19
Mikaela estava no chão, seu braço sangrava e Sol pisava em seu pescoço, segurando a arma e apontando para os dois, da boca de Sol o sangue escorria, pingando de uma forma tosca como uma baba pesada e vermelha.
Sávio continuava com o telefone grudado na orelha, conseguiu ao menos passar as informações do lugar, mas o que ele deveria fazer agora!? O homem ao seu lado fez um movimento brusco foi para a frente de vez e Sol não hesitou em atirar, o homem caiu no chão e ficou imóvel, Sávio o encarou enquanto suas pernas tremiam, do outro lado da linha alguém perguntava por ele e Sávio desligou a ligação sendo a única coisa que seu corpo foi capaz de fazer, deixando o celular cair no chão. Mikaela aproveitou o momento em que Sol esperava uma movimentação do rapaz e colocou as mãos no calcanhar e arrancou o pé de Sol do seu pescoço, Mikaela se arrastou um pouco pelo chão em busca de ar, suas mãos vasculham o chão e ela achou novamente o martelo, lentamente o segurou e ficou parada, recobrando melhor sua consciência.
Sol balbuciou algo, mas apenas mais sangue e baba caíram de sua boca quando o som disforme tentava sair, ela apontou a arma para Mikaela.
— Ei! Sua maluca! — Sávio gritou
Sol se virou para ele pronta para apertar o gatilho, foi então que Mikaela segurou o martelo e o bateu com força no tornozelo de Sol, a fazendo grunhir de dor e cair olhando para o pé em um ângulo meio estranho, ela tentou fazer algo com a arma, Sávio viu a oportunidade e começou a ir na direção dela, mas Mikaela colocou a força que restava para se sentar e com o martelo em mãos a de Sol, a arma caiu com um baque surdo, enquanto Sol olhava Mikaela entre a indignação e a dor.
Sávio parou e não avançou mais, Mikaela começou a se colocar de pé, machucada e indignada, ela chutou a arma que sumiu para longe, e então segurou o martelo perto do rosto de Sol.
— Esse é o tipo de poder que você gosta? Eu venci, caralho. — O martelo balançava em sua mão
— Mikaela! — Sávio gritou para acorda-la do transe, a garota olhou para ele inclinando a cabeça um pouco, mas logo se voltou para Sol
Sávio se abaixou e pegou o telefone, ligando dessa vez para a ambulância. Ele não queria se mover, não queria olhar em volta, sabia que havia uma senhora caída em uma poça de sangue, sabia que o homem que o ajudará estava sangrando ou talvez estivesse morto, mas o que o assustava era o pertinente sorriso no rosto de Sol, mesmo ensanguentado, debochando de todos ali, conseguiu passar algumas informações e então continuo parado, olhando o jeito revoltado e quase doentio que Miakela libertava sua raiva.
— Ela era o Mindinho! Ela matou todas por simples e pura vontade!
— Isso é absurdo! A polícia já está vindo!
— Isso vai muito além da polícia! — Mikaela segurou o martelo com às duas mãos — É sobre a Vanessa, a Mariana, sobre a coitada que ela matou e colocou na cama dela! — Mikaela levantou o Martelo — Vai Sol, tenta se mexer! Você não é a melhor! Vai, faz alguma coisa! — Mikaela olhou para mão caída de Sol, a mesma que acertara antes e se agachou, Sol riu, tentando cuspir seu sangue na direção de Mikela
— Mikaela, levanta!
— Mindinho, você perdeu!
Mikaela acertou a mão de Sol com vontade, a mão que antes estava machucada, agora estava quebrada, tento seus ossos triturados pela revolta de Mikaela, acertou mais uma vez, e dessa vez especificamente no dedo mindinho e se levantou, jogando o martelo para longe. Para Sávio o tempo passou voando, ele mal viu quando a polícia entrou e Sol foi levada, ou as ambulâncias e a multidão que se formou para observar o alvoroço já acabado, quando ele mesmo foi tirado dali, mas sua cabeça guardaria para sempre a lembrança de Mikaela com um martelo na mão e um olhar determinado, com sangue manchando seu rosto.
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O barulho da vinheta do jornal chamou atenção, o apresentador sorriu dando boa tarde e logo anunciou algumas das matérias do dia, a notícia do momento era o caos no salão de beleza, Giovana roeu as unhas enquanto esperava, a mãe se sentou ao lado dela no sofá mostrando algo insignificante no celular, mas a única coisa que ela esperava eram novas informações, as mais insignificantes que fossem. Ela soube que algo acontecera pelo irmão de Sávio, e já tinha desistido de entender como ele sabia seu número, apenas sabia que foi algo conturbado e violento entre Mikaela, Sávio e Sol.
Como ela sabia os nomes o próprio Unicórnio tinha a contado, uma mensagem como se fosse uma fofoca e Giovana não aguentava mais não saber o que realmente aconteceu.
Tentou contar a novidade, mas aparentemente todos já sabiam. Daniel não a respondiam, o celular de Índia era atendido por Luan, que estava agindo como um cão de guarda, ele atendeu todas as ligações de Giovana e fez o favor de xinga-la como se ela fosse um pedaço de merda, Giovana chorou, mas limpou as lágrimas e assumiu sua habitual cara de desprezo pelo mundo.
— Ontem a noite, um salão de beleza foi invadido... — Sol cravou os olhos na tela, passavam filmagens da porta do salão pela manhã, o homem continuava dizendo coisas sem citar nomes — ... Das cinco pessoas envolvidas, uma acabou morrendo e três, incluindo a invasora, ficaram feridos. As pessoas ainda estão assustadas...
— Giovana! — Ela tomou um susto quase saltando do lugar — Para de roer as unhas! Eu estava mostrando para você um vídeo, minha amiga Cida mora perto do salão, ela disse que escutou tiros e gritaria, mas ela não lá ver... Disse que uma menina saiu com a cara toda quebrada, faltando até os dentes!
— Me mostra o vídeo!
Giovana tentou identificar algo, mas a mulher filmava muito mal, estava tremido ou então alguém na frente atrapalhando, o burburinho impedia de escutar qualquer coisa, os policiais tentavam conter a multidão, pode notar o momento que uma maca saia de dentro do local, mas não viu quem estava nela.
Sentiu raiva antes de devolver o celular, odiava estar fora do centro, fora do conteúdo. O jornal terminou sem mais informações, voltou ao quarto e se sentou na frente do notebook obcecada por qualquer migalha de notícia, também abriu seu ex-blog, esperando ver qualquer tipo de mensagem do Unicórnio e acertou em cheio.
"Aparentemente o jogo mudou, não é mesmo?
Teremos de fazer uma mudança de última hora, afinal uma certa ladra de mindinhos foi para a cadeia"
Não dava para reagir, foi quase como se prendesse a respiração involuntariamente, a imagem da tabela com as fotos estava lá com o velho conhecido "Quem é o próximo?" Em cima, mas onde estava a foto de Sol agora existia uma de Luan, Giovana não pensou muito antes de tirar uma foto toda tremida com o celular e enviar para todos, se sentou respirando fundo e ainda encarando o celular recebeu a mensagem de quem ela mais odiava. Do Unicórnio.
"Tenham medo, não resistam, pois logo seu sangue será derramado.
O próximo logo será pintado de vermelho."
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