Capítulo 10| Lorena


Meu deus! Isso não pode estar acontecendo comigo.

— Como assim Charlotte já saiu? — perguntei ao porteiro da escola

— Um homem disse que seu pai pediu para vir a busca dela — o senhor disse

— E vocês ligaram para confirmar?

— Sim! O homem ligou para ele

Eu logo peguei meu celular e liguei para meu pai

Oi filhota! Está tudo bem?

— Pai o senhor pediu a alguém para vir a busca de Charlotte?

Não! Você prometeu que hoje iria trazê-la para casa! O que aconteceu?

Pai Charlotte sumiu!

O que!? Lorena você está brincando?

Não estou pai! É sério, alguém levou ela — eu disse já chorando de desespero, tinha alguns pais a minha volta, e outros pararam

Eu venho já para aí! — meu pai disse e desligou o celular, eu olhei para o porteiro que parecia mais preocupado

— Meu pai não mandou ninguém, um homem qualquer levou a minha irmã de 11 anos

— Me perdoe senhora mais a chamada parecia real eu não tinha como provar o contrário

Eu passei a mão nos cabelos compridos e fui ao meu carro, isso não estava acontecendo.

Alguém levou minha irmã, porque, ela não fez mal a ninguém, um amor de pessoa, eu preciso me concentrar, meu coração estava batendo tão rápido que a respiração se tornou difícil.

Vi meu pai descer do carro, logo que me viu veio me dar um abraço bem forte

— Já falei com a polícia filha! Eles já estão procurando por ela

— Mas porque alguém faria isso com ela?

— Não sei filha! Não sei mesmo, mas temos de a encontrar antes que aconteça algo

Eu e meu pai fomos a secretaria, por sorte o homem tinha sido filmado pelas câmeras que tinha na porta, meu pai fez uma cara meio assustado com o que via, parecia conhecer o homem.

— Pai? Está tudo bem? — perguntei

— S-sim filha está! — meu pai não tirava os olhos da tela.

Logo que saímos, ele falou alguma coisa para a polícia que logo ligaram para seus colegas

— Pai? Está tudo bem mesmo? Se o senhor tem alguma coisa para falar, me diga por favor!

— Te explico em casa!

Fomos até casa e encontramos minha mãe e minhas tias preocupadíssima

— Encontraram a minha menina? — minha mãe perguntou

— Infelizmente não! Os policiais estão investigando — eu disse

— Aí meu Pai. Porque ela? — minha mãe falou

— O homem que a levou era Yuri — meu pai disse

— Yuri? Quem é ele? — perguntei

— O pai biológico de Charlotte — minha mãe disse, o pai biológico dela a levou? Para aonde? E porque agora? Quando ele teve tempo de ficar com ela fugiu como um irresponsável, e agora quer a menina de volta?

— E porque só agora? Ele tinha tempo! Eu não quero que Charlotte fique com aquele casal! — eu disse começando a sentir o sangue ferver

— Filha não podemos impedi-lo de ver sua irmã, talvez ele queria se desculpar pelo que... — meu pai tentou justificar

— Eu não quero! Esse homem não presta! — eu disse quase gritando

— Lorena! Que isso? Guarde essa raiva — minha mãe repreendeu

— Eu não vou aceitar que minha irmãzinha cresça com irresponsáveis! Eles a abandonaram

— Lorena melhor voltar para casa! Está com a cabeça quente — minha tia disse

— Melhor mesmo filha! — minha mãe disse. Eu apenas assenti e me dirigi ao meu carro

Estava esperando a ligação da polícia quando a campainha tocou! Deve ser meu pai, ou qualquer outra pessoa.

Abri a porta e era Rodrigo, logo ele!

— Oi! Soube da sua irmã e vim ver como estava! — ele disse

Rodrigo sendo boa pessoa?

— Desde quando presta apoio? — perguntei

— Desde hoje! — ele entrou e eu fechei a porta — Como você está?

— Bem! Como pode ver— disse sarcasticamente e me sentei no cadeirão e ele sentou na mesa de centro

— Fique tranquila ela vai aparecer

— Pior é que o homem que a levou é o pai biológico

— Não vejo mal nisso! Talvez ele quer se reconciliar com ela, ou contar a verdade — Rodrigo disse

— O homem abandonou ela, junto com a mãe, quando os meus pais poderiam lhes ajudar eles negaram — eu disse

— Mas Lorena você não pode impedir um pai de ver a filha, ele abandonou mas... não deixa de ser pai dela

Uma vez na vida eu poderia concordar com Rodrigo.

— Você tem razão! Mas... eu... não me sinto bem vendo ele com Charlotte — eu levantei — Eu nem sei o que pensar! — Rodrigo levantou e me deu um abraço, sendo sincera me senti bem naquele abraço

— Ela está bem! Da um tempo a ela só tem 13

— 11 Rodrigo — corrigi te imediato

— Você entendeu — ele disse e me fez rir — Mas não pense em coisas más, só pense que ela vai voltar para vocês

— Sim. Desde quando você se tornou carinhoso?— perguntei com o rosto sobre o peito dele

— Desde agora

O celular dele tocou e o meu também, ele atendeu porque era do trabalho e a polícia ligou para mim

— Que alívio! Eu vou já a busca dela muito obrigado — disse, tinha encontrado Charlotte, estava bem sem um arranhão sequer

— Encontraram ela — eu disse

— Eu avisei! Vai lá buscar ela, eu tenho que ir ao trabalho, quer que eu te deixe lá? — ele perguntou

— Pode ser

Quando chegamos a delegacia e vi a minha irmã, meu coração pulou de alegria ao vê-la inteira

— Charlotte meu Deus! Está tudo bem? Não se magoou? — perguntei

— Não Lorena! Só fui almoçar com meu pai

— Não volte a sair da escola sem avisar ninguém! Me deixou super preocupada

— Desculpa! Não foi minha intenção te preocupar

— E não deve sair com qualquer homem, sabe-se lá quem era ele — eu disse

— Está bem! Já podemos voltar para casa? — ela perguntou

Chegamos a casa e ela recebeu enumeros abraços de todos e beijos, meu celular vibrou e era uma mensagem de Jorge

"Sua irmã apareceu?"

"Já"

"Onde está? Estou com saudades, e precisamos falar"

"Me encontre em casa"

Eu sei que era para falar sobre o que aconteceu entre mim e Nicolle, ela me ofendeu demais naquele dia, eu queria encher a cara dela de tapas, mas preferi me concentrar e respirar, Jorge me ligou muito.

Provavelmente era para dizer para eu a desculpar ela, não ligar, mas Nicolle já fez o bastante para tentar me arruinar por causa de um homem. Quem nem gostava dela.

Quando as portas do elevador se abriram vi Jorge parado na minha porta com o celular na mão ele olhou para mim e deu um leve sorriso

— Já está aqui a muito tempo? — perguntei

— Uns minutos

Entramos e ele me agarrou e me deu logo um beijo

— Calma! Primeiro preciso comer

— Ah amor! Coma depois — ele disse e me deu um monte de beijos

— O problema é que eu não almocei, estou esfomeada

— Só porque não almoçou — ele me largou e eu peguei a comida

Enquanto comia quebrei o nosso silêncio

— Sobre o que que queria falar comigo?

— Sobre ontem, olha Nicolle teve uma crise de ciúmes e

— Eu sei, ela realmente me ofendeu demais, mas não ligo — disse

— O que aconteceu entre vocês? Porque ela te odeia tanto?

— Bom, éramos muito amigas, nos conhecemos na universidade de Economia, em algumas palestras sobre Gestão Empresarial fomos juntas. Depois de um tempo ela veio ter comigo e disse que estava namorando e queria me apresentar o rapaz. Fomos a um restaurante e ele estava me olhando de um jeito estranho

— Estranho como?

— Meio que ele tentava me seduzir em segredo. Depois, Nicolle começou a exagerar nas saídas com ele, quando era para ser só nós duas, ele aparecia, depois ele começou a dar em cima de mim, eu disse a Nicolle mas ela não ouviu, depois ele veio ter comigo dizendo que estava apaixonado

—Muito comum, acho que já imaginava essa situação — ele mesmo sério parecia estar rindo

— E disse que iria acabar com Nicolle para ficar comigo, não aceitei e ele ficou super magoado

— Sei que não queria que ele ficasse assim, mas você tinha que falar para ele

— Quando ele acabou com Nicolle, tinha dito umas coisas nada a ver para ela e ela ficou chateada

— Nicolle é muito mimada, nem sei como ela não se apercebeu que ele gostava de você

— Eu acho que não estava tão óbvio assim, ele escondia muito bem, e agia como se fôssemos amigos de longas datas, e Nicolle não se dava ao trabalho de prestar atenção

— Depende — ele disse — Já acabou?Temos muito que fazer ainda — Ele segurou em minha cintura e me deu um beijo demorado

— Está bem então. Jorge gosta de artes?

— Talvez eu goste, minha arte favorita é você — ele começou a beijar meu pescoço

— Interessante que eu me pareça com um quadro — ele ri — Quer me acompanhar amanhã numa exposição de uma amiga? — perguntei

— Não sei se terei tempo, amanhã tenho duas reuniões para ir, um monte de e documentos papéis para assinar não sei

— Por favor meu amorzinho

— Verei o que posso fazer

— As dez horas

— Da manhã? — concordei com a cabeça — Fica mais puxado, se eu chegar atrasado tem problema? — ele disse

— Um pouco só... mas não faz mal, você tem muito coisa para fazer

— Obrigada pela compreensão mas temos outro trabalho.

Ele me agarrou em seu colo e fomos para o quarto.

Passar tempo com Jorge era bom, nessa mesma noite Jorge me pediu em namoro, e eu sem pensar duas vezes disse sim, por alguns minutos achei que a minha decisão foi errada, porque respondi de imediato, nem sabia o que vinha.

Mal conhecia Jorge direito e já estávamos namorando, mas também não era justo estarmos fazendo sexo e não namorarmos ou casarmos, que talvez seria o mais correto, como diz a minha mãe.

Mas talvez serei mais feliz com ele do que alguma vez fui com Rodrigo.

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