Capítulo 76
Paola chegou no quarto onde o filho dormia e colocou a mão na testa dele:
- Ainda bem que está fresquinho.
Ela disse a si mesma e o chamou:
- Filho, acorda. A mamãe está aqui.
O menino abriu os olhos e ao ver a mãe pulou da cama indo abraçar ela:
- Mamãe, mamãezinha... Que saudade.
- Como você está? A vovó disse que até te levou no hospital. O que houve?
A mulher perguntou.
- Eu acho que foi a dor da saudade.
O menino respondeu.
- Dor da saudade? Que dor da saudade? Isso não existe, meu filho. Aí você conta isso para a sua avó e ela briga comigo.
Você já está grandinho. Tem que entender que nem sempre que a mamãe sai pode te levar.
Paola disse.
- Mas você vai me colocar de castigo de novo por causa da dor da saudade?
O menino perguntou choramingando.
- Psiu. Fica queridinho que eu não coloco. A mamãe vai te levar para passear amanhã.
A mulher comunicou.
- Onde?
O menino perguntou animado.
- Você não disse que queria conhecer o seu pai Henrique? Então, nós vamos na casa dele.
Paola respondeu e Caio começou a pular:
- Papai Henrique! Papai Henrique! Papai Henrique!....
- Para de gritar porque a cabeça da mamãe está doendo.
Paola pediu.
- Desculpa, mamãe. Eu vou contar para a vovó que a gente vai ver o papai Henrique.
O menino disse e saiu correndo de perto de Paola.
- Papai Henrique...
Ela repetiu em sua mente.
- Me desculpa, meu filho, mas ele não pode ser o seu pai... Não pode.
O Douglas não vai me perdoar se isso acontecer e sem ele eu não vou saber viver.
A moça disse a si mesma.
- Henrique era só um plano de sedução e depois conseguir dinheiro...
Ela se lembrou de quando conheceu o filho de Pedro e Cecília:
Flashback on:
Paola estava em uma balada com uma amiga e já era quase madrugada:
- Que gatinho.
A amiga de Paola elogiou vendo Henrique no balcão esperando uma bebida.
- Gatinho? Só se for gatinho aguado.
A mulher riu.
- Você tá é com inveja por não ter um desse aí.
Olha essas roupas, esse sapato. O cara deve nadar no dinheiro.
A amiga respondeu.
- Esse aí é o Henrique Furtado. É uma pena que esteja aqui em Seatle só de passagem porque se não dava um jeito de " fisgar" ele só para mim.
Paola disse.
- Para quê? Você acabou de chamar ele de gatinho aguado. Por beleza é que não vai ser.
A amiga respondeu.
- Querida, esse corpinho aí se conserta com academia e suplemento.
Mas é lógico que ele já deve ter mil mulheres no pé dele e deve amar isso. Eu não vou ser mais uma nesse arém não.
Sou muito mais do que só mais uma.
Paola disse e continuou curtindo a festa.
No fim da festa, o dia já estava quase amanhecendo. A moça pegou o carro e quando sentiu um baque na lateral de seu carro. Ela saiu de dentro do veículo alterada:
- Que isso, cara? Tá louco? Presta atenção. Olha o estrago que você fez na lataria do meu carro.
- Ah, moça, me desculpe. Eu não sei onde estava minha cabeça. Sempre fui muito atento... Mas se preucupe. Eu vou pagar o conserto independente do valor.
Henrique disse.
- É minimo, né? Só me faltava você dizer que não tinha dinheiro para o conserto.
Paola respondeu.
- Calma, gatinha... Relaxa.
Ele pediu com a voz arrastada.
- Ah, vá catar coquinho. Você está morto de bêbado. Não tem como dialogar.
- Calma, gatinha. Eu não fujo minhas obrigações não. Te garanto que essa lataria vai ficar impecável.
Henrique riu.
- Vai catar coquinho.
Paola mandou irritada.
- Espera aí. Me diz o seu nome, pelo menos.
Henrique pediu.
- Paola. Paola Timóteo.
A mulher respondeu.
- Então, dona Paola, você pode ficar tranquila porque seu carro vai sair impecável da oficina.
Henrique garantiu.
- É o mínimo, né, querido?
A mulher respondeu grosseira.
- Para quê toda essa grosseria, heim? Todo mundo erra sabia?
Poderia ter sido ao contrário e eu te garanto que se fosse você que tivesse batido no meu carro eu não te trataria desse jeito não. Relaxa um pouco.
- Eu só vou relaxar quando meu carro estiver impecável.
Paola respondeu.
- Era só isso, minha querida? Eu estou super ocupado e não tenho tempo para ficar pendurado no celular escutando a mesma coisa mil vezes.
Henrique disse.
- Folgado.
Paola respondeu e desligou o celular na cara do filho de Pedro e Cecília.
- Ah, mas esse concerto vai custar uma nota para aquele "playboyzinho" mas é óbvio que não vai fazer diferença nenhuma na conta bancária dele que deve ser enorme.
Mas até que isso pode ser um gatilho para sair dessa vidinha medíocre e todos os perrengues que ela gera.
Paola disse a si mesma e no dia seguinte foi até a oficina onde encontrou Henrique:
- Bom dia, Dona Paola.
O rapaz cumprimentou e ela percebeu o quanto o irmão de Luísa era diferente e cordial quando estava sóbrio.
- Bom dia.
Ela respondeu tentando parecer indiferente.
- Olha, eu gostaria de pedir desculpas novamente. Sei que o estrago poderia ter sido pior.
O homem respondeu.
- Meu querido, você já me disse isso umas três vezes. Melhor do que pedir desculpas é as praticar, coisa que você já está fazendo a partir do momento em que está pegando o conserto do carro. Basta.
A mulher disse e após saírem do mecânico o irmão de Luísa a chamou:
- Quer tomar um café comigo?
- Desculpa, mas não tenho dinheiro aqui no momento.
A moça disse se fazendo de difícil.
- Eu pago. Afinal de contas, sou eu que estou convidando.
O homem respondeu.
- Já que você está insistindo tanto assim eu vou.
Paola respondeu e junto com Henrique foi até o café mais famoso da cidade.
- Nunca pensei que viria um lugar tão chique assim.
A mulher confessou.
- Tá falando sério?
O homem perguntou sorrindo.
- Estou. As coisas aqui devem ser uma fortuna.
A mulher respondeu.
- Pode pedir tudo o que você quiser que eu pago.
O rapaz respondeu e Paola viu como os olhos dele brilhavam ao olha-la:
- Parece que esse aí já está no papo. Só insistir. Me fazer de difícil, porque homem igual a ele ama um desafio para depois se vangloriar.
Coitado, mal sabe que está prestes a cair nas minhas mãos e não vai sair delas enquanto eu não tirar uma boa casquinha dele.
Paola disse e daí seduziu o filho de Pedro e Cecília até ter o que queira:
Dinheiro, vida boa e uma casa chique.
Flashback off:
Só de pensar em como foi fácil seduzir o irritante do Henrique fico até com pena, mas agora nada vai mudar o passado.
Ah, se o Caio for filho dele além do Douglas nunca mais me perdoar ainda vou ter que aguentar o meu bebê tendo contato com ele sempre.
Isso definitivamente não pode acontecer.
A mulher foi tirada de seus pensamentos quando o filho chegou perto dela:
- Olha os carrinhos que vou levar para brincar com o papai Henrique, mamãe. São bonitos, né? Você acha que ele vai gostar?
O menino perguntou sorrindo.
- Não sei, meu amor, mas o importante é que você goste.
A mãe respondeu e a mãe de Paola chegou perto dela e do neto:
- Vovó, olha os carrinhos que vou levar para brincar com o papai Henrique. Você acha que ele vai gostar?
O menino perguntou.
- Acho que ele vai amar brincar com você
Neide respondeu sorrindo.
- Tomara que ele queira ser meu amigo, aí vou ter com quem brincar.
O menino disse e as duas mulheres se entreolharam.
- Vamos meu amor. A gente não pode se atrasar.
Paola disse e o menino se levantou:
- Tchau, vovó.
Ele se despediu.
- Tchau, meu amor. A vovó te ama muito.
A mãe de Paola disse.
- Te amo.
Caio respondeu.
- Tchau, minha filha.
A mulher se despediu de Paola.
- Tchau.
A filha respondeu secamente e saiu da casa da mãe junto com o filho.
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