Epílogo - Parte I
Olá xuxus! Até que enfim chegamos ao final da história.
Antes de iniciar o capítulo gostaria de dizer algumas instruções. Eu estou preparando um trechinho que seria para a versão paga do livro na Amazon, mas fiquei pensando que seria um pouco injusto não postar a obra completa, então o epílogo será dividido em algumas partes.
Espero que gostem!
Boa leitura!!!
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"Vencer na vida é manter-se de pé quando tudo parece estar abalado. É lutar quando tudo parece adverso. É aceitar o irrecuperável. É buscar um caminho novo com energia, confiança e fé."
Dorina de Gouvêa Nowill
Nicholas
Venci o processo e a curiosidade de conhecer minha benfeitora misteriosa, seu sorriso não saía da minha cabeça. Minha sorte é que sei separar o profissional do pessoal. O sr. Jarbas ficou extremamente feliz e queria comemorar, mas expliquei que tinha um compromisso inadiável.
Há tanto tempo não me sentia tão excitado em sair com uma mulher, uma que eu nem conhecia, por sinal e sequer sabia seu nome.
− Calma aí, garanhão! – Celso brinca ao meu lado enquanto acelero o máximo que consigo para o elevador. – Eu não quero que se frustre, Nick!
− Eu não sou criança, Celso! – Ralho e confiro as horas no meu relógio, estávamos atrasados vinte minutos. Estávamos porque obrigatoriamente meu assistente entra no pacote do encontro. – Estamos atrasados, você sabe que gosto de ser pontual.
Celso apenas revira os olhos e quando as portas do elevador se abrem e ele entra apertando o botão do térreo e segurando as portas para que eu entre. Quando chegamos ao local vejo-a conversando alegremente com a recepcionista do local.
Eu precisava me comportar como um adulto e deixar essa timidez boba de lado, mas as borboletas no estômago insistiam em voar. Assumi minha melhor expressão de seguridade e guiei a cadeira até onde ela se encontrava. Pigarreio para chamar sua atenção.
− Acabei de descobrir algo sobre você, pontualidade não seu forte. – Ela abriu outro sorriso desestabilizador, ou será que minha carência era grande?
− Sou um homem ocupado! – Sorriso com charme, eu poderia fazê-la provar da mesma porção que me lançava. – Que tal irmos, senhorita? A propósito meu nome é Nicholas!
− Silvana! – Ela me estende a mão e tento ser o melhor cavalheiro que posso, beijando-lhe o dorso. Ela sorrir com espontaneidade. – Vamos lá então! Pode seguir meu carro, vou dar a volta e passar aqui na sua frente.
Fui para meu carro bem satisfeito!
Fiquei observando a mulher durante todo o tempo em que conversávamos, o Celso se apresentou antes de sair.
− Sou o Celso, segurador de velas oficial do Dr. Nicholas! – Ela gargalhou com a idiotice do meu cuidador e vi as pequenas rugas repuxando a pele enquanto ela sorria, era uma mulher madura, bem diferente de todas com as quais me relacionei até agora. Sua expressão não lhe tirava a beleza.
− Vamos pedir? – Ela pergunta docilmente e eu confirmo vendo o garçom em nossa frente. O Celso criou a desculpa de que iria ao banheiro para nos deixar a sós. Fizemos nosso pedido e comemos enquanto conversávamos. Eu também aprendi a encaixar a órtese e os talheres na mesma. – Se precisar de ajuda aí é só pedir.
− Tudo bem! Pode me falar um pouco sobre você? – Questionei enquanto ela tomava um gole de água.
− Divorciada e sem filhos. Aparentemente dou mais importância ao meu trabalho que aos relacionamentos, é algo que estou te advertindo, Dr. Nicholas! De qualquer forma não quero ser segunda opção de ninguém. – Ela desconversa brincando com a taça.
− Pode me chamar de Nick, não estamos no tribunal para formalidades. O que disse ao homem que estacionou na vaga de deficientes?
− A verdade, que ele está sujeito a: multa de R$ 293,47; inclusão de sete pontos na carteira de habilitação; e remoção do veículo. E também comentei que era magistrada e ele não iria querer contrariar minha ordem. Ele estava errado, de qualquer forma! *
− Você é juíza?
− Por que a admiração?
− Por nada! É que fiquei surpreso mesmo. Obrigado por ter dito a verdade àquele homem; sua verdade dentro de uma saia lápis devidamente ajustada ao seu corpo valeu mais que a minha dentro da minha realidade e de um carro adaptado.
− Eu discordo de você, doutor. Acho que minha verdade e a saia justa não valeram tanto quanto meu cargo dentro do fórum. Percebi que ele era policial e uma denúncia sobre ele não cairia bem.
A conversa fluiu bem agradável e ela acabou arrancando assuntos delicados, sobre como vim parar numa cadeira que rodas e como perdi o amor da minha vida e mãe da minha filha de seis anos. Quando falei vi que não havia necessidade de esconder esses assuntos dela.
Silvana era mais velha e mais experiente que eu e deveria ter um metro e setenta e dois de altura ainda estava de salto o que me fez parecer menor ainda na cadeira de rodas. Era uma mulher notável!
− Quer sobremesa? – Ela pergunta depois que terminamos o almoço.
− Não obrigado, detesto açúcar.
− É mesmo? Quando te vi naquele Audi e com esse Rolex no braço e cara de rude narcisista eu tive certeza que era um advogado com honorários caros, mas errei sobre o açúcar. – Ela parecia satisfeita com seus acertos, apesar de que me rotulou da pior forma possível.
− As aparências podem enganar!
− Eu tenho muita experiência com aparências e, aparentemente, eu estava certa. – Ela pisca cheia de segundas intenções.
− Gosta de enigmas?
− Amo! Na verdade sou juíza criminal. – Minha admiração só crescia. – Gosto de ver a verdade se desenrolar, a expressão no rosto das testemunhas. É muito comum eu ver traços de mentira nos depoimentos mesmo que eu os lembre de que estão sob juramento.
− Como acha que é namorar um homem tetraplégico? Esse é um enigma e tanto.
− Bom, quanto a isso eu não posso afirmar nada, pois ainda não experimentei. – Ela era esperta, sabia conduzir o jogo. – Preciso ir agora, obrigada pelo café! Foi bom conhecê-lo! Acompanho-te até o carro.
− Eu acredito que meu assistente já esteja lá, então faremos o contrário, eu te acompanho até o seu. – A juíza não fez objeção e me deixou conduzi-la. Antes de nos despedirmos formalmente pedi que retirasse um cartão do bolso de meu blazer, assim ela poderia entrar em contato comigo se quisesse.
Comecei um relacionamento com a Silvana e o aspecto foi completamente diferente de todas as experiências que já tive. As atitudes negativas que eu esperava não vinham. Ela era uma mulher disciplinada e determinada, nossas diferenças eram discutidas e adaptadas mediante uma boa e franca conversa.
Logo ela passou a entender como funcionava meu corpo e minhas necessidades. Meus familiares a conheceram, assim como minha filha, no aniversário de um ano do meu afilhado Fernando, filho do Samuel.
A magistrada me apoiava em tudo o que eu precisasse e me esforçava para fazer o mesmo. Minha primeira vez com ela foi um pouco trabalhosa, meu corpo parecia não aceitar, mas não desistimos de tentar.
Eu não escondi da Silvana que a Lívia foi importante para mim e que agora ela estava nos Estados Unidos com outra pessoa e eu aqui muito feliz com ela.
Eu estava bem, Silvana era um sonho de mulher, sem falar que era linda. Um dia estava com seus cachos naturais, outro dia com as madeixas lisas. Embora sentisse falta das brincadeiras e meninices da Lívia, de como seus olhos brilhavam quando ela buscava minha aprovação e eu dizia sim, e de tudo o mais que compunha a menina mulher que mudou a minha vida, estava satisfeito com meu relacionamento maduro.
Estava mais que na hora de crescer e amadurecer. A Sil se dava muito bem com minha filha, Estela me confessou que gostava dela. Não havia nada que questionar. Eu via os homens secá-la, mas a Silvana não dava brechas.
Dois anos tinham se passado e a Estela já estava com oito anos. Meu relacionamento seguia inabalável e minha evolução progredia a cada dia. Passava muitos dias no apartamento da Silvana que praticamente o adaptou para que eu pudesse ficar com ela.
Gostávamos de viajar e estávamos sempre juntos. Ela era uma excelente companhia.
Três anos depois...
Eu quase não penso mais em Camile, porém nesse exato momento a mesma invade meus pensamentos sem pedir licença. Ela foi o meu primeiro amor, e por muito tempo a considerei minha ruína. Hoje entendo que ela foi a chave para que todas as reviravoltas da minha vida fizessem sentido.
Com toda a maturidade que adquiri com a dolorosa experiência de ficar tetraplégico eu entendi que na verdade os "e se's" não passavam de "foi preciso" disfarçado. Aceitar e entender tornou minha vida mais fácil e leve. O caminho trilhado não foi fácil, mas é preciso saber viver. E todo esse aprendizado me fez perceber que:
Foi preciso levar um tiro...para que eu pudesse mudar de casa.
Foi preciso mudar de casa...para que eu pudesse conhecer Lívia.
Foi preciso conhecer Lívia...para que eu entendesse o que era o amor.
Foi preciso ela esquecer...para que eu aprendesse a valorizar o que tenho (O aqui e agora!).
Foi preciso deixá-la ir...para que ela fosse feliz. E esse é o real sentido do amor, pensar no bem do outro, e claro, em mim também.
Levei muito tempo. O meu tempo! Mas por fim aprendi, é preciso abrir a janela do coração permitindo que os raios do sol invadam um interior que só chove. É preciso permitir-se mudar! Só assim se alcançará uma felicidade plena, sem faixadas.
Quanto a Lívia eu nunca deixei e nunca deixarei de pensar nela, ela me salvou de várias maneiras e minha gratidão e amor pela princesa Disney que me cativou com seu jeitinho moleca será eterna.
Estava pensando em tudo isso olhando para ao mar sozinho no deck enquanto os demais estavam dentro da casa de praia comemorando o aniversário de cinquenta anos de casamento dos meus pais. O papai finalmente se aposentou, mas ainda gosta de fazer parte da administração do hospital e vai a uma ou outra reunião.
Eu gostava de me isolar de vez em quando, pensar um pouco sozinho já que precisava e estava sempre acompanhado. O sol se escondia na linha do horizonte e eu observava seu percurso. Foi inevitável não pensar no meu querido amigo e irmão e em como eu gostaria que ele estivesse aqui.
Vejo os fios lisos do cabelo da minha esposa voando ao vento quase em minha frente e quando viro o rosto na direção deles vejo que ela pôs sua mão esquerda sobre a minha entrelaçando nossos dedos e aproximando o símbolo de nosso compromisso: as alianças. Detive-me um pouco observando nossas mãos, como eu gostaria de sentir esse toque!
Ela enlaça meu pescoço com seu braço livre e beija minha bochecha.
− Venha aqui! – Ergo um pouco minha mão que está entrelaçada a dela na altura que meu braço permite e a faço vir para frente como um convite para sentar em meu colo. Vejo a linda barriga de quase sete meses perfeitamente redonda, nossos gêmeos estão mais próximos que nunca. – Como você está?
− Cansada! – Fala manhosa deitando a cabeça em meu ombro. Aperto mais os braços em torno dela.
− Sabia que eu te amo? – Falo próximo ao seu ouvido.
− Eu sei você me diz isso todo o santo dia! – Ela enlaça seus braços em meu pescoço e beija-me apaixonada! – Eu também te amo! Por que está aqui tão sozinho?
− Pensando na minha vida e consequentemente no meu amigo, ele levantou meu astral por várias vezes com suas piadas; sinto muita falta dele.
− Aquele que você me falou que faleceu de câncer? – Ela questiona.
− O próprio!
− Tenho certeza que ele sabe que você sente falta dele. – Ela fala e sorri gentil enquanto afaga meus cabelos, carinhosa.
− Com licença! – Ouço a voz da minha filha e giro a cadeira de rodas em trezentos e sessenta graus ainda com minha mulher em meu colo. Estela estava tímida, ela não sabia como reagir quando me via em um momento íntimo com minha esposa. – É... A vovó está chamando pra tirar a foto em família.
− Tudo bem minha querida, nós já vamos.
− Acabei ficando aqui com seu pai. – Ela fala para a Estela e sorri. Minha esposa levanta e fala com a Estela passando a mão em seu rostinho.
− Vamos! – Falo e sigo para dentro da casa me unir aos demais achando que estava sendo seguido por minhas mulheres. – Princesa Disney, você não vem?
− Claro que sim, Nick, que mania de ser mandão!!!
NOTAS DA AUTORA: *Fonte internet.
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Abraços!!!
Até breve!
#gratidãosempre
Capítulo publicado e revisado dia: 08/10/2022
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