10
Guto estava atônito a tudo que acontecia, estava sentado na sala, com a polícia em sua casa, o pai andava de cima a baixo mostrando o local para os polícias. Ele mal tinha perdido o melhor amigo, e agora a sua quase namorada tinha desaparecido, agora alguns cochichos vinham do quarto em frente ao banheiro e logo o pai apareceu, com um sorriso amarelo e um tanto quanto irritado.
— O que aconteceu aqui ontem a noite, Guto? — O pai tentou parecer calmo
— Eu não sei! Pai onde tá a Mariana?
— Eu preciso que você me conte tudo, tintim por tintim.
— Mas eu não sei... A gente dormiu, e quando eu acordei ela não tava mais lá! Pai, o que tá acontecendo?
— Tinha sangue no chão do quarto... — O homem finge tosse e anda para os lados, voltando a parar na frente de Guto de novo — Você fez de novo?
O rosto de Guto se contorce em uma careta e ele abaixa os olhos, acanhado.
— Eu nunca fiz nada...
— Não está na hora de se passar por um adolescente, Gustavo, me conta logo o que você fez com essa daí...
— Eu já falei! Quando eu acordei ela não estava aqui, só o óculos, os sapatos, e minhas chaves sumiram! Eu não procurei por ela mais cedo, porque vocês que me acordaram! Você e a mãe me arrastaram da cama para o enterro...
— Senhor... — A voz de um dos polícias faz o pai de Guto se virar sorrindo e depois voltar-se para Guto
— Você dá sorte que eu tenho muitos contatos, moleque.
Guto permanece sentado, olhando sem expressão para o nada, o pai está lá conversando com intimidade com os polícias. Guto engole a vontade de chorar, pega o celular mas se lembra, não tem ninguém que possa mandar uma mensagem, não tem ninguém que possa responder, não tem ninguém. O pai acompanha os polícias até a porta, e depois diz que irá buscar a mãe dele na casa de David, quando a porta bate ele engasga, deixando tudo sair, o barulho do choro preenche cada canto da casa minuciosamente, se levantou do sofá em desespero, parecia ouvir vozes, eram como se os três estivessem ali, a primeira coisa que viu a frente foi a parede, socou com tanta força que achou que tivesse quebrado a mão, assustado com as próprias reações e com vozes confusas na mente, ele cai de joelhos no chão e depois se deita, abraçando as próprias pernas enquanto chora.
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Índia, Daniel e Sávio estavam boquiabertos a explicação mirabolante que Alex apresentava. O irmão de Vanessa gesticulava loucamente e estava empolgado, falando repetidamente palavras como, assassino, culpado e Guto.
— Deixa eu ver se entendi, esse tal de Guto mata e rouba dedinhos das pessoas e você descobriu isso... — Sávio diz passando o olhar de Alex para Índia
— Eu percebi isso porque ele me fez brigar com a Sol! Ele me fez pensar errado dela, tentar culpá-la!
— Eu não faço ideia de quem sejam metade dessas pessoas, mas eu acho que você é muito surtado. — O comentário de Sávio fez Alex ficar sério — O David morreu, nós estávamos dando suporte para a Giovana, o clima já tá muito pesado para falar sobre teorias mirabolantes.
Alex pareceu tremer por um segundo, antes de respirar fundo e voltar a falar.
— Eu estou falando que o Guto é o assassino, porque a minha irmã brigou com ele e hoje a única coisa que eu tenho para enterrar dela, é a mão! A porra da Mão dela!
— Olha, você tem que falar com mais clareza. — Daniel interferiu pela primeira vez — A gente não pode só ir lá e entregar essa história toda... Precisamos de provas pra levar pra polícia.
— Eu não gosto da investigação policial, eles são muito céticos! Aquele tal de investigador Lucas nem me olha na cara, por isso eu vim atrás de vocês... — Alex abaixou os ombros e passou a mão pelo rosto, abatido e destruído, ele apenas engoliu a cara de choro
— Eu entendo. — Índia se levantou e foi até ele, colocando o cabelo atrás da orelha — Alex...
Batidas na porta e então Carolina, Luan e Sol entraram na casa. A sala ficou pequena pra tanta gente, Índia imaginou que seu pai reclamaria daquela bagunça, ele, Stéfany e Ruth, chegariam em pouco tempo, Índia só tinha pedido um tempo para dar apoio a Giovana, não para ter 6 pessoas aos surtos.
— Porque o Alex tá aqui? — Sol perguntou revirando os olhos
— Eu já te pedi desculpas!
— Eu não tô num dia bom não! — Sol praticamente rugiu, apertando a caixa que segurava — Ainda tô toda roxa da nossa briga e a minha chefe ficou puta comigo!
— Vocês brigaram? — Sávio questionou
— Não, não. É que ele me acusou de ter matado a minha amiga Vanessa! — Ela sorriu ironicamente — Olha eu vou pra casa, ainda tenho aula hoje, pegar outro ônibus lotado...
— Eu também preciso ir, tenho que começar a rodar de carro. — Luan se pronunciou e encarou Daniel
— Vou com você. — Daniel falou e encarou Índia
A conversa não foi longa, todos decidiram que era a hora de ir, então desceram as escadas e pararam em frente ao prédio de Índia. Luan ofereceu carona a Sávio e ele aceitou, então ali estavam somente os moradores do condomínio
— Você pode dormir no seu quarto hoje. — Sol olhou para Alex de relance, que sorriu — E a Gi, como ela tá?
— Mal, eu e o Luan a deixamos em casa, ela e o Guto ficaram do lado do caixão... O tempo todo, sabe... Eu... Não acredito... — Carol soltou um grande suspiro engolindo as lágrimas de um jeito tosco
— Você lembra quando vimos ele a primeira vez... Eca! — Sol falou, quase soltando a caixa — Tem algo molhado nessa desgraça, minha chefe tá com raiva porque isso aqui chegou no meu serviço, eu nem fui contratada direito e já recebo encomenda no serviço...
— O que é?
— Não faço a mínima idéia, eu não tava esperando nada... Só deixaram lá, conseguiram deixar na mão da minha chefe... Olha, embaixo tá todo molhado, não é algo muito pesado.
— Admirador secreto?
— Cara do carro preto.
— Carro preto? — Índia perguntou, se lembrando do dia em que reencontrou
Daniel, um carro preto tirando foto dos dois
— É, talvez eu esteja paranóica, mas sempre tem um carro preto quando eu saio e me disseram que quem deixou isso, estava em um carro preto.
— O Guto tem um carro preto. — Alex falou e depois recebeu olhadas feias — Abre isso aí logo então, se for coisas íntimas, eu não me importo.
Sol puxou a chave do bolso e rasgou a foto que prendida a tampa da caixa, ela brincou tirando um papel.
— Ok, temos uma camada de papel. — Ela riu e enfiou a mão dentro da caixa com vontade
Sol ficou estática enquanto sua mão passava dentro da caixa, ela pareceu tremer e os outros começaram a chamar por ela, foi então que ela andou para trás, tombando nos próprios pés e então soltou um grito, jogando a caixa aberta para cima, Sol caiu sentada no chão encarando a mão suja de vermelho, enquanto Índia, Alex e Carolina encaravam a caixa e o que rolava de dentro dela. Cabelo. Era o que parecia, algo com cabelo. Alex e Carolina andaram até perto daquilo e Carolina usou a própria mão para girar aquilo um pouco, foi então que eles viram.
A cabeça de Marina.
Os olhos arregalados sem vida, o rosto machucado, mas Carolina tinha certeza que aquela era Mariana, ela andou para trás, sendo apoiada por Alex antes que desmaiasse, observando o detalhe mais toco daquilo tudo
A mão de Mariana estava enfiada na boca dela, os dedos que saiam para fora mostravam.
Faltava um dedo.
Faltava o mindinho.
Carolina apagou e Alex se esforçou para segurá-la, ainda encarando a cabeça de Mariana jogada no chão.
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