Capítulo 28: Hospital

Estava frio, e logo começou a chover. O local de espera para serem atendidos estava com algumas pessoas, cadeirantes, pessoas enfermas precisando de atenção médica.

Ver as pessoas doentes me lembrava como eu detestava adoecer, embora não tivesse que ir pra escola, eu sofria com febre , dor de cabeça, noites mal dormidas.

As vezes eu escutava alguém gritar com raiva, não sabia o que estava acontecendo. Mas felizmente o doutor apareceu e Harris se levantou pedindo para que eu aguardasse.

Larissa:(Ele me trata como se eu fosse uma criança.)

Logo o doutor saiu e Brandon veio até mim.

Larissa: Tem boas notícias?

Brandon: Foi aplicado sirolimo.

Larissa: Mas... essa doença, tem cura?

Brandon: Não. Mas é possível estabilizar a doença como foi feito agora, e ele vai ficar em observação caso piore.

Larissa: Esta dizendo que ele pode morrer...

Brandon: Sim. Esteja preparada se isso não der certo.- olhando as pessoas.

Larissa: Não pode estar falando sério.

Seus olhos se voltaram para mim.

Larissa: Fala como se fosse natural, é diferente uma pessoa que você mata e uma pessoa que morre e que você conhece.

Brandon: E o que vai fazer?

Larissa: A questão não é essa, não pode ser insensível sempre, toda hora, a cada segundo, eu não sou você, eu perdi a minha família, meu irmão e você sabe perfeitamente disso.

Nada disse.

Larissa: Essa sua atitude não vai melhorar a situação.

Eu saio da presença dele e vou até o banheiro. Me desmanchava em lágrimas lembrando da morte dos meus pais.

•••

Andando pelos corredores, vejo um quarto com uma família, o pai na cama conversando com sua esposa e seus três filhos.

Resolvo sair do hospital e respirar um pouco, mas na porta encontrei Richard e juntos saímos e fomos até um banco.

Richard: Quer comer alguma coisa?

Larissa: Ele vai morrer...?

Richard: Não sabemos se receberá alta ou não, mas não é motivos para pensar nisso.

Em silêncio fiquei.

Richard: Tem certeza que não esta com fome?

Larissa: Sim...

Olhava a chuva cair, havia um telhado cobrindo o lugar, impedindo que fôssemos molhados. Me perdi em meus pensamentos, refletindo sobre a morte, algo que eu gostava de evitar porque eu não queria morrer.

Logo a minha atenção voltou para Emanuel.

Richard: Lorenzo perguntou sobre você, acho que ele gostou do seu jeito.

Larissa: Pode dizer que não estou interessada.

Richard: Vai dispensar assim?

Richard Emanuel

Ela se desfez em lágrimas, estava inconsolável, todas as suas dores vieram e não conseguia conte-las. Toquei seu ombro na tentativa de ajudá-la.

Fiquei com ela assim até que pudesse se acalmar. Mas essa sua dor se tornou a minha, não conseguia vê-la desse jeito.

Richard: Vem cá. - a puxando até mim, colocou a cabeça contra o meu peito. - Não esta sozinha. Eu estou aqui.

Larissa: Obrigada.- devolvendo o abraço.

Era só o que conseguia dizer.

Após um momento assim, meu celular tocou, olhei vendo uma mensagem no nosso grupo.

Richard:(Que sejam boas notícias.)- abrindo a mensagem.-(Ele precisa de um pulmão novo?)

•••

Voltamos a sala de espera , Brandon e eu estavamos discutindo sobre com o médico. Seu nome Juarez.

Juarez: Não será mais necessário, conseguimos um doador, Adam esta iniciando a cirurgia e só precisamos que ele responda ao novo pulmão.

Larissa: Como conseguiu?

Dr.Juarez: Há um mês tivemos um paciente que veio a óbito essa semana, infelizmente. A família fez a doação dos órgãos dentre isso doou o pulmão.

Brandon: Obrigado.

O médico saiu e ela se sentou na cadeira.

•••

Richard: Precisa descansar.

Larissa: Irei esperar a cirurgia.

Era possível ver seu cansaço, além dos olhos ainda vermelhos.

Richard: Eu não entendi direito, Adam sempre repõe suas medicações e as toma pontualmente, o que aconteceu dessa vez?

Brandon: Iremos investigar depois.

Larissa: Deve ser horrível viver assim, a base de medicações para não falecer. E ele parecia ser tão saudável.

Ela olhou para a vitrine, a chuva estava mais agressiva. As luzes começaram a falhar um pouco.

Larissa Rafaely

A expressão do Richard era de incômodo, mas não parecia incomodado com a situação, pelo contrário, o ambiente não lhe agradava. Eu também poderia dizer que não me agrada, não sou fã de hospitais mas admiro quem trabalha honestamente aqui.

Richard: Tem café?

Larissa: Isso é o que mais tem no Brasil.

Ele se levantou rindo um pouco e foi até a cafeteira. Eu sentia que poderia descansar, porque Adam ficaria bem, e então alguns médicos foram na mesma direção as presses, pois uma voz dizia no local para estar na sala cirúrgica.

Larissa: Quantas salas cirúrgicas tem em um hospital...?

Brandon: Duas.

Richard Emanuel

Meu medo era que fosse ele, apesar das diferenças e dificuldades, perder um colega de trabalho que esteve aqui desde a minha entrada.

Richard:(Vamos, Adam, já passou por coisas piores.)

Logo o doutor apareceu. Larissa e Brandon se aproximaram para escuta-lo.

Dr.Juarez: Eu sinto muito.

Levemente franzi a minha testa.

Dr.Juarez: Ele não resistiu.

Larissa: Esta morto...?

Dr.Juarez: Sim.

Richard: Podemos ver o corpo?

Assentiu e o seguimos. Entramos na sala, onde se encontrava o corpo do homem, parecia que estava só dormindo.

Richard: Não esperava que ele terminasse assim, imaginei que seria em um confronto com um inimigo. É estranho vê-lo dessa forma.

Larissa Rafaely

O silêncio ficou, e minha dor no coração era difícil, era um dia que não tinha motivos para sorrir. Sabia que Richard se importava com seus colegas, mas não sabia se Brandon se importava dessa forma, não sabia se o Adam era só mais uma ferramenta para ele.

Larissa:(É crueldade demais da parte dele...)

Richard: O doutor vai querer informações sobre ele, familiares. Mas sabemos que ele era órfão.

Larissa: Órfão?

Richard: Morou com o tio por um tempo até fazer 20 anos e saiu.

Larissa: Então pode falar com o tio?

Brandon: O tio dele morreu um mês depois em um acidente de moto. Colidiu com um carro.

Larissa: O que vai fazer?

Brandon: Não é a primeira vez que lido com algo assim.

Richard: É só algo pra você, não é?- o olhando.

Brandon: Não há o que fazer.

Richard: Foi assim também com o ex membro do Léo, Nicolas, já deve ter o próximo membro para colocar no lugar dele.

Larissa: (Então eu estava certa... são só ferramentas...)

Richard: E vai fazer o que? Colocar a Larissa no lugar dele?

Brandon: Não gosto de perder os meus homens, mas devo estar sempre pronto caso um saia ou morra. Fiz o que estava ao meu alcance. Lidarei com o corpo, se despeça, não o verá novamente. - saindo.

Larissa: Richard...?

Nada disse, apenas olhou para o corpo e o silêncio tomou conta do lugar.

Continua...

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