Capítulo 77
Eram sete da manhã e Luísa chegou na mansão. O silêncio mostrava que ninguém ainda havia acordado, porém era certo que os empregados já estavam na casa de Pedro e Cecília:
- Que silêncio. É tão estranho chegar aqui sem ser recepcionada por ninguém.
Ela disse a si mesma e sentou no sofá da sala de estar. Um tempo depois ouviu a voz de sua mãe:
- Porque toda essa frieza comigo? A partir daqui vai assim?
Eu errei, eu reconheço, mas ao envés de ser frio comigo você devia me apoiar. Só eu sei o quanto sofri todo esse tempo e pior ainda:
Sozinha. Sem o apoio de ninguém. Se nunca te contei nada foi para que você não sofresse também.
Cecília disse e Luísa se assustou:
- Do que será que eles estão falando? O que será que está acontecendo? Nunca vi os dois numa conversa tão tensa assim.
Os pais continuaram a conversa:
- Me desculpe, porque eu sei que o que vou dizer vai te machucar, mas se você sofreu todos esses anos sozinha foi por opção de si própria.
Eu não te culpo pelo abuso porque sei que não foi sua culpa, mas o que mais me machuca é saber que você não confiou em mim e pior ainda:
No que eu sentia por você. Se tivesse confiado jamais teria me escondido a verdade. Esconder da Luísa é uma coisa e nisso eu concordo, também esconderia, mas de mim, Cecília? De mim?
Luísa ao ouvir o próprio nome ficou curiosa:
- O que mais esses dois estão escondendo de mim?
- Quer saber? Basta. Se você é inservível com a minha dor, eu não posso fazer nada.
Eu já pedi desculpas, já reconheci o meu erro, mas não vou me "arrastar" aos seus pés não.
Cecília disse e saiu de perto do marido. Ao chegar na sala de estar vendo a filha se assustou:
- Luísa? O que faz aqui tão cedo? Aconteceu alguma coisa?
- Comigo não, mas com você e o meu pai com certeza.
Luísa disse.
- Porque está falado isso, minha filha? Não há nada de errado acontendo entre mim e seu pai. Está tudo bem.
Cecília disse tentando disfarçar.
- Mãe, seja o que quer que esteja acontendo pode falar comigo. Esconder do Henrique eu até entendo e concordo, visito que ele aínda está em fase de readaptação, mas de mim vocês não precisam esconder nada. Luísa respondeu.
- Finha, não se preocupa, tá? Todo casal briga e passa por más fases, e isso é normal... Eu e seu pai não somos uma exceção.
Você e seu irmão só estão estranhando porque nós sempre soubemos disfarçar muito bem nossas desavenças,nas nesses últimos tempos não só nós como você estamos passando por dias turbulentos, mas isso não é nada que o próprio tempo possa ajeitar.
Cecília disse.
- Tem certeza que é só isso mesmo?
Luísa perguntou.
- Tenho, minha Finha. Agora é hora de você pensar em você e no bebê que está esperando...
E por falar nisso: como estão as coisas com relação a sua gravidez? Está fazendo pré-natal?
A mãe da moça perguntou.
- Tá tudo bem sim. Eu já iniciei o pré-natal e já fiz a primeira ultrassom. A obstetra disse que está tudo dentro da normalidade.
Minha única e maior dor é saber que meu filho não vai ter uma das maiores alegrias que eu tenho:
Ter um pai.
A namorada de Otávio disse e lágrimas caíram de seus olhos.
- Você amava muito esse rapaz, né?
A mãe perguntou.
- Amava não... Eu ainda amo e amo muito... Muito mais do que você ou qualquer outra pessoa possa imaginar.
Nunca vou perder a esperança de um dia voltar e criar o meu filho junto comigo.
A moça disse.
- Filha, eu entendo e respeito seu momento. Seu luto. Perder uma pessoa que a gente ama é horrível, mas ao mesmo tempo eu te peço que não pare sua vida esperando eternamente por um momento que talvez nunca aconteça.
Você é jovem, bonita, pode encontrar novos amores e conhecer novas pessoas.
Não deixe de viver, pelo seu próprio bem.
Cecília disse.
- Eu vou esperar pelo Otávio até o último momento. Até o dia em que ele voltar ou que por mais que me doa o corpo dele seja encontrado. Até esse dia pode ter certeza que minha esperança não vai morrer.
Ele era um homem, não um carro que quando quebra a gente troca por outro.
Se coloca no meu lugar:
Se meu pai desaparecesse ou morresse você colocaria outro no lugar dele?
Luísa perguntou.
- Eu não estou pedindo para você colocar outro no lugar dele, estou pedindo para você não parar a sua vida, pelo seu próprio bem.
Cecília explicou.
- Que seja. Eu sei o que estou fazendo e tenho certeza que não vou me arrepender de esperar por ele por mais que os dias se tornem pesados.
A filha respondeu.
- Oi, Filha.
Pedro cumprimentou.
- Oi, pai.
A moça respondeu.
- Tá tudo bem?
O homem perguntou.
- Comigo sim, apesar de todos os pesares.
Luísa disse.
- O que quer dizer com pesares? Você é igualzinha a sua mãe. Sofre sozinho por opção de si própria.
O homem respondeu.
- O que eu quero dizer com pesares é a dor que eu sinto a meses sem o Otávio do meu lado. Dor essa que não compartilho com ninguém a não ser com os pais e a família dele.
Para você foi só mais uma pessoa sem importância que cruzou seu caminho, mas para mim não...
Foi uma pessoa que me abriu de novo para o amor. Que me mostrou o mundo como ele era de verdade e não como vocês dois desenharam.
Se é insensível com a minha dor eu não posso fazer nada e também chega dessa conversa. Cansei de brigar pela mesma coisa mil vezes. Vou ir no quarto do Henrique falar com ele.
A moça disse e saiu de perto dos pais.
- Meu Deus do céu, Pedro. Me explica onde você quer chegar com essa frieza com a Luísa?
Já não basta o quanto ela está sofrendo?
Cecília perguntou.
- Olha só eu estou com os meus pensamentos virados de cabeça para baixo. Não tenho tempo nem cabeça para explicar nada para ninguém.
Pedro disse e saiu de perto da esposa:
- Era só isso que faltava:
Pedro rejeitar a Luísa.
Cecília disse a si mesma.
Luísa chegou na porta do quarto de Henrique:
- Eu posso entrar?
Ela perguntou.
- Pode.
O rapaz respondeu sorrindo.
- Como você está?
A moça perguntou.
- Tô bem. Mas eu tô... Nervoso. Será que o menino vai gostar de mim?
O rapaz perguntou.
- Claro que sim. Quem não gosta de você? E eu tenho certeza que ele também deve estar muito ansioso para te ver.
Luísa respondeu.
- Tomara. Eu esperei tanto por esse momento.
Henrique confessou.
- Eu imagino. Não se preocupa. Ele vai amar você.
Luísa respondeu e ficou um tempo conversando com o irmão.
Na casa de Mário e Rita havia chegado o dia de mostrar o resultado do exame toxicológico que Estevão realizara:
- Vou levar esses resultados para um médico avaliar.
Rita disse a irmã.
- Não deve ser nada demais, mas já que já está aqui é melhor mostrar. Vou com você.
- Tá bom.
Rita concordou. Alguns minutos depois Estevão chegou do colégio:
- Oi, mãe. Vai aonde?
O rapaz perguntou.
- Mostrar o resultado dos seus exames para o médico.
A mãe respondeu.
- Que exames?
O irmão de Otávio perguntou.
- Aqueles que você fez no dia que passou mal.
Rita disse.
- Que exames fizeram?
Estevão perguntou.
- Um tal de exame toxicológico. O importante é mostrar para o médico e ver o que ele vai dizer. Tem comida em cima do fogão. Eu e sua tia não vamos demorar.
Rita disse e saiu de perto do filho:
- Ah, meu Deus do céu... Toamra que ela não descubra nada sobre a droga que usei aquele dia.
O rapaz disse a si mesmo.
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