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*9 dias depois*

*Melanie*

Por incrível que pareça, as coisas voltaram ao normal depois do lance com os Salvadores.
Na maioria do tempo eu fico aqui em Alexandria e cuido da Judith, ou fico no muro de vigia com a Rosita, minha dupla. Assim como hoje.

Passei a noite acordada, e agora são, provavelmente umas 5:30, hora de trocar as duplas.

Após me despedir de Rosita, ando pelas ruas silenciosas, em direção a minha casa.

Todo mundo é acostumado a acordar muito cedo aqui, então é bem provável que já tenha alguém acordado, em casa.

Seguro a maçaneta e a puxo, devagar.

Tudo tão calmo e silencioso. Amo isso.

Não vejo ninguém que costuma estar acordado essa hora, como Rick ou Carol, então subo pro meu quarto.

Quarto do Daryl na verdade, onde eu tenho dormido nos últimos dias.

Sorrio ao vê-lo de bruços na cama, com as costas nuas. No começo ele tinha uma pequena aversão a deixar eu o ver de costas, mas agora acho que nem liga.
O motivo? Cicatrizes. Muitas.
Me contou que quando era pequeno, apanhava do pai com objetos nada comuns. Suas costas estão cheias delas, por todos os lados, e o fato dele ter conseguido contar isso a mim, me faz sentir tão especial. Ele nunca se abre com ninguém.

Também há duas gárgulas tatuadas no local, um pouco abaixo do seu ombro direito, entre várias outras tatuagens, pelo corpo todo.

Surpreendentemente ele não acordou ainda, e isso é bem estranho. Daryl é a pessoa com mais sono leve que eu conheço.

Sento na cama com cuidado, e toco suas costas.

O homem dá um pulo, se estica pra pegar a besta, que sempre fica ao lado da cama, (pra possíveis imprevistos) e logo me olha, com o rosto tensionado, e os olhos fechados mais do que o normal.

_ hey. __digo, deitando na cama, por cima de suas pernas.

_ hey nada. Da próxima vez que me assustar assim, vai ter uma flecha no meio da sua testa, ruiva. __ sua expressão se suaviza, e a arma cai no chão.

_ pra que tanto mal humor?__ solto um sorriso, e o fito.

Se encosta na parede, apoiando a cabeça no braço.

_ como foi, lá?__ pergunta.

_ a, normal. __ subo a cabeça, apoiando em sua barriga_ eu e Rosita conversamos um pouco, depois ficou tudo silencioso, como sempre.

Fecho os olhos, sentindo suas mãos acariciando meus cabelos.

_ você deveria dormir.

_ sim eu sei. __ digo, observando o teto branco.

_ vem cá.

Acato ao seu pedido, e me levanto pra sentar em seu colo.

Colo meus lábios nos seus quando ele toca minha cintura, me puxando pra perto.

É uma sensação tão boa.

Não estamos namorando, nem nada, mas já se tornou rotina. Todos aparentemente sabem que estamos "juntos", o que é bem estranho. Não se passou nem um mês de quando cheguei aqui, mas parece que faz anos.

Talvez possamos voltar a viver igual antes.

[...]

A luz começa a irritar meus olhos, e é assim que eu sei: tá na hora de levantar.
Meu braço se move pra onde o caçador deveria estar, mas só encontro um lençol em resposta.

_ que droga... Que horas são?__ resmungo, falando sozinha.

Outra coisa ruim do fim do mundo: ninguém nunca sabe as horas.

Desço as escadas, e vejo Carl e Judith no sofá. Eles estão pintando algo, em algumas folhas.
Judy pega a folha da mão do irmão e joga pro alto, gargalhando, o que explica tantas folhas no chão.

_ bom dia flor do dia. __ Carol vem até mim, e me oferece alguns biscoitos rosa, daqueles que ela faz e eu sou apaixonada.

A abraço, e ela retribui.

Já faz algum tempo que ela tá diferente, triste. É como se tentasse fingir algo pra mim, e eu não vou comentar sobre isso. Quando ela se sentir pronta, vai vir conversar.
Só preciso tomar cuidado para a situação não se alastrar muito.

_ tudo bem?__ pergunto, sentando na bancada.

Ela passa a mão na minha bochecha, sorrindo.

_ claro querida. __ faz uma pausa, sentando ao meu lado.
_ antes que pergunte, o Daryl foi resolver umas coisas com o Rick e o Glenn, Jajá ele tá de volta.

Balanço a cabeça, rolando os olhos.

_ cadê a Michonne? __ dou uma mordida no meu biscoito, porra essa coisa é muito boa.

_ a, ela e Maggie ficam por ai, resolvendo as coisas dos moradores, você sabe.

Faço que sim com a cabeça.

Sim eu sei. Elas trabalham juntas em melhorias pra comunidade não é de hoje. Moinhos de vento, plantações, checagem de munição e mantimentos. O que dizer? As duas são ótimas nisso.

Carol se levanta, seguindo na direção das escadas e vira de repente, provavelmente lembrando de algo.

_ antes que eu me esqueça, Denise passou aqui mais cedo. Disse que se você quiser continuar a ter as aulas de enfermagem, pra passar na clínica hoje. __ suas bochechas se contraem, formando um pequeno sorriso.

Acabo de comer os biscoitos e me direciono até a clínica. Não é muito longe, talvez umas duas ruas de distância, então chego rápido.

_ bom dia.__ digo, abrindo a porta.

Denise, sentada em uma cadeira no canto da sala me fita, abrindo um sorriso torto.

Ficamos ali algumas horas, e acabo aprendendo a limpar feridas mais graves, tratar infecções básicas e dar pontos.

_ isso. Continua assim. Mão firme. __ Denise me guia, enquanto costuro um plástico, imaginando que fosse pele.

A porta se abre em um estrondo, e Abraham entra, segurando Shane que parece bem machucado.

Que droga. Fazia alguns dias que a gente não se via, ele sempre tava em rondas, sempre. É como se buscasse um motivo pra não ficar aqui na cidade.

_o que aconteceu?__ Denise pergunta.

O moreno, que não tinha me olhado até agora, levanta a cabeça e percebe minha presença ali. Abraham o segura somente com um braço mas o aperto no meu peito indica que não foi só um machucadinho.

_ eu... Tava em uma ronda, com o Abe.... Saímos do carro pra entrar em uma oficina, abandonada..... Parecia limpa. Digo... Não tinha os putos por fora, achamos que era uma boa... É... Não era.

Dito isso, Shane levanta a camisa com dificuldade, revelando um corte aberto, de uns 20 centímetros, em sua barriga.

Ele continua falando e não presto atenção. Aparentemente não é muito fundo, talvez tenha um dedo de fundura, no máximo. Não para de escorrer sangue e com certeza está infeccionado, devido ao pus evidente.

Que droga Shane.

Denise rapidamente pede para o deitarem na cama, e vai até o carrinho onde se encontram seus instrumentos.
Tiro a camisa, e tento limpar o local com álcool, enquanto ele grita de dor.

Isso tá doendo em mim. Odeio ver ele assim. Mas é necessário.

_ deve ter algum pedaço de ferro ai dentro ainda.__ ela fala.

Meu peito se aperta em pensar em uma pinça vasculhando dentro dele, a procura do tal pedaço.

_ se não tirarmos, ele morre.

Eu sei. Balanço a cabeça.

Denise enfia a pinça no corte, e a gira lá dentro por alguns segundos, enquanto ele grita sem parar.

É, as anestesias ficaram no mundo antigo.

Sua mão se move pra fora, com um pequeno pedaço de ferro enferrujado no instrumento.

Shane fica quieto, finalmente, e fico menos aflita.

_ agora é com você. __ Denise move o carrinho até mim, enquanto eu to surtando.

Que porra.

Calma Melanie. Lembra dos passos. Os passos.

Você não pode deixar o Shane morrer. Eu não posso deixar ele morrer.

Molho o algodão em minha mão no álcool, e passo por cima do local.

Meu Deus isso vai dar muito errado.

Tenho dificuldade até para colocar a linha na agulha, de tanto que tremo.

Conforme vou enfiando a agulha na pele, ele grita e se move, deixando tudo mais complicado.

Depois de alguns minutos, finalmente acabo.

_ deixe ele descansar.__ Denise me adverte, se afastando da sala.

[...]

A noite já caiu, e não vou mentir. Fiquei sentada ao lado dele o dia todo, observando. Denise já foi pra casa, mas me recusei a deixá-lo.

Se esse homem morrer, nem sei oque eu faço.

Toco seus cabelos escuros, devagar, e ele resmunga algo, abrindo os olhos castanhos.

_hey.... Como você tá? __ me aproximo.

_ feliz... Por estar vivo. __ são as palavras que saem, com alguma dificuldade.

_ posso me sentar? _ diz, mais facilmente que a frase anterior.

_ claro.. só toma cuidado. Eu que fiz os pontos, então.... Não posso garantir que não vão estourar. __ sorrio.

Vou até seu rosto, a me abaixo, tentando fazer ele ficar sentado.

Sua mão toca meu rosto, suavemente.

Fito seus olhos, tentando não ficar presa na beleza deles.

Que droga Melanie???

_ eu.. senti sua falta....... Obrigada por me salvar.

Dou um meio sorriso, balançando a cabeça.

_ na verdade foi a Denise..

Mal acabo de pronunciar a frase e ele puxa meu rosto, me beijando.

Porra.

A porta abre e ouço passos rápidos.

_ hey ruiva, tava pensand.....

Puta que pariu.

Me separo de Shane, e viro mais rápido que o flash, a ponto de ver ele saíndo da sala tão rápido quanto entrou.

Daryl me viu beijando o Shane.

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