Capítulo 94
Douglas não conseguia acreditar no que ouvia da namorada:
- Como assim ele sobreviveu? Eu fui preso por latrocínio, roubo seguido de morte. Não tem como ele ter sobrevivido.
O namorado disse.
- Eu sei, meu amor, mas eu precisava que a família dele acreditasse que ele estava morto. Só assim eu manteria o meu conforto e o conforto do nosso filho.
A mulher tentou se justificar.
- Isso custou caro para mim... Anos de reclusão longe do meu filho.. Perdendo todo o desenvolvimento dele... Você tem noção do que essa sua loucura custou para mim e para o Caio?
É por isso que não topei nem vou topar essa história de vingança. Sei que a pior parte vai sair para mim de novo.
Douglas disse.
- Você não entende, meu amor... Dessa vez não vai ter parte ruim... Vai ser triunfal. Nós vamos ser felizes e melhor ainda: ricos.
Paola disse tentando convencer o namorado a mudar de ideia em relação a seu plano.
- A minha decisão já está tomada. Se quiser ficar com esses seus planos malucos vai ter que fazer isso sozinha e sem incluir a mim e ao meu filho.
- Você está completamente descompensado... Aquela mulher teve aqui de novo?
A moça perguntou..
- Não, e mesmo que tivesse eu já tenho minha opinião formada. Não ia mudar de ideia com o que ela falasse ou deixasse de falar. Só eu sei quanto sofri aqui sozinho sem ninguém. Não desejo nem para o meu pior inimigo o que passei dentro dessa '' jaula''.
- Você não está entendendo... Você não vai ser preso. Nós vamos sequestrar o Henrique... Não é o plano perfeito?
Paola perguntou.
- Perfeito para eu voltar para a cadeia, isso sim. Eu tô fora.
Douglas disse.
- você não está entendendo... Você não vai voltar para a cadeia. Isso eu jamais faria. O que vai acontecer é que aquele doutorzinho vai pagar uma grana preta pelo resgate do filho. Com esse sequestro a gente garante o sustento do nosso filho por anos e anos sem nos preocupar.
Paola disse tentando fazer o namorado mudar de ideia.
- Não adianta o que você me disser. Eu não vou mudar de ideia e peça que respeite a minha decisão. Para esse lugar eu não volto e não vou fazer por onde ter que voltar. Respeite porque essa é minha decisão final.
Douglas disse.
- Ok, meu amor. Você é quem sabe. O que me importa é que finalmente você está em liberdade e a gente vai poder curtir isso com o nosso filho quando ele sair do hospital.
A mulher respondeu.
- Quem está com ele no hospital?
O homem perguntou preocupado
- O Henrique.
Paola respondeu sem olhar nos olhos do namorado:
Como é que é?
O homem perguntou alterado.
- Me desculpa, meu amor. Eu sei que não devia ter deixado, mas é que ele insistiu tanto...
A mulher tentou justificar.
- E quem é ele para insistir? Se insistiu é porque você deu brecha. O que você fez afinal de contas? Coloca as coisas em pratos limpos, por favor, Paola. Eu não sei mais o que pensar, no que acreditar...
- Eu vou explicar tudo, só peço que tenha calma e me perdoe se aconteceu alguma coisa que não te agradou.
Tudo o que eu fiz foi pensando na gente, no nosso filho e no nosso futuro.
- Desembucha logo. Fala o que está acontecendo.
Douglas pediu já sem paciência.
- Depois que você fez a sua parte no nosso plano e o Henrique infelizmente sobreviveu eu tive a ideia de internar ele em um hospital que também era uma clínica psiquiátrica.
Mandei um caixão fechado para a família dele que estava aqui no Brasil, disse que o velório tinha que ser com caixão fechado porque o rosto estava desfigurado, enfim...
Para a minha sorte a família dele aceitou essa versão e enterraram aquele caixão... Com isso se transcorreram mais de três anos e todo esse tempo eu o mantive nessa clínica me fazendo de boa moça, namorada cuidadosa, e assim foi. Teve um dia que eu cansei de o manter lá sem ter meus lucros merecidos....
A família dele nem desconfiava que ele estava vivo e pior ainda: perto deles em uma clínica no interior, em Rio Azul. E assim eu pude continuar naquela casa boa e ainda fiquei com uma contia que ele havia me dado a algum tempo e a conta que abriu em meu nome e que me rendeu mais algumas coisas.
Eu fui até a empresa do pai dele que é um velho bem da grana. Disse que tinha um filho com ele e que precisava de dinheiro para o manter, mas eu me enganei achando que ele ia abrir o bolso e me dar tudo o que eu queria de uma hora para outra.
O infeliz disse que ia pedir exumação do corpo do filho para fazer teste de DNA e daí eu tive que ir embora com uma mão na frente e outra atrás porque se ele pedisse mesmo ia acabar descobrindo que na verdade o Henrique tinha sobrevivido.
- Deixa eu ver se eu entendi direito:
Você ia usar o nosso de filho para ter lucros? O que ele é para você afinal de contas? Um objeto de compra e venda? Um brinquedo que você joga de uma mão para outra quando te convém? É isso que estou entendendo?
Douglas perguntou.
- Claro que não. O que houve com você no tempo em que esteve recluso? Por favor me diz.
Eu não o reconheço mais. Não parece a mesma pessoa por quem me apaixonei... Onde ficou sua ambição? Parece que perdeu totalmente... Essa é a única explicação que consigo encontrar.
Você não parece em nada com aquele Douglas perfeito que era antes de ser preso.
A mãe de Caio disse.
- Exatamente. Eu mudei e mudei muito. Mudei tanto que se tivesse me dito tudo o que me disse antes de ser preso eu estaria te agarrando feliz pensando em algum plano maléfico para me vingar do tal do Henrique e desgraçar a vida dele mais do que já desgracei, mas não... Paola quando aquela mulher teve aqui ela me trouxe outros horizontes... Horizontes além da vida do crime.
O namorado explicou.
- Ok. Mudança de planos. Ao envés de me vingar do Henrique vou me vingar dessa madame idiota. Ela vai se arrepender de vir bancar a mamãezinha.
Paola disse e Douglas pegou em seu braço:
- Olha bem para mim, presta atenção no que eu vou te dizer:
Acabou essa história de vingança. Não tem mais vingança nem contra o Henrique, nem contra a mãe dele nem contra ninguém. A partir daqui eu vou levar a vida de outro jeito e você não vai mudar minha cabeça.
Douglas disse.
- Ok, senhor "cão arrependido " faça o que achar que é certo, mas não me inclua nessas suas doideiras. E eu também tenho outra coisa para falar com você, mas sabendo do jeito que você saiu da prisão eu já percebo que não vai se importar com o que vou dizer.
A mulher disse.
- Fala logo. Para de enrolar. O que você tem a dizer?
- O pai do Henrique propôs um teste de DNA.
A mulher disse e ficou esperando a reação do namorado.
- E daí?
O namorado perguntou.
- E daí que... Eu não tenho certeza se o Caio é seu filho ou do Henrique.
- Como é que é?
O homem perguntou sem acreditar no que o ouvia.
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