Pedro ouviu um bater em sua porta:

- Entra!

Permitiu ele, já sabendo de quem se tratava.

- E aí, Pedrão. Fala ai!

Bom dia.

Cumprimentou Mathias animado.

- Bom só se for para você.

Retrucou o pai de Luísa.

Nossa, mas você tá uma pilha de nervos, hein?

Cadê sua mulher? Ela não divide essa sala com você? Ou vai me dizer que ela se apossou da sala que eu mandei ela redecorar para mim...

Mathias ficou satisfeito ao ver a cara de espanto e raiva de Pedro:

- Que história é essa de Cecília redecorar sala para você? Você só pode estar totalmente fora de si, já não basta roubar tudo o que eu te emprestei, agora quer roubar o tempo da minha esposa também?

O homem perguntou.

- Não seja trouxa, Pedro. Se você acha que vou gastar apenas o tempo de sua esposa está muito enganado. Não é só o tempo dela que vou gastar.

Pode ter certeza que tem mais coisas a serem gastas...

O seu dinheiro, por exemplo.

Na prática, eu vou escolher os móveis, um papel de parede novo, um computador mais moderno e com um processador mais rápido, uma impressora melhor do que aquela que está lá, e de preferência, um wi-fi exclusivo também.

E não é só isso. Não pense você que vou me contentar com uma mixaria de salário não.

Eu vou alavancar essa empresa como nem você nem seu filho foram capazes de fazer todos esses anos.

Vou transformar esse império em uma das maiores - se não a maior - empresa do país e uma das maiores do mundo.

Você ainda vai me agradecer por isso um dia.

O ex-namorado de Luísa disse.

- Isso tá bom demais para ser verdade.

Eu te conheço muito bem. Sei que isso não vai sair barato.

Sei muito bem que sua intenção aqui não é trabalhar.

Vá direito ao ponto. O que você quer em troca dessa suposta alavancada aí?

Pedro perguntou.

- Sogrinho, vejo que te substimei. Você não é tão lerdo quanto pensei.

Agora chegamos onde eu queria. Vamos ao preço de todos esses benefícios e melhorias:

Além do meu salário que deverá ser igual ou superior ao salário que o seu filho recebia eu quero uma pensão vitalícia, mas não pense você que será uma mixaria não.

Bom, você tem que concordar que devemos dar o melhor a nossa família, não é mesmo?

Eu tenho uma namorada e quero oferecer a ela uma vida de luxo, portanto, não me venha com merrecas ou você já sabe o que acontece.

Também quero uns agradinhos de vez enquanto...

Um celular novo daqui, um computador novo dali e por aí vai.

Mathias fazia suas exigências, vendo Pedro ficar cada vez mais nervoso.

- Você tem que concordar que seu filho tinha um péssimo gosto para decoração, né?

Parece uma sala feita em mil novecentos e vinte.

Aquilo lá é horrendo, convenhamos.

Mas confio na Cecília. Ela tem bom gosto para decoração....

Já para marido não se pode dizer o mesmo, né?

- Esculta aqui, que fique bem claro:

Essa chantagem batata acaba aqui. Eu já te dei emprego, já te dei dinheiro...

Agora basta.

Pedro disse.

- Meu querido sogrinho, eu acho que eu e você ainda não estamos falando na mesma linguagem:

Quem vai dar ou não dar um basta nessa situação sou eu e isso só vai acontecer no dia e na hora que eu quiser.

Até lá você e Cecília vão ter que aguentar todas as minhas exigências.

Mas para que fique mais leve para vocês, eu vou dar uma dica:

- Faça tudo como se fosse para o seu falecido filho. Pense que depois de anos ele voltou e merece um lugar repaginando e moderno.

Imaginou? Espero que sim porque eu não tenho o resto do dia. Vamos as minas exigências:

Todos os móveis sem exceção deverão ser trocados por outros os quais eu irei escolher, terá que ser um lugar bem aconchegante e moderno.

Luz branca. Ar condicionado da melhor marca, poltronas almofadadas bem confortáveis.

Mathias disse.

- Eu não posso fazer tudo isso de uma vez, posso até liberar o dinheiro para a redecoração de sua sala, mas, todos esses
eletroeletrônicos, é impossível, não posso fazer isso de uma vez só.

Pedro o avisou mas, Mathias não deu importância e continuou a falar:

- Pode sim. Claro que pode. Basta que você queira.

E se fosse Luísa te pedindo? Ela não ia nem precisar terminar de falar para você ir na loja de eletroeletrônicos mais cara e comprar tudo isso, sem a mínima preocupação.

Pedro olhou para Mathias com o olhar perfurante:

- Se eu comprasse isso tudo para minha filha, seria um investimento, agora se eu comprar para você, será um desperdício de dinheiro.

Mathias sorriu:

- Eu discordo, se você comprar tudo isso para mim, você também estará fazendo um investimento...

- E eu posso saber em que exatamente, eu estaria investindo?

Perguntou Pedro.

- Na mentira que você e Cecília inventaram.

E tem mais:

Você acha que me engana? Vocês tem dinheiro para dar e vender.

Sua mansão é enorme. Sua filha é uma bela patricinha, o túmulo do seu filho deve ser o mais chique, situado no melhor cemitério... Sua esposa só anda com jóias que devem custar o preço de um carro....

Agora me vem dizer que não tem dinheiro para fazer uma decoração em uma salinha chucra dessa empresa?

Me engana que eu gosto.

Mathias sorriu vendo Pedro se levantar alterado de sua poltrona:

- Olha aqui menino, se continuar me atazanando, eu não sei o que sou capaz de fazer!

- Me solta!

Ordenou Mathias. Vendo Pedro o segurar pelo colarinho da camisa.

Pedro o soltou, mas, Mathias se desequilibrou e acabou caindo no chão:

- Eu não acredito que me agrediu! 

Mathias disse assustado.

- Eu te soltei e você se desequilibrou sozinho.

- Ah, só para deixar claro, eu sei muito bem o que você é capaz de fazer...

Você faria o que os peixes fazem:

Nada.

Só tem papo.

- Vai para o inferno, Mathias.

- Tô achando que você vai primeiro.

Mathias disse.

- E tem mais:

Por que não faz isso com sua filha? É ela que merecia, e não eu.

- Eu sei respeitar minha filha e minha esposa e apesar de qualquer escolha que fizerem, eu nunca tive, nem terei e nem quero ter o direito de encostar um dedo nelas.

Pedro respondeu.

- Por falar em esposa, eu tenho uma dúvida a muitos anos em relação a seu casamento com a Cecília, mas nunca pude perguntar enquanto seduzia a insuportável da Luísa, mas agora que isso já acabou e vocês já sabem quem eu sou não fará mal nenhum em perguntar:

Quantos pares de " chifres" você já colocou na Cecília?

- Saí da minha sala!

Pediu ele o mais educado possível.

- E onde eu vou ficar?

Perguntou Mathias.

- Fica na sua sala.

Respondeu Pedro.

- Cecília está trabalhando lá!

Disse Mathias.

- Ai Mathias, vai para o raio que o parta, me deixa em paz.

Disse o pai de Luísa irritado.

- Ótimo!

Exclamou Mathias.

- Já que Cecília está na minha sala, eu fico aqui, na mesa dela.

- Não!

- Você não pode ficar no lugar que pertence a ela, sem a permissão dela, nem eu fico aí, tudo o que está aí é dela, o computador é dela, os documentos que estão aí foram endereçados a ela, você não pode ficar aqui.

- Ok!

Concordou Mathias.

Eu tenho só mais uma única pergunta antes de sair:

Mathias disse.

- Fala logo e depois some daqui.

Pedro disse.

- É uma curiosidade na verdade, eu sempre quis perguntar, mas qunado estava seduzido a trouxa da sua filha não pude perguntar:

Quantos pares de " chifres" você já colocou na Cecília?

Não, Pedro, é sério. Quantas vezes você já "pulou a cerca"?

Mathias perguntou.

- Esculta aqui, Mathias, nem todas as pessoas são mal-carater como você.

Eu nunca traí Cecília e isso nem passou pela minha cabeça.

Pedro respondeu.

- É sério? Meu Deus, você é um herói então porque para aguentar duas dondocas na cabeça sem querer fugir é impossível.

- Mathias, some daqui agora.

Pedro disse

- Eu vou ver como estão os trabalhos na minha sala, e expulsar Cecilia de lá o mais rápido possível.

Pedro decidiu que talvez ficar calado fizesse Mathias cessar com as provocações.

Mathias saiu da sala, batendo a porta.

- Como eu pude cair no papo barato desse menino? Agora vai ser impossível sair desse currículo vicioso.

Ele disse a si mesmo sem saber como se livrar daquela situação.

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