Seis | Léo
Um ano se passou. Meus sentimentos continuavam densos, mas ela não sabia. Diversas vezes quis que soubesse, porém contive a mim mesmo, porque todos diziam que Olívia estava feliz.
Eu não estava feliz.
Depois de um ano, ela emagreceu muito; e comecei a notar como era estranho. Acreditavam que era por vaidade, eu sabia que era por falta de saúde.
Estava bonita, pois de um dia para outro conseguia se vestir bem, usar as roupas certas que combinavam com ela, nunca mais se levou pelas tentativas de Anna em arrumá-la, tornando tudo um desastre. Sempre mudando os penteados dos cabelos. E talvez não fosse eu o único a perceber aquilo. Todos viam esse exterior.
Ela ficou linda, mas uma flor também germina em escombros.
Daniel sempre comentava alguma coisa por Olívia estar mudando o visual. Alguns outros de meus amigos do colégio também notaram a diferença. Mas ninguém via como eu via?
Uma coisa era certa, apesar de minhas revolta em ver um relacionamento estranho: não importava quem a admirava, homem ou mulher... Ela só tinha olhos para Natan.
Olhares que começaram a ficar estranhos.
Procurando rachaduras, não tinha ideia como consegui notar que havia algo errado com eles. Eu conseguia perceber a felicidade nos olhos dela, mas também tinha o super habilidade de saber que algo não ia bem.
Mesmo quando caí na real de que aquilo não estava certo, de alguma forma eu não sabia como abrir a cela daquela prisão em que Olívia se via dentro. Eu a observava de longe, esperando uma brecha para libertá-la.
Eu sorri quando ouvi a voz de meu pai em minhas lembranças. Papai sempre dizia que um relacionamento feito de ilusões desgasta muito rápido. Lembrava como após dizer isso, apontava em direção a minha mãe, e dizia:
"Está vendo filho? Aquela é uma mulher que nem a rotina me faz deixar de amar. Encontre a mulher certa, e nem o tempo irá fazer você se cansar dela".
Torci para que o tempo houvesse acabado com Natan.
Pelo menos, eu sabia que depois de um ano de namoro, eles não estavam bem. Olívia sorria menos para ele. Estava sempre irritada. Algumas vezes, se isolava. Até suava frio quando Daniel, eu ou Diego conversávamos com ela.
Não que comentasse alguma coisa comigo, depois eu sabia dos detalhes quando perguntava para Anna. Percebia que Olívia passava mais tempo com Anna e Rita. Elas estavam sempre se divertindo enquanto Diego, eu e Daniel nos divertíamos à parte, jogando basquete no pátio do colégio com outros garotos colegas de classe, e levando bronca depois do zelador por não ter permissão para aquilo. Natan ficava em segundo plano, estudando em um canto do refeitório: sozinho. Talvez, eu pensei, seria o melhor momento que tinha para me aproximar novamente de Olívia.
Em um desses dias, eu criei coragem. Juntei um pouco de força e sentei ao lado de Olívia que lia um livro de história. Anna estava do outro lado da mesa, também estudando. Virei o rosto para trás percebendo que Natan se incomodou quando me sentei ao lado dela.
— Você deveria estudar também — Olívia disse, prestando atenção no livro. — Vai ter prova amanhã.
Eu perdi o ar. Escutar a sua voz, sem que parecesse um xingo, me fez sentir-se aliviado. Depois que Natan demonstrou ter ciúme de mim, ela se limitava a conversar comigo.
— Já estudei — disse. Apesar de ser um babaca, nunca fui mal nos estudos. Minhas notas eram altas, não precisava me preocupar em estudar depois de só prestar atenção na aula. — Vamos ao Palácio Hotel hoje depois da escola? Leandro disse que vai ter um show de mágica hoje à tarde. Vamos poder tomar gim de laranja também.
Ela me olhou e sorriu.
— Oh, claro — respondeu, excitada. — Ah, não... — mas recuou. — Que pena, hoje meu pai me pediu para trabalhar com ele. Quando sair da escola, vou ter que ir direto para empresa. Papai quer me ensinar sobre banco de dados. Sinto muito.
Tentei disfarçar minha expressão decepcionada.
— Você... vai querer seguir essa profissão? — eu perguntei, tentando manter um assunto. — Trabalhar com tecnologia?
— Talvez — ela respondeu. — Meu pai é o CEO da nossa empresa. Por que raio eu ia ficar me preocupando com outro emprego quando já terei um quando sair da escola? Eu gosto de tecnologia.
Parou para pensar, e então disse:
— Estou pensando em ajudar o meu pai com algumas questões, para diminuir custos de alguma coisa. Eu estava pensando sobre computação na nuvem — ela coçou a pele no rosto, pensativa. — A computação em nuvens consiste em trocar os softwares instalados em seu computador, por aplicativos online. Seria útil, porque ia permitir que muitos vendedores pudessem acessar dados necessários através de seus telefones celulares, desde que estejam conectados no 3G. Informação útil, para convencer novos compradores.
Eu realmente admirava Olívia e seu amor pela tecnologia. Quando ainda éramos amigos íntimos, ela sempre apostou que smartphones seriam populares — e ela estava certa.
— Eu também acho que estou com uma ideia de um aplicativo para mensagens instantâneas.
— Tipo o SMS? Isso já existe.
— Sim, é claro que existe — Olívia tinha um sorriso por todo o seu rosto. — Mas estou falando de um aplicativo que você mandar mensagens via wi-fi ou 3G, te tirando das operadoras de celular. Ou quase. Quero chamar o aplicativo de TXT. Seria um aplicativo em que, além de mandar mensagens de texto, os usuários poderiam enviar imagens, vídeos, até documentos.
— Uau — disse, admirado. — Você realmente ama computadores.
— Ainda não conheceu minha amiga virtual. O nick dela é Babi.Lovelace. Ela me disse que é um gênio.
— Lovelace como Ada Lovelace?
Olívia me olhou como se eu tivesse dito que casaria com ela naquele momento. Talvez não esperasse que eu soubesse daquela informação.
— Sim, acho que sim — respondeu, se aproximando em minha direção. — Sempre achei que sabia o nome de todos os jogadores da seleção de futebol, nunca me passou pela cabeça que sabe mais que isso.
— Sei coisas, Mourabelli. Muitas coisas.
— Vocês são muito nerds, é isso sim! — Anna riu, olhando de um para o outro.
Mas a julgar pelo olhar de minha prima, ela estava feliz, criando expectativas desde que eu sempre a perturbava por status da relação entre Natan e Olívia. Anna nunca aprovou aquele namoro, apesar de dizer constantemente que a amiga merecia ser feliz.
— Isso prova que realmente não devemos julgar o livro pela capa — disse Olívia, se afastando. — Babi se atraiu em mim, porque uso o nickname de Freira Keller. Eu não sou tão inteligente quanto ela.
— Quem? — Anna franziu a testa. — Ah, sabe que eu odeio quando começa a falar dessa sua amiga virtual, Babi. Eu fico com ciúmes.
— Para sua informação, eu não trocaria você, Anna, por alguém que nunca vi na vida. Apenas pela internet. Talvez Babi até possa ser, sei lá, um homem velho, peludo e suado enganando adolescente... E, para sua pergunta, Irmã Mary Kenneth Keller, foi a primeira mulher a receber um doutorado em ciências da computação. Sua contribuição para o mundo da tecnologia, foi fundamental na criação da linguagem de programação BASIC.
— Oh. Sorte dela — Anna ergueu o braço. — Mulheres no poder!
Olívia revirou os olhos, depois, tirou o telefone do bolso para ler uma mensagem de texto que acabou de receber. Ela apoiou a bochecha na mão, voltando a dar atenção ao livro de história.
— Acho que a gente devia voltar para História do Brasil, estava interessante esses artigos sobre a Era Vargas. Eu não sou muito boa com política e História, por isso preciso mesmo tirar uma boa nota e estudar para isso — olhou para mim. — É melhor voltar a jogar seu basquete...
— Eu... Bem, não queria atrapalhar — disse, observando para ela.
Pensei que ela fosse me xingar, mas respondeu com um suspiro longo.
— Havia me esquecido como é bom conversar com você. Mas, também me esqueci que não somos mais amigos.
— Não somos?
— Não.
Anna franziu a testa para Olívia. E eu senti meu coração afundar. Nunca ouvi aquelas palavras antes, e elas eram realmente muito dolorosas.
Levei algum momento para sair do choque, sacudi a cabeça, e não aceitaria aquela resolução tão facilmente. Eu disse:
— Tudo bem. É só uma questão de tempo até que volte para mim.
Não esperei uma resposta, me levantei e sai em direção a qualquer lugar.
A primeira coisa que se passou por minha cabeça quando fugia, era que alguma coisa na mensagem de texto que recebeu a perturbou. Ela não conseguia me olhar. Suas mãos estavam tremendo. Havia alguma coisa errado com ela. Havia uma marca na sua mão. Um tipo de tatuagens em forma de cruz, que parecia ter sido queimada na expectativa de ser apagada.
Eu arregalei meus olhos. Olívia era pura demais para tatuagens, seus pais a mataria se fizesse isso. Portanto eu sabia que havia algo que ela não estava nos contando.
Encontrei um canto no pátio, onde fiquei parado de braços cruzados, olhando Olivia de longe. Estudando sua linguagem corporal. Ela continuou estudando em silêncio, mas eu percebi que algumas vezes, olhava para Natan que estava no canto oposto.
Na sala de aula, depois do intervalo, Olívia continuou silenciosa. Olívia era tímida, sempre foi. Com as mudanças, havia conseguido algumas amigas, sempre conversava com elas nas aulas, mas agora, se isolava. De uns tempos para cá, sentia que havia alguma coisa errada.
Ela pegou a mania de ajeitar os óculos e depois suspirava sem parar, então enterrando o rosto na mão. A distância entre ela e Natan havia aumentado. Suas mãos estavam sempre tremendo. Isso não era normal. Parecia vulnerável, frágil, doente. Comecei a imaginar se ela realmente estava doente.
Mesmo que a distância entre ela e meu inimigo declarado significasse uma oportunidade de tê-la de volta, não me sentia bem em ver o quanto sofria. Precisava ajudar.
Olívia ficou duas semanas trabalhando com seus pais. Era difícil vê-la ou colocar meu plano em ajudar em prática.
Quando voltava, estava sempre cansada. Dormia na sala de aula, e era acordada pelos professores levando uma bronca que eu mesmo não me atrevia a levar. Seus pais foram até chamados para que os professores soubessem o que se passava com ela. Anna me contou que o trabalho não tinha nada a ver com o cansaço dela. Olívia só se sentia cansada. Tinha vontade de dormir. E às vezes ela ficava enjoada do nada.
Por causa daquilo, começava a correr boatos que estava esperando um filho de Natan. Mas eu sabia que isso poderia ser consequência de alguma doença. Eu tinha que ter certeza de que ela estava bem, que não estava doente.
—... Ouvi dizer que ela está brava com o namorado, porque ele a engravidou — escutei quando passava pelos corredores da escola. — Tipo, ela está sempre vomitando e dormindo. Nem posso imaginar o que ela deve estar passando só tendo dezessete. Meus pais me matariam se isso acontecesse comigo.
Eu ignorei. Mas os boatos se tornavam mais e mais dispersos e iam cada vez mais alto.
— Ouvi dizer que ela está usando drogas, por isso está do jeito que está — cochichou Isabel Lima, uma das garotas que beijei que odiava Olívia por alguma razão que não conheço.
— É? — cochichou o companheiro de Isabel. — Isso é bem a cara dela!
— Eu sempre soube que a Santa Olívia Mourabelli é uma vadia. Escreve o que digo, ainda vamos saber todos os podres dessa menina.
— Ah, está anotado. Eu estou até ansioso para ver isso. Adoro ver os "santos do pau oco" se estropiar todo.
Isabel riu.
Fofoqueiros idiotas! Cada história nova que começava ia sendo aumentada. Um absurdo atrás do outro. Me senti irritado por ouvir cada besteira.
Eu queria socar cada um dos fofoqueiros que cruzaram o meu caminho aquela semana, tinha que andar com os punhos sendo torcido enquanto caminhava pelos corredores.
De repente, perto das grandes janelas do auditório, um movimento no corredor de baixo me chamou atenção. Cabelos negros e cumpridos voando. Camiseta branca, e jeans apertado. Botas negras se arrastando. O uniforme usado de modo único. Era Olívia. Não sabia se estava a par de tudo que diziam dela, mas... Achei que ela merecia tomar conhecimento, tinha que informá-la.
Quando dei um passo em direção a ela, Olívia parou no meio do corredor. Estava sozinha. Por isso abaixou enfiando as duas mãos nos cabelos cumpridos. Gemia em silêncio em uma dor que eu não podia imaginar.
Então, eu fiquei atônito. Pregado no chão, sem conseguir pensar ou me mexer.
Ela tinha uma mão sobre a outra. Seu dedo estava torto, virado em um ângulo estranho. Ela tinha sido violentada. Parecia estar fugindo, porque havia sido violentada!
— Hei! — ouvi uma voz grossa vindo pelo corredor. Era Natan. — Ainda não acabamos de conversar!
Me senti em choque, mas consegui me esconder atrás do parapeito das escadas.
— Se afaste de mim — Olívia implorou. — Meus pais não querem que fale com você novamente. Mesmo se pudesse, não gostaria de estar perto de você. Não quero mais...
— Não é como se você tivesse cérebro para querer alguma coisa. — Natan bufou. — E você não pertence aos seus pais, você não é deles. Nem de Leonardo Petri. Você é minha. Concordou em ser minha.
— Eu concordei em ser bem tratada, não em ser seu saco de pancadas. Não sou sua, e jamais serei. Você tem sido abusivo. E agora teve a audácia de me bater... Você quebrou o maldito do meu dedo!
Virei meu rosto depois de dizer um "o quê?" mudo. Olhei por trás da mureta, Olívia apertando os lábios enquanto olhava para o dedo torto.
— Meu pai aceitou que eu escreva o TXT — ela disse, irritada. — Quebrou meu dedo para eu não continuar indo lá... Tudo por causa de um ciúme idiota. Isso é o meu limite, já basta!
— Estava me dizendo o quanto seu mentor é incrível. Você não vai sair desse projeto mesmo se eu pedir. Precisava fazer alguma coisa. Eu não gosto de que trabalhe com outros caras.
— Você ficou com ciúmes de um velho careca, que vai me ajudar com o projeto — Olívia estava chorando. — Eu estou cansada de suas crises de ciúmes, Natan. De repente, você confisca toda a minha vida. Você está espionando meu celular em hora em hora, meu maldito Orkut, você sabe de todos os meus segredos. Há um ano, eu não posso sequer sair com Anna, porque você não deixa. Estou farta disso. Achei que fosse meu namorado, não meu carcereiro.
— Digo para não sair com Anna, porque você não precisa dela. Lembra quando ela colocava as roupas dela em você, deixando parecer que você era uma idiota. Anna sempre quis que parecesse um palhaço para ela ser o centro das atenções. Ela não quer você bonita. E você concordou comigo na primeira semana de nosso namoro, quando recebeu vinte bilhetinhos de seus admiradores... Sabe mais do que eu, Olívia, que sempre estive certo. Esse "velho careca", será uma questão de tempo até que tente enfiar a mão dentro de sua calça.
Houve um momento de silêncio.
— Está ficando louco, cara! — Olívia gemeu de dor. — Você quebrou meu dedo, mordeu a minha boca... Quando meu pai souber disso, quando meus irmãos souberem, você está morto, Natan.
Não podia ver a expressão de Natan, mas imaginei que parecia a mesma que a minha. Ele havia batido nela? Eu estava entendo tudo errado. Aquele não era um paraíso, eles não estavam sempre... felizes, vomitando arco-íris por todo lugar?
— Desculpe — Natan sussurrou quando Olívia voltou a se abaixar com dores. — Você sabe que é importante para mim. E eu gosto de zelar o que é meu.
— Zelar quebrando minha mão? — Olívia deu um passo para trás. — Você é louco!
— Oh, bem — ele disse, calmo. — A sua acusação é verdade. Sou louco. Mas sou louco por você desde que te vi pela primeira vez. E se eu não posso te ter, ninguém terá.
— Você me bateu... Acha que vai ficar tudo bem agora? Cruzou uma linha, Natan. Passou dos limites.
— Mas... Eu amo você.
— Problema seu!
— Você é minha. E isso não está em discussão.
— Cala a boca. Me deixe em paz. Mesmo que por um segundo achei que te amava, é você que me faz sofrer... não ele. Você é um babaca, Natan. Minha mãe estava certa em não gostar de você.
— Escute: eu ainda serei o homem que você amará. Nunca mais vai gostar daquele cara e–
— Como se fosse um sentimento que pudesse mudar de uma hora para outra. Você é um idiota pior do que eu imaginava. Eu nunca vou te perdoar por isso, jamais vou olhar para tua cara de novo. Apenas desapareça.
Natan não pareceu convencido. Mas senti que ele sorria. Ele tentou se aproximar.
Milhões de perguntas fundiam dentro da minha cabeça. Não entendia nada do que estava acontecendo. Tudo que consegui, foi me levantar de onde abaixei. Num impulso mais forte, desci as escadas. Olívia me viu de imediato. Ela olhou assustada, e depois virou o rosto cheio de lágrimas e assustado para Natan. Estava sentada encostada na parede de blocos quadrados e vermelhos, chorando como nunca a vi chorar.
Sem poder me segurar, fechei a mão, e então levantei o punho fechado para acertar o nariz de Natan.
— Filho da puta! — eu gritei.
Eu me precipitei para cima dele e o agarrei pelo colarinho. Olívia gritou alguma coisa atrás de mim, enquanto Natan e eu caímos de cima de um degrau, lutando no corredor.
Primeiro, fiquei por cima socando a cara dele. Depois, ele rodou para cima de mim, me dando socos nos olhos. Eu o derrubei e então, com puxões em seu cabelo, empurrei sua cabeça contra o chão.
— Natan! Léo! — berrava, Olívia. — Parem!
Não desejava parar. Queria quebrar a cara daquele imbecil.
Eu o empurrei de novo contra o chão, vendo um corte feio abrir em sua testa. Natan conseguiu me agarrar pelo tecido de minha calça e então caí para o lado, me desequilibrando. Rolamos no chão, grunhindo, tão próximos um do outro que senti sua respiração no meu rosto. Retomei a vantagem, socando algum osso no rosto dele, vagamente consciente de ouvir gritos à nossa volta. Dou um safanão, sinto ele começar a recuar de medo.
— É fácil bater em mulher, não é, seu filho da puta?
Agarrei sua roupa, dando murros em seu nariz com tanta força que sangue espirrou em minha própria camiseta branca do uniforme. Olívia andava de um lado para outro, gritando para que paremos com a briga, mas não podia perdoar aquele covarde — e além disso, sentia-me bem com aquilo. Toda a raiva e a dor e a frustração do último ano, eram canalizadas para os meus punhos.
De repente, antes que eu conseguisse fazer um estrago tão grande que seria irreversível para mim, senti algo me puxando para trás. Ouvi vozes além da de Olívia no corredor. Vi o rosto de alguns professores, e perguntas voam por todos os lados, vozes tentando me acalmar. Eu queria apenas estrangular aquele maldito. Eu queria matar Natan.
— Leonardo Petri! — eu escutei a voz de uma professora. — Se acalme, garoto!
Tentei me acalmar. Era difícil.
— Me soltem — pedi, virando a cabeça para olhar primeiro para Olívia e depois para Natan, caído no chão enquanto era socorrido por outros professores.
— Ele me atacou do nada! Me atacou, porque estava dando em cima da minha namorada! — Natan mentiu, sua voz estava abafada com a boca cheia de sangue.
— Oh, Jesus Cristo! — exclamei, indignado. — Esse cara é um imbecil. Ele estava batendo nela. Estava erguendo a mão contra a Olívia. Acha que ia deixar barato, seu filho de uma puta?
Todos começaram a falar alto, a questionar. Léo não conseguia acompanhar quando sua sede de sangue latejava contra sua cabeça. Foi no meio das perguntas dos adultos, que ele escutou a voz de Olívia:
— Léo me salvou...
Eu gelei e fiquei olhando fixamente para Olívia. Não considerei em momento alguns seus sentimentos, agi primeiro como um selvagem.
— Olívia... — disse, me soltando, indo em direção a ela. E queria abraçar Olívia, e foi o que fiz quando notei ela fraquejar.
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