21

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*daryl*

Já estava quase dormindo quando alguém bate na porta. Quer dizer, dormindo não né, não paro de pensar nela.

_ entra. __ falo, me sentando na cama totalmente desarrumada.

Rick dá um passo pra dentro do quarto e me olha com um pouco de preocupação.

_ o que foi? __ resmungo.

_ como você tá? __ ele pergunta, se sentando na beirada.

Por mais que ele seja meu irmão e depois de tudo que passamos juntos, nunca conseguiria me abrir com ele.

Inclusive não consigo me abrir com ninguém.

Tirando a ruiva que eu tanto penso.

_ tô normal. O que houve? __ digo, sem olhar em seus olhos. Não gosto de encarar pessoas.

_ eu fiquei sabendo, da Melanie. As notícias correm rápido nessa cidade.

Que droga. Odeio pessoas.

_ tudo bem. __ digo, seco.

Ele coloca a mão nas minhas costas, me apoiando, e não fala mais nada, o que é mais reconfortante do que se falasse mil coisas. Sempre fomos assim, nos conhecemos tão bem a ponto dele saber que o silêncio seria melhor pra mim do que uma palavra de conforto, como outras pessoas fizeram.

Conversamos sobre várias coisas, e demos boas risadas.

_ você é meu irmão. __ ele diz, depois de algum tempo, saindo do quarto.

Me jogo novamente na cama, afogado em meus pensamentos.

.....

Abro os olhos percebendo que ainda tá tudo escuro. Que droga não dormi quase nada.

Vou até o banheiro na esperança de tomar uma ducha bem gelada, pra ver se dou uma melhorada.

O reflexo que vejo no espelho me mostra um cara acabado.
O cabelo castanho cai sobre meu rosto, com mechas irregulares. Nem lembro a última vez que cortei essa merda. Manchas arroxeadas envolvem meus olhos, devido as duas últimas noites que praticamente não dormi, fazendo a cor azul ficar quase imperceptível, a não ser de perto.
Uma pequena cicatriz divide minha sombrancelha, chegando até a bochecha, porra, nem lembro onde eu fiz essa. Sigo até minha barba rala, ao redor de meus lábios meio alaranjados, devido ao sol extremo do sul da Virgínia.

Arranco a camiseta, jogando em algum lugar. Acabei dormindo com ela depois que Rick saiu.

Fisicamente falando, eu sou bem igual aos homens daqui, tirando minha pele dourada.

A principal diferença entre eu e eles são as cicatrizes.

Muitas.

Espalhadas por toda minha costa, elas fazem parte de quem eu sou. Confesso que sinto vergonha, as vezes, são tantas lembranças que odeio de toda minha alma.

A única que as viu, até hoje, foi Melanie. Ela não comentava sobre o assunto, e isso era tão bom. Só o fato de ver seu sorriso, e sentir nossas mãos entrelaçadas, já era muito reconfortante.

Ela sempre soube quando deixar o silêncio falar por nós.

....

Desço as escadas tentando enxergar algo, mas tá escuro pra caralho, então preciso acender a luz.

A casa está quieta e vazia. Provavelmente todos em seus quartos, até porque são 3:26 da madrugada. Que porra eu tô fazendo acordado?

Escuto um choro baixinho e vou até o quarto da Judy, imaginando que seja ela. Entro no lugar, e de imediato vejo a pequena de cabelos loiros com os olhos azuis estalados, olhando pra mim.

_ hey garota. Agora não é hora de gritaria. __ sussurro, me aproximando e a pegando no colo.

Ela resmunga algumas coisas e encosta a cabeça no meu ombro, se acalmando.

Judith já fala algumas palavras, porém deve estar com sono e manhosa, por isso não dá pra entender. Só vou fazê la dormir, ai volto para o meu ninho bagunçado.

_ que tal uma história? __ falo baixinho, e ela balança a cabeça.

_okay, vamos lá..... __ a coloco deitada no berço novamente, e me sento ali do lado, segurando sua mão.

_ existia uma menininha, em um lugar muito distante. Ela gostava de brincar com seu cachorrinho no quintal da casa, de pega pega......

Paro de falar quando a vejo já fechando os olhinhos. Okay, foi mais rápido do que imaginei.

Seus pequenos lábios se movem em uma palavra incompreensível, imagino que seja um boa noite.

Solto sua mão, e a cubro com a pequena coberta rosa de pelinhos. Beijo sua testa, e me certifico de que não vai acordar mais.

_ boa noite princesa. __ sussurro, abrindo a porta para sair.

Ao mesmo tempo, a porta da frente também se abre, revelando Melanie com uma camiseta enorme, e o cabelo amarrado em um rabo. Ela assusta também ao me ver, assim como eu, e dá um passo pra trás, dando de costas com o batente de madeira.

Ela segura com força a mamadeira em suas mãos, deixando- as mais vermelhas que o normal.

_ eu ia dar leite pra ela..... __ explica, sem olhar nos meus olhos.

_ não se incomode. Ela já dormiu. __ olho pros lados. Quero ir pro meu quarto, mas também quero ficar aqui com ela.

A ruiva morde o lábio inferior, demonstrando a tensão dentro de si.

_ bom... Boa noite então. __ ela diz, mostrando um pequeno sorriso, mais reto que o normal.

Aceno com a cabeça e volto para o meu quarto. To vendo que vai ser uma noite pior que a outra.

*Shane*


Marquei de encontrar com ela as 7, no portão principal da cidade.

Por incrível que pareça, eu tive uma noite ótima ontem, mesmo com a dor ainda me atormentando um pouco.

Cumprimento algumas pessoas nas ruas, e todas me lançam sorrisos felizes.

Vejo uma van branca na frente do portão, e sorrio. Ótima escolha ruiva.

Uma Van é ótima para o transporte, caso achemos bastante coisa, e também é boa para o conforto, visto que podemos dormir sossegados.

Algumas pessoas se reuniram ali, talvez para se despedirem de nós. Rick, Maggie, Michonne, Glenn, Carol e Rosita estão ao redor de Melanie, dando abraços na ruiva.

Ela acena pra mim quando me aproximo, e também me despeço de todos.

Rick, que foi o último a se despedir me surpreende com um abraço apertado e um toque de mão, como nos velhos tempos.

_cuidado lá fora. Se acontecer algo, use isso, o canal é o 47.

Ele me entrega um rádio, então assinto e entro no carro. Melanie, já do meu lado parece inquieta, olhando para fora, talvez esperando que alguém fosse aparecer para se despedir.

Alguém= Daryl.

_ podemos ir? __ pergunto, preocupado.

Ela assente, com o semblante triste, obviamente magoada.

Sigo com o carro, passando pelos portões da cidade.

Não preciso nem de bola de cristal pra saber que a garota tá bem mal. Ela encosta a cabeça na janela e uma lágrima solitária escorre pelo seu rosto.

Que droga.

Provavelmente serão os 180 km mais difíceis da história.

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