Capítulo 116 - Aprendendo a amar
Olá Xuxus!!!
NÃO REVISADO!
Boa leitura!!!
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"Eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer, eu amo você, mas não sei o que isso quer dizer. Eu não sei por que eu teimo em dizer que amo você, se eu não sei dizer o que quer dizer o que vou dizer. [...] Mas se eu digo venha você traz a lenha pro meu fogo acender".
Lenha – Zeca Baleiro
Lívia
− Eu nunca deixarei de amá-la, Lív! – Nick fala encerrando nosso beijo mais cedo que eu gostaria.
Eu tinha meus receios de que ele, um cara experiente, não gostasse da maneira tosca e desajeitada com a qual eu o beijava, mas para minha sorte deu certo, pois ele se declarou. O Nicholas era intrigante e eu temia dar o próximo passo e ofendê-lo. Ofender o Nicholas era como ofender a realeza.
Ele não era alguém comum, independentemente de sua deficiência ele não se rebaixava e embora não demonstrasse arrogância no momento era tão rude quanto qualquer nobreza. Humildade não era o foco desse rapaz e ele deixava isso bem claro quando sequer olhou para o garçom que nos serviu mesmo tendo deixado uma boa gorjeta.
Acho que fui picado pelo bicho do bom senso e saio do colo encantado abrindo meus olhos para a realidade que batia a porta: Nicholas e eu não combinamos em nada e o que quer que eu tivesse que o atraia se foi junto com minha memória.
Era só olhar para nós: ele não sentia nada do tórax para baixo, mesmo assim tinha uma postura altiva e tão ereta quanto sua tetraplegia permitia. Eu estava tentando me equilibrar em saltos não muito altos, não tinha muito dinheiro na carteira e era péssima com maquiagem.
− Acho que devíamos voltar. – Sugiro sensata.
− Está tudo bem, princesa Disney? – Ele bate seus cílios longos fingindo inocência para mim. Estava começando a me acostumar com esse apelido, eu gosto.
− Está sim, só estou pensando na Estela. – Dou a pior desculpa do universo, mas eu estava pensando mesmo na minha filha e em como ela gostaria de ter os pais juntos.
− Nós precisamos conversar. Não importa se será hoje ou daqui a uma semana, você precisa saber como era nosso relacionamento e o que eu realmente sentia por você.
− Eu te prometo que teremos essa conversa, mas já aviso que não estou pronta para você ou para um relacionamento. – Eu não duvidava que, se o Nick o quisesse teria pretendentes, se já não tivesse, e com certeza teria muito mais se andasse, pois era muito inteligente além de belo. Eu estava quase surtando de tanto receio sobre reatar com o ele, eu não me recuperaria se me traísse e ele tem cara de safado, melhor não arriscar. O jovem me olha com um olhar intrigante como se me estudasse, mas simplesmente fala:
− Pode pegar meu telefone no bolso do blazer e fazer uma ligação? O nome da pessoa é Arnaldo. – Faço o que ele me pediu e seguro o telefone em seu ouvido. – Arnaldo, pode vir me buscar. Pode encerrar a chamada e guardar o telefone novamente.
− Por nada! – Acabo soando sarcástica e resolvo usar a regra estabelecida por ele enquanto voltamos para frente do restaurante e enquanto a carona não chega. – Você é sempre egoísta, egocêntrico e insolente ou só está fazendo isso para me impressionar? Já teve compaixão por alguém?
− Sim, por você! Eu não menti quando disse que nunca deixarei de amá-la e acrescento dizendo que me importo com você. Acho que deveria fechar seu curso de serviço social e fazer o que realmente ama: música.
− Meu pai...
− Esse é um dos assuntos que iremos abordar na conversa, ele não se importa e até te apoiava nisso.
− Obrigada por me esclarecer! – Fico emocionada com a revelação, mas tento a todo custo esconder a emoção.
− Há muitos outros esclarecimentos. E por falar nisso esse é o Arnaldo, ele já foi meu cuidador e nunca nos demos bem, mas o contratei como motorista para quando o Celso está de folga. Arnaldo, essa é a Lívia! – Ele fala com o homem de meia-idade, mas seus olhos estão fixos em mim.
− Eu me lembro de você vindo com o namorado para o elevador que eu e o Nicholas estávamos.
− Que namorado? – Pergunto curiosa.
− Arnaldo, como eu te disse, ela perdeu a memória, então nada de comentários do passado. Apenas vamos embora, eu irei no banco de trás com a Lívia. – Ele instrui para o homem que obedece sem hesitar.
Quando chegamos ao prédio decido acompanhar o Nicholas até a cobertura e o homem vai embora sabendo que o chefe está devidamente acompanhado. Ele me informa a senha de acesso ao último andar e seguimos em silêncio. Até que quando entramos no hall ele parou a cadeira de rodas e disse antes de adentrar no apartamento:
− Você deixou claro que não está pensando em reatar esse relacionamento. Então gostaria que pensasse na possibilidade de iniciarmos do zero, já ficou mais que claro que temos afinidade. – O que? De onde ele tirou essa ideia?
− Eu não consigo ver essas afinidades, mas tudo bem prometo que vou pensar. Ah, e obrigada pela noite! – Ele apenas dá um aceno de cabeça.
− Assim como você sou um eterno aprendiz no quesito amor. Estou constantemente aprendendo a amar, mas é com você que eu gostaria de passar o resto da minha vida! Você tem um efeito inexplicável sobre mim, até conseguimos conceber uma criança de forma natural.
− E não era possível?
− Não. Necessitaria ser feito uma inseminação em você, mas isso não foi preciso e se quiser podemos falar sobre algum dia, agora devemos entrar porque meu corpo precisa de cuidados específicos.
− Claro! – Afirmo, mas fiquei interessada em saber como eram esses cuidados, afinal eu iria buscar respostas em meu coração e se ficássemos juntos eu precisaria saber os detalhes de sua vida e rotina.
Adentramos o tríplex e nos deparamos com o casal responsável pela noite arranjada, talvez eles tenha vindo se explicar.
− Até que enfim vocês chegaram! – A Lúcia, intensa como sempre levanta do sofá. – Precisamos conversar, é um assunto urgente.
Nicholas e eu nos entreolhamos.
− Por favor, vamos para meu quarto, espero que sejam breve, estou muito cansado. – Agora que ele falou vi que realmente tinha um semblante abatido e isso me deixou preocupada.
Todos fomos pela plataforma móvel junto com ele e quando chegamos no corredor dos quartos me dirigi ao quarta da minha filha. A Estela dormia serenamente me inclinei para beijar sua cabecinha na tentativa de transmitir todo o amor que sentia por esse pequeno ser. Eu me esforçava muito no tratamento neurológico, pois gostaria de lembrar como foi minha gravidez e detalhes da minha vida perdida.
Quando retornei ao quarto do Nicholas sua cadeira de rodas estava mais inclinada e seu corpo tremia de leve. Fiquei mais preocupada do que já estava, mas ele me tranquilizou dizendo que era normal acontecer isso quando passava muito tempo sem descansar.
− Gente, vamos ao que interessa. – Minha amiga fala. – Eu estou vomitando sem parar nos últimos dias e sem tempo de ir ao médico, para nossa surpresa depois que fiz um teste de farmácia deu positivo, então viemos contar logo para vocês e pedir, não, intimar vocês a serem os padrinhos. Amanhã vamos ao médico confirmar essa história toda, mas não tenho dúvidas, estou grávida. Ainda bem que a colação de grau já é daqui dois meses.
− Minha amiga, estou tão feliz por vocês! – Abracei-a forte, e faço o mesmo com o moço calado que era o esposo dela e sócio do Nick. – Eu aceito, é claro!
− Eu também estou feliz por vocês, vai ser uma honra ser padrinho desse bebê, mais um sobrinho. Bom, agora eu preciso descansar, por favor, Sam, chama os meus pais eles devem está no quarto ou no escritório. – O rapaz sai do quarto sem dizer nada e Nick continua. – Da próxima vez que tiver uma super ideia de encontro às escuras, senhora grávida, nos informe caso conheçamos a outra pessoa, mas depois conversamos sobre isso.
− Foi tão ruim assim? – Ela sussurra em meu ouvido quando dá um abraço de boa noite.
− Eu fiquei chateada, achei que era uma armação dele, mas percebi que ele não é de pressionar. – Falei igualmente baixo em seu ouvido. Ela desfaz o abraço e se vira para o Nicholas.
− Eu esperava que tivesse gostado, chatoNick, mas não se preocupe, não haverá próxima vez. E outra, vocês se completam, são dois idiotas. Eu vou treinar esse bebê para torrar sua paciência. Tenha um bom descanso. – Também dá um abraço nele e sai.
– Eu também preciso ir. Tenha uma boa noite! – Viro-me para o Nick e me despeço com um abraço desajeitado, que retribui de leve.
− Ainda não tinha ouvido você me chamar de "Nick". – Ele fala quando fico ereta novamente.
− Conota intimidade que ainda não tenho com você, mas até minha melhor amiga te chama de Nick. – Explico, ele sorri de relance.
− Falando nela estou frito se esse bebê puxar a personalidade da Lúcia, não vou suportar. Como está a Estela?
− Bem, dormindo. − Falo sorrindo de sua observação.
− Infelizmente não poderei desejar boa noite, estou realmente cansado e minhas pernas estão queimando, depois te explico sobre isso. Boa noite! – Viro-me depressa, não queria demorar mais ali e quase bato de frente com o pai dele. Apenas sorrio e saio.
Eu não tinha o telefone do Nicholas então não entrei em contato com ele, também não recebi nenhuma resposta. Eu pensava dia e noite nas palavras dele, o medo de ser traída por um homem bonito que não tinha nada a ver comigo persistia em meu íntimo.
Outro assunto que não saía da minha cabeça era a mudança de curso para música, eu sabia ler partitura e tocar um pouco de piano. Eu amava a música e já não poderia dizer o mesmo da assistência social, decidi procurar a Marcela para uma segunda opinião.
− O Nicholas tem toda razão, Lív, você tem que estudar o que gosta. Faça o vestibular no final do ano, você tem uns cinco meses para estudar. Como está indo o tratamento? Lembrou-se de alguma coisa?
− Ainda não, mas minhas pernas e braços estão excelentes. – Abro um sorriso amarelo, o que eu mais queria era lembrar, mas isso ainda não era possível. – Como está seu relacionamento com o Henrique, vocês já casaram?
− Ah, Lívia! Você lembra que sua mãe ainda estava viva quando fomos à África? Por algum motivo que eu desconheço o Henrique e eu nos afastamos um pouco e ele acabou tirando a vida. Em entrei numa depressão como nunca antes e foi à ideia maluca sua e da Lúcia de trazer a orquestra júnior no qual vocês estudavam e eu era a regente professora para as apresentações beneficentes que me trouxeram de volta a vida, e posso dizer que certo rapaz também deu sua contribuição. O irmão do Nick e eu estamos nos entendendo, eu nunca deixarei de amar o Henrique, mas a vida continua. – Ela conta o resumo da história em meio às lágrimas. – O pior é que apesar de serem muito diferentes o Henrique e o Rafael se parecem em vários aspectos, então vivo entre a cruz e a espada. E você com o Nicholas?
− É difícil dizer, eu estou aprendendo a amar, não sei se sabia do significado da palavra amor antes, mas com certeza não sei agora. O Nicholas me cativa, mas não sei se posso dar conta.
− Do que você tem medo, minha querida? Eu tinha muitos receios sobre um novo amor, o Rafael tem seus fantasmas e sua vida não é fácil, mas se tem uma coisa que eu aprendi é que o amor nos impulsiona a lutar e é uma luta que vale a pena. Eu estarei em uma nova jornada, mas você está voltando para um amor do passado, pode não lembrar e precisar recomeçar, mas ele sabe de cada detalhe seu, deixe que ele mostre os detalhes dele que você ainda não conhece.
− Tenho medo de sofrer, de não conseguir ser para o Nicholas o que ele espera de mim. Não quero que ele pense que não posso ser o que precisa, mas há uma chance de não dar certo.
− Lívia, não existe vida sem sofrimento, todo mundo sofre por uma coisa ou outra; ninguém é plenamente feliz. Somo seres em constante aprendizado. Eu não tinha ideia de como era conviver com alguém surdo, e apesar de conhecer sua língua eu aprendo constantemente com o Rafa.
− Entendo, talvez eu devesse tentar, deixar meus medos de lado.
− O Nicholas estava para cometer suicídio, você se desesperava dia após dia com essa possibilidade. Nunca vi casal tão diferente dar tá certo como vocês dois. Apesar de que esse relacionamento não era um mar de rosas. O Nick é chato por natureza e sua deficiência e incompreensão da sociedade potencializam o mau humor dele. E era sua capacidade de lidar com o mau humor dele que deixavam toda a família e agregados impressionados.
− Não consigo acreditar que eu tenha tal maturidade, ainda gosto de ver desenhos. – Sorrimos diante da minha imaturidade.
− Amar não é tarefa fácil, é para os nobres.
− Obrigada, Marcela! Você sempre foi um porto seguro desde que minha mãe ficou doente. – Estávamos de mãos dadas sobre a mesa de uma cafeteria. – Eu vou resgatar a minha vida, vou apanhar todos os pedaço e reconstruir a partir do que sobrou.
− E vai conseguir se manter focada no seu objetivo, apesar que o sucesso da sua missão também depende do Nick.
− Vai dar certo! E sinto muito pelo Henrique, ele era um homem incrível!
− Obrigada, era sim! Infelizmente seu suicídio desestabilizou a família, o pai dele, de certa forma também se deixou levar pela morte e a Sandra era madrasta do Henrique, ainda bem que ela encontrou um novo amor e o seu pai também, assim como nós estamos fazendo. E além dela encontrar um novo amor encontrou uma filha, pois não pode engravidar e vocês eram como unha e carne antes dessa bala maldita se alojar na sua cabeça e te tirar de nós.
− Acho que devo me desculpar com ela, com o Nick, com meu pai. Eu tinha uma boa relação com os familiares do Nicholas?
− Sim, você era muito próxima dos gêmeos, irmãos dele, inclusive estava aprendendo libras.
− Vou retomar o controle da situação.
− Você vai conseguir, princesa, e pode contar comigo para o que precisar. – Nos abraçamos forte antes de levantar para ir embora.
− Eu vou voltar com o Nick!
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Se gostar do capítulo deixa sua estrelinha.
Abraços!!!
Até breve!
#gratidãosempre
Capítulo publicado dia: 11/09/2022
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