Capítulo 1 - Aniversário e lançamento
N/A: Salve, salve, meus amores!
Cá estou para dar início a última parte da saga Jogos Sexuais.
Espero que curtam a última jornada dessa aventura erótica tanto quanto curtiram as temporadas anteriores.
Boa leitura!
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- Devagar, Bento, assim tu acorda a mamãe antes da gente entrar, bebê. - cochicha Juliette para o cão antes de segurar na maçaneta da porta do quarto.
Em sua outra mão a médica empunha um cup cake com uma vela de ponto de interrogação acessa enquanto que em sua cabeça há um chapéu de aniversário enfeitando. Um olhar rápido para o cão e ela tem que segurar a vontade de gargalhar do labrador usando gravata borboleta e chapéu de aniversário também. Foi um custo danado para a médica conseguir colocar esses dois adereços no cão, mas com muito jeito e malabarismo, ela enfim conseguiu e ele ficou a coisa mais fofa.
- Vamos lá acordar a aniversariante, bebê.
Com cuidado, ela abre a porta e Bento passa rápido na sua frente. O cão pula na cama sem qualquer cerimônia e em seguida começa a lamber o rosto de Sarah enquanto Juliette começa a cantar "Parabéns".
A princípio a cirurgiã leva um susto danado, mas segundos depois de passado isso esboça um sorriso ainda sonolenta enquanto recebe os "comprimentos" efusivos de seu filho de quatro patas.
- Não, Bento! Na boca não! - reclama em determinado momento e virando o rosto enquanto ri do cão e suas infrutíferas tentativas de lhe lamber a boca.
- Bento! A boca da mamãe é minha! - ralha Juliette puxando de leve o cão na tentativa de tirá-lo de cima de Sarah que se acaba mais ainda de rir depois da fala da esposa.
- Linda! Socorro, me ajuda! Estou sendo atacada com lambeijos! - pede Sarah ainda aos risos.
A cardiologista nem termina sua cantoria e apaga a velhinha ela mesma antes de deixa o pequeno bolo sobre a mesa de cabeceira para agarrar o cão pelo dorso, afastando-o assim de Sarah.
- Saí, seu safadinho! - ela consegue tirá-lo e o coloca no chão. - Já disse que a boca da mamãe é minha e não divido nem com você!
O cachorro late em sequência batendo as patinhas no chão, quase que em uma marcha.
- Mas espia, Sarah! Respondendo o mau criado.
- Eu não vou me meter nessa treta de vocês. - rindo, a cirurgiã diz já puxando a cardiologista para se acomodar em seu colo e logo em seguida lhe dá um beijo no rosto.
- Péssima ideia a minha trazê-lo para te acordar.
- Que nada! Eu adorei a surpresa de verdade. Apesar do susto inicial. - comenta Sarah com um sorriso. - E tem mais... vocês ficaram umas graças com esses chapéus. - a cirurgiã ajeita a peça melhor na cabeça da esposa, já que estava torta.
- Foi um custo colocar nele. E, ó... Depois conversamos, Bento! - Juliette aponta para o cão. - Agora, fica aí quietinho, porque é minha vez de cumprimentar a aniversariante. - a cardiologista então se volta para a esposa e a encara com um sorriso escapando do canto dos lábios. Em seguida agarra o rosto da amada com ambas as mãos. - Parabéns, meu amor! - felicita Juliette antes de plantar um beijo rápido nos lábios da esposa, para em seguida prosseguir em sua fala: - O dia é teu, por estar completando mais um ano de vida, mas o melhor presente é meu, pois sou eu quem tem o privilégio de compartilhar a vida contigo, a melhor esposa, e melhor mulher desse mundo. - seu dedo polegar direito desliza carinhosamente pelos lábios de Sarah, que esboça seu tão costumeiro sorriso tímido, o qual Juliette ama ver na esposa. - Quero que tu saiba que sinto muito orgulho de ti, doutora, e apenas desejo que seja muito feliz todos os dias da tua vida; - a cardiologista beija um lado do rosto da esposa. -... que teus sonhos se realizem; - beija o outro lado. -... que o teu caminho esteja sempre recheado de sucesso e que fiquemos juntas até que não haja mais vida para viver. - um beijo na ponta do nariz, fazendo a cirurgiã sorrir novamente, agora de olhos fechados. - Feliz aniversário! Eu te amo daqui até a lua, bebê! - finaliza tomando os lábios da esposa em um beijo calmo, demorado e completamente apaixonado.
É mais um aniversário da amada que tem a oportunidade de passar ao lado de Sarah, e o primeiro sendo sua esposa e Juliette não sabe traduzir com precisão o quão bom é compartilhar a data de nascimento do amor da sua vida com ela. Deseja apenas seguir ano a ano dividindo e estando ali ao lado de seu amor para lhe fazer feliz todos os dias que estiverem juntas, assim como Sarah tem feito desde o dia que baixou a guarda para a cardiologista.
- Obrigada, meu amorzinho. E eu também te amo... te amo... te amo... - Sarah sussurra com a voz embargada após o término do beijo com a esposa e enquanto a abraça apertado.
Em silêncio a cirurgiã não deixa de agradecer ao fato de estar passando outra vez aquela data ao lado do seu amor. Em cada um dos aniversários anteriores que passou sem que estivessem juntas como casal, apenas como colegas de trabalho, não houve um em que seu desejo não fosse sempre o mesmo: passa-lo com Juliette sendo algo mais que sua colega. Porém sua covardia a privava de realizar tal desejo.
Mas agora cá está realizando mais outra vez seu maior desejo. E só espera que isso siga acontecendo pelos próximos anos.
- Eu apaguei a sua velhinha... - comenta a cardiologista apanhando o cup cake da mesinha ao lado. - Mas vamos fingir que está acessa. Faça um pedido! - estender bolinho à amada.
A loira pensa só por alguns segundos antes de disparar:
- Desejo sempre ser capaz de te fazer feliz a cada novo dia que passamos juntas!
O rosto da cardiologista se ilumina e lágrimas se acumulam em seus olhos, fazendo-os brilhar.
- Assim tu me quebra, Sarah!
A cirurgiã sorri.
- Tu me faz feliz. Só de abrir os olhos a cada manhã e te ver dormindo do meu lado, já sou imensamente feliz, baby. - toca o rosto da amada com carinho.
- Comigo é igual!
Elas trocam um beijo rápido.
- Agora... Preciso te contar um negócio... Tenho um presente pra ti. - anuncia Juliette enquanto devolve o bolinho para a mesinha.
- Não precisava de presente, linda. Você já é meu presente. - Sarah comenta, observando a esposa sair da cama e ir toda saltitante até o guarda-roupa, o qual abri uma das portas correspondentes a suas coisas.
- Tu pare de usar as minhas palavras. - sorri para a esposa. - Então vamos considerar como outro presente além de mim, tá?
- Ok! - concorda, vendo a esposa retornar para a cama empunhando uma sacola de papel enfeitada com um lindo laço.
- Espero que goste. - estende o presente a amada.
Sorte de Juliette que Sarah agora sai para trabalhar bem antes dela, porque assim a cardiologista teve tempo de sair para pesquisar o presente e comprá-lo sem ter que fazer todo um malabarismo para a esposa não saber do que se trata.
- O que é?
- Não sacode, louca. - briga a cardiologista ao ver Sarah chacoalhar a sacola. - Vai quebrar.
- Ou! Foi mal. - Sarah sorri sem jeito.
- Abre. Vai! - a cardiologista diz ansiosa para que a amada veja logo o presente.
Antes de se decidir por aquele "mimo" personalizado, ela fez uma busca e pesquisou bastante em vários shoppings e lojas, pois não queria presentear a amada com qualquer coisa. Queria algo especial, que agradasse, Sarah. Se bem que desconfiava que qualquer coisa que desse a amada, ela se agradaria. Acabou encontrando algo na internet!
- O que você aprontou, doutora? - cantarola Sarah ao tirar de dentro da sacola uma caixa branca sem qualquer indício do que teria dentro dela.
- Torcendo para que te agrade. - faz o sinal de figa com as duas mãos a cardiologista.
- Vindo de você... Pode ter certeza que já gostei sem sequer vê, linda!
Ao abrir a caixa, a cirurgiã encontra muito bem embalado em um papel, uma linda luminária bisturi 3D em led, toda feita em acrílico incluindo sua base, e com a seguinte gravação: Dra. Andrade, no rodapé do "mimo".
- Pra colocar no teu escritório ou daqui de casa ou do hospital.
- Uau! Que lindo, Ju!
- Porque tu ainda não visse como ela fica mais linda ainda ligada. Me dá aqui.
A cardiologista pega a luminária das mãos da amada, coloca sobre a mesinha de cabeceira e a liga.
- Nossa! - se admira Sarah quando a luminária se acende. Sua esposa tinha razão fica muito mais linda ligada.
- Escolhi a iluminação verde, porque é a cor dos teus olhos, que amo tanto. - explica a cardiologista. - Gostou? - indaga incerta e insegura. Apesar do mimo ser lindo, no fundo lhe pareceu simples demais. Contudo, sua esposa é a simplicidade em pessoa, que quando descobriu aquela luminária em um site de vendas, depois de muito procurar em lojas do shopping, achou que combinava bastante com Sarah. Mas ainda assim, estava reticente com o fato de ela se agradar.
- Gostei... Muito, linda. Obrigada.
- De verdade? Não vale dizer que gostou só pra me agradar.
- É claro que eu gostei de verdade, meu amor. - afirma antes de dar um selinho na esposa em agradecimento. - Vou levar lá para o escritório do hospital, para que todos vejam o presente que ganhei da minha linda esposa. - diz com orgulho.
Juliette sorri feliz e aliviada pela esposa ter gostado do presente. Seus olhos verdes estavam brilhantes, o que deixa explícito seu agrado pelo mimo.
- Fiquei na dúvida se tu acharia muito simples.
- Imagina. Eu adorei seu presente. - afirma já puxando a esposa para junto de si. - E sabe o que mais eu adoraria agora?
- O quê?
- Uma comemoração mais íntima, se é que entende.
- Safadeza, tu quer dizer?!
- É!
Juliette cai na risada ao ver a cara de alegria de Sarah. A cardiologista podia jurar que os olhos verdes da esposa até brilharam ao fazer o questionamento.
- Eu adoraria também, mas não podemos! - decreta, apertando o nariz da esposa.
- Pára com isso. - Sarah empurra a mão da esposa de seu nariz. - Por que não podemos?
- Primeiro porque tem criança no quarto. - Juliette aponta com a cabeça na direção do cão que agora se encontra dormindo todo esparramado sobre o tapete.
- Podemos tirá-lo do quarto em dois tempos. - Sarah sussurra e faz um movimento engraçado com as sobrancelhas que faz Juliette levar uma das mãos a boca para conter a gargalhada alta que viria e, certamente, acordaria Bento no susto.
- Nada disso, pervertida. - Juliette golpeia de leve o braço da amada que rir.
- Ai, linda! - reclama Sarah.
- Desculpa, meu amor! Desculpa! - pede imediatamente beijando o lugar golpeado. - Além do mais, não temos tempo. Esqueceu que seus pais ficaram de chegar agora de manhã aqui em casa?
- Hum... Verdade! - diz com um muxoxo a cirurgiã.
Seus pais vinham de Brasília não somente pelo aniversário da médica, mas também para prestigiar o lançamento do livro que Sarah passou os últimos meses se dedicando aos máximo e tendo o apoio incondicional da esposa.
Foi um período difícil. Conciliar uma nova função com muito mais responsabilidades no hospital, a vida de recém-casada e as poucas horas livres para ainda escrever e fazer pesquisas para enriquecer seu texto. Tudo isso demandou certo malabarismo.
Em algumas vezes e momentos, Sarah negligenciou a esposa, mas Juliette não lhe fez quaisquer cobranças. Ela entendia que não era algo intencional. Além do mais a cardiologista sabia que aquilo era só um período e que assim que Sarah concluísse a escrita, elas teriam de volta seus momentos sem a pressão de a cirurgiã ter um prazo apertado a cumprir.
- Então vamos levantar, senhora aniversariante. Tomar banho, depois café para recebermos os meus sogrinhos. - bate palmas Juliette saindo da cama.
A cardiologista estava empolgada e ao mesmo tempo um tanto quanto apreensiva pela vinda dos sogros. Os pais de Sarah ficariam por três dias ali e seria a primeira experiência da cardiologista em contato direto com os sogros.
Na época do casamento não houve isso, porque Abadia e Evandro foram embora no dia seguinte a comemoração. Então esta seria de fato sua primeira vez tendo que conviver por três dias com os sogros.
- Uma pena que os meus não puderam vir também. - lamenta a cirurgiã.
O motivo da ausência dos pais de Juliette se dava por conta de que, recentemente, Lourival precisou passar por uma cirurgia ao cair de uma árvore no quintal de casa. Foi um susto danado quando quinze dias atrás Washington ligou para dar a notícia. No dia seguinte, Juliette já estava embarcando para Campina Grande junto com Sarah para acompanhar de perto a cirurgia do pai.
A cardiologista permaneceu na cidade por cinco dias ao contrário da esposa, que precisou voltar no dia seguinte a ida delas para a terra natal de Juliette. Por sorte tudo ocorreu bem e mesmo depois de sua volta para São Paulo, a cardiologista segue acompanhando a recuperação do pai que vai em um ótimo ritmo.
- Mas terá o teu cunhadinho mais puxa saco de todos vindo para representar a família. - comenta Juliette em tom brincalhão arrancando um sorriso da esposa.
Washington chegaria no fim da tarde e acompanhado do namorado Yuri. E ele não viria somente como o representante do restante da família que não pôde estar presente, mas também porque iria conhecer a família do namorado paulista, com quem está se relacionando há pouco mais de três meses.
- Uma pena que aqui não tem outro quarto de hóspedes para ele ficar na nossa casa.
- Mesmo se tivesse, ele não ficaria, amor. Os pais do namorado dele o convidaram para ficar hospedado lá.
- Pelo visto os sogros já gostam dele mesmo né?
- Sim. Preto disse que eles são uns amores. E me confidenciou que tá uma pilha de nervosos por conhecê-los.
- Igualzinha a irmã dele ficou quando conheceu os dela pela primeira vez.
- Ai, peste! - exclama a cardiologista por conta do tapa que a esposa havia lhe acertado na bunda ao passar por ela rumo ao banheiro. - Doeu, visse?!
- Doeu nada! - grita já do banheiro. - Nem senti!
- Óbvio! Não foi em ti, né bonitona?! - resmunga indo atrás da esposa, que já está se livrando da última peça de roupa para ir tomar banho. - E sobre o negócio dos sogros, agora tô lembrando de ti, visse?! Tava toda nervosa, tá?! Não vem tirar o teu da reta, não.
Com um sorriso Sarah lança um rápido olhar a esposa antes de entrar no box.
- Estava um pouco mesmo, não vou negar.
- Sarah! - chama pela outra em tom de repreensão. - Um pouco, Sarah?!
- Tá, mais que um pouco, vai?!
- Eu diria que tu tava era bastante, visse?!
- Não exagera. E você poder vir logo me fazer companhia nesse box?
Juliette sorri e sem precisar que a esposa peça uma segunda vez, a cardiologista se livra da única peça de roupa que usa e vai se juntar a Sarah no banho.
Seus corpos molhados, a água corrente, um beijo mais acalorado, a pele nua totalmente entregue ao desejo após o toque escorregadio de pernas, braços e outras partes deslizando uma contra a outra e o "não temos tempo", foi ignorado com sucesso por Juliette, ou melhor, por ambas.
Elas se revezaram em dar prazer a outra se acariciando, deixando as sensações tomarem conta de si, experimentando novos tipos de toques e visitando cada canto daquele box.
Em um momento Juliette se encontrava encostada na parede do chuveiro enquanto Sarah estava em pé na sua frente segurando com uma das mãos sua perna pela parte de trás do joelho, bem na dobra do cotovelo, enquanto que com a outra mão a penetrava ou tocava, ou fazia praticamente tudo o que seu coração (e corpo) desejava com a esposa enquanto a cardiologista se desmanchava em gemidos.
Em outro era Sarah que estava em pé contra a parede do chuveiro e Juliette ajoelhada aos seus pés e a agradando com sua boca, língua e dedos da maneira que sabia que a esposa adorava.
- Acabou ganhando sua comemoração mais íntima, safada! - Juliette comenta abraçada a esposa.
- Eu mereço, uai! Presente de aniversário. Ou não mereço?
- Merece, sim.
- Nossa! Minhas pernas estão bambas.
- Sinal de que fiz bem o meu serviço. - pisca a cardiologista.
- Você sempre faz, linda!
***
Era por volta das oito da noite e a livraria do shopping jat estava lotada de gente conhecida para a surpresa de Sarah, que achou que não teria público suficiente para lotar o local.
Seus pais, seu cunhado, alguns colegas de trabalho entre outras pessoas do meio médico que conheciam Sarah há tempos, estavam todos presentes ali. Até imprensa tinha, fazendo a cobertura do evento, o que a cirurgiã achou um pouco exagerado. Mas Cínthia lhe disse que precisavam usar o bom prestígio que Sarah tem e o fato de o livro dela ser o primeiro da coletânea a ser lançado, para alavancar as vendas.
- Confesso que estou um tanto quanto nervosa e acanhada com todo esse "evento" montado por Cínthia. Achei que seria algo mais intimista. - confidencia Sarah a esposa após um casal de conhecidos da médica mais velha se afastar delas.
- Sei que não é da sua natureza esse tipo de exposição, mas é por uma boa causa: vender seu livro. Então tenta relaxar e curtir o seu momento.
- Tô tentando.
A cirurgiã estava uma pilha de nervos era gente a beça e ainda tinha a imprensa, que segundo Cínthia, Sarah não poderia ignorar por muito. Ela deveria falar com eles em algum momento.
- Sweet!
Sarah e Juliette se viraram para o chamado de Cínthia.
- É hora de falar com a imprensa. Você já fugiu o bastante. Vamos lá?!
Se ela pudesse evitar isso, o faria sem pestanejar, mas pelo visto não ia ter escapatória.
- Ok! - aceita nada satisfeita. - Você vem comigo? - lança um olhar pedinte à esposa.
Nesse momento Gil aparece requisitando a amiga cardiologista para apresentá-la a alguém.
- Posso rouba-la só um instante, chefa? Prometo devolver rapidinho a sua esposa.
- Pode levá-la, Gil. - Cínthia toma a dianteira da resposta para reprovação de Sarah. - A escritora aqui precisa falar com a imprensa. Vamos lá, Sarah.
Sem esperar por resposta a editora sai levando a médica que não gosta nada da atitude da amiga e ex.
- Você não tinha o direito de fazer isso. Eu queria a minha esposa aqui comigo.
- Qual é, Sarah?! Não acredito que esteja com medo de enfrentar a imprensa? Uma recém quarentona como você que é capaz de palestrar para mais de cem pessoas em um auditório, com medo de um grupo de dez pessoas? - provoca Cínthia com um sorriso debochado no canto dos lábios.
- Você não me pilha não, Cínthia.
- Se ti serve de consolo... Estarei aqui do seu lado. Não os enfrentará sozinha, não. Terei que estar com você porque além de ser a editora-chefe da Crânio, também meio que virei sua agente. Então vamos nessa.
- Me lembre de não trabalhar mais com você. - resmunga a cirurgiã.
- Até parece! Sorria e seja educada, Sweet.
Sarah lança um olhar feio para a ruiva, porém não tem oportunidade de retrucar a fala da outra, porque chegam no grupo de cinco pessoas. Três repórteres de portais ligados a ciência e medicina. E dois fotógrafos.
- Podem fazer as perguntas à nossa célebre doutora e escritora.
Os primeiros questionamentos são relacionados ao projeto do livro e seu conteúdo. Sarah vai respondendo a tudo sempre de modo sucinto e sem grandes rodeios, porque queria que o quanto antes aquela sabatina toda terminasse.
- Doutora Andrade de tudo que escreveu no livro qual foi a parte mais difícil para a senhora?
- A dedicatória. - respondeu sem titubear.
"Para minha esposa e amor da minha vida a quem dedico minha gratidão profunda por seu apoio inabalável em cada etapa da criação desse livro. Você é a fonte do meu apoio e inspiração. Sem o carinho e suporte que você me proporciona, eu não teria alcançado o que alcancei hoje."
Apesar de ter sido poucas linhas aquela dedicatória lhe tirou noites de sono, porque queria que fosse algo especial e expressivo, já que era para ninguém menos do que direcionada a sua esposa, a mulher da sua vida.
- Muito bonita a propósito. - comenta o rapaz que fez a pergunta. - E é especialmente dirigia à sua esposa. Pode nos falar um pouco sobre isto?
- Bem não há muito o que se dizer. Quis apenas retribuir a dedicação dela nesse período em que passei focada em escrever este livro, lhe dirigindo esta dedicatória especial. Levei alguns dias para escrever tais palavras, porque precisava escolher as melhores, para dirigir a melhor pessoa que conheci na vida. A Ju é uma companheira incrível e devo muito à ela, à sua paciência e seu apoio incondicional não somente no processo de criação deste livro, como também na nossa relação.
- Vocês estão juntas há quanto tempo? - outra pessoa questiona.
Sarah lança um olhar rápido a Cínthia. Aquelas perguntas estavam lhe deixando desconfortável, não porque falar de seu relacionamento fosse desconfortável, mas sim porque é uma pessoa reservada e expor sua vida privada não é a sua vibe. Mas a julgar pelo olhar incisivo de sua amiga e ex, ela teria que responder aquele questionamento e foi o que fez:
- Somando namoro e casamento, quase três anos.
- É verdade que a relação de vocês começou às escondidas?
- Na verdade quisemos manter o sigilo, por questões pessoais que não se faz necessário entrar em detalhes agora.
O leve apertão de Cínthia em sua mão, fez Sarah entender que fora um tanto ríspida na resposta.
- Alguém tem mais alguma questão? É que precisamos começar a sessão de autógrafo. - Cínthia se adianta porque teme que Sarah solte outra resposta atravessada.
- Eu tenho.
- Diga! E é a última, gente. - reforça Cínthia.
- Doutora Andrade... Dizem que na vida temos que fazer 3 coisas: plantar uma árvore, ter um filho e publicar um livro. Você começou pelo último, então pela ordem pressupõem-se que o próximo será ter um filho?
Filho!!
Ser mãe nunca foi algo que lhe encheu os olhos aos vinte e poucos anos. E agora a esta altura da vida com recentes quarenta anos nas costas, menos ainda. Não se vê no papel de mãe, até porque não leva o menor jeito com crianças. Nunca sabe o que fazer quando choram, na verdade lhe dá certo desespero quando alguma começa a chorar do seu lado. A verdade é que não quer filho! Não odeia crianças, longe disso. Até gosta, mas elas lá e ela aqui longe.
- Minha esposa e eu já temos um filho de quatro patas e creio que esteja ótimo assim.
- Mas uma criança seria como a família estar completa.
- Minha família já é completa, senhorita. Eu e minha esposa não precisamos necessariamente ter um bebê para sermos completas como família. Aliás nem queremos!
- Obrigada pelas perguntas. Agora precisamos ir.
Cínthia sai puxando Sarah para longe dos repórteres, porque aquela sua resposta foi ainda pior que a anterior.
- Me lembre de te treinar da próxima vez para dar entrevistas. Você foi péssima e um tanto quanto grosseira, Sweet.
- Não tenho paciência para gente que faz perguntas inconvenientes.
- Juliette sabe sobre essa opinião quanto a um bebê entre vocês?
- Nunca falamos sobre isso.
- E como você fala: "não queremos!", inteligência?
- Porque creio que ela também não queira, uai!
- Não fale por ela!
- Ai, Cínthia, me erra, caceta!
- Olha só... algo me diz que ela não vai curtir esta última resposta que deu aos jornalistas.
- Por que?
- Porque uma mulher como ela que cresceu em uma família grande, pode querer o mesmo.
- Ela pode não querer, sabia?
- Tá bom, Sarah. Não vou discutir com você. Aqui não é local e nem momento para isso. Só acho legal que converse com ela para saber se a Juliette quer filhos e ser honesta dizendo que não quer, quando ela te interpelar.
Quando deu sua resposta, Sarah não achou que ela fosse lhe render uma chamada daquelas de Cínthia no meio do evento. O pior é imaginar qual será a reação de Juliette diante do que disse. Será que ela irá desaprovar tal qual Cínthia fez? Ou ela nem se incomodará? Sua torcida ficará para a segunda opção.
- Vamos agora para a sessão de autógrafos e fotos com seus convidados, mas antes seria legal que fizesse um discurso de agradecimento, pode ser?
- Pode.
- Então vamos!
As duas seguiram até onde havia uma mesa com um banner do livro e a foto de Sarah para dar início a sessão de autógrafos.
- Que foi? Tá com uma carinha estranha. - Juliette cochicha percebendo que a esposa nada boa.
- Nada não, linda. - força um sorriso antes de roubar um beijo rápido da esposa.
- Foi a entrevista? Não se sentiu confortável com tantas perguntas, né? Sei que detesta isso.
- Pois é, foi isso. Mas já passou. - responde enquanto ambas assistem Cínthia se pronunciando em nome da editora e agradecendo de modo curto e sem delongas a presença de todos. Em seguida a editora-chefe chama Sarah e lhe estende o microfone para dirigir algumas palavras aos seus convidados.
- Bem... É com grande humildade e gratidão que me encontro aqui hoje. Gostaria de expressar meu sincero agradecimento pela presença de cada um aqui. É um privilégio estar cercada por tantas pessoas incríveis e ser reconhecida desta maneira. Espero que este livro ajude não somente a quem pertence ao nosso meio clínico, mas também as mentes curiosas e ávidas por conhecimento. Até porque como Joseph Addison escreveu: a leitura é para a mente o que o exercício é para o corpo. Portanto, espero que as páginas deste livro escrito com todo carinho sejam como uma maratona para o cérebro de quem o ler! Muito obrigada.
Uma salva de palmas e assovios tomou conta de lugar após a fala da médica. Na sequência foi dado início a sessão de autógrafos. Uma fila foi formada e a cirurgiã foi atendendo um a um, conversando, autografando e tirando fotos quando solicitada. Assim que o último convidado foi atendido um coquetel foi serviço e durante a social um bolo surpresa apareceu e todos cantarem parabéns para aniversariante da noite, deixando Sarah sem jeito.
***
Quieta e apenas ouvindo a conversa que rolava entre o pequeno grupo ali reunido, Sarah não tirava da cabeça o esporro dado por Cínthia. Ao longo do evento as palavras da amiga martelaram em sua cabeça. A semente da dúvida e da incerteza foi plantada em sua mente, e precisava tirar aquela história de filho a limpo com Juliette, mas não fazia ideia de como abordar aquele assunto com a esposa e nem em que momento.
- Tu tá tão estranha, Sarah!
A cirurgiã encara a esposa após a mesma lhe cochichar tais palavras.
- Acho que estou cansada só. Quero ir pra casa e aproveitar o restante da noite só com você. - sorri para a esposa que retribui o gesto.
Para a sorte das médicas, os pais de Sarah acabaram aceitando o convite de Cecília de passarem a noite na casa da mãe de Kerline a quem tinha grande amizade. Com isso, o casal de médicas teria a noite para comemorar bastante. Até porque Juliette tinha ideias e um presente para lá de especial a entregar a esposa.
- Tem que saber com a Cínthia se você está liberada e podemos ir pra casa. Já chega de dividir tu com os outros. Quero exclusividade.
- O que tanto vocês cochicham aí?
O casal encara Gil e encontra não somente o amigo mais como todos os outros que fazem parte da rodinha ali reunida, as encarando com uma caras para lá de suspeitas.
- Deixem de ser curiosos. Oxe! É coisa nossa.
A risada toma conta do grupo diante da resposta de Juliette.
Por mais meia hora o grupo ainda permanece ali de papo e Sarah consegue interagir melhor, esquecendo-se do que lhe martelou a cabeça, o que foi bom para tirar de Juliette a impressão de que algo de errado estava acontecendo com esposa.
E após encerrar todo o seu compromisso que incluía pousar para mais algumas fotos que seriam postadas nas redes sociais da editora. Sarah por fim, foi liberada por Cínthia para ir embora.
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É isso, gente. Acho que o evento não foi bem com a Sarah esperava. Também quem manda falar demais.
E essa história de filho ainda vai render mais lá pra frente, aguardem.
Um xero e até o próximo capítulo 😘❤️🥰
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