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Índia dormiu sentada e acordou dolorida, já era meio dia quando ela se levantou. Não havia nem pai nem mãe, somente ela em casa, e hoje era o amanhã, hoje tudo se acabaria.
Preparou o café mais forte que podia e tomou quase a garrafa inteira. Hoje tudo se acabaria, era refém desse pensamento. Sentou em frente ao guarda roupa, uma maldita festa a fantasia novamente, se tudo ia acabar hoje, precisaria de conforto. Pegou uma calça preta e uma blusa roxa, iria fantasiada dela mesma, agora tinha mais oito horas pela frente, até que a festa começasse.
Hoje tudo se acabava.
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Daniel e Wagner não levantaram tarde e estavam dispostos a ir a festa, tinham muitas coisas para fazer a tarde como escolher fantasias tiradas com roupas do próprio guarda roupa e ver filmes ruins. Depois de almoçar, os dois se sentaram no quarto enquanto os tios de Wagner respondiam perguntas sobre o sumiço de Mateus, haviam descoberto que ele havia pedido demissão do trabalho e simplesmente sumido com a moto, perguntavam se o sumiço dele e o de Augusto podiam ter ligação, já que os dois um dia foram muito amigos, mas ninguém sabia de nada.
Mas eles sabiam, sabiam que aquilo tinha haver com o Unicórnio.
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Mara se sentia a rainha, movida pelo ódio, organizava as luzes de boate na sala. A sala que o Unicórnio havia a perseguido com um machado. Tinha um plano pra a noite, o Unicórnio não deveria chegar a festa vestido dele mesmo, então deveria reparar em uma pessoa com a cara estranha e uma mochila ou bolsa, acabou contando metades para Helena, deixando-a ainda mais assustada, um sentimento verdadeiro da garota depois de longos dias.
- Quantas pessoas virão minha filha?- perguntou o pai
- Umas 15... Não sei exatamente! É algo pessoal, não posso sair da cidade sem me despedir.
- Convenci sua mãe a sair para jantar, ela está irredutível sobre a sua partida mas talvez com a noite de hoje, eu consiga convencê-la.- o pai piscou para ela
- Tudo que eu mais quero é sair desse fim de mundo! Pai, o senhor tem que me levar! Essa cidade cheira a morte.
E essa noite ia cheirar mais ainda, ela só precisava atrair o Unicórnio para o lugar certo e acabar com ele. Ia tentar por fim naquilo mas o que ela não sabia era que hoje tudo se acabaria.
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Fábio e Lucas não dormiam, agora tinham desaparecidos, três desaparecidos, encaravam as anotações tentando puxar algo que promovesse uma luz.
Augusto Lopes, loiro, olhos claros, dezenove anos, mora com a mãe e desapareceu juntamente ao carro na noite da morte de Suzana Freitas.
Joana Santos, cabelo escuros, olhos escuros, vinte anos, voltou a morar com os pais depois da morte do irmão, Pablo Santos, desaparecida na noite da morte de Leonardo Brandão, segundo Marasia Albuquerque, a jovem foi morta por uma pessoa fantasiada de Unicórnio, fato ainda não comprovado.
Mateus Pacheco, moreno, olhos amarronzados, vinte anos, mora com os pais e um primo por parte de pai, trabalhava como entregador, pediu demissão uma noite antes da morte de Leonardo Brandão, desaparecido juntamente a moto na noite da morte do mesmo.
Todos estudavam no Colégio Santa Borgonha, todos estavam presentes na festa de Halloween.
- Eu não sei.- Fábio se jogou na mesa- sobre eles não há nenhuma pista mas sobre...- Lucas o interrompeu
- Ainda não acabamos...- Lucas por outro lado estava um tanto quanto incomodado, ele sabia que tudo se acabaria hoje mas ainda não sabia quem era o Unicórnio
- Não mesmo, eu queria...
- Eu acho que...- Lucas correu até uma estante pegando um maço de papéis, eles os colocou sobre a mesa e encarou Fábio- Acho que precisamos reanalisar os papéis do Colégio, a única pista diz que todos eles os mortos foram colegas de ensino médio...
- E também que o vizinho da Índia Brandão foi atacado por alguém vestido de Unicórnio.
- Realmente à um Unicórnio, nós erramos em ignorar a Marasia quando ela disse que foi atacada em casa... Olha que interessante.- Ele disse separando um papel- Há um relatório da festa de Halloween... aquela que recentemente invadiram a escola e colocaram imagens por uma sala...
O grêmio estudantil ano 2013/2014 solicitou a permissão para a realização de uma festa com a temática Halloween, o espaço liberado foram os corredores para o acesso ao banheiro, o refeitório, o pátio e a sala nove. Bebidas e lanches foram custeados pela venda de ingressos e o valor em caixa do grêmio. Cada aluno foi autorizado a trazer um convidado, se responsabilizando pelo mesmo completamente. Bebidas alcoólicas são proibidas [...]
[...] A festa saiu do controle. Três alunos colocaram bebidas alcoólicas em todas as bebidas oferecidas as crianças, Joana Santos, Augusto Lopes e Mateus Pacheco, foram suspensos. Bêbados, alguns adolescentes causaram perturbações na cidade, Índia Brandão foi flagrada roubando um mercado, tivemos alguns pais que ficaram muito irritados, mas toda a situação foi quase toda controlada, um visitante acabou no hospital, trazido por M...
- Pera, os desaparecidos embebedaram a escola? E essa sala nove não é a sala em que foram plantadas aquelas fotos? Índia Brandão, que virou principal suspeita na morte da Suzana Freitas, aparece como uma ladra bêbada?- Fábio se levantou
- Exatamente e todos os nomes estão aqui...
Fábio se colocou em frente ao quadro de pistas, pegou as fotos dos desaparecidos e as colocou em linha e depois distribuiu a foto dos mortos de acordo a data da morte, uma casa, um lugar, uma casa, um lugar...
- Não acha isso interessante?- Fábio se afastou e perguntou a Lucas- Temos um padrão estranho e é como se a morte do Leonardo não se encaixasse... Ele nem se quer estudou com os outros.
- Mas estava na festa do Halloween.
- Como você sabe isso?
- É que... ele estudou no nono ano com eles... Leonardo deve ter ido a festa... você me entendeu.
- Claro... onde estão aqueles unicórnios? Os que estavam na caixa?- Fábio os tirou da caixa- Um líder e seus discípulos? Um assassino e suas vítimas?
- Eu não sei!
- No dia da morte do Leonardo, o seguinte foi relatado, Índia e seu vizinho atacados por alguém máscara de Unicórnio, nesse meio tempo Wagner foi também perseguido e atacado, logo após, Mara e Daniel estavam na parte alta da cidade, um deles diz que viu o Unicórnio sair de cima do corpo de Leonardo enquanto Mara alega que o Unicórnio estava no fundo da van... Quatro unicórnios só nesse dia! É um tanto quanto improvável.
- Então o Unicórnio sequestrou a Índia, pegou o Wagner e o levou para o cativeiro, matou o Leonardo e pegou a van? Metade dos fatos ao mesmo tempo? Um único Unicórnio também não é a escolha lógica.
- Três pessoas seriam o ideal.- Fábio comentou algo que Lucas já sabia- alguém que mata, alguém que foge e alguém que fica no esconderijo.
- E temos três desaparecidos, que a um tempo atrás embebedaram uma festa e tem várias outras suspensões, todas sempre juntos.
- Três cúmplices.- Fábio apontou para os unicórnios em cima da mesa
- Ainda falta um Unicórnio.
- Na verdade não.- Fábio sorriu- Eu tomei a inciativa de olhar algumas filmagens que eu consegui da noite da morte do Leonardo, eu sei que deveríamos ter vistos juntos, mas não vai acreditar...
Ele ligou o computador e começou a mostrar a imagem que a câmera de segurança havia gravado, Lucas caiu sentado na cadeira enquanto assistia aquilo.
- Precisamos prende-lo!
- Já tomei providências quanto a isso.- Fábio moveu uma foto da parte de baixo do quadro para o topo- Esse é o nosso Unicórnio.
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As horas se passaram rapidamente e então um ninja, uma bruxa e um grego antigo estavam sentados na sala da casa de Wagner. Índia não segurou a risada vendo Daniel todo de preto com um pano cobrindo o rosto, Wagner estava com uma toga Branca quase transparente e Índia havia achado o velho chapéu, o mesmo chapéu que usou na festa de Halloween.
- Então você sabe de tudo?- Índia perguntou a Wagner- Sobre eu e Daniel?
- Sei... E espero que agora tudo tome um bom rumo.
- É claro que vai tomar... depois que o Unicórnio for preso.
- Isso vai ser resolvido.- Wagner encarou Índia
- Você também recebeu a mensagem? A que fala que hoje é o fim?
- Vocês estão prontos?- Daniel voltou do banheiro arrumando a roupa- Precisamos ficar atentos... Se a Mara é o centro, como ela diz, ele não vai perder a oportunidade de atacar, temos que ficar perto um do outro.
- Tem uma coisa também, o esconderijo.- Wagner comentou- Se o Unicórnio vai a festa, o esconderijo fica livre... se nós convencêssemos a Mara...
- Podíamos ir com a Polícia logo!- Complementou Daniel- É bom salvar o endereço.
Índia já havia aprendido o endereço, todas as ruas possíveis que a levariam até casa abandonada, havia analisado, abordado, concluído e tudo era questão de tempo até que acabasse. Enquanto Wagner e Daniel conversavam, Índia mantinha os olhos no celular, esperava receber mais algum aviso, um ultimato, mas foi quando o celular tocou e Índia o cobriu rapidamente que todos se olharam estranhando a situação, ela se levantou e andou até o quarto de Wagner, fechando a porta.
- Alô?- Ela sorriu ao escutar a voz do outro lado da linha mas logo fechou a cara- Onde você tá? Como você some desse jeito?
- Eu tô bem... por enquanto.- Mateus disse- Onde você esta?
- Não mude a conversa de assunto! todo mundo está te procurando!
Índia havia esquecido um pouco dele, desde o dia que ele havia dito sobre o Unicórnio, estava o evitando e quando ele sumiu e parou de mandar mensagens, o esqueceu, mas depois desse tempo, ainda se alegrou em ver o nome dele brilhar na tela do telefone, tinha até esquecido que havia salvado o nome dele acompanhado com um coração!
- Eu sei... Índia eu preciso me encontrar com você, mas só você, se pudesse me encontrar agora, poderia te explicar...
- Eu não posso! Eu tô na sua casa agora, com o Wagner e o Daniel, vamos para a festa que a Mara vai dar.
- Tem que sair daí o mais rápido possível! Índia eu preciso te encontrar! Tenho coisas para te contar!
- Eu não posso simplesmente fugir daqui e ir para onde quer que você esteja!
- Na casa da Mara, eu irei lá, mandarei uma mensagem, não conte a ninguém que vamos nós encontrar! A ninguém!
Ele desligou o telefone, o que ele queria agora, não contar a ninguém? Tudo tão estranho... Índia apenas suspirou e se sentou na cama, Wagner entrou logo em seguida no quarto, ligando a luz... ela estava no escuro, nem tinha notado.
- Tá pronta?
- Uhum...
- O que aconteceu?
- Uma ligação...- Não conte a ninguém, a voz de Mateus se repetiu na mente dela- Do meu pai, ele está preocupado.
- É melhor irmos, não devemos nos atrasar para está festa.- Wagner sorriu- Certamente vai ser inesquecível.
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