15
- Eu quero me matar. - falei. - Eu nunca mais vou sair daqui.
Eu estava andando de um lado para o outro no quarto.
Eu tinha tomado um banho e me trocado e talvez, me acalmado um pouco.
Eu estava a ponto de surtar.
- O que você disse exatamente? - minha amiga quis saber.
- Muitas coisas.
É. Muitas coisas, muitas coisas mesmo.
- Tipo o que? - ela insistiu.
Antes que eu respondesse, ouvi o estrondo alto de um trovão lá fora. O tempo não estava tão bonito quanto ontem, tinha amanhecido muito cinza e o mar estava agitado.
Iria chover e muito.
- Eu disse que o amava umas cem vezes!
- E daí? - ela bufou. - Até eu sei disso, você é fã dele amiga, que exagero.
- Você não entende! - falei exasperada. - Eu não queria ter falado tantas vezes e não tão bêbada. A minha sorte, é que eu não tentei me jogar para cima dele.
Eu acho.
- Isso é bom. - ela falou. - E está tudo bem, meu pai é tranquilo. Ele não vai te tratar diferente, você sabe.
- Eu não sei de mais nada. - parei de andar e olhei pra ela. - Ele está aqui?
- É claro que está, bobinha. - ela riu. - Para onde ele iria?
Eu fugiria, se pudesse.
- Bom, eu não vou sair daqui nunca mais. - declarei. - E digo sério.
- Você só pode tá brincando né?
- Não, estou falando sério.
- Você vai morrer de fome, é?
- Não, esperava que você trouxesse algo pra mim por que você sabe, amigas.
- Não conte com isso. - ela se levantou. - Sim, deixarei você morrer de fome a menos que você deixe de ser besta e viva normalmente. - ela afagou meus braços e me abraçou. - Está tudo bem. Agora, que já conversamos, Astaria ainda não está se sentindo bem, acho que foi algo que ela comeu. Vamos ir ao médico levar ela, você quer ir?
- Ele vai?
- Sim, acho que sim.
Me sentei na cama.
- Já que ele vai, eu não vou.
- Tudo bem. - ela suspirou. - Espero que quando nós voltarmos, você tenha parado com essa besteira e, volte a viver normalmente. Bom, amo você e vai comer algo, nos vemos mais tarde.
- Tudo bem, amo você. - falei. - Estarei aqui aguardando vocês.
- Claro que vai.
Vi quando ela revirou os olhos e se despediu saindo do quarto.
Lily-Rose era incrível e uma ótima amiga. Acho que, não sei o que faria se eu estivesse no lugar dela. As coisas não dariam muito certo, então eu era muito grata por tê-la. Muito mesmo.
Mais tarde, quando já fazia algumas horas que eles tinham saído, eu desci para comer algo.
A casa estava muito silenciosa e eu estava com um pouquinho de medo já que, é um lugar desconhecido e eu estava sozinha.
Me arrependi de ter falado que queria ficar, era melhor ter enfrentado ele do que ficar sozinha aqui.
Eu fui lá fora por um momento e de fato o céu de cinza escuro me assustava, por que eu sabia que iria ser uma chuva das grandes. Esperava que eles voltassem antes de começar a cair os pingos, eu não sabia se sobreviveria a uma tempestade sozinha.
Eu comi e depois de deixar tudo arrumado eu subi, mas antes que eu voltasse para o quarto algo me chamou a atenção, ou melhor dizendo, uma das portas do corredor.
Antes, ela estava fechada e agora estava entreaberta.
Eu parei em frente, decidindo entre fechar e entrar, mas, como eu sou curiosa, decidi entrar.
Havia uma enorme cama dossel no meio. O quarto era em tons cinza escuro e branco, tinha um armário e uma outra porta, que estava fechada. A janela estava fechada e por isso, o cheiro de tabaco era forte e muito presente.
Droga, era o quarto dele.
Eu observei a cama bagunçada e me aproximei um pouco apenas para olhar mais de perto e conseguir sentir a fragrância de um perfume francês caro, provavelmente.
Eu olhei para a mesinha do lado da cama e vi que no cinzeiro ainda tinha o cigarro acesso.
Merda.
Ele estava aqui.
Droga.
Antes que eu pudesse sair correndo, a porta que estava fechada se abriu e eu fui pega em flagrante por ele.
Puta que pariu.
Eu não estava fazendo nada de errado.
Apenas invadindo seu espaço. Que maravilha.
Ele parou na porta e ficou.
Ele estava secando a cabeça com uma toalha e eu só conseguia olhar para ele, sem dizer absolutamente nada.
E pelo jeito nem ele.
Eu observei seu rosto. Ele não parecia bravo nem nada, apenas surpreso? Eu acho que sim. Eu segui meus olhos por seu corpo e, foi mais forte que eu.
Eu tentei desviar, mas eu estava olhando o seu peito nu e estava admirada. Nada se comparava com as fotos que tem na internet, pessoalmente é outra coisa.
Ele não é magro, até que ele tem muita massa muscular. Seus braços tatuados eram fortes e sua barriga era lisa, chapada e com certeza o único lugar que não tem nenhuma tatuagem. Ele vestia uma bermuda preta e suas coxas e pernas estavam amostra, eu queria ser sufocada.
Quando eu voltei a finalmente olhá-lo nos olhos, eu percebi que ele sabia que eu estava olhando.
Claro que sabia, eu estava igual uma tonta na sua frente.
Que vontade de sumir.
Quando ele deu um passo à frente, eu parei de respirar e senti a taquicardia começar.
Droga, eu iria ter um ataque cardíaco na frente dele.
Sem dizer nada, ele foi até o armário grande que tinha perto da janela e tirou uma camiseta de lá de dentro.
- Onde estão seus anéis? - me vi perguntando.
E quis me bater por isso.
Eu tinha observado que ele não estava usando e, muito menos seus braceletes. Ficavam um charme nele, de verdade. Ele ainda de costas, vi que olhou para baixo, para as mãos.
- Vou colocar ainda.
- Bom. - respirei fundo, era o momento de dar o pé. - Eu vou...
- O que você está fazendo aqui? - ele perguntou e quando fechou a porta se virou. - Chloe?
- Aqui, no seu quarto? - perguntei.
Claro que era aqui, onde mais iria ser?
- É.
- Nada. - falei e dei um passo para trás. - Eu vi que a porta estava aberta e... Bom, eu entrei, eu nem sabia que era seu quarto e nem sabia que você estava em casa.
Eu estava começando a ficar nervosa só que ele era tão... Ele.
Na mesma proporção que eu ficava nervosa, eu o achava magnífico e só conseguia pensar em diálogos que poderíamos ter.
- Hm. - ele respondeu por fim. - Você já comeu?
- Sim.
- Então ok.
Isso era outro fora, tenho certeza.
- Eu já vou indo. - falei. - Desculpa por invadir e tal, não foi intenção, você sabe né? - ri, nervosa.
- Claro. - ele sorriu. - Sem problema.
Sai o mais rápido de lá para não falar qualquer merda e ele me odiar.
Expectativas foram criadas.
Tinha começado a chover, chover muito.
E a ventar e a trovejar.
Eu estava com medo.
As luzes do quarto ficavam piscando, indicando que a qualquer momento a luz iria acabar.
Droga, que belo momento para cair uma tempestade, ainda mais em uma ilha.
Eu estava que Lily, Jack e Astaria já tivessem voltado. Mas, ainda não aconteceu.
Espero que eles estejam bem.
As coisas ainda estavam tranquilas, mas,
quando a luz apagou eu me levantei, eu não quero ficar sozinha.
Eu saí do quarto apressada e passei pelo quarto do Johnny, dei uma parada para ver se ele estava dentro, mas não estava. A casa não era tão escura assim por ter diversas janelas espalhadas, só que, o tempo não me ajudava em nada e, estava começando a anoitecer. Eu desci as escadas com cuidado para não quebrar a cara e olhei em volta, vi que ela estava no sentado no sofá. Então, eu me aproximei.
Ele estava com uma taça de vinho na mão, que tinha apenas um pouquinho de líquido dentro.
- Posso ficar com você? - perguntei, torcendo para ele dizer que sim.
Ele apenas balançou a cabeça afirmando, ele bebeu o restante do vinho e deixou a taça na mesa do centro.
Tá legal.
Eu me sentei no sofá da sua frente e fiquei o olhando, eu não tinha mais nada para fazer mesmo.
- Você é do tipo que tem medo do escuro? - ele perguntou depois de um tempo, a voz baixa.
- Sou do tipo que tem medo de uma tempestade estando em uma ilha, de frente para o mar.
- Entendo. - ele se levantou do nada. - Eu vou acender a lareira pra você não ficar tão assustada mas, não tem com que se preocupar.
Eu estava me perguntando se ele se lembrava do que rolou ontem, mas eu tenho certeza que sim, ele parecia sóbrio. Eu que estava bêbada e nem sei como me lembrava de algo, eu precisava me manter longe de bebidas quando ele estiver presente.
Eu o observei arrumar a lareira e logo depois, ela estava ligada e clareando como podia o ambiente.
Melhor.
Eu não disse nada por um tempo e nem ele, acho que nós dois estávamos prestando atenção nas chamas e na fumaça que saía da lareira, fogo era algo lindo demais.
- Você e meus filhos, huh? - ele perguntou. - Vejo que vocês se dão bem.
Eu deixei meus olhos do fogo e o olhei, ele estava me olhando.
- É. - falei balançando a cabeça. - Eles são incríveis, gosto muito deles.
- E eles de você. - falou. - Você sabe, eu não queria que vocês se aproximassem por que eu já tenho problemas demais e não queira mais um. Só que, você os faz bem demais e eu sou grato por isso, obrigado.
Uau.
- Não há de que. - consegui dizer. - Eu os adoro, muito. Eles são os melhores.
- São sim. - ele sorriu, um sorriso sincero e muito bonito.
Ele amava os filhos, isso era fato. Mas o jeito que ele falava deles, seja para qualquer pessoa, ele sempre tinha um brilho diferente nos olhos e um sorriso contagiante. Ele era um pai orgulhoso.
- Eles se orgulham de você. - falei. - Muito. Muito mesmo, eles tem muita sorte.
- Não, eu que tenho.
Ficamos nos olhando por alguns segundos.
Eu só pensava em dizer o quão eu amava e acreditava nele, que isso era só uma fase.
Já o que ele pensava eu não sei.
- Então. - ele sorriu e passou a mão no cabelo, os bagunçando. - Quando você começou a ser minha fã?
Houve um tempo em que eu amava falar sobre isso, acho que ainda amo, mas falar para ele? Logo para ele?
- A muito tempo atrás. - acabei falando. - Acho que no ano de estreia da A Fantástica Fábrica de Chocolate.
- Uau, muito tempo atrás.
- Eu disse.
- E nunca nos conhecemos antes? - ele quis saber.
- Não.
- Por que?
Esse era uma ótima pergunta.
Eu sei que conseguiria encontrá-lo em qualquer lugar, seja alguma Premier de filme ou não importa onde, só que, eu simplesmente não conseguia.
Eu travava e desistia.
- Eu não sei. - falei simplesmente.
Era verdade, eu não sabia.
- O que mudou? - perguntou. - O que mudou de antes para agora?
Muitas coisas.
Eu não sei se ainda me considero A fã dele, não é igual a antes.
Depois das notícias algo mudou, eu fiquei muito chateada e demorou pra eu aceitar. Eu nunca duvidei dele, mas quando tem apenas um lado da história e vemos tantos casos assim é difícil escolher um lado. Era a palavra dele contra a dela e eu me arrependo profundamente por um momento ter pensado em ficar do lado dela.
Ela era podre, tinha que ser desmascarada.
- Eu não sei. - acabei dizendo. - É diferente. Eu te amava antes e ainda te amo agora, só que é diferente.
- Diferente como? - ele sorriu e meu coração se apertou.
- Diferente, apenas. - suspirei e respirei fundo, pra me acalmar. - Acho que meu amor por você nunca irá mudar, talvez diminua ou talvez aumente, eu não sei. Eu estando bem e feliz e você... - dei de ombro. - Podemos falar de outra coisa?
- Claro. - ele sorriu e bateu uma mão na outra, se levantando. - Eu vou pegar minhas coisas lá em cima para fumar e já volto.
- Ok.
Ele passou por mim e tocou meu ombro por um momento, mas logo ele se afastou e eu ouvi seus passos.
Meu deus.
Eagora?
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