ARNIE

Arnie está aguardando no local, que eles escolheram para chamar de A BASE.

As câmeras revelam sem dificuldades, tudo o que vem contra A BASE. Não há nada, que Arnie não possa ser avisado, se as imagens falharem, os alarmes e as minas certamente farão o serviço.

A BASE é exatamente o lugar onde ele torturaram o delegado Charles. O local é bastante úmido, chegando o mofo a tomar conta de todo o local, além do mau cheiro, e das centenas de baratas e ratos, que cruzam pelo lugar.

As paredes estão tomadas pelo mofo e seus grandes rastros de lodos seguem para todos os cantos.

Porém, com a perícia e organização que lhes é de costume, o trio toma cuidado e faz os devidos ajustes para que todos os computadores e máquinas eletrônicas de última geração, funcionem com total segurança e sem perigo de pane.

Arnie acompanha tudo lá fora monitorando todas as entradas e lugares circunvizinhos.

O local fica abaixo de uma antiga casa de farinha, situada na cidade Paudalho. Há trinta minutos do Recife.

Os equipamentos para torturar ainda permanecem no local, que já está limpo, parecendo que nada aconteceu ali.

A temperatura mostrada em um dos doze monitores é de vinte e cinco graus celsius.

As máquinas e computadores se auto-refrigeram, com a tecnologia de ponta japonesa.

Arnie olha para o celular.

Nenhuma ligação ou mensagem.

Ele acha tudo estranho e está apreensivo. Nayva saiu logo cedo e estava com a missão de concluir o trabalho que eles começaram.

Ela tem o "score 100" dentro da organização KFA, o que significa que são cem porcento de aproveitamento.

Em resumo, todos que foram datados, estão mortos... Exceto um:

Charles Assunção.

O alarme do celular dispara.

São vinte horas.

— Hora do meu remédio. – O assassino pensa alto, porém seus olhos param no monitor, e ele assusta-se com a temperatura. — Que porra está acontecendo? — Arnie surpreende-se, ao visualizar no monitor que caíram vinte graus celsius da temperatura ambiente.

O homem consulta as condições climáticas e temperatura da região, pela internet, que aparece de imediato vinte e nove graus celsius com o céu estrelado.

— Porra, será o sistema de refrigeração deu pau? — Arnie empurra a cadeira para trás ao perceber que está saindo fumaça da sua boca.

Um vento gélido cruza a sala, e ele sente o frio começar a incomodar, haja vista, está usando uma camiseta preta e uma calça jeans clara.

Arnie, volta dois passos e olha o corredor, com seus cinquenta metros de extensão e totalmente iluminado.

O assassino da KFA, meticulosamente procura através do o monitor da entrada leste, algo que explique o frio torrencial que está sentindo...

— A entrada está fechada.

Logo, se não há possibilidades de circulação de um vento gélido, com a porta aberta, muito menos com a entrada fechada.

Arnie esfrega as mãos... O frio aumenta.

A temperatura, cai mais quinze graus celsius... Chegando a menos dez graus.

As câmeras que circulam na entrada da BASE, apagam-se. Nos monitores, apenas a tela preta ao fundo.

— O que está acontecendo nesse caralho? — Arnie sente o frio aumentar mais, no termômetro, menos vinte graus celsius.

"Pof"

O som da primeira lâmpada que estoura, faz com que Arnie, vire-se rapidamente para o final do corredor. Nada.

Com astúcia, ele começa a fazer uma busca pelos monitores, procurando por algo estranho, porém não encontra nada.

Ele muda todas as câmeras para visões térmicas: Nada. Ainda não conformado, ele faz os ajustes para variação ambiente X Sombras:

— Nada... Os computadores não mostram nada... Meu Deus, que frio infernal! — O monitor já informa menos trinta graus celsius.

"Pof"

"Pof"

"Pof"

Mais três lâmpadas estouram. O corredor que termina na sala de monitoramento, fica mais escura.

Arnie, saca sua arma automática com mira laser, percebe que há algo errado, e a escuridão já chegou no meio do corredor.

A temperatura não para de cair, e desce mais até os dois graus celsius.

Um vento gelado vem do final do corredor, chegando até onde ele está. Arnie, rapidamente direciona as câmeras internas, para analisar o corredor com o infravermelho.

Uma sombra disforme aparece.

Ele dispara sem pudor.

Arnie volta a olhar a imagem através das câmeras... agora, dois pontos vermelhos aparecem, eles estão quase dois metros acima do chão.

O coração de Arnie acelera. Ele, olha o monitor e corredor, respectivamente.

— Isso são dois olhos?

A câmera capta, Drake sorrindo com os seus olhos para ela.

➖5️⃣0️⃣

Com o termômetro apontando cinquenta graus celsius negativos, o assassino se levanta e procura roupas. Qualquer roupa. Seu corpo está sendo sacudido ainda mais pelo frio.

— Arnie, Arnie e Arnie... Você já viu alguém morrer congelado? — A voz vem da escuridão no corredor.

Sessenta graus celsius negativos.

Arnie efetua novos disparos. O frio queima sua pele. O monitor, antes de apagar, mostra setenta graus celsius negativos.

Arnie, efetua mais disparos e grita contra as sombras:

— Sai das sombras seu filho de uma puta covarde!

Uma gargalhada demoníaca reverbera da escuridão.

Arnie, já quase não consegue ficar em pé, devido à pressão gélida, caudadas pela sensação térmica... Dois olhos demoníaco aparecem na divisa entre a escuridão e a luz.

— M-meu D-Deus.

"Pof"

"Pof"

"Pof"

"Pof"

O assassino da KFA, tendo a voz trêmula, solta a arma. Ele encurva-se sobre o chão, como se fosse possível buscar o calor do inferno.

Arnie olha para as sombras, que agora dividem o corredor e a sala de monitoramento.

A silhueta negra é visível.

— Você, como excelente assassino e torturador que é, sabe que o frio é um anestésico natural. — A voz é cínica e polida.

— Quem é você porra? — A pergunta quase não sai, por que ele, Arnie, não é mais dono do queixo, e muito menos do corpo.

Os olhos acendem iguais dois faróis vermelhos.

Drake suspira decepcionado.

— Posso chamar você de Ar? —
O homem só consegue bater mais o queixo, e ficar mais prostrado.

Drake, ajoelha-se na frente de Arnie.

— Sério Ar, estou desapontado. — Drake começa falando com um tom havido. – Há alguns dias você e seus amigos perguntaram sobre mim, para um amigo meu que está hospitalizado.

O homem deitado, se debatendo no chão, responde:

— Você chegou tarde... Ele... essa hora, está morto.

— Hum, entendi... — Drake senta ao lado de Arnie e coloca um par de olhos azuis sobre o chão, virados para o rosto dele. — Você deve está presumindo que a dona desses olhos, terminou de empacotar o defunto... Correto?

Arnie tenta vomitar, mas o frio o entala. Drake dar-lhe uma tapa nas costas.

— Ar, assim não! Chegar tão longe e morrer entalado? Não vou deixar que sua morte seja assim, tão banal e cretina.

Arnie, não sabe se está tremendo mais de pavor ou de frio. O assassino da KFA, assusta-se ainda mais ao notar que os dois olhos desejosos por vingança, mudam da cor vermelhos sangue para a cor das densas trevas.

— Sim, Arnie... Sei que percebeu que estou ansioso para começar a te esquartejar, e posso te contar um segredo?

O homem não consegue chorar, por que suas glândulas lacrimais estão secas devido o frio.

— Eu vou deixar você assistir! O que me diz?

Arnie, se esfrega sobre o piso.

— Então, chega de conversa, até por que somos homens que trabalhamos melhores calados. E, preciso encontrar por que o seu amigo, o marombado. — Drake deita-se de bruço — E quando achá-lo e se servir de consolo, tenha certeza que estou sendo piedoso com você.

Passadas duas horas da invasão do seu quarto, Charles escuta passos apressados vindos pelo corredor e o barulho vai aumentando junto com os burburinhos.

Uma enfermeira entra rapidamente no quarto e com ela mais dois policiais, o mais atlético chama-se Jayme.

— Graças a Deus delegado, o senhor está bem! — Explica-se o policial

— O que aconteceu? — Pergunta Charles apreensivo.

— Na escada de incêndio encontramos uma copeira morta. — Responde o segundo policial, por nome de Ivan.

O delegado tenta se levantar.

— Desculpas, mas o senhor precisa ficar deitado! Pela sua saúde! — Ordena a enfermeira.

Os dois policiais aproximam-se do delegado, para reforçar o pedido da enfermeira.

— Vocês estão de sacanagem comigo! — Charles olha para o canto do quarto, no lado esquerdo, por trás dos policiais, e surpreende-se com o pequenino animal lambendo as patas satisfatoriamente. — Pedem para ficar calmo, e deitar depois de entrarem aqui de forma abrupta... E ainda dizendo que a copeira morreu.

— Pedimos desculpas, mas, assim que o corpo foi achado, viemos logo aqui, para vermos como o senhor está!

— Mas, e o policial que está tomando conta da minha porta?

Os dois policiais se olham.

— Ainda não o encontramos.

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