma para você primeiro, eu ainda estou pensando na minha ainda.—retruquei e ela concordou.

Andamos um pouco até pararmos em frente à Palouse Treasures Thrift Store, onde tinha várias variedades de roupas em baixos preços. Apesar de Molly ter uma boa condição financeira, ela não se importava com lojas tão caras e ela gostava de brechós, pois dizia ter vários tesouros neles.

Roupas de marcas, bolsas, sapatos, tudo que possa imaginar.  Entramos e a loja estava particularmente cheia. Mas dava para se locomover lá dentro. Tinha de tudo que se podia imaginar, até brinquedos. Molly me puxou e adentramos mais na loja, seguindo para a sessão de halloween. Que estava repleta de fantasias de todos os tipos.

—Olha pra isso.—ela soltou minha mão e agarrou um vestido preto todo brilhoso.—Eu ficaria muito gostosa nisso, não acha?.

—Com certeza.—sorrir e passei as mãos, pelo tecido de outro vestido.

—Olá garotas, posso ajudar você?.—uma funcionária parou e sorriu para nós.

—Sim, estamos procurando fantasias de halloween, vamos para uma festa hoje.—Molly a respondeu.

—Certo, qual tipo de fantasias querem?.

—Bom, eu quero de bruxa. Uma bruxa bem sexy de enfeitiçar sabe?.—Molly respondeu atrevida e a funcionária riu.

—Claro, sei exatamente qual quer. E você?.—me olhou.

—Ainda não sei, pode se ocupar com minha amiga, eu vou dar uma olhada.—sorrir simpática e ela concordou.

—Então venha por aqui...—a moça travou ao não saber o nome da Molly.

—Molly e essa é a Charlie.—Molly nos apresentou.

Ela esquecia completamente meu nome de verdade, então todos achavam que eu realmente me chamava Charlie.

—Na verdade é Charlotte, mas todos me chamam de Charlie.—adverti.

—Certo, irei te chamar de Charlie, ok?.

—Claro.—sorrir.

—Bom Charlie, fique a vontade para dar uma olhada nas roupas. Vou ajudar sua amiga enquanto isso. Vamos Molly?.—a chamou e a mesma a seguiu.

Suspirei e voltei a olhar as roupas. Tinha fantasias de todos os tipos, desde às assustadoras, até às mais sensuais. Vasculhei entre os vestidos, mas nenhum me agradou, eu era difícil de agradar. Eu precisava de uma fantasia bonita e que eu me sentisse confortável nela, e que não mostrasse boa parte,da minha bunda.

Estava quase desistindo, até que olhei para o lado e ali num manequim, estava uma fantasia de pirata. Lembro-me que usei uma de pirada, quando era criança. Mas invés de vestido, era uma calça com uma bota amarronzada, uma capa preta e um tapa olho. Além da espada e o chapéu, diferente dessa.

Que era um vestido curto branco, com alças cumpridas e largas, estilo bufante, caídas pelos ombros. O corset confortava a cintura até o busto, deixando-o fino. Percebi que o corset era rendado, com algumas rosas pretas, assim como a cor do corset, lhe dando um ar sensual e bonito.

A saia do vestido era rodada com babados, deixando-a com aspecto fofo. Havia uma capa, amarrada no pescoço da manequim, por dentro era vermelha e por fora pretae imediatamente gostei da fantasia.

Seria ela!.

Eu batucava os dedos em minhas coxas ansiosa. Não sei porquê, eu já tinha ido a algumas festas antes, durando o ano,graças à Molly. Não deveria me sentir ansiosa. Tate dirigia pelas ruas movimentadas de Pullman e pela janela, eu via tantas crianças correndo, de lá para cá, fantasiadas e animadas.

Isso me trás boas memórias da minha infância de como eu sempre ficava animada com a chegada do halloween. Sorrir com isso, pelo menos algumas partes da minha infância, eram boas de lembrar, outras nem tanto.

Olhei para frente, vendo que estávamos perto de um grande portão preto de aço. Ele estava aberto e vários carros entravam por ele, eu nunca tinha vindo aqui antes.

—Quem mora aqui?.—perguntei curiosa, enquanto entravámos pelo portão.

—Gabriel, Dixie, Phillip, Jack,Kai e o Logan.—Tate respondeu.

Eu já tinha ouvido falar deles, Molly os mostrou para mim. Eles eram um grupo exclusivo da escola, não eram de se misturar com os demais, achavam-se importantes demais para isso.

Jackson Smith, mais conhecido como Jack. Fazia parte do time de basquete, ele era um dos melhores. Sempre se vangloriando de como graças à ele, o time ganhava.

Kai Jeong, era o coreano do grupo,sempre muito quieto e calado. Eu nunca o via sorrindo muito, sempre se mantinha sério na dele. Ele não participava de nenhuma área esportiva da WSU, mas todo mundo sabia que ele era excelente em tecnologia.

Dixie Miller, era a única garota do grupo, a única que eu vinha com intimidade suficiente com eles. Talvez por ser irmã de Gabriel Miller, que era integrante do grupo. Talvez por isso, eles a aceitava. Ela era linda, loira, alto, gostosa e destemida. As garotas se sentiam intimidadas perto dela e a mesma fazia questão de deixar claro, o lugar delas embaixo dos seus pés.

Phillip Joey, era o encrenqueiro do grupo, o vi diversas vezes descendo a porrada nos caras de outras salas. Ele já tinha sido preso, assim como Gabriel. Mas isso não os impedia de está aqui. Phillip era forte e ninguém ousava atravessar seu caminho.

Gabriel Miller, esse era o charmoso e galinha do grupo. Acho que ele pegou quase todas as garotas da WSU. Ele não se esforçava para conseguir uma, todas vinham até ele. Ele tinha um charme, um sorriso torto e em sua moto, sempre havia uma garota na garupa. Apesar de já ter sido preso, nenhuma garota parecia se importar com isso.

E então, tinha o Logan Vacchiano, que era o líder deles. Nunca sequer falei uma palavra com ele, assim como o resto do grupo. Ele era conhecido por todos e respeitado. Sua fama era de ser um galinha bad boy e complicado. Todas caiam aos pés,se ele olhasse, já teria uma garota. Ele era sombrio e sério. Usava sua jaqueta de couro e cabelos bagunçados, além das inúmeras tatuagens que tinha. Ele era bonito, muito bonito, charmoso e sexy, é claro que ele faria sucesso.

Sua mandíbula era bem marcada e desenhada, o nariz fino e bem contornado, o queixo marcado, os olhos escuros, assim como os cabelos. Seus lábios eram carnudos, em um tom de rosa escuro e ele era muito alto, parecia um jogador de basquete, além de ser forte. Ele realmente era bonito.

Todos eles eram bonitos.

Mas pareciam se achar superiores a nós. Nenhum deles sequer me olhou, durante esse tempo que eu estava na faculdade. E eu também não esperava atenção, não era o tipo de atenção que eu queria,  principalmente vindo deles.

Até o próximo capítulo ❤️

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