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*melanie*
Esse lugar é real? Foi a primeira coisa que veio em minha cabeça, assim que coloquei os pés pra dentro do portão.
Agora, estou no que parece ser uma sala. Têm sofás, móveis espalhados e algumas revistas do meu lado, em uma banqueta.
A porta de um cômodo a minha direita se abre, e Shane sai.
Ele não parece agitado, nem triste. Talvez meio vazio, por ter finalmente pedido perdão ao ex amigo.
Rick chama meu nome e eu entro no tal escritório. Sinto meu corpo gelar ao notar que têm várias pessoas ali, ao redor dele.
Assim que me sento, começo a observar tudo. Todas essas pessoas são novas pra mim, a não ser Rick, que tá sentado na minha frente, e Aaron, que está de pé ao seu lado.
A minha esquerda tem um homem negro e careca, com algum tipo de roupa de padre? Não sei, talvez algo do tipo.
Faz muito tempo que eu não vejo um padre. Muito mesmo. Na verdade nem sabia que pessoas assim ainda existiam. Isso, de alguma forma faz um sorriso sair de meus lábios. Afinal, não estamos todos perdidos.
Ao lado dele, há uma mulher, talvez pouco mais velha que eu, com cabelos escuros e curtos. Quando nossos olhos se encontram ela sorri, e eu retribuo.
Já do lado direto, um cara ruivo que parece ser meio mal encarado estreita as sombrancelhas, assim que o olho. Seu porte físico me lembra muito uma parede, como aqueles goleiros gigantescos dos jogos de futebol.
O ruivo está de mãos dadas com uma morena magrinha de rabo de cavalo que me lança meio sorriso toda vez que a olho.
-- então... - Rick começa a falar. -- Quer nos contar oque houve depois da prisão?
Conto tudo, e todos os detalhes, menos o que houve hoje mais cedo entre eu e Shane. Realmente é algo que ele não precisa saber.
-- vocês foram ao terminus? __ a pergunta me faz voltar ao passado, quando imaginei que realmente tivessem morrido.
-- quando encontramos tudo queimado achei que tinha os perdido. Então ficamos rodando de um lado pro outro, procurando combustível, comida e remédios. Foi quando encontramos essa casinha. Era relativamente segura, e as cercas nos davam um pouco de segurança. Algumas semanas depois Aaron nos achou. -- O olho, e ele sorri.
-- como soube que ele era confiável? - Rick levanta a sombrancelha, intrigado.
-- bom... no primeiro momento eu reconheci o daryl. Ele parecia não se lembrar de mim, porém sabia que onde ele estivesse todos estariam. Então, concordamos em vir com eles.
-- e todo esse tempo, você e Shane ficaram sozinhos?
-- sim. - tiro uma mecha de cabelo do olho, tentando disfarçar o fato de que meu coração acelerou de uma hora pra outra.
-- okay, então preciso te fazer as perguntas. Você sabe.
Sorrio, e assinto com a cabeça. Sim, eu sei.
-- quantos zumbis você matou?
-- acho que mais de 20. __ Provavelmente mais.
-- quantas pessoas você matou?
Engulo em seco.
-- duas.
Rick, parece surpreso. Com certeza imaginava que minha resposta fosse um não concreto.
-- porque? __ Ele pergunta, estreitando os olhos mais do que o normal.
-- foi bem no comecinho. Meus pais e eu estávamos em um engarrafamento, foi onde conheci Lori, Carl e os outros. Depois que fiquei sabendo do virus, meus pais quiseram ir até o acampamento onde meus irmãos estavam de férias, não era muito longe. __ faço uma pausa, lembrando do que vem a seguir. __ Na viagem, eles foram mordidos, logo depois que descobrimos que não havia nem sinal dos meninos, então eu não tive outra escolha a não ser acabar com sua dor logo. Na época, eu não sabia que cortando o membro que tinha sido mordido podia dar alguma chance a pessoa.
Sinto minha vista ficar embaçada, enquanto continuo contando o que aconteceu.
__ Depois disso, eu não tinha pra onde ir, e decidi voltar pro engarrafamento e encontrei Lori e os outros por pura coincidência. Eles me incluíram no grupo e foi isso... algum tempo antes de você aparecer.
Uma lágrima se aproxima mas a enxugo antes que escorra.
Rick assente com a cabeça.
-- sinto muito por isso ter acontecido com você.... Vem comigo Mel.
Ouço a porta se abrindo, e logo volto a sala de espera, onde Shane está sentado balançando o pé freneticamente, como se estivesse ansioso, ou algo do tipo.
-- oque houve? - pergunta, assim que vou até ele.
Balanço a cabeça em negação. Não contei pra ele essa coisa sobre minha família, e prefiro assim.
Rick nos leva até a rua, e andamos um pouco pela comunidade. Tudo aquilo só me deixa mais fascinada. Passamos por um tipo de praça talvez, perto de um lago, onde crianças correm brincando, e observo sorrindo. Tudo é tão calmo e sereno.
Paramos em frente a uma casa branca, é bem bonita, e tem uma porta amarela. Rick entra primeiro, e abre a porta.
Assim que entendo o que está acontecendo, meu corpo gela.
Estão todos aqui.... quase todos.
Maggie e glenn juntos em um sofá, conversando.
Michonne segura Judith e Carl está ao seu lado, dizendo algo que a faz rir imediatamente.
Carol pega algo do forno, e coloca no balcão de mármore, tirando as luvas. Não deixo de notar que ela parece muito com uma riquinha dona de casa, daquelas que aparecem em comerciais.
Sasha olha pela janela, talvez esperando alguém, talvez seja Tyresse, já que não está aqui.
-- pessoal. __ Rick chama e logo todos os olhares estão em nós.
Daryl aparece descendo a escada com os cabelos molhados e meu coração dá um pulinho. Faço uma careta com a sensação e nem tenho tempo de fazer mais nada, pois todos vêem em minha direção, sorrindo e fazendo um bilhão de perguntas.
A última a me cumprimentar é Carol, claramente bastante emocionada. Seus braços me envolvem em um abraço forte e sincero, e então finalmente deixo as lágrimas caírem.
Daryl fica parado de frente pra mim, encostado em uma parede e as vezes me encara de longe me fazendo sentir aquele negócio estranho. Eu ignorei até agora o que aconteceu naquela noite na prisão, e pretendo continuar assim, isso não faria diferença alguma em minha vida, só seria uma coisa a mais para a minha imensa lista de decepções.
Judith começa a chorar por algum motivo, e vou até ela instintivamente. Michonne a vira de frente pra mim, e ela se joga nos meus braços quando me vê.
Senti tanta falta disso, senti tanta falta deles.
-- meu Deus você tá gigante! -- exclamo e todos sorriem, exceto eu que choro que nem uma condenada.
Meus olhos se movem a Shane, todos os olhares que recebeu até agora foram com um tipo de medo talvez? Ou até mesmo surpresa. Não sei dizer ao certo.
A ele, eles se limitam a acenar com a cabeça, talvez um pouco confusos com tudo. Entendo. Realmente entendo. Tive a mesma reação ao vê-lo vivo.
Rick começa a explicar, contando a todos o que eu disse, e me atualizando de alguns membros novos da família, e também sobre as perdas. Hershel, Bob, Beth, Tyresse. seguro a mão de Maggie e Sasha, demonstrando meus sentimentos.
Eu nem imaginava que eles tinham morrido. Todos eram pessoas incríveis e muito próximas a mim, sendo assim, aqui estou eu, chorando novamente. Nenhum deles merecia isso.
Sobre os quatro que estavam no escritório, o tal padre se chama Gabriel, a que sorriu pra mim Tara, e o casal, Rosita e Abraham.
Também há um tal de Eugene, mas não o conheci ainda.
Conversamos sobre muitas coisas, e percebo que Shane está um pouco deslocado, mas não é pra menos né? Pra todo mundo aqui ele ainda é o mesmo que tentou matar Rick, e se quiser se adaptar ao grupo novamente, precisa conquista-los.
Eugene chega, e percebo que é meio introvertido, fica em seu canto, e fala pouquíssimo, a não sei com Rosita e Tara, que aparentemente são as únicas que conseguem manter uma conversa decente com o homem.
A noite cai, e Carol nos chama pra jantar, todos a mesa, como uma família. Meu coração se enche de alegria, ao perceber que afinal não era só eu e Shane pra sempre.
*daryl*
Vejo todos conversando, e eu só observo. Não me encaixo em nenhum dos assuntos.
Vou até a varanda a procura de ar, todo esse conto de fadas me deixou meio sei la.
Sempre me senti deslocado, desde criança. Depois que minha mãe morreu, me revoltei com tudo, mas principalmente com as pessoas. Nunca tive muitos amigos, e sempre fui assim, na minha.
Merle foi o único que sempre esteve comigo, mesmo tendo aquele jeito babaca. Depois encontrei o pessoal, no início de toda essa coisa, e hoje somos uma família.
Por incrível que pareça, sinto como se minha vida tivesse começado com esse apocalipse.
Um movimento a minha direita me chama atenção, e pego a faca, por puro reflexo. Melanie aparece em meu campo de visão, me fazendo guardar a arma novamente.
-- nem cheguei direito e já se cansou de mim? -- não a olho, mas sei que ela sorri.
Encaro o chão. Agora não Melanie, por favor.
-- não é sobre você. __ sussurro.
Sento na escada, e corto alguns matos que nasceram ali, só pra não ter que a encarar, e espero que vá embora, mas a garota continua lá parada como uma estátua.
-- é sobre oque então?
-- porque se importa? -- a encaro.
Sei que fui grosso, e foi a intenção. Tudo está tão confuso, minha cabeça está cheia de coisas e agora, com a chegada dessa garota, fico lembrando de coisas que eu não deveria.
Melanie assente, e caminha, entrando na casa novamente.
-- se você não estiver ocupado sendo um completo babaca talvez possa ir na festa que Maggie dará amanhã.
Dito isso ela sai, batendo o pé.
Besteira, repito pra mim mesmo.
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