Alguns anos atrás

Me encolho em uma bola na esperança de me proteger. Ouço os passos dele se aproximando e engulo minhas lágrimas. Quero minha mãe.

_ Kallyna?_ a voz dele soa novamente embriagada._ Cadê você sua vadiazinha?

Ele abre a porta de meu quarto e dou um sobressalto tapando minha boca para que não me ouça em baixo da cama. Ele caminha aos tropeços pelo quarto e para perto da cama me fazendo estremecer.

Não quero que me toque.

Ele se abaixa e vejo seu sorriso asqueroso. Ele me puxa para cima e me joga na cama de modo violento.

_ Então você quer brincar?_ sua mão acerta meu rosto e grito.

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_ NÃO!_acordo e grito saindo da cama sobressaltada segurando minha adaga que sempre fica comigo em baixo do travesseiro. Meu coração bate forte e o suor escorre em meu corpo, sinto um arrepio percorrer meu braço e me sento na cama esfregando o rosto. Vou para o banheiro e tomo um banho frio para me refrescar.

Olho para o relógio e já estou atrasada para o trabalho. Pego uma calça qualquer e a visto, pego uma blusa branca e coloco uma jaqueta de frio. Escovo os dentes em tempo recorde e pego minha mochila, meu celular e meu fone de ouvido. Desço a escada fazendo um rabo de cavalo em meu cabelo e minha avó está sentada a mesa tomando seu café.

_ Tchau vó_ beijo sua bochecha e ela sorri.

_ Ally_ diz meu apelido carinhoso e olho para ela que segura uma maçã e meu óculos.

_ Valeu._ pego e saio.

Quando subo em minha moto meu telefone toca e vejo o nome do meu chefe. Coloco o fone e o atendo.

_ Onde você está?_ Pergunta e acelero.

_ Já estou quase chegado Carlos_ falo e ele ri.

_ Acabou de sai da sua casa né?

_ Talvez_ dou risada e ele me acompanha.

_ Precisamos de você no centro_ soa sério_ Seja rápida Kallyna.

Ele desliga e foco na estrada. Em menos de dez minutos chego a cena e ele acena para mim. Tiro minhas luvas e minha câmera da bolsa que por sorte sempre carrego um kit comigo para esse tipo de situação frequente.

_ Então o que houve?_ ele pergunta e reviro os olhos pedindo espaço.

Começo a tirar fotos e avaliar o que aconteceu com ela.

_ Só dormi um pouco demais._ respondo e ele assente._ Ferimento de bala eu diria calibre 10, mas não parece que foi isso que a matou, o tiro acertou a perna esquerda e o braço._ encaro a pancada na nuca dela_ Tá vendo aquilo_ aponto para o ferimento_ foi a provável causa, mas para ter certeza preciso avaliar bem, levem ela para o laboratório e dentro de algumas horas te dou o resultado.

Ele sai e o pessoal a levam. Avalio a cena e recolho algumas provas. Ouço passos atrás de mim e tento não surtar e me virar de uma vez.

_ Kallyna?_ Era Carlos novamente.

_ Que?

_ Você vai precisar de mais alguma coisa?_ diz e vejo suas bochechas ficando num tom rosado.

_ Não, eu já estou indo pra central._ recolho minhas coisas.

_ Eu tava pensando em depois do expediente você ir comigo dar uma volta, quem sabe uma cerveja?

_ Não, mas valeu Chefe_ destaco a última palavra e ele assente. Subo na moto e acelero.

Quando chega a central vou para o meu laboratório, um lugar espaçoso e agradável com balcão de mármore preto e meus computadores de análise mas encontro um homem lá parado mexendo nas minhas coisa.

Laboratório da Kallyna

_ Posso ajudar?_ jogo minha bolsa na mesa e ele tem um sobressalto.

Quando ele me olha pisco várias vezes. O homem parecia ter saído do cinema de tão lindo, os olhos azuis oceano estavam brilhando com astúcia, a barba por fazer era um charme e o sorriso era simplesmente encantador demonstrando suas covinhas.

_ Desculpe_ ele passa a mão no cabelo castanho escuro deixando ele revolto e sexy._ Eu estava apenas dando uma olhada.

_ Sei, você não trabalha aqui._ afirmo e ele sorri ainda mais.

_ Agora eu trabalho, mas como detetive._ soa convencido.

_ Então se você não percebeu está no meu território_ vou até a porta e a abro_ Vaza daqui.

_ Você é mau humorada assim?

_ Vaza!

Ele sai rindo e vejo as mulheres do departamento rindo e cochichando sobre ele.

_ Ah meu nome é Oliver Jersey. _ diz ele me olhando e dando uma piscadela.

_ Problema é totalmente seu.

Fecho a porta e sinto um sorriso se abrir em meu rosto.

_ Idiota_ resmungo ainda sorrindo.

...

Caminho lentamente pelo estacionamento. A noite chegou rápido demais e não queria ir pra casa dor ir e ter outro daqueles pesadelos idiotas. Subo em minha moto e acelero em direção a saída, mas quando paro para colocar meu ticket ouço um barulho estranho e olho ao redor.

Desligo minha moto e sigo o som. Chego no final de um beco no fundo da delegacia e me surpreendo ao ver Oliver Jersey segurando uma faca e o corpo de um homem caído no chão com várias perfurações.

_ Quem é você?_ ele perguntou e dei vários passos para trás agradecendo por meu capacete ser preto e a viseira escura.

Tento sair correndo mas ele pula em cima de mim e caímos no chão. Ele tenta puxar meu capacete mas acerto seu nariz com um soco ele sai de cima de mim quando tenta me chutar desvio para o lado. Com um impulso me levanto e o acerto com um chute giratório.

_ Desgraçado_ ele resmunga e saio correndo.

Acelero minha moto e vou pra casa com o coração acelerado.

Grande filho da puta.

....

Mais um dia de trabalho e quando entro na central vejo uma grande comoção das pessoas cuidando do detetive assassino.

_ Ei garotinha_ ele se aproxima de mim e reviro os olhos. _Você viu o que fizeram comigo?

_ Vi e daí?_ destrancou minha sala e evito olhar para ele._ Foi um belo nariz quebrado não acha?

_ Eu sei quem fez isso Kallyna_ sua voz soa seria e o encaro vendo ele abrir um sorriso lento_ Você até que bate bem para uma garota.

_ Como soube?_ pergunto fingindo surpresa.

_ Ah você não quer saber realmente, não estou aqui para falar de como descobri e sim do que você viu ontem a noite._ ele se aproxima e me encurrala entre a mesa e seu corpo grande.

_ Eu vi um assassino em ação Jersey_ ele me olha com astúcia_ Se não sair de perto de mim termino de quebrar seu maldito nariz.

_ Vindo de alguém que trabalha com Lorenzo Smith eu não duvido_ ele dá um passo para trás e o encaro surpresa_ Sim querida eu sei de tudo e um pouco mais.

_ Você é...

_ Incrível? Inteligente? Claro que sim.

_ Eu ia dizer cretino_ ele faz uma careta de tedio_ Não se meta comigo Oliver eu não costumo ser amigável.

_ Ok então, nos vemos na reunião mais tarde, agora eu faço parte do seu seleto grupo de amigos._ ele sai com ar superior e reviro os olhos.

Além de aguentar ele no trabalho ainda vou ter que aguentar ele nas reuniões da máfia também?

_ Que maravilha!

....

Oiê genteee!

Bem vindas ao terceiro livro da série Mulheres Fatais, espero poder contar com vocês nessa nova jornada onde Kallyna será a protagonista.

Continuem comigo e se surpreendam.