Capítulo 3 Parte 2/3

     ___ Namorar? Se eu quero ser sua...___ Diz transtornada de adrenalina e nervosismo.

___ Sim, meu anjo.

___ Bom, eu... Eu acho que preciso lanchar e está tão tarde agora...___ Sem muito esperar suas respostas, Nícolas invadiu seu espaço lhe beijando, mapeando suas curvas com as mãos e esperando respostas físicas.

___ Calma homem___ Diz se afastando.

___ Eu sei que você me quer e dá pra escutar seu coração batendo há uns cinco metros de distância___Ela riu, sem saber se era de nervoso pela situação ou por outra causa. Se aproximou e bem perto de seu ouvido lhe disse:

___ Não há outra coisa que eu queira mais do que você___ E ali, deu início a noite que tiveram juntos. "Mulher é complicada, complexa demais", pensou Nícolas.

     Tão branca e tão nua, Emma se deitou, enquanto seu amor e quase namorado a cobria de vontades e desejos dos quais ela nunca teve antes. O que sairia daquela noite além de muitas lembranças e atualmente algumas belas mágoas? Quando seu coração se acalmou, seu corpo relaxou e pôs fim ao nervosismo. Ela se entregou de corpo e alma a um desconhecido, pelo qual jurava saber cada detalhe, mas que na verdade não sabia nada.

     Nícolas era moreno, charmoso e tinha ombros largos e um sorriso grande. Ele era de fato simpático e encantador como pessoa. Era assim que Emma pensava enquanto o olhava, cheia de desejo e ele sorria como nunca antes. Ela também sabia que estava o amando demais, rápido demais, pois para ela dois anos era pouco para se conhecer alguém e baseadando-se nas histórias que ele contava, podia-se dizer que se os olhos dela não estivessem vendados de ilusões, poderia ver que ele vivia pelo seus prazeres carnais, sem nunca ter dito sobre ter amado alguém.

     ___ Aaah!

___ Não grita, minha linda___ Fez uma pausa enquanto massageava seu rosto com a mão direita___ Toda dor é passageira.

___ Tá doendo muito!___Disse em meio ao fôlego cortante.

___ Prometo que passará.

Na manhã seguinte.

    Emma acordou, esticou seus braços na cama enquanto seus olhos se acostumavam com a forte claridade da janela. Ao se virar para o lado, notou a ausência de seu companheiro, mas sorriu ao se lembrar da noite que tiveram juntos. Se sentou na cama e pode perceber como seu corpo estava dolorido e até manchado com hematomas nos braços. Ela era muito frágil, e ele tão bruto como um ogro. Se perguntou onde ele estaria naquele momento, e se deitou novamente esperando uma surpresa da parte dele, porque criou em sua mente uma cena onde ele chegaria com café e flores, mas não aconteceu.

      Se olhou no espelho do banheiro e passou suas mãos nos braços e no seu corpo. Se abraçou e escorou-se na parede. Ela se sentia um pouco chateada por Nícolas não estar ali e queria logo saber onde ele teria ido. Preparou a banheira para um banho quente, e relaxou o corpo dentro dela, enquanto tinha vários pensamentos aleatórios. Lembrou- se de coisas das quais ela não recordava e com os olhos fechados levou um susto, porque não entendeu o que estava acontecendo.

     Quando Emma fechou os olhos, viu várias estrelas enormes, como se estivesse flutuando no universo sideral sem ao menos ser astronauta, então pensou estar sonhado. Havia uma estrela bem no fundo de sua visão, que reluzia tantas cores bonitas, coloridas e chamativas que à atraiu até lá e facilmente foi flutuando na imensidão de seu delírio. As cores das estrelas foram sumindo aos poucos e conforme a garota fosse chegando perto a estrela parecia mais distante do que antes. Sentiu-se balançar o corpo, como se o próprio universo fosse desabar em sua cabeça ali mesmo, como se gravidade não fosse mais nula. Quando ela alcançou a estrela, percebeu que a grande bola luminosa tinha desaparecido e se tornado um corredor branco pelo qual ela foi andando até descobrir um mistério maior ainda.

    As paredes brancas ardiam seus olhos, e Emma não entendia porque o sonho não acabava, ela também não queria, pois desejava descobrir o final do sonho. No fim do corredor estava uma porta branca, e quando a abriu percebeu ser um quarto de hospital, temeu o sonho quando viu quem estava naquele quarto. Ela se ajoelhou no chão e começou a gritar e chorar, e logo se levantou e foi abraçar seu irmão que não apresentava vida. Era Darlan, como se tivesse acabado de morrer. Ela sabia que seu irmão já estava morto há alguns anos, mas ele parecia ter morrido outra vez e toda lógica em sua mente foi parar bem longe.

      Após abraçar seu irmão e o dizer enquanto o amava, ela começou a implorar que acordasse: "Acorde por favor maninho", " Vamos embora daqui eu juro", " Senti tanta sua falta". Quando ela ia segurar seu rosto com as mãos, sentiu uma mão pesada em seu ombro e se virou de imediato para ver de quem era. Ela conhecia muito bem essa pessoa, e tinha receio de como aquele sonho estranho estava se saindo. Tudo que ela queria era parar de sonhar e entender o que de fato estava acontecendo.

     ___ Eduardo___ Ele estava com um grande sorriso. Parecia emocionado e feliz.

___ Emma, meu amor.

___ Seu amor, seu único e último amor___ Ela não entendia o porque de dizer aquilo a ele em seu sonho, apenas observa ela mesma o responder, como se não fosse ela.

___ Meu eterno amor. Preciso de você.

___ Também preciso de você, e do meu irmão. Ele não quer acordar. ___Naquele instante o semblante de Eduardo havia mudado e ele estava tão sério e tão distante. Ele a pegou pelos ombros e começou a lhe balançar tão forte, mas tão forte, que ela pensou que ele a mataria, quando de repente ela perguntou:____Por que está fazendo isso?!___ Então ele parou de a sacudir e lhe encarou com um sorriso triste, e disse algo tão bizarro quanto o sonho.

     Emma abriu os olhos e encontrou os de Nícolas, preocupado como nunca. Ela o abraçou e chorou, enquanto ele a tirava do tapete do banheiro, no qual  a colocou para não se afogar na banheira. Depois de chorar muito ela se levantou e vestiu sua roupa de ficar em casa, que era um pijama azul, e quando se aproximou para pegar um brinco na gaveta, reparou que havia deixado a gaveta de baixo aberta, a que era mais importante. A abriu devagar e percebeu que a foto de Eduardo que ela sempre deixava de cabeça para baixo, estava virada para cima e teve certeza que Nícolas havia mexido ali.

___ Por que você mexeu nas minhas coisas?

___ Se acalme.

___ Quem você pensa que é. Não mexa nas minhas coisas nunca mais___ Então trancou a gaveta e se deitou na cama ao lado de Nícolas, um pouco irritada, encarando o teto e tentando entender tudo que havia acontecido nesses dois dias.

___Você teria se afogado se eu não tivesse te encontrado.

___ Salvou minha vida mais uma vez.

___ E quando eu te tirei de lá você cuspiu muita água e começou a gritar muito e se debater como se estivesse tendo um ataque de epilepsia. Você tem isso?

___ Eu não.

___ Acho que está possuída.

___ Que horror Nícolas, saí fora.

___ É sério. Mas agora que você está bem eu tenho que ir, para dar aula hoje.

___ Hoje é sábado homem.

___ Sim, mas organizei uma aula criativa com meus alunos mais velhos, para fugir da monotonia desse lugar, sabe?___ Emma estava esperando ele fazer algum comentário sobre a noite que tiveram, mas era como se ela não tivesse acontecido. Ela realmente teria ficado louca?

___ Ah sim. É uma boa iniciativa. Meus parabéns. Depois me conte mais sobre___ Ele se levantou e enquanto calçava os sapatos Emma disse:

___Ontem quando você me salvou, pela primeira vez, pois acho que a segunda foi hoje. Bom, quero dizer, que aconteceu algo estranho.

___ Algo mais estranho que você caída numa armadilha de urso?

___ Sim. Tinha um velho lá.

___ Um velho dentro do buraco?

___ Que diabos de pergunta é essa. Deus me livre.

___ Explica de uma vez.

___ Quando eu te liguei fiquei te esperando, depois de um tempo escutei uns barulhos e pensei ser você e na verdade era um velho com uma lanterna e um cachorro. Ele perguntou se eu era da polícia e não quis me ajudar a sair de lá. Disse que viu que tinha alguém na floresta me procurando e me deixou lá.

___ As vezes ele não te ajudou por ser velho. Eu vi uma cabana no caminho, e tinha umas toras de madeiras picotadas no chão. Provavelmente desse ser a casa dele.

___ Provavelmente.

___ Bom então vou indo. Você não quer ir a um hospital?___ Disse já abrindo a porta. Emma se sentiu desconfortável com a distância que ele estava com ela. Levantou da cama correndo e o segurou pelo braço.

___ Ah, melhor não. Eu me sinto bem e eu queria dizer algo.

___ Sim.

___ Obrigado por ter me salvado ontem.

___ Tudo bem.

___ E hoje também. ___ Ele a segurou se volta e beijou sua testa, sua bochecha e sua boca. A encarou firme e sorriu, então a soltou e abaixou o rosto.

___ Sabe o que você estava gritando?

___ Não.

___ Você dizia: " Você que está dormindo Emma".

       A garota deu três passos para trás, colocou a mão na boca, Nícolas fechou a porta e foi embora. Ela se sentou na cama e tampou o rosto com as mãos. Nem se preocupou mais sobre o fato de Nícolas não ter comentado a noite que tiveram. Ela estava tentando entender a vida, seus objetivos, suas competências e o fato de que aquela era a fala que Eduardo disse em seu sonho.

" Você que está dormindo Emma" e isso ecoou em sua mente.

.

.

.

Sonho e expectativa

"...A cada sonho
Uma expectativa
Uma justificativa
Uma iniciativa

A cada decisão
Uma resposta
Uma proposta
Uma aposta..."

Fernanda Xerez

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top