Olá meu queridos leitores. Estou tentando amarrar todas as pontas soltas. Aos poucos estou inserindo pequenas informações que fazem parte de um conjunto maior, nesse capítulo tem uma pequena surpresa. 

Espero que gostem do capítulo de hoje.

Em homenagem a Thais. Sigam o perfil dela no WP.

Boa leitura!!!

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"Sim, ela chamou minha atenção enquanto nós passamos um pelo outro; ela poderia ver no meu rosto que eu estava voando alto. Você é linda. Você é linda. Você é linda é verdade, eu vi seu rosto num lugar lotado, e eu não sei o que fazer, pois nunca vou ficar com você."

You're Beautiful – James Blunt

Nicholas

     Eu contemplava o traje esporte fino que o Celso colocou em mim, em meu reflexo no espelho. Ainda considerava se deveria ou não ir. A quem eu queria enganar? Estava mais envolvido na vida dessa adolescente do que eu gostaria.

     Poderia verificar cada parte da minha roupa checando se estava tudo em ordem, mas agora isso não importa mais. Nem sei se vai acontecer o mesmo acidente que aconteceu quando fui ao shopping com Camile, então nem poderia contar que estaria com a mesma roupa quando voltasse para casa.

     − Você comprou a rosa que pedi? – Pergunto a Celso girando a cadeira motorizada para encará-lo.

     − Sim, e não se preocupe você está muito bonito. Você é um homem bonito! – Ele sorri e me mostra a rosa.

     − Que o seu namorado não te ouça. – Sorrio da minha própria observação. Celso é tão discreto que eu nunca imaginei que fosse homossexual, para mim foi uma surpresa e francamente isso não é da minha conta. Agora entendo as olhadas furtivas que ele dava para o meu irmão surdo. – Obrigado por tudo, meu amigo!

     − Vamos lá, só está faltando o príncipe dessa cobertura. – Ele fala se referindo a mim.

     − Aff! Parece até a Lívia falando. – Descemos na plataforma sorrindo.

     − Alguém está de muito bom humor! – Meu pai fala também sorrindo sentado em sua poltrona de sempre, na sala. – Espero que continue assim.

     − É pai, hoje está sendo um bom dia e espero que continue assim. Eu sinto falta de ir a um concerto, a Camile nunca gostou e como eu estava ocupado com a faculdade nunca tinha tempo.

     − Tenho certeza que será uma noite agradável. Vamos lá, filho.

     Meus pais descobriram, da pior forma possível sobre Dignitas e resolveram não tocar mais no assunto. Meu pai ainda não podia fazer muito esforço, mas ele disse que não perderia essa noite por nada. O Celso me colocaria no carro e o Gabriel ou até mesmo o Rafael que havia voltado de viagem estaria lá para tirar-me. 

     Meu pai estaciona o carro e vejo Rafael se aproximando. Ele me coloca na cadeira que meu pai já havia colocado próximo ao carro e algumas pessoas curiosas observam seu trabalho. Acredito que não é todo dia que um tetraplégico vai ao teatro.

     Não quero dar bola para aborrecimentos com a curiosidade alheia, hoje quero estar em paz para desfrutar da apresentação. Depois que eles me ajeitam na cadeira peço para que pegue a rosa no carro.

     Seguimos para os lugares reservados pela Lúcia e vejo que é dos melhores. Nossa posição privilegiada fornecia-nos uma ampla visão do palco. Alguns minutos se passam e a narradora já ia começar a apresentação sobre o evento quando Gabriel chega com a Giulia.

     Todos os músicos se posicionam em seus lugares e a Lívia entra por último, logo após o maestro. Ela estava deslumbrante cabelo e maquiagem impecáveis; o vestido lembrava-me a aurora boreal e caia-lhe muito bem no seu corpo pequeno.

     Ela recebia aplausos e assovios da plateia, algumas pessoas chegaram até a ficar de pé para prestigiá-la e ela ainda nem havia começado a cantar. Sinto uma pequena ponta de inveja das pessoas que estão de pé, pois meu desejo era render-lhe as devidas homenagens de igual forma. Nem mesmo aplaudi-la eu poderia. Isso tudo jamais seria possível!

     Quando ela abre a boca sua voz sai preenchendo o teatro e também meu coração; eu sabia que não poderia me envolver com ela. Eu viajo no som da sua voz e fecho os olhos por um momento para apenas ouvir.

     Ela merece algo mais do que um cara que não conseguirá erguer uma leve rosa vermelha do colo para entregá-la. Eu era muitas coisas, mas nunca seria um egoísta a ponto de magoá-la por meu suicídio iminente e sei que ela sofreria, pois intencionalmente ou não sempre deixou evidente seu interesse por mim.

     A última apresentação foi o solo de uma pianista, olho de soslaio para o Rafael achando que veria um cara entediado, mas ele parecia em choque, a mulher realmente chamou-lhe a atenção.

     Após o encerramento definitivo da apresentação saímos em direção ao camarim e quase não consigo sair do lugar por falta de espaço entre a multidão. Meu pai mais uma vez faz o esforço de me empurrar até a área que os músicos receberiam os cumprimentos.

     Apesar de ter a visão bloqueada constantemente pelos transeuntes devido a minha baixa posição, foco o olhar num amontoado de cachos vermelhos que estavam devidamente presos em um penteado chique. Ela estava aflita e seu corpo tremia, Fábio estava a encurralando e deixando-a em pânico. 

     − Ali papai, a Lívia está ali. Pode me levar até ela? – Ele concorda e segue com a família vindo logo atrás. Ao aproximar-me escuto um pouco da conversa, mas eu teria de interromper ou ela surtaria. Ele ergue a mão para tocá-la e me surpreendo com sua afirmação.

     − Por favor, não faça isso, o Nick não vai gostar. – Ela diz com a voz trêmula, tão absorta na situação que não percebe minha presença bem próxima.

     − Nick? O que o Nicholas tem haver se eu te tocar ou não? – O cretino pergunta.

     − Ele é meu namorado! – O que? Essa foi a primeira maior surpresa da noite a segunda foi ver o pai dela bem próximo me olhando como se fosse me matar. Ela deve estar com muito medo, pois não percebeu o quão alto falou, todos os presentes com exceção do Rafael que tinha ido ao banheiro ouviram.

     − Namorado, aquele inútil? – Mil vezes cretino. – Se é seu namorado por que ele não está aqui te prestigiando ou te vigiando? Afinal se relacionar com um cara como ele é motivo para muitas escapadas, não acha querida?

     − E-le não pôde vir! – Era hora de interferir.

     − Ela tem toda razão! Não gosto que toquem no que me pertence ainda por cima sem autorização. – Falo encarando o Fábio. Ela certamente teria uma boa explicação para me fazer receber os olhares mortais de seu pai pela mentira contada.

     − É sério? – Ele me provoca tocando-a minimamente e ela entra em desespero.

     − Vá embora! – Grito para ele com toda força que consigo estava alterado, era muita ousadia. O meu pai bate de leve no meu ombro como um aviso silencioso.

     Ele continua a provocar-me e dessa vez faz muitas ofensas à integridade e honra da Lívia. Ele lança um desafio e eu o retorno, eu pagaria pra ver se ele teria coragem de me bater. Não sei o que se passou na cabeça dele, mas foi nocauteado pelo pai furioso da moça. Ela é levada para longe e a pianista solo vem apaziguar a briga.

     Ela levanta o Fábio e sai. Num piscar de olhos aparece um homem em um smoking caro, ele olha furioso para o cretino e diz:

     − Fábio Lince, o que você aprontou agora, meu filho? – O homem cruza os braços e o Fábio fica meio desconfiado.

     − Meu filho! – Uma mulher baixinha sai de trás do homem e corre na direção dele.

     − Ele vai ficar bem, senhora! – Meu pai fala para ela.

     − Pois é, se esse médico conseguiu tirar uma bala da minha cabeça certamente pode está falando a verdade. Não acha meu amor? – O homem afaga os ombros da mulher enquanto dirige a palavra a ela e aparentemente fala sobre o filho em seguida; ela apenas concorda balançando a cabeça. – Meu filho ainda não entendeu o significado das palavras família e obediência, ele pedirá desculpas pelo que quer que tenha feito. Você não quer deixar a sua mãe nervosa, não é mesmo Fábio?

     − Ele só estava tentando dar em cima da minha namorada e o pai dela deu-lhe um soco pelas palavras agressivas do Fábio com a Lívia. – Arrisco falar com o homem frio que certamente era o pai do Fábio.

     − A cantora? – Aceno positivamente. Assim como todos nesse teatro, ele ouviu o nome da Lívia como atração principal da noite. – É o seu filho Dr. William?

     − Sim! – Ouço o meu pai dizer. O homem abre um enorme e falso sorriso para mim.

     − Então ele vai se retratar com você, meu jovem, e em seguida com o pai da garota. Vamos lá Fábio, estou esperando. Peça desculpas!

     − Me desculpe Nicholas. – Ele sorri com falsidade assim como o pai, a diferença era o seu nariz sangrando. Eu apenas balanço a cabeça aceitando suas desculpas. Quanto mais cedo ele for embora melhor.

     Eu estava muito irritado, mas o que poderia fazer? Ele sai com seus pais e Lívia se aproxima sorrateiramente, parece mais calma. Ela se abaixa ao meu lado, é bem a cara dela.

     − Oi Nick, obrigada por me defender. – Fala olhando em meus olhos e eu sustento seu olhar.

     − Não tem o que agradecer senhorita. Por que eu não defenderia a minha namorada?

     − Ah, isso... – Ela enrubesce e desvia o olhar.

     − Depois conversamos sobre isso, precisa me explicar porque você estava tão nervosa a ponto de quase sofrer um colapso na frente do Fábio. Essa rosa no meu colo é para você. – Todo seu rosto se ilumina. – Você estava perfeita.

     Ela me encara parecendo hipnotizada até que fala por fim.

     − Obrigada, alteza! – Sorrio do apelido patético ao qual ela me rotulou. E olho ao redor para aliviar um pouco do desconforto que ela está me causando. Pareço um adolescente no primeiro encontro.

     − Por favor, levante-se, estou ficando constrangido.

     Desvio o olhar dela e olho ao redor casualmente. Vejo a pianista olhando para Gabriel, furiosa. Ele desligado como sempre não percebeu. Continuo acompanhado os olhares da mulher elegante, e confesso que é mais o estilo do Rafael. Lembro que ele estava inquieto com a apresentação dela, a princípio achei que ele estivesse incomodado com as vibrações, mas então minha ficha cai: eles se conhecem.

     Volto a atenção para a menina mulher que me olha com curiosidade e posso entender porque o Fábio a quer mesmo que a força: ela é um espécime raro, tão envolvente e tão inocente que é capaz de seduzir o mais vil dos homens.

     Até mesmo eu!

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Quem o pai do Fábio é de verdade? E que história é essa de bala na cabeça? De onde Rafael e Marcela se conhecem e o que conversaram? Essa respostas e muitas outras serão dadas em breve. Com relação a Rafael e Marcela infelizmente não será divulgado neste livro pois os gêmeos ganharão um livro só deles. Futuramente estarei colocando mais informações a respeito. 

Até o próximo capítulo.

Abraços!!!

#gratidãosempre

Capítulo publicado e revisado dia: 15/01/2021