it's you


Eram 2.30am e Hongjoong tinha certeza de que já havia recusado pelos menos duas dúzias de ligações de Seonghwa e mais só-os-deuses-sabem-quantas mensagens de seus amigos.

Ele odiava preocupar seus amigos, mas era um caso de extrema urgência e ele precisava colocar seus pensamentos em ordem sozinha, sem críticas externas.

Infelizmente o que deveriam ser algumas horas trancado no estúdio de seu mentor da Universidade se estendeu por dias até bater a marca de uma semana e meia em que o Kim só voltava para casa para tomar um banho, trocar de roupa e correr para a aula (com cuidado para fazer tudo enquanto seu melhor amigo e colega de apartamento estivesse fora e não pudesse encurralá-lo para um interrogatório). Até mesmo no almoço o recém platinado havia dado um jeito de desviar de seus amigos e comer em um lugar afastado.

O problema não era que Hongjoong não queria estar com seus amigos. Ele queria. E muito.

O problema era Jeong Yunho e a consciência de Hongjoong de que ele não tinha mais forças para ficar no mesmo ambiente que o rapaz.

Então Hongjoong estava deliberadamente evitando todo seu grupo de amigos em favor de fugir exclusivamente de Yunho. O que, convenhamos, não foi a mais inteligente das ideias.

Era a segunda música que o Kim conseguia finalizar desde o início de seu auto isolamento, considerando que ele praticamente estava vivendo a base da cafeína, os almoços do refeitório, sonecas de uma hora e meia no meio da noite e música.

Até mesmo seu mentor estava começando a ficar preocupado pelo tempo em que o platinado estava se mantendo escondido no estúdio particular, mas Hongjoong foi rápido em assegurar que ele só queria terminar alguns rascunhos antes que perdesse toda a inspiração (o que era uma tremenda de uma mentira).

Mas agora vamos por partes, porque tem muito mais por trás da bagunça de Kim Hongjoong.

Tudo começou uma semana e meia antes, mais especificamente no domingo à noite, quando os quatro amigos decidiram que seria uma boa ideia beber até quase ter um coma alcoólico, mesmo sabendo que teriam aula no dia seguinte.

Hongjoong nunca teve problema em beber até esquecer o próprio nome. Seu grande problema era o quão honesto ele se tornava e o quão difícil ficava esconder as coisas de seus amigos. Mais especificamente de Seonghwa, que depois da terceira garrafa de soju já estava ligando para Mingi e pedindo para o namorado ir salvá-lo do bruxo mal (lê-se: Wooyoung atazanando o mais velho até o Park quase chorar, pois quando bebia ficava mais sensível que o normal), e Yunho, que tinha a tolerância a álcool mais alta entre os amigos.

Algum momento depois das 2am, Mingi já havia ido embora com Seonghwa e Yeosang deu o ar da graça para buscar seu namorado embriagado (um Wooyoung bêbado com o namorado por perto era um Wooyoung carente e chorão). A partir daí, só restaram Yunho e Hongjoong no apartamento que os dois compartilhavam, e foi quando as coisas foram ladeira abaixo.

–Hyung, você já pensou em namorar alguém? – o Kim tirou alguns segundos para pensar, antes de soltar um riso baixinho e puxar o rosto do melhor amigo para perto. Os dois estavam sentados no sofá, sozinhos, mas mesmo assim Hongjoong parecia prestes a contar um segredo.

–Eu já gosto de alguém – sussurrou o platinado, deixando escapar um riso envergonhado e cobrindo o rosto com as mãos, mas afastando-as quase imediatamente antes de fazer beicinho – Mas ele não gosta de mim. Ele é bonito, divertido, gentil, cavalheiro, talentoso e tem muitos amigos. Ele não gostaria de alguém como eu – em algum momento Hongjoong começou a chorar, e só sentiu alguém o puxar para perto em um abraço. Sua mente alcoolizada não pensou duas vezes antes de se afundar no peitoral alheio e chorar tudo o que estava em seu coração.

Na manhã seguinte, no entanto, Hongjoong acordou na cama de Yunho, o braço do maior sendo usado de travesseiro enquanto os dois estavam enrolados nos cobertores.

Os resquícios da noite anterior não eram suficientes para ele se lembrar se havia dito algum nome ou não, então o pânico rapidamente tomou conta.

O Kim se desenroscou do amigo que ainda dormia, tomou um banho correndo, juntou seu material de aula e saiu do apartamento, a vergonha o engolindo sem misericórdia enquanto o platinado fazia seu caminho até o estúdio particular de seu mentor da universidade.

É claro que em algum momento ele teria que enfrentar a realidade, mas fugir de tudo parecia tão mais fácil, então ele continuou fazendo isso.

Até chegar quarta-feira da semana seguinte.

Porque apesar de Yunho respeitar as vontades do mais velho e entender que ele talvez precisasse de um tempo sozinho, o Jeong também estava extremamente preocupado com o menor.

–Kim Hongjoong! – o platinado congelou em sua cadeira, o programa de mixagem aberto e inúmeros cadernos abertos e páginas soltas pela mesa. Infelizmente, ele reconhecia aquela voz bem demais – Hongjoong, se você não abrir essa porta, eu vou ligar para o seu mentor e pedir a senha pra ele! – o Kim sabia bem que Yunho cumpriria com sua ameaça, então apenas se deu por vencido, caminhando à passos pesados até a porta e destrancando a trava eletrônica.

Menos de três segundos depois, Hongjoong estava sendo esmagado em um abraço enquanto o maior escondia o rosto entre seus cabelos descoloridos. O Kim jurava estar ouvindo soluços, mas ele tentava se convencer de que era coisa da sua cabeça. Foi quando uma voz rouca soou no cubículo em que eles estavam.

–Foi alguma coisa que eu fiz? Me desculpa, eu juro que não faço mais, mas volta pra casa, por favor – pequenos soluços se faziam presentes entre as palavras, e Hongjoong podia sentir o corpo do Jeong tremendo contra o seu.

Foi então que Hongjoong percebeu que estava tão cego pelos próprios sentimentos que não percebeu que estava machucando os de outra pessoa.

–Yunho, você não fez nada de errado, eu prometo – o menor precisou usar o pouco de força que tinha em si para empurrar o amigo levemente, apenas o suficiente para que ele pudesse ver o rosto manchado pelas lágrimas e os olhos inchados (provavelmente de choro de outro momento).

–Mas você tem me evitado. Nem pra casa volta – murmurou Yunho, e foi com dor no coração que Hongjoong limpou os rastros de lágrimas do rosto do amigo, sentindo seus próprios olhos arderem.

–É porque eu não conseguiria ficar perto de você – admitiu o Kim, escondendo o rosto no ombro alheio enquanto suas próprias lágrimas agora transbordavam – Eu não conseguiria ficar perto de você sabendo que somos amigos. Eu não quero ser só seu amigo, Yunho. Eu gosto de você – e foi então que Yunho finalmente fechou a porta do estúdio, levantando o rosto de seu hyung com a ponta dos dedos enquanto aproximava seus rostos.

–Eu também gosto de você, Kim Hongjoong. E não é só como amigo – os poucos centímetros entre os lábios dos dois foram logo fechados, as mãos pesadas do Jeong trazendo Hongjoong cada vez mais perto enquanto o Kim brincava com os cabelos pintados de preto do mais novo, um calor gostoso de formando em uma barriga e tomando seu corpo lentamente.

Eles tinham muito o que conversar na manhã, mas aquela madrugada seria ocupada por outras coisas.

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