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*Padre Gabriel*
Encosto na parede da igreja, observando o movimento na cidade. Rosita está no portão, com Tara. Rick e as crianças estão no quiosque, conversando, é quando o Shane passa por eles e fica por ali mesmo, junto com Rick, enquanto os pequenos brincam na grama.
Melanie e Michonne estão nas torres de vigia, observando os arredores da cidade.
Eugene passa por mim carregando uma caixa com alguns rádios, ele e Tobin vão tentar fazer essas coisas funcionarem. Espero que dê certo.
Apesar da tensão que ainda consome todo mundo, é notável o quanto os ânimos já estão elevados. Todos estamos animados para a guerra, por mais que dizer isso pareça meio repulsivo.
Alexandria clama por guerra. Queremos justiça, queremos ser livres novamente.
E se pra isso precisar haver derramamento de sangue, assim será.
Deus não nos deixou, diante de tudo que passamos. E não vai ser agora que vai fazer.
Ele é bom o tempo todo. Essa guerra, nós já vencemos.
Pego meu facão no arsenal, e vou até o portão. Normalmente eu levaria uma arma, mas as que temos não devem ser vistas nem dentro, nem fora da comunidade. Negan tem olhos em todo lugar.
Todos os dias eu saio para caminhar, nesse mesmo horário. Faz bem pra mim, posso colocar os pensamentos em dia, e deixar que o Senhor indique o que quer que eu faça, nas decisões do dia a dia.
A floresta está bem calma hoje. Quer dizer, a maioria dos animais morreram pelos mortos, mas sempre tem um barulhinho aqui, acolá.
Sempre menos hoje.
Sinto meu coração acelerar, e paro por um segundo.
Algo está errado.
Pense, Gabriel, pense.
Um vento forte sopra, fazendo um galho de uma árvore próxima se chocar contra mim.
Pare de ser idiota homem. Está tudo certo.
Meus pés se movem novamente.
Amanhã iremos até Hilltop. Se conseguirmos o apoio de Gregory, que é o líder, já é meio caminho andado. Maggie e Sasha estão lá já, e tenho certeza que fizeram tudo oque era possível pra convencer o homem.
As duas são muito importantes pra mim. Quando chegamos aqui, estávamos todos em uma situação crítica. Andamos semanas sem parar, não tinha mais como aguentar. Fome. Sede. Dor.
Nosso objetivo era chegar até Washington, visto que Eugene achava que poderia ter algo ainda na cidade, algum centro de refugiados, abrigo, talvez.
Maggie havia acabado de perder o pai e a irmã. Estava em estado de choque, não falava com ninguém, somente com Glenn.
Sasha assistiu a morte do namorado, e logo em seguida a do irmão. Ambos mortos por mordidas. Ela praticamente não via mais sentido na vida.
E eu, que causei a morte dos membros da minha congregação por puro egoísmo. Dezenas de pessoas morrendo na minha frente, só porque não quis abrir a porta da igreja. Escutei seus gritos, eu podia sentir o que estavam sentindo. Eles eram minha responsabilidade. Eu poderia tê-los salvo. Mas não o fiz. O sentimento de culpa estava me corroendo.
Em uma noite, logo depois que chegamos em Alexandria, maggie, sasha e eu passamos a noite orando. Eu precisava daquilo. Nós três precisávamos.
Um galho no meio da terra me chama atenção, então agacho para olhar melhor, já que minha visão não é das melhores.
Ele é mais claro que o normal, e também tem uma textura diferente.
Tiro algumas folhas de cima, e pego o objeto nas mãos.
Não é um galho.
É um osso.
Ao longe, escuto grunhidos e decido sair dali o mais rápido possível. Entre as árvores, já se podem ver as sombras dos mortos vivos, chegando até mim. São só três deles, e por isso, decido continuar meu caminho e não os mato. Não há necessidade.
Estou quase chegando na estrada, só faltam alguns passos.
Mais zumbis aparecem atrás de mim, e agora já são mais de dez. Eles são bem lentos, mas não dá pra dar mole, então vou correndo, tentando escapar deles.
Chego em um engarrafamento e tento ir até a outra margem da floresta. É quando eu vejo.
Uma horda, vindo por trás de mim. E outra, pela frente.
Meu coração acelera, e fico sem saber o que fazer.
Pense, Gabriel, pense.
Não tem como eu voltar, mas também não tem como seguir adiante. O que eu faço?
Procuro por um carro, que esteja em boas condições, com os vidros inteiros, etc.
Entro em um deles, e fecho a porta rapidamente. Vou até o banco do motorista, e tento girar a chave, mas já era óbvio que não ia ter gasolina. A unica coisa que posso fazer é esperar eles passarem por mim, só assim terei uma chance.
Não me renderia nem cinco minutos tentar mata-los, eu sozinho aqui, e sem uma arma.
Realmente esperar é a minha única saída.
Deito entre os bancos, pedindo a Deus que esses vidros aguentem.
A multidão de mortos, que já sentiu meu cheiro, balança o carro, de um lado pro outro, e fecho os olhos, pedindo por ajuda no pensamento.
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