25
Mara caiu sentada no chão, cerrou os punhos, ela queria chorar mas o ódio que queimava dentro dela era completamente assustador, era forte e intenso.
- Precisamos abrir o jogo sobre essa festa da casa da Mara, agora!- Wagner gritou fechando porta do quarto
- Do que estão falando?- Suzana se sentou na cama coçando os olhos
Eles mostraram a filmagem, excluindo as cenas de tortura, para ela.
- Vamos abrir o jogo.- Índia falou
- Você não precisa muito, já que vocês dois estavam se engolindo.- comentou Mara encarando Daniel e Índia
- Então porque você tava brigando com o Raphael!?
- Quem me deve uma explicação aqui, são esses dois!- Ela apontou para Wagner e Suzana- O que estavam fazendo com o MEU NAMORADO!?
- Esse tempo todo você disse que não estava na festa Suzana!- Disse Daniel- Por que mentiu?
- Eu posso explicar...- Wagner começou- Mara, eu e o Augusto, nós meio que estávamos nos pegando...
- Agora me conta a novidade.- Ela não estava nenhum pouco surpresa- Não faça essa cara de besta, realmente achou que iam me enganar? Augusto não sabe mentir e eu tenho quem fique de olho nele.- Ela deu de ombros- O que me impressiona é a Suzana discutindo com ele.
- Eu vi os dois se pegando a um tempo atrás e o Augusto ficava me ameaçando, dizendo que sabia meu segredo, que você tinha contado, e que se eu não guardasse o segredo dele o meu também seria revelado.- Ela suspirou- Nesse dia, ele me obrigou a ficar na porta, proibindo que entrassem.
- Então foi por isso! Por isso que ele disse que éramos da mesma laia, que eu estava guardando porta pro Daniel e Wagner... Ele até tentou me bater!
- E tá vendo a minha cara, foi o Augusto!- Disse Wagner- O AUGUSTO É O UNICÓRNIO!
- Pera...- Mara estranhou- O Augusto pode ser um histérico tapado, mas ser um assassino!? Ele não pensa o suficiente para isso.
- É justamente por isso que ele é ideal.- Índia disse se sentando na cama- Ele... ninguém ia desconfiar dele... como nos filmes...
- Não, não, não!- Wagner andou pelo quarto- Ele não! Tem algo errado, quando o Pablo morreu... o Augusto tava lá...
- Vamos denuncia-lo!- Daniel falou- Falamos com minha mãe! Ela vai nos ajudar a fazer isso!
- Ai meu Deus... Raphael...- Mara se sentou na cama e escorou em Índia- Estávamos discutindo na festa porque... bem... ele me impediu de ir bêbada pro quarto com o Augusto... será que ele o matou por isso?
- Vocês discutiram enquanto isso o Augusto achou outra pessoa para ir pro quarto.- Wagner respirou fundo- Não da pra acreditar.
- Então ele postou o meu vídeo!? O que ia ganhar com isso?- Suzana perguntou, encostando em Wagner
- Tentar te atingir...- Índia concluiu
- Ele conseguiu bem. Eu não tenho mais melhor amiga, a minha mãe vai descobrir e me matar! É melhor eu conversar com ela, antes que alguém fale... Meu Deus do céu! Eu nunca dei nenhum desgosto pros meu pais...
- Mas ele não estava fantasiado de unicórnio no Halloween...- Mara dizia para ela mesma, aleatória a toda conversa- Ele estava comigo o tempo todo...
- Nós... te deixamos em casa, ok?- Wagner segurou os ombros de Suzana- Sua mãe não pode fazer nada com você, nós estamos aqui para qualquer coisa!
Ela respirou profundamente e encarou aquele grupo estranho, se alguém que os conheceu no ensino médio visse aquilo, diria que era uma grande piada. Dessa vez todos eles foram com ela, Mateus até tentou impedir Wagner mas ele saiu com os outros, andaram lado a lado, até a esquina de Suzana, foi quando Marta os viu, a garota impaciente andou até eles e os encarou.
- Parece que a princesa está de volta e bem... com a trupe.
- Marta, eu posso explicar! O que você viu...
Um tapa na cara. Marta deu um belo tapa na cara de Suzana, as duas se olharam com os olhos cheios de lágrimas.
- Eu te odeio.- Marta gritou e passou esbarrando em todos
Suzana correu, os outros tentaram segui-la mas ela bateu a porta e a trancou, deixou as costas deslizarem pela porta e caiu em prantos.
- Nós devíamos... ficar com ela!- Wagner disse
- Ela precisa esfriar a cabeça, passar um tempo com ela mesma.- Mara disse olhando para as unhas
- Mas afinal como esse vídeo foi parar com o unicórnio?- Daniel encarou Mara
- Eu tenho minha parcela de culpa, ok!- Ela colocou as mãos na cintura- A Marta namorava esse cara no primeiro ano e eu sempre percebi um olhar da santa Suzana para ele, a Gabriela me ajudou a segui-los e eu os filmei traindo a Marta! Eu meio que usava isso pra atormenta-la e pra que ela fizesse umas coisas pra mim!
- Então a Gabriela entregou o vídeo? Ou o Augusto?
- Não, só eu tinha isso! Eles sabiam que a Suzana tinha um grande segredo mas eu nunca mostrei a filmagem! Só se... aquele dia... a caixa...- Ela deu as costas para eles
- O que você está fazendo!?
- Eu mando uma mensagem!- Ela correu deixando os três se entreolhando confusos
Índia, Daniel e Wagner se encararam, não tinham muito o que fazer. Não haviam decifrado o mapa, muito menos haviam conseguido ler a carta.
- Não temos muito o que fazer!- Daniel riu tenso- Sabe lá onde a Mara foi... E sabe de uma coisa! Toma aqui!- Ele jogou a carta do unicórnio para Índia- Eu não aguento mais! Está ficando escuro e eu preciso ir para casa antes que minha mãe apareça.
- O meu pai está na cidade e eu saí correndo da companhia dele para tentar proteger a Suzana antes que acontecesse o pior...
- Nós estamos preocupados com ela, com todos...- Wagner bradou- Eu vou tentar falar com o Augusto e arrancar dele o que ele sabe.
- O que!?- Daniel disse, com uma pitada de ciúmes
- Não precisa fazer isso, ele pode tentar te matar!- Índia pensou- Precisamos ir para casa e colocar nossas ideias no lugar, o unicórnio sempre está a um passo de nós.
- São as câmeras de segurança, eu estou tentando falar isso faz um tempo, é assim que ele sabe de tudo! E eu não duvido que tenha algumas câmeras instaladas fora das nossas casas.- Daniel finalmente falou
- Mais um motivo para irmos.
Daniel e Wagner seguiram para o mesmo lado enquanto Índia tomou outro caminho. Wagner, assim como na vinda, apertava os olhos para enxergar o caminho corretamente mas dessa vez foi surpreendido, Daniel agarrou sua mão, entrelaçando os dedos nos dele.
- Eu acho que isso é um passo a mais.- Daniel disparou- Eu quero dar um passo a mais, eu quero você... essa loucura toda... Nós já ficamos juntos, nós conversamos o tempo inteiro... Eu odeio as coisas terem começado pela morte da Paloma... Mas...
- Para.- Wagner segurou seus ombros e abriu um sorriso provocador- Você meio que tá me pedindo em namoro?
- Não! Bem... Sim... Mas... Unicórnio...
Wagner soltou uma risada lenta e abriu um sorriso, no máximo que seus machucados deixavam.
- Quando isso tudo acabar...- ele respirou fundo- Nos nós resolvemos... Você terá tempo para pensar mais... seus pais...
- Bem melhor mesmo.- Daniel corou
- Mas...- Daniel voltou a encara-lo- Vamos continuar como estamos, não apressaremos nada! Vamos arrumar essa bagunça!
- Como você consegue ser assim!?- Daniel abriu um enorme sorriso e se aproximou de Wagner
- Assim como?- os olhos dos dois brilhavam se fitando, eles estavam tão perto
- Daniel!- o grito eclodiu
Daniel abriu um sorriso que logo se apagou. A mãe. Ele queria entender o problema que o mundo tinha com ele mas ali estava Luana acompanhada de um senhor que ele não conhecia, do outro lado da rua encarando o filho.
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Índia seguia seu caminho enchendo sua cabeça de paranoias, não conseguia se livrar delas nunca. Já estava bem perto de casa quando uma senhora esbarou nela.
- Desculpe.- a senhora só sorriu, mas Índia conhecia aquela mulher- Com licença mas a senhora é a mãe da Suzana?
- Sou.. você é a Índia, não?- Índia concordou- Eu deixei a Suzana na sua casa...
- Quem está na sua casa?- Paranoias estavam se formando na cabeça de Índia- Eu sei que é estranho, mas o seu marido está em casa?
- Não...- A mulher a estranhou e seguiu seu caminho
Eles haviam deixado Suzana. A deixado sozinha... Porque eles tinham a deixado sozinha... O unicórnio sempre estava um passo a frente... ela pegou a carta e a abriu.
"Faça sua aposta. Quanto tempo ela dura em minhas mãos?"
A cabeça de Índia rodou e começou a correr de volta para Suzana.
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De banho tomado e cabeça fria, ela já tinha pensado nos discursos que falaria para os pais e se sentou na tampa do vaso sanitário para pentear os cabelos, Suzana estava completamente nervosa, o telefone tocou, uma ligação de Pablo...
- Você não vai conseguir me pegar!- Ela esbravejou- Seu unicórnio maldito! Eu estou trancada em casa, você não pode entrar!- silêncio tomava conta do outro lado da linha
- Uma pergunta.- a voz robótica falou do outro lado, a fazendo tremer- Está trancada sozinha?- a ligação foi desligada
Suzana se levantou, um barulho vinha da sala, tinha certeza, vasculhou o banheiro e achou uma tesoura perdida ali, andou na ponta dos pés, silenciosamente, com as mãos suadas e um calafrio pelo corpo. Andou pelo corredor, a porta do seu quarto estava aberta com a luz acessa e algo estranho ali dentro, se aproximou lentamente, em cima da cama estavam várias canetas e então um barulho, as bochechas queimaram, o corpo todo mas então sentiu o tecido de luvas agarrarem seu corpo, um pano em seu rosto com um cheiro forte, ela queria gritar enquanto suas forças iam embora mas somente cedeu.
Tinha sido pega.
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