Geiza chegou no hospital e antes de visitar o filho, foi até um médico que cuidava dele:

- Bom dia doutor!

Ela cumprientou.

- Bom dia dona Geiza. Como vai?

Perguntou ele simpático.

- Tentando me manter em pé, mas, eu confesso que estou perdendo o restante do meu equilíbrio. Eu perdi o meu marido a pouquíssimo tempo, e agora estou quase perdendo o meu filho, o meu único filho.

Geiza chorava.

- Dona Geiza, eu imagino o quanto a senhora deve estar sofrendo e sinto muito.

O médico lamentou.

- Doutor, eu quero que o senhor me diga a verdade: meu filho pode morrer?

A mãe de Mathias perguntou.

- O quadro é delicado, mas, não podemos perder a esperança.

O médico disse gentilmente.

- Eu posso vê-lo?

Geiza perguntou.

- Pode sim senhora.

O médico permitiu e mãe de Mathias foi até o quarto do filho. Chegando lá, ela observou seu filho dormindo:

- Você não pode me deixar aqui sozinha. Eu já perdi o seu pai, eu não posso perder você.

Ela dizia e chorava baixo. Mathias acordou com os olhos inchados:

- Mãe?

Ele chamou.

- Oi meu amor.

A mulher passou a mão no rosto para que o filho não visse suas lágrimas.

- Me desculpa por tudo que eu te fiz passar todos esses anos? Minha rebeldia e ter te feito passar tanta vergonha, como eu fiz todos esses anos?

Caíram lágrimas incontroláveis do rosto da mãe de Mathias:

- Eu te perdoo meu amor, nunca tive vergonha de você. Sei que você errou muito, mas, agora o importante é mudar e seguir em frente.

- Eu não vou ter tempo de mudar mãe, só quero pedir perdão para você, sei o quanto você sofreu por minha causa.

- Como eu já disse, eu te perdoo, pois, essa é uma das maiores e mais nobres formas de amor

- Eu te amo! Cuida do meu filho para mim, tá bom?

Ele pediu e fechou os olhos, os batimentos caíram, e Geiza viu seu filho, o seu único filho morrer aos vinte e nove anos de idade:

- Filho! FILHO! Não me deixa aqui sozinha!

Geiza gritou e isso chamou a atenção dos médicos que vieram até o quarto e constataram a morte de Mathias. A partir dali, a mulher seguiria sozinha. Tudo o que ela tinha agora era o seu neto.

- Não posso acreditar! Por que? O que eu fiz de errado? Nenhuma mãe devia passar por uma dor de perder um filho. Meu neto pobrezinho, não vai ter a alegria de ter um pai. Apenas lembranças, vagas lembranças.

Geiza tremia e chorava ao mesmo tempo:

- Dona Geiza, eu sinto muito pela partida do seu filho. Não consego imaginar a dor e nem o sofrimento da senhora. Temos uma equipe de psicólogos que podem
ajudá-la nesse momento.

- Obrigada doutor!

Geiza agradeceu.

- Eu acertarei todos os custos do meu filho, só preciso de um tempo.

- Dona Geiza, não se preucupe com nada disso agora. Eu entendo a sua dor e já conversei com a direção do hospital. Entrarmos em consenso. Agora é hora da senhora se cuidar, quando estiver melhor, a senhora acerta com a gente, é só mantermos contato.

O homem a confortou.

- Não sei nem como agradecer doutor. Eu sei que não são todos que pensam como o senhor e seus colegas.

- Não precisa agradecer dona Geiza, o que estamos fazendo é um gesto de humanidade.

O médico se retirou.

A mãe de Mathias não sabia como comunicar Nicole tudo o que havia acontecido com seu filho:

- O celular de Mathias está em casa e não tenho a mínima condição de ir até lá agora. Quero morrer! Se não tenho meu filho e meu marido aqui comigo de nada me vale a vida. O que fiz para merecer uma coisa dessas?

Um enfermeiro passava perto da mulher e perguntou:

- Precisa de alguma coisa?

Geiza olhou para ele com os olhos vermelhos de tanto chorar.

- Eu perdi o meu filho. Preciso avisar a mãe do filho dele.

- A senhora tem o contato dela?

- Não.

Geiza respondeu frustrada.

- Tudo que eu sei é uma parente dela, chamada Luísa doou sangue para meu filho a alguns dias.

- Vou ver se conseguimos os dados dessa moça, para através dela chegarmos a
ex-namorada de seu filho.

- Obrigada doutor! Eu te agradeço muito!

Geiza respondeu.

- Não tem de que senhora. Vou agora mesmo atrás dessas informações.

O homem disse e se retirou. Geiza ligou para alguns parentes seus para avisar sobre a morte de Mathias. Enquanto isso, o homem procurou em alguns arquivos e achou o prontuário ee transfusão com o nome de Luísa Furtado e o receptor que era Mathias, e o número de telefone da moça, que havia deixado ali para receber notícias sobre o estado de saúde do
ex-namorado:

- Alô!

Luísa cumprientou.

- Bom dia dona Luísa. Sou funcionário do hospital onde o senhor Mathias Montenegro estava internado. Liguei para avisar que infelizmente ele veio a falecer. Soube que ele tem um filho e queremos contatar a mãe dessa criança. A senhora pode avisar essa moça?

Perguntou o funcionário.

- Posso sim.

- Luísa respondeu.

- Muito obrigada!

O funcionário respondeu.

- Por nada!

Disse Luísa e a ligação foi interrompida.

- Meu Deus! O que será de Nicole e desssa criança?

Ela perguntou a si mesma.

Otávio chegou ao quarto de Nicole e viu que a porta estava aberta:

- Oi Nick. Eu posso entrar?

- Claro Otávio!

Ela respondeu normalmente, nem se parecia com a moça que foi discrita por Estêvão.

- Você está bem?

O primo de Nicole perguntou.

- Bem não, eu estou péssima. Não quero acreditar que moro de favor na casa dos outros. Quero ir para casa. Voltar a fazer meus trabalhos de modelo, e sustentar a mim e ao meu filho, e quando Mathias voltar para o trabalho aí tudo estará perfeito. Vamos criar o Rodolffo como uma família feliz. Aliás, não sei se você sabe, mas, eu e ele reatamos. A gente se ama muito e o nosso amor foi capaz de superar essa fase difícil, me arrisco a dizer que foi a pior da minha vida toda.

Otávio respirou fundo:

- Nick, você está bem? Respira fundo.

Ele perguntou e ela começou a se impacientar:

- Até você Otávio? Que inferno. Eu sei respirar, não preciso de ninguém me mandando fazer isso. Primero foi o Mathias com essa palhaçada, depois uma mulher e um velho que eu nem sei quem são, agora até você?

- Essa mulher e esse velho são a minha mãe e o meu pai. Os seus tios. Você está na minha casa desde que brigou com Mathias.

Nicole começou a chorar:

- Você é um monstro. Um asqueroso, você não tem o direito de inventar todas essas mentiras.

Otávio saiu do quarto sem dizer nada a prima. Ele concluiu que não valia a pena levar aquela decusão à frente.

- E ai?

Perguntou Estêvão chegando perto do irmão.

- Ela não é mais a mesma. Não sei nem o que pensar.

Nicole chegou perto dos irmãos:

- Finalmente você chegou Mathias, mas, não se preucupe, eu já coloquei aquela mulher no lugar dela. Ela não vai mais te fazer de empregado, eu não vou deixar.

- Olha Nick, você não me reconhece? Eu me chamo Estêvão. Não sou o Mathias.

Ele disse calmamente, ao chegar perto dela tomou um tapa no rosto:

- Olha Otávio eu não aguento mais, vou sair daqui.

- Volta aqui Mathias!

Ela gritou.

- Me deixa em paz Nicole!

Ele também gritou.

- Ele não me ama mais. Ele não me ama mais.

Ela saiu correndo e chorando. Mário entrou no quarto:

- Saí daqui seu velho chato e insuportável.

Mário respirou fundo:

- Eu vou te levar em um lugar, eu e Rita.

- Cadê Mathias? Ele vai junto?

- Ele não vai com a gente.

- Por que? Nicole perguntou.

- Por quê ele tem um compromisso.

- Hum, sei.

Nicole respondeu desconfiada. Ao chegarem no velório de Mathias Rita pegou na mão da sobrinha:

- Meu amor, calma.

- Calma por que?

Ela perguntou.

- Nick, o Mathias se foi. Ele se foi a dois dias.

Nicole começou a chorar:

- Para com isso.

- Nós não queríamos ver você sofrer tanto assim. Sentimos muito.

Mário falou.

- Só acredito que ele se foi se eu ver.

E assim, Nicole e seus tios entraram no salão onde acontecia o funeral, apesar de ver em Mathias o rosto de Estêvão, ao olhar dentro daquele caixão, viu a pessoa que mais amava e que por ironia ou sina, ela não sabia explicar, não a amava:

- Meu amor não faz isso comigo, eu te amo tanto, não me deixa aqui sozinha, não me deixa criar o nosso filho sem o seu auxílio. Volta, por favor!

- Você tem que ser forte por você e pelo seu filho. Ele precisa de você agora mais que nunca.

Nicole e os tios entraram no local onde acontecia o velório, e ela não conseguia acreditar no que via. Apesar de tudo que passara no relacionamento com Mathias, ela o amava. Tomou a descisão de engravidar sem dizer nada a ele, sabia que o homem não gostaria de ter filhos, porém acreditava que se tratava de medo e que tudo mudaria com primeira gestação: o filho chegou e Mathias nunca mudou, não mostrou sua mudança a tempo, e quando tudo parecia estar encaminhado a tão sonhada mudança parecia ter chegado, a vida dele foi brutalmente tirada:

- Por que você fez isso comigo? Eu nunca vou me recuperar de ter o perdido.

Ela dizia olhando para o rosto de Mathias, que não estava desfigurado, apenas um pouco inchado e pálido, pelo tempo que passara no hospital sem contato com a luz do sol:

- Te amo! Te amo até o dia do meu último suspiro.

Aquele foi o pior velório que os pais de Otávio presenciaram. A tristeza que tomou conta de Nicole naqueles dias era deprimente. Ela já não era a mesma pessoa cheia de vida e nada a fazia ficar melhor. Em uma conversa com Rita ela confessou:

- Se Mathias morreu, eu não tenho mais motivos para continuar viva.

- E o seu filho? Ele tem que ser o maior motivo para você lutar.

Nicole não disse nada. Os dias se passaram e a modelo estava a cada dia pior: não comia, não bebia, estava emagrecendo, até que ouviu um barulho na porta de seu quarto:

- Seja quem for volte mais tarde.

A moça pediu. Ela viu seus pais que não via a anos:

- Oi minha filha!

André, seu pai cumprientou.

- O que vocês fazem aqui?

- Isso é jeito de falar com a gente?

Eduarda, sua mãe a repreendeu.

- Eu só quero saber o que fazem aqui. Vocês nunca ligaram para mim, essa é a verdade.

Nicole confessou.

- A gente veio te buscar. Chega de ficar nas costas dos seus tios.

Disse André.

- Me buscar? Para que? Para me internar em um hospital psiquiátrico?

Nicole perguntou.

- Se for preciso sim. Tudo o que vamos fazer é para o seu bem. Soubemos que você sofreu muito com o seu antigo relacionamento.

André disse.

- Não saio daqui nem carregada, se eu tiver que sair, vou voltar para minha antiga casa, e além do mais não quero ficar preto de vocês, quero ficar perto de Mathias, nem que para isso tenha que deixar meu filho ser criado pela avó dele, a dona Geiza.

- Você não tem escolhas, já está tudo decidido, você vai com a gente e ponto.

Dessa vez foi Eduarda quem falou.

- Quero ver como vocês vão me tirar daqui. Eu os aconselho a voltar para a casa de vocês e viver para cuidar da vida dos outros que é o que vocês fazem de melhor.

- Eu não vim aqui apenas por você Nicole, estou fechado negócio com um grande empresário chamado Pedro Furtado Júnior, você nem deve conhecer, pois, ele não liga para essa bobagem de modelagem. Estou negociando a fabricação de alguns cosméticos. Já que você gosta tanto de ser modelo, por que não se oferece para ser a
garota-propaganda da marca de cosméticos? Eu pago, e você estará fazendo o que gosta, não tem como sair perdendo.

- Não quero. Não tenho cabeça para pensar em trabalho agora. Quero cuidar de mim, já que não tenho ninguém que possa fazer isso por mim.

- A proposta está feita e estará um mês de pé, se dentro desse meio-tempo não me dar uma resposta, conseguirei outa modelo.

- Quer saber pai? Consegue outra agora. Você só me fez essa proposta por pura pena. Você nunca apoiou a minha carreira e não será agora " do dia para a noite" que começará a apoiar.

- Ótimo! Sei que você está de cabeça quente. Pense bem.

Os pais de Nicole saíram do quarto e a deixaram sozinha:

- Não volto com eles, nem que para isso eu tenha que tirar minha própria vida.

Ela disse a si mesma.

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