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Muito enjoo.

É isso que eu sinto toda manhã.

Vômitos também.

Johnny acha que eu não estou tomando as pílulas certas e ele está certo.

É muita coisa para lembrar então eu não lembro.

Já tinha se passado uma semana que tínhamos visto nosso bebê e eu estava ansiosa para a próxima consulta no mês que vem.

Eu também estava ansiosa para a despedida do Brian.

Ele e Lindsay, agora sua noiva, estavam aqui desde a semana passada e não tinha indícios que eles iriam embora logo.

Praticamente estamos todos morando juntos e eu não gosto disso por diversos motivos.

Porém o mais importante; Eu queria dar em paz para o meu marido mas não consigo fazer isso se toda hora Brian chama por ele.

Eu não sei como o próprio está fazendo para transar com a Lindsay, por que com o Johnny eu não consigo.

E se Johnny estiver participando com eles?

Hum, isso é coisa da minha cabeça.

Claro que ele não está fazendo isso.

Ele está o tempo todo comigo graças a Deus.

Porém também não sei né.

— Você está transando com o Brian e a Lindsay? — perguntei bem baixinho pra não assustar, estávamos vendo um filme no quarto com ele deitado entre minhas pernas, e ele se levantou na mesma hora tossindo muito e eu tive que ajudá-lo batendo na suas costas. — Você está bem?

— Que porra é essa?

— Só queria saber, amor, nossa...

Não gostei do tom de voz dele.

Foi só uma pergunta.

— Caralho, você sabe que não então por que você pergunta?

— Eu só queria saber, a gente nunca mais transou, então eu imaginei que estivesse com outra pessoa.

— E tudo bem por você se eu estivesse? Você parece calma demais.

Ele tinha até pausado o filme depois de seu engasgo e sim, eu parecia estar calma mesmo, mas eu só estava curiosa.

Eu só dei de ombro, não sabendo o que responder.

— Eu não estou, Chloe, tenho certeza que você sabe disso. — ele segurou meu rosto acariciando. — Para de ser maluca, estou assustado com a sua calmaria.

Tanto faz.

— Deixa para lá.

— Você está bem, Chloe? — eu só balancei a cabeça concordando, eu estava mesmo. — Não transamos por que você está enjoada o tempo todo e quando não está, está agredindo o Brian. É um pouco difícil ter tempo, não acha?

— Hum.

Quem quer acha um jeito, não é?

Mas eu que não vou falar nada.

E sim, eu bato no Brian todos os dias entre uma refeição e outra simplesmente pelo fato dele existir.

Eu tento ignorá-lo, eu tento, mas é impossível.

Eu estava com saudades admito, porém já passou.

De repente a porta do quarto foi aberta e meu cachorro passou por ela, com Brian logo atrás.

Ele se jogou na cama e se ajeitou todo a vontade apoiando o rosto na mão.

Quando eu acho que terei paz...

— Vamos sair? — ele perguntou sorrindo, e ainda chamou Sorvetinho para subir na cama espaçosa. — Quero levar Lin em um lugar, mas vou me sentir péssimo se vocês não forem.

Que vão e não voltem.

Johnny olhou para mim mas ignorei puxando meu cachorro pra perto, ele era um traíra e pelo tempo que passamos com Brian eu acho que ele gostava mais dele do que de mim.

E isso não só pela parte do meu cachorro.

— Onde?

É claro que Johnny quis saber, é um curioso.

Mas não o culpo, não temos ido a lugar algum e não temos visto ninguém além do casal, é claro que ele quer sair um pouco.

Eu sou uma péssima esposa e sinto por ele.

— Paris. Ela nunca viu a torre eifeel de perto e eu ainda consegui uma reserva no restaurante lá para nós todos, ela vai amar.

Ele estava muito apaixonado, estava na cara dele, e as vezes eu fico meio boba quando vejo eles juntos... Mas não é motivo para ele atrapalhar o meu momento com o Johnny.

— Como você conseguiu isso?

— Tudo no nome do Johnny, é claro.

Johnny empurrou seu braço e ele caiu batendo a cabeça no colchão, e eu ri enquanto acariciava meu cachorro.

— Vamos ou não?

É claro que não vamos, esse vai ser o momento em que eu finalmente vou conseguir aproveitar o meu Johnny, então é claro que não vamos.





Aparentemente vamos sim.

Contra a minha vontade já digo.

Johnny me obrigou a tudo.

Tomar banho e vestir uma roupa apresentável.

E eu fiz o possível vestindo qualquer coisa.

Porém quando ele apareceu todo arrumado, eu tive que ir trocar de roupa pra não deixá-lo envergonhado por sua esposa não saber se vestir.

Eu não tenho culpa ok, eu só estou cansada.

E eu apenas queria ficar de chameguinho com ele e quem sabe algo mais.

Estava um pouquinho frio agora de noite, então eu coloquei uma meia calça para acompanhar a saia preta e peguei uma jaqueta de couro que encontrei no armário do Johnny para usar juntamente da blusa tule de manga longa.

Prendi meu cabelo por que não queria nada atrapalhando meu rosto e me sentei na cama para colocar o sapato.

E fiz isso resmungando sobre não querer sair e odiar estar fazendo isso, até perceber Johnny na porta esperando por mim.

— Você me odeia não é? — perguntei mesmo sabendo a resposta. — Eu sei que sim, não precisa nem dizer.

Ele sorriu um pouco e caminhou até mim, se abaixando para terminar de amarrar o cadarço por mim.

— Você está linda. — ele falou assim que abaixou minha perna. — Vamos?

Ele que estava lindo.

E até que estava ajeitadinho, sabe? Nenhuma roupa rasgada e estranha, por isso que tentei me arrumar ao máximo.

A camisa escura que ele usava estava aberta nos três primeiros botões e ainda estava com a manga dobrada nos braços, os cordões em seu pescoço sempre era um charme e os anéis nem se fala.

Ele quer me seduzir é?

Ele não sabe que já faz isso apenas pelo fato de existir?

— Obrigada. — falei olhando suas mãos em meu joelho. — Você está bem lindo, sabia disso?

Ele sorriu fechando os olhinhos um pouquinho e eu fiquei mais apaixonada ainda.

— Como está nosso bebê?

— Bem. — suspirei e arrepiei um pouquinho quando ele enfiou a mão por baixo da blusa e tocou minha barriga, agora ele estava sempre super preocupado querendo saber sobre o bebê. — E eu estou bem também, obrigado por perguntar.

Ele acariciou um pouco minha barriga antes de se levantar e me puxar junto, ajeitando minha roupa.

Ele não falou mais nada, apenas segurou minha mão e nos levou para fora.

Eu não estava levando absolutamente nada, então eu esperava mesmo que Johnny tenha pego seu cartão e celular, eu não queria nem ir quanto mais carregar bolsa.

Encontramos o casal saindo da casa e fiquei chocada com a beleza de Lindsay e seu vestido longo prateado.

Brian estava ok, ajeitadinho também igual ao Johnny e dos três eu era a mais desarrumada.

Eu estou grávida.

Ninguém pode julgar as grávidas, certo?

Se Brian não me julgou por ter vomitado nele ontem, ninguém pode.

Ontem foi muito bom, e o momento desse ocorrido, nem se fala, vou lembrar até o fim da minha vida.

Ri um pouquinho lembrando disso e Johnny apertou minha mão, chamando minha atenção.

— Quer ir com eles ou separado?

— Pode ser só nós dois? — pisquei meus olhos pra ele e sorri, sabendo que ele faria tudo que eu pedisse.

— Uma mulher velha dessa sendo mimada. — ouvi a voz do invejoso e me virei para ele. — Como pode uma coisa dessa?

— Lin, diga ao seu noivo que eu não levo em consideração nada do que ele fala, ok? Obrigada, linda.

Lindsay era muito corajosa, muito mesmo.

Ela entende minha amizade com Brian e por isso não liga para nós dois, porém eu amo o fato dela sempre estar do meu lado e por isso fiquei feliz e quase, quase mesmo, mudei de ideia sobre ir com eles quando ela deu um tapa na testa dele.

Eu amo essa mulher.

— A gente se encontra lá.

Ela falou se afastando e Johnny muito fofo abriu a porta do seu carro para mim e ainda me ajudou com o sinto de segurança, como se eu não soubesse fazer isso.

E assim que ele ligou o carro e seguiu pelo caminho de pedras, eu liguei o rádio em um volume baixo.

Um tempo depois, assim que entramos na estrada, senti vontade de fazer xixi.

— Johnny, preciso usar o banheiro.

— Aguenta uns minutinhos? — ele perguntou olhando para mim por um momento. — Tem uma parada mais a frente, podemos ir lá.

— Tudo bem.

Talvez eu aguente. Eu consigo.

Ele mexeu em algo no painel do carro e logo ele estava ligando para alguém, e esse alguém estava atrás de nós.

— Ei, vamos parar um pouco ok? Chloe precisa usar o banheiro.

— Chloe sempre precisa usar o banheiro.

Não posso fazer nada, é tudo culpa do Johnny.

Quando eu ia retrucar Johnny desligou.

— Você é malvado.

Ele resmungou algo, ignorando meu comentário e colocou a mão na minha perna apertando, e eu ignorei também.

Chegamos em uma loja de conveniência e assim que Johnny estacionou o carro eu desci, já entrando e perguntando para a moça do caixa se poderia usar o banheiro e onde era o banheiro.

— Tem que consumir algo da loja se não será cobrado.

Eu vou agredir ela se não me deixar ir no banheiro.

— Eu pago o que você quiser, só me deixa ir no banheiro!

Ela só balançou a cabeça e eu corri na direção indicada.

Estava só eu no banheiro e me senti tão aliviada quando consegui sentar na privada fazendo meu xixizinho.

Quando finalizei tudo e me ajeitei, sai do banheiro dando de cara com a Lindsay.

— Ai mulher que susto! — levei a mão ao peito. — Nem ouvi você chegando!

— Johnny queria que eu viesse ver se você estava bem, e eu vim retocar o batom.

— Hum.

Enquanto lavava minhas mãos observei ela pelo espelho e realmente seu batom estava todo borrado e seu cabelo todo bagunçado.

Entendi.

Eu amava a Lindsay. Tínhamos nos aproximado muito desde que ela e Brian voltaram, e ela é totalmente diferente da Lily e nossa, eu sinto saudade da minha amiga.

E eu preciso contar a ela que estou grávida.

Meu Deus, eu preciso contar a ela.

Voltando pra Lin, sua roupa ainda estava toda jeitosa, e enquanto ela arrumava o batom borrado, fiquei olhando, curiosa.

— O que foi? — ela perguntou se virando pra mim. — Você está me olhando estranha.

— Estranha como?

— Estranha, Chloe. — ela riu. — O que você quer saber?

— Como você sabe que eu quero saber algo?

— Você sempre quer. — ela sorriu. — Então diga.

Curiosidade mata não é? E eu não posso morrer, tenho um bebê para criar...

— O que você estava fazendo para estar assim? — ela olhou para mim, sorrindo toda safada e eu já entendi tudo. — Não precisa terminar!

Que visão do pesadelo, não quero nem imaginar.

— Você sempre pode fazer também, é ótimo.

— Não é não.

— Você não gosta? — ela se virou para mim toda curiosa e já pronta. — Por que?

— Eu só não amo.

— Já tentou passar algo que você goste para amar?

— Como assim?

— Não sei, um chocolate ou algo assim. O que você quiser.

— O que eu quiser?

Eu estou toda imbecil pensando sobre isso agora, será que é bom?

— Vamos comprar algumas coisas então? — ela sorriu e agarrou meu braço nos tirando do banheiro. — Qual doce você mais gosta?



Eu falei a ela que não conseguiria fazer isso no carro por que sinto que Johnny ia bater o carro já que era todo apaixonado por mim, então ela levou a sacola para o carro dela e eu voltei para o meu.

Eu só tinha pegado um docinho para agora mesmo porém já tinha enfiado tudo na boca por que fiquei com vontade e não queria deixar para o Johnny.

— Demorou. — ele falou assim que entrei no carro. — Comprou algo?

— Sim, está com a Lindsay, depois você dá o dinheiro a ela?

— Claro, baby.

Coloquei o sinto de volta e ele ligou o carro, voltando para estrada.


Reconheci a torre de longe, claro, estava toda iluminada e a coisa mais linda. Estacionamos perto, e quando saímos do carro Johnny pediu que esperasse um pouco.

Eu queria muito ter ido junto de Brian e Lindsay ver de pertinho.

— Falta um tempinho para o horário da reserva. — ele falou se aproximando. — Deixa eles um pouco sozinhos.

— Tá bom, né.

Ele se apoiou no carro e me puxou sorrindo me dando um beijinho, logo me virou e ficamos abraçados vendo os pombinhos e o restante das pessoas que ali estavam.


Estávamos no segundo andar da torre e nossa, a vista é muito linda. E minha barriguinha está com fome.

Não estava tão cheio, porém senti olhares em nós quando entramos, mas, nossa mesa para quatro era perto da janela e em uma parte mais afastada.

Enquanto eu olhava pela janela, apreciando a vista, nos trouxeram o cardápio e eles estavam decidindo o que comer.

Quando Johnny começou a falar o nome dos pratos eu tive que me virar e olhar, toda boba apaixonada e mais ainda, com tesão.

— Esse é um sorvete. — ele explicou depois de falar o nome. — Aparentemente é bom.

— Eu quero esse, amor. — fui pra pertinho dele torcendo pra ele falar o nome novamente, só que dessa vez bem perto do meu ouvidinho.

— De sobremesa, né?

Eu sorri pra ele e ele apenas suspirou, rendido, porém não falou o nome então fiquei um pouco chateada, mas tudo bem.

Eu supero.

O importante é o meu sorvete.

O garçom se aproximou da mesa para anotar o pedido e fiquei um pouco triste quando ele não falou em francês, eu queria ouvir meu amor falando, e começou a anotar tudo o que queríamos.

Demorou a chegar a comida, isso que não estava tão cheio, imaginasse se estivesse.

Meu deus eu só reclamo.

Comecei a comer o meu sorvete, porém de olho no prato do meu marido. Parece muito apetitoso, mas não falei nada e ele muito menos ofereceu.

Foi tudo bem.

Conversamos e rimos um pouco, e, momentos assim eu até esqueço que eles estão aqui a semanas e eu não consigo transar.

Se hoje eu não conseguir...

— Chloe?

— Oi, estou ouvindo.

Quem foi que falou? Eu nem estava prestando atenção... Mas olhei para o Johnny, só tenho olhos para ele.

— Vai querer levar algo?

Já estamos indo? Que ótimo, já me sinto cansada.

— Não, estou bem.

Ele pediu a conta, pagou e nos levantamos para ir.




Quando chegamos em casa eu fiz Johnny me carregar até o quarto.

— Obrigada meu amor. — agradeci beijando seu rosto assim que ele me colocou no chão. — Vou tomar banho para irmos de caminha feliz da vida, ok?

— Tá, só não molha o cabelo que está tarde.

— Uhum.

Claro que eu vou molhar o cabelo, a água do chuveiro é tão quentinha que eu gosto de ficar com a cara enfiada apenas sentido os jatos de água.

É tão bom...

Sinto muito, Johnny.

Entrei no banheiro e já fui tirando a roupa, fazendo a mais rápido possível pois começava a sentir frio e assim que tirei as meias reclamei sozinha do chão gelado.

— Por que não tem um tapete fofinho nesse banheiro? — caminhei até o box rapidamente para me sentir quentinha rapidinho. — As pessoas preferem sofrer com o pé gelado do que colocar um tapete, inacreditável...

Abri o chuveiro e antes que eu pudesse enfiar de uma vez minha cara debaixo, a voz do Johnny me parou.

— Não, Chloe.

Não se pode mais ser feliz nos dias de hoje, infelizmente.



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