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*Melanie*

Shane para o carro e não precisa ser inteligente pra perceber que aquele lugar caiu.

Aparentemente, o fogo havia consumido o local todo, e milhares de zumbis perambulavam por todo lado.
Meu coração se despedaça com a possibilidade de alguns daqueles bichos serem meus amigos.

-- não pense nisso. - Shane lê meus pensamentos.

O olho, e lágrimas ameaçam escorrer. Entro no carro novamente,e encosto a cabeça no banco, deixando as lágrimas escorrerem. Fodase se ele ver. Abraço minhas pernas, finalmente caindo na real. Estou sozinha, todos morreram.

Shane entra em seguida, me fita e começa a dirigir calado. Agradeço mentalmente por ele respeitar meu momento.

Duas horas depois ele para o carro e despeja o ultimo galão de combustível que temos. Penso em voltar pra prisão, talvez tenha restado algum mantimento ou combustível. Até mesmo munição, mas Shane discorda, como sempre.

Alguns dias se passam, e nós só conversamos o básico.
Checamos lojas, postos, fábricas, tudo que encontrarmos e por incrível que pareça, conseguimos muitas coisas.

[...]

Faz tanto tempo que sai da prisão que nem conto mais os dias. Tudo tá tão diferente, e eu vivo nessa solidão sem fim.

Shane se fez mas próximo nos últimos dias, e por incrível que pareça ele tá até tolerável. As vezes conta umas piadas sem graça, e eu rio por educação, mas na maioria do tempo ele tá bêbado.

Achamos uma casinha de dois andares. É um ponto muito bom pra se defender de possíveis ataques, tem uma visão ótima da área e é cercada por cercas, o que impede os malditos sanguessugas de chegarem até nós.

Depois de algum tempo morando aqui, o lugar ficou relativamente limpo, nem parece que ta toda essa merda acontecendo, a casa se passaria facilmente por uma moradia de antes.

Shane aparece sem camisa na cozinha, e como sempre, minha primeira reação é nojo. Ele tira do bolso uma barrinha de cereal, e me taca, enquanto despejo a lata de cenoura em um prato.

-- encontrei hoje de manhã, fazendo a ronda. Não sabia se você gostava, mas quis trazer pra você. -- O fito, e não tem nenhum vestígio de álcool nele, aparentemente. Milagre de Deus.

-- obrigada. - Sorrio. -- Sim, eu gosto, sempre que quiser pode trazer mais.

Ele sorri sem jeito, e passa a mão no cabelo. Shane é até fofo quando quer.

Depois que sai do meu campo de visão, continuo preparando algo para comer. Ultimamente tá cada vez mais difícil de encontrar comida. Coloco a panela com o macarrão na grade da fogueira, e enquanto fica pronto, eu olho pela janela. Temos uma quantidade de solo relativamente grande, podíamos plantar qualquer coisa, talvez não seja uma má ideia.

Debato sobre isso com shane, enquanto jantamos e milagrosamente ele concorda. Muitos milagres têm acontecido ultimamente, quando o assunto é ele.

-- onde arrumamos sementes?
-- talvez em alguma loja, não sei. Mas vamos achar.

Dou um meio sorriso.
-- espero. -- digo, e me levanto. Alguém precisa lavar os pratos né?

Não podemos gastar muita água, até chover novamente, e se Shane for lavar, certeza que gasta o equivalente a uma semana de louças.

Após acabar, sento no sofá, claramente entediada, e ele aparece logo em seguida sentando estranhamente perto de mim. Me movo, indo mais pro lado, não gosto dessa proximidade.

-- você gosta dessa vida? - o fito.

-- tem escolha? - ele diz, enquanto brinca com o boné em sua mão, algo que estranhamente me faz sorrir.

-- quem é Sara? - me refiro ao bilhete que encontrei no carro, ao que parece ser uma eternidade atrás.

Shane me olha subitamente assustado.

-- ela tá morta. é oque importa.

-- você a amava?

Sei que ele não tem obrigação de me contar, mas isso tava me incomodando desde que achei o bendito bilhete.

Shane arqueia as sombrancelhas como se não fosse da minha conta.

-- sinto muito. __ digo, um pouco envergonhada por ter tocado em um assunto claramente pesado para ele.

-- não sinta. ela fez a escolha dela.

Decido não continuar o assunto, e só assinto com a cabeça, já fui longe demais.

-- boa noite Shane. __ me levanto, e ele pega em minha mão, não me deixando ir para o quarto.

--melanie.

Estranho dizer meu nome assim, mas me agacho, o olhando nos olhos.

-- pode falar.

-- queria desabafar..... mas se quiser ir dormir tudo bem, pode ir. -- ele solta meu braço.

Sento ao seu lado novamente.

-- pode desabafar, eu sou toda ouvidos.

Shane hesita um pouco, mas depois que começa, não para mais.

-- então... eu consegui escapar dos zumbis, e um grupo me encontrou, cuidaram de mim, e e eu fiquei bom rapidamente.
Sara, uma das mulheres, me tratava muito bem, e era ela que cuidava de mim, e com o tempo acabei me apaixonando. Ela tinha um filho, de antes, se chamava Aiden, eu o amava como se fosse meu. Eles foram minha família, eles me mudaram, fizeram eu ver o mundo diferente.
Depois de um tempo achamos um lugar seguro, tinha muros, e conseguimos sobreviver por algum tempo. Um dia, Aiden saiu para uma ronda, com alguns outros do grupo, lá fora, eles foram interceptados por uns motoqueiros na estrada, que queriam os roubar. Aiden e os outros conseguiram escapar, e voltaram pra casa em segurança.
Acontece que haviam mais motoqueiros, muitos mais. Passaram alguns dias e eles invadiram nossa comunidade, e nos colocaram de joelhos, o lider apontava um taco de basebol pra todos nós, e matou Aiden. Uma tacada só. Depois daquilo começou uma baboseira de querer tudo oque era nosso, e tivemos que aceitar.
Sara não conseguiu lidar com a morte do filho. A alma dela morreu com ele. Então, algum tempo depois, ela se matou. --- Enquanto fala, seus olhos se enchem de lagrimas.
Eu nunca pensei que fosse amar alguém, depois de Lori, porém amei, e amei muito mais. O que eu sentia por Lori era um tipo de fixação eu acho, estava obcecado.
No dia em que Sara se matou, houve uma invasão dos mortos na comunidade, todos morreram. Absolutamente todos. Eu fugi, mas voltei lá depois pra pegar combustível e mantimentos. E a partir daí fiquei sozinho. pensei muito na minha vida todo esse tempo, em antes do apocalipse, no que fiz com Rick.
Ele não merecia aquilo. Eu fui um babaca, admito. O amor me fez perceber tudo isso, e agora ela está morta.

Shane termina de contar o relato, e eu fico paralisada. Simplesmente tentando absorver todas as informações, que são muitas.

-- obrigada por me ouvir. Boa noite Mel.

Dito isso, ele se levanta provavelmente indo até o quarto. Tudo isso que me disse é claramente pesado demais, tenho certeza que está envergonhado por me contar.

-- calma Shane. --- Levanto e vou até ele. --- Não foi culpa sua a morte deles. Não se culpe por isso, por favor. --- Limpo suas lágrimas com a manga do meu moletom. --- Eu estou aqui, você pode contar comigo sempre, saiba disso.

Realmente ele está muito mudado. Meu coração se despedaça ao vê-lo nesse estado.

Sorrio, tentando o fazer se sentir melhor, e Shane me abraça, apertado.

-- obrigada por ter confiado em mim. - digo, e ele assente.

Ficamos ali, algum tempo, abraçados, e percebo que ele é minha única família agora.

Eu só tenho a ele, e ele a mim.

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