16
Mikaela sabia que estava sendo seguida, por isso ela não olhou para trás quando resolveu tomar o caminho mais longo para casa, quando chegou, se agachou e quase chorou de felicidade. Não estava morta e isso era maravilhoso.
Ainda tremia segurando a mochila, puxou a caixa para fora, ela não podia nem comprar livros em paz? Tirou os 6 livros de Academia de Vampiros um por um, colocando na estante com calma, ela teria vida suficiente para ler todos?
Tremeu quando o celular vibrou na cama, era Sávio, um Sávio muito puto, mandando mensagem xingando e reclamando, até áudios que ele odiava mandar estavam lá, leu com calma mensagem por mensagem. O fato de ter sido ele a seguindo passou despercebido quando leu que ele tinha visto Sol e que ela parecia completamente bem, e principalmente o não conte para Índia. O que ele estava pensando exatamente? Antes mesmo de explicar ele desapareceu e não ficou mais online, Mikaela dormiu vencida pelo cansaço, enquanto sua mente fervilhava de ideias.
Acordou de manhã com a mensagem de Sávio, ele queria que ela fosse para a casa dele a tarde, já estava até vendo, se acabassem vivos dessa merda iriam acabar reprovando por falta em todas as matérias do curso. Vestiu uma roupa confortável e depois do almoço correu até a casa dele, chocada quando chegou na sala e encontrou Daniel e Alex sentados no sofá casualmente.
— Só nos quatro sabemos sobre a Sol. — Foi a primeira coisa a falar enquanto empurrava Mikaela para se sentar no sofá — Eu tenho quase certeza que vi a Sol passeando de carro.
— Quase não é certeza. — Alex comentou — A Giovana tem certeza que ela tá morta.
— Eu colocaria ela no topo dos suspeitos. — Sávio devolveu — Por que você não trouxe aquele seu amigo Daniel? Ele tá metido nisso também.
— Por que isso é uma merda. Ele já tá metido como você disse, mas por minha culpa... Eu não quero que essa lama o afunde mais ainda... Se alguém for viver...
— Todos vamos viver. — Mikaela colocou a mão de forma consoladora sobre a de Daniel — Todos nós, menos a maldita Sol, se ela acha que está fazendo uma piada vai aprender a brincar direito na porrada.
— Por que não chamou a Índia?
— Ela tá sobrecarregada e nós vamos ser uma aventura paralela. — Sávio riu — Se a Índia não souber, talvez o Unicórnio não saiba.
— Onde viu a Sol?
— Eu não sei exatamente, ontem a Mikaela fez um caminho e então a Sol passou de carro se mostrando, como se estivesse seguindo...
Alex riu e todos ficaram em silêncio o encarando.
— Inacreditável mesmo. Nós quatro contra uma suposta assassino, ou melhor, esperar que ela aparece magicamente nos matar? Parece bem mais que você quer nos levar para uma enrascada e estaria dizendo que ela enviou a mão da Mariana para ela mesma? Por que ela mataria amigas dela? Ela ia estar vendo um jogo do Bahia enquanto corta um pé? — Debochou
— Não sei, talvez sim... Não finja que não está entendendo...
— Sol era a melhor amiga da minha irmã. — Se levantou — Eu passei vários dias com ela, e estou aqui. Talvez seja a Miakela! Ou até mesmo você!
— Nós voltamos ao mesmo ponto cacete! — Sávio gritou — Você está andando em círculos brincando de investigar! Você sempre acusa todos, mas nunca deixa o contrário acontecer, talvez você seja o assassino!
Alex praticamente pulou do lugar e foi para cima de Sávio, Daniel que até então só observava, tentou agarrar Alex pela cintura o puxando para longe e o derrubando.
— Você vai perder todos os seus amigos novamente Daniel! E eu vou rir da sua cara! — Ele se levantou e bateu a porta saindo
Sávio se levantou e foi atrás.
— Seu idota! — Chamou
— Você ainda vai insistir!?
— Como você ia abrir o portão em? — Sávio colocou a chave, abriu o portão e apontou com um sorriso para a rua — A porta da rua é a serventia da casa!
Alex quis esgana-lo mas apenas saiu escutando o portão bater com força, ele andou com as mãos no bolso pela rua tranquila e notou quando um adolescente passou o encarando, quase perto de casa as palavras que disse a Daniel pesaram pela primeira vez, quando ele começou a subir as escadas podia perceber o quão idota tinha sido, só voltou ao mundo real quando tentou abrir a porta de casa, mas percebeu que ela estava aberta. Tremeu, pegou o telefone mas entrou.
A sala estava completamente normal, andou suavemente para o quarto. Tudo estava em seu devido lugar, seu notebook, seu quadro de suspeito, todas as suas pesquisas sobre outros massacres, olhou em volta mais uma vez escutando apenas sua respiração, então toda a conversa com Sávio veio em sua mente, ele correu e parou na porta do quarto de Sol, parando na frente da porta entreaberta. Terminou de abrir a porta e acendeu a luz.
A primeira coisa que sentiu foi o cheiro de sangue, depois sua visão turvou mas ele se segurou na porta se forçando a olhar para frente, seus olhos verdes se moveram em câmera lenta e ficaram vidrados. Um corpo na cama.
Um corpo na cama, um corpo desmembrado em cima da cama. Alex chegou perto, o tronco no meio da cama separado das pernas e dos braços, os pés e mãos também estavam destacados, em uma das mãos faltava o mindinho, inclinou-se somente o suficiente para tentar ver o rosto, mas não tinha um rosto, apenas buracos disformes, sem dentes ou olhos, Alex tremeu no lugar vendo o rabo de cavalo loiro colocado cuidadosamente ao lado do rosto desfigurado.
A única vontade que Alex tinha era de morrer. Andou para trás, tentando não tropeçar nas próprias pernas antes de começar a chorar. Mal conseguia falar, apenas gritou, correndo para fora de casa, não demorou muito para que uma comoção fosse formada, os outros moradores do corredor foram os primeiros a chegar e ver a cena, depois com a chegada da polícia os outros moradores ficaram de ouvido em pé, todos ficaram aglomerados na porta do prédio enquanto a polícia não deixava ninguém subir, Alex estava sentado no último degrau do segundo andar, seu corpo balançava para frente e para trás sem nenhum objetivo, ignorando os policiais que passavam a sua volta.
Só parou quando seus olhos se cruzaram com o do investigador, os dois se encararam por um tempo até passarem com as partes do corpo. Alex pensou se podia dizer algo, mas nada mais fazia sentido em sua cabeça, nada além de que Sávio o tinha tirado de casa e um corpo apareceu magicamente em casa.
— Eu sei quem foi... — falou, os olhares se voltaram contra ele, principalmente o do investigador Lucas Carlo
— Sabe? — Perguntou o homem em um tom neutro
— Bem... — Um pensamento passeou por sua mente, de sua irmã, nada além de uma mão existia, não seria agora que ele daria conta de todos os problemas — Eu... Eu... Estou confuso.
Parecia que o Investigador ia falar alguma coisa, mas ele apenas estreitou os olhos e se virou conversando algo com o policial ao seu lado, Alex puxa o celular trêmulo antes de enviar uma mensagem para Índia com toda a sutileza que o momento o permite.
Não se preocupe achei a Sol.
Ela estava esquartejada na cama dela.
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