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*daryl*


Melanie foi embora.

Assim que Rick me contou sobre o acontecido, eu soube.

Ela não ta menstruada. Muito menos tem alergia a absorvente. Isso foi só um motivo que ela inventou pra não ficar perto de mim.

E eu entendo.

Queria tanto que pudéssemos viver isso, ficar juntos. O que sinto por ela é assustadoramente novo, nunca tinha sentido nada parecido com isso antes. Ontem foi incrível. Estávamos com saudade, arrasados com o que tinha acontecido e extremamente sensíveis. Eu a amo com tudo o que há em mim, amo seus sorrisos singelos, sua voz quando acorda. O jeito como toca meu rosto, seus olhos profundos e intensos.

E agora, tenho que abrir mão disso também.

Não tá sendo fácil pra mim, mas eu preciso ser forte, por nós dois. Tomei essa decisão pra protegê-la, e não me arrependo.

Pelo contrário, faria quantas vezes fosse necessário.

Conforme vou adentrando na floresta, o cheiro fica mais forte. Cheiro de casa. Sossego.

Rick voltou pra Alexandria há umas duas horas, como eu já imaginava, o "rei" disse não. Eu não podia voltar pra lá, então Ezekiel me deixou ficar aqui por um tempo, até que as coisas se acertem.

O que eu duvido que aconteça.

Sinto minhas pernas falharem, e olhando pra cima percebo que o tempo passou extremamente rápido enquanto eu pensava. Já está escuro.

Não tenho vontade de voltar pro Reino. Nada me espera lá. Na verdade acho que nada me espera em lugar algum.

Me deixo sentar no chão, rente a uma árvore grossa e antiga ali. O vento começou a soprar mais forte, porém nada que me impeça de observar as estrelas. No vasto azul, os pontinhos pratas reluzem, deixando o céu todo pontilhado.

Antes que eu pudesse me entregar mais a paz, ouço passos próximos, em direção a mim. Levanto rapidamente, e pego minha faca, para o caso de precisão.

Nesse mundo não se tem um minuto de paz.

Entre as árvores, uma sombra esguia aparece. Primeiramente se passaria facilmente por coisas da minha imaginação, devida a semelhança com as sombras causadas pelas próprias árvores, mas logo que se aproxima, consigo identificar.

Carol.

__ quem está ai? __ sua voz ecoa.

Me aproximo e nem espero para que me identifique, já vou a abraçando.

__ ninguém a não ser meu melhor amigo teria esse cheiro de floresta. Faz quanto tempo que não corta o cabelo Daryl? Quase te confundi com uma árvore.

Sorrio diante de sua fala.

__ senti sua falta. __ sussurro.

__ eu também. Vamos, não é seguro aqui fora.

Quando percebo já estou a seguindo, pelo meio das matas.

[...]

__ okay, qual é o problema?

Levanto os olhos de meu prato de sopa, para fitar os seus, azuis mesmo com a pouca luz da lamparina.

__ o que?

__ eu te conheço Daryl. Faz meia hora que você está mexendo nessa sopa sem tocar na comida. Você nunca faz isso. O que aconteceu?

Respiro fundo, e enfio uma colherada na boca.

__ tô ótimo.

__ okay. Vamos ver até quando você vai mentir pra mim.

Não respondo. De jeito nenhum que vou contar as coisas que aconteceram desde que ela sumiu. Se ela ficar sabendo, não será por mim, não preciso de mais esse peso nas costas, e ela, pode aproveitar essa " paz " que conseguiu, até a guerra começar. Quando acontecer, ela vai ficar sabendo de qualquer jeito, mas não precisa ser agora.

__ então... Como está em casa? Tá todo mundo bem? Melanie, Maggie .... ?

Demoro alguns segundos pensando no que responder, estão digo um rápido "sim", e felizmente ela não continua o assunto, ao invés disso me oferece mais comida, assim que termino a que está no meu prato.

__ você pode dormir aqui... Se quiser.

Afirmo que sim, e minutos depois me aconchego em em sofá, na frente da lareira. Essa casa é bem bonita, e grande, combina com Carol.

[...]

Sinto falta da nossa amizade de antes

É o que penso, ao deixá-la sozinha novamente, naquela casa.

Hoje em dia estamos machucados, exaustos. Não tem tempo para amizade.

Entro pelos portões da cidade e logo vejo as crianças brincando. É como se aqui dentro, fosse a vida, alegre, colorida e simples. E fora, fosse a morte, silenciosa, solitária e triste.

Acho que eu gosto mais de lá fora porque combino mais com a morte.

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