Capítulo 8 (extra) - A viagem

N/A: Salve, salve, minha gente. Chegay com o capítulo da semana.

Simbora ler?

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Assim que Juliette entrou na sala de descanso, onde a maioria de seus colegas de trabalho - exceto Rodolffo que estava de folga aquela noite - estavam aguardando Sarah vir para dar início ao turno de trabalho, a cardiologista notou alguns olhares esquisitos direcionados a ela.

Deu 'boa noite' ao pessoal que lhe respondeu em um coro baixo e seguiu até a máquina de café. Podia sentir os olhares dos outros queimarem em suas costas. Se virou e notou que seus companheiros de trabalho a olhavam, mas logo trataram de desviar os olhos dela rapidamente e começaram a cochichar entre si.

"Oxente! Isso está estranho por demais."

Foi então que ela viu Gilberto entrar na sala todo saltitante e saudar o pessoal com um empolgado 'boa noite', que foi respondido outra vez em coro pelo restante do povo, mas com mais animação que o respondido a cardiologista segundo atrás, despertando mais ainda a estranheza na morena.

Assim que seu amigo olhou em sua direção, encostada perto do balcão onde ficava a máquina do café e a pia, Juliette acenou com a mão o chamando. No mesmo instante Gilberto veio até ela.

- Oi, amiga!

- Gil, eu estou com alguma sujeira na cara, amigo? - se abstendo de cumprimentá-lo, a cardiologista disparou baixo para o homem assim que ele se postou diante dela.

- Não. - negou ao olhar com atenção ao rosto da morena.

- Meu batom ou o meu delineador estão borrados?

- Também não, amiga. - respondeu ao mesmo tempo em que balançava a cabeça em negação.

- Então o quê diabo esse povo tanto olhava pra mim? Gil precisava ver quando eu cheguei os olhares estranhos que me lançaram.

Gilberto se aproximou mais da amiga e lhe cochichou:

- Deve ser por causa do esculacho que o Rodolffo pagou em cima de geral ontem, principalmente no Arthur por conta das piadinhas a respeito de vocês dois.

Juliette arregalou os olhos.

Bem que o traumatologista disse que ia chamar a atenção do pessoal e pelo visto a chamada foi feia.

- E o que foi exatamente que ele disse? - sussurrou enquanto ajeitava melhor o óculos no rosto.

- Ah, ele pediu... - Gil fez aspas com as mãos ao pronunciar a última palavra, - que parassem com as piadinhas a respeito de vocês dois, porque nunca houve nada e nem nunca haverá algo entre vocês. Confessou que no começo sim, sentiu-se atraído por você e até tentou algo pra cima de você, mas que você nunca deu moral para ele. E que o único sentimento que há da parte dele hoje em dia para com você é apenas amizade. Nada além disso.

Ela assentiu aliviada e aprovando as palavras do amigo enquanto dava um gole em seu café.

- E ele falou mais alguma coisa além disso?

Juliette estava apavorada que Rodolffo tenha dito o que não devia e entregado algo, ou dado margem para desconfianças dos demais em relação a ela e Sarah. Se isso tivesse acontecido, ela mesma acabaria com a raça daquele piruca linguarudo de uma figa.

- Ah! Revelou que estava saindo com uma garota e que era por ela que estava pedindo para pararem com as piadas. Não queria que isso caísse nos ouvidos dela caso, eles venham a dar certo de fato e ela, por ventura, venha aqui alguma vez. E ameaçou, dizendo que se ouvisse a partir daquela noite em diante algum comentário ou insinuação envolvendo seu nome e o dele, ia fazer uma reclamação formal a direção do hospital. E caso eles não tomassem uma providência quanto a isso, ele mesmo ia resolver no punho e fora do hospital. E isso ele disse olhando sério para o Arthur.

Piruca do céu!

- Bom!...Eu espero que depois disso tudo, eles parem mesmo com esses comentários sem graça. Porque eu não estava mais suportando isso.

- Eu sei, amiga. Era chato mesmo.

Eles viram Arthur se levantar da cadeira que estava e vir até onde os dois amigos se encontravam.

- Juliette posso falar, por favor, com você um instante? - o fisioterapeuta lançou um olhar na direção de Gil.

- Já estou indo. - retirou-se Gilberto, entendendo que o colega queria falar a sós com a cardiologista.

- O que quer falar comigo, Arthur?

- Eu quero te pedir desculpas pelas coisas que eu disse sobre você e Rodolffo. Todas elas não passavam de brincadeiras da minha parte.

- Brincadeiras bem sem graças, Arthur. - rebateu séria.

O homem assentiu em concordância.

- Foi o que Rodolffo disse ontem. Ele reuniu o pessoal após o turno e deu uma chamada geral, com o foco mais direcionado a mim. Por isso estou aqui pedindo desculpas a você pelas coisas que disse e insinuações que fiz. Pedi a ele também desculpas ontem e agora peço a você.

A cardiologista encarou o colega e conseguiu sentir verdade e sinceridade em seu pedido.

- Tudo bem. Está desculpado, Arthur. - viu o médico esboçar um sorriso. - Só não faça mais esse tipo de brincadeira sem graça, porque entre Rodolffo e eu só há uma amizade verdadeira e sincera, mais nada além disto.

Outra vez ele assentiu, concordando com a fala da colega de trabalho.

- Posso te dar um abraço para selar o pedido de desculpas?

- Claro!

Eles se abraçaram.

- Apesar de ser um chato na maioria das vezes, ainda assim eu gosto de você. - ela sussurrou no ouvido do outro médico, que sorriu.

Não houve tempo para o fisioterapeuta retribuir as palavras da cardiologista, já que naquele instante Sarah entrava na sala saudando com um 'boa noite' seus comandados e colegas de trabalho.

A cirurgiã franziu de leve o cenho ao se deparar com a cena de Juliette e Arthur abraçados, mas sua ação não tinha a ver com ciúmes e sim, com estranheza, já que a relação de sua namorada com o fisioterapeuta era algo "entre tapas e beijos". Tinha dias em que aqueles dois se adoravam e trocavam brincadeiras, riam um do outro, mas em outros eles se estranhavam e as farpas rolavam soltas entre os dois. E até onde ela sabia, eles não andavam se dando muito bem ultimamente.

- Hora de pegar no trabalho gente. - anunciou a chefe.

Cada um dos médicos na sala foram se retirando para irem cuidar de seus pacientes. Juliette foi a última a passar pela chefe e quando o fez, Sarah a seguiu bem de perto e em tom baixo quis saber:

- O que foi aquilo de Arthur e você abraçados?

- Estávamos selando um pedido de desculpas da parte dele.

Em um tom baixo e com certa discrição enquanto andavam lado a lado agora, a cardiologista resumiu para a namorada o que ouviu de Arthur e Gil antes dela chegar na sala dos médicos.

- Rodolffo acabou de subir um pouco mais no meu conceito. - achou muito boa a atitude dele. - Bom trabalho, doutora Freire. - cochichou antes de se afastar da cardiologista para ir até uma enfermeira que acenava para ela.

Juliette balançou a cabeça em negativa enquanto ria da namorada. Ela aos poucos ia começando a deixar seu ciúme de Rodolffo de lado.

Ao longo daquele turno de trabalho, Juliette foi procurada por Fiuk, Carla, Kerline e até Caio em momentos distintos. Todos com o mesmo propósito de lhe pedir desculpas, já que assim como Arthur, eles também endossavam os comentários envolvendo a cardiologista e Rodolffo.

Juliette desculpou a cada um, repetindo a todos o mesmo pedido de que não fizessem mais aqueles tipos de comentários ou tirassem aquelas brincadeiras mais, o que eles concordaram.

As únicas pessoas que não a procuraram com tal propósito foram: Gil que por ser seu amigo, sabia que as piadas que faziam não eram verídicas. Ele inclusive chegava a sempre defender a amiga quando esses comentários vinham e ela não estava por perto para se defender. E a outra pessoa foi Viviane, que apesar de não ir tanto com a cara da cardiologia, nunca fez qualquer comentário ou insinuação a respeito dela com Rodolffo. No fundo até achava desagradável aquela situação apesar de não deixar explícito isso.

No fim do turno com todo mundo reunido e extenuado pelo trabalho, Sarah comunicou que teriam a partir do próximo turno e durante uma semana, a companhia de outra cardiologista na equipe, porque a doutora Freire iria se ausentar para participar de um Seminário de Medicina na UFCG.

- Ai, que tudo, amiga. Você vai poder ver sua família. - Gil a abraçou todo empolgado e feliz pela amiga.

- Nem me fale, amigo. Tô louca para ver mainha, painho, meus sobrinhos e os feios dos meus irmãos.

O pessoal riu da última parte da fala da colega.

Juliette estava muito feliz e empolgada com a ida para esse evento em Campina Grande, o qual lhe proporcionaria não só rever sua família, mas também passar alguns dias com eles. O único lado ruim nessa história toda era o fato de passar o aniversário de namoro longe de Sarah. Mas é como sua namorada bem disse, nada as impedirá de comemorar a data quando a cardiologista voltar do seminário.

- Que inveja de você, Juliette. Vai sair dessa loucura do hospital um pouco e de quebra poderá curtir sua família e até pegar uma praia. - Carla comentou. - Quando fui participar de um evento desses foi em Florianópolis, bem na época de inverno. As baixas temperaturas me privaram de curtir uma praia linda que ficava perto de onde fiquei hospedada.

- E eu que fui pra Curitiba. Passei um perrengue danado com o frio por lá. Logo eu que sou um rato de praia. - Arthur revelou aos risos e sendo acompanhado pelos colegas nas risadas.

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- Tudo pronto, linda? - Sarah quis saber se encostando ao batente da porta do quarto.

- Acho que sim. Já podemos ir.

Juliette pegou sua bolsa da cama. Sua mala, Sarah já tinha levado para a sala segundos atrás, onde havia deixado perto da porta.

As duas saíram do quarto de mãos dadas e Juliette fez questão de ir a lavandeira para se despedir de Bento.

- Meu amorzinho, eu já vou viajar. - disse ao se agachar na frente da grande de proteção que impedia Bento de sair da lavanderia para a cozinha.

O cão só ficava preso ali quando as médicas precisavam sair. Quando elas estavam em casa, ele ficava livre para circular pelo apartamento todo, apesar de que ficar na lavanderia já havia se tornado seu lugar preferido.

- Cuida da sua mãe pra mim, tá meu amorzinho? - beijou o topo da cabeça do cão que lhe encarou com seus olhos claros e inclinando a cabeça para a direita.

De pé atrás de Juliette estava Sarah observando a namorada se despedir do garoto delas.

- E se por ventura, a sua mãe tiver a desfaçatez de trazer alguma mulherzinha estranha pra cá... Você morde a canela da sujeita, meu amor.

- Juliette!!

A cardiologista olhou para cima rindo.

- Até parece que eu vou trazer alguma outra mulher pra cá, sua maluca.

- Eu sei que não, amor. Estava brincando. Mas quanto a cuidar da sua mãe, eu falei sério, viu Bento? E você cuida dele, Sarah.

- Pode deixar. Vamos cuidar um do outro, né filhote? - o cão latiu. - Viu? Foi um sim.

As duas sorriram. Juliette ainda deu mais uns beijos no cão e depois as duas saíram do apartamento.

- Seu irmão vai te buscar mesmo no aeroporto? - Sarah indagou atenta ao trânsito que aquele horário estava com um fluxo intenso.

- Sim. - ela confirmou, tocando a coxa da namorada com a mão esquerda e deslizando-a carinhosamente por cima do tecido jeans de sua calça preta . - E ele não contou nada a ninguém.

Ela havia ligado para Washington um tempo depois de saber por Sarah do seminário. Seu irmão pirou de alegria com a notícia que iam se ver. Juliette pediu que ele não contasse a família de sua ida, porque queria fazer uma surpresa a todos. E pediu que o irmão fosse lhe buscar no aeroporto. Ontem lhe mandou uma mensagem avisando o horário de chegada de seu vôo e Washington afirmou que estaria lá no horário para buscá-la.

- Vai ser uma baita surpresa pra sua família quando lhe verem, mas ainda para sua mãe e seu pai, não é?

- Com certeza. - concordou, deitando a cabeça no ombro de Sarah e dando um bocejo. Mal deu tempo de dormir direito após chegar do trabalho. O máximo que conseguiu foi dar um cochilo de poucas horinhas.

- Está com sono, né linda?

- Sim! - ela respondeu, bocejando de novo.

- Aproveite para dormir um pouco durante o vôo.

- Farei isso.

O restante do percurso até o aeroporto de Guarulhos foi feito em silêncio.

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De pé encostadas em uma parede há pouca distância do portão de embarque, elas aguardavam lado a lado o chamado do vôo.

- Vai sentir minha falta, Sarah? - Juliette indagou de repente, se postando na frente da namorada.

A loira esboçou um sorriso tímido e ajeitou uma mexa castanha de cabelo da namorada atrás de sua orelha.

- A cada hora desses sete dias que virão, eu estarei sentindo a sua falta, linda.

Juliette sorriu com a resposta. Logo em seguida abraçou a namorada, escondendo o rosto no pescoço da outra, pouco se importando no momento se algum conhecido poderia estar por ali e, eventualmente as verem juntas. Só queria ficar o máximo de tempo que ainda tinha, agarrada em seu amor.

Era louco, mas ainda não havia nem partido e já sentia falta de Sarah. Ao mesmo tempo que sabia que seriam dias incríveis lá em Campina Grande, porque estaria na companhia de sua família a qual não via há certo tempo, e participando de um evento que só agregaria novas coisas a sua carreira, também seriam dias difíceis por não ter Sarah ao seu lado.

Não era a primeira vez que passariam dias sem se ver desde que iniciaram o namoro delas. Durante esse tempo Sarah já viajou três vezes para participar de eventos como esses. Ela sempre era requisitada para isso. Mas seria a primeira vez que Juliette era a que partiria para um evento deste porte e não o contrário.

- Vou morrer de saudades de você, amor. - sussurrou com a voz triste.

- Eu também. Mas esses sete dias vão passar rápido, vai ver, linda. - beijou o topo de sua cabeça antes de apoiar o queixo nela enquanto passou a deslizar uma das mãos pelas costas da outra de forma carinhosa.

Elas ainda ficaram abraçadas e trocando carinhos por mais algum tempinho até ouvirem o primeiro chamado do vôo:

"Atenção passageiros do vôo 1634, com destino à Campina Grande. Embarque no portão 7."

- É seu vôo, linda.

Elas se separaram e Sarah segurou o rosto da namorada com ambas as mãos, e olhou em seus olhos.

- Aproveita ao máximo o curso e o seminário. E, principalmente, aproveita esses dias com a sua família, tá bom?

A cardiologista assentiu e beijou rápido os lábios da namorada.

- Se cuida.

- Você também. E se comporta, principalmente lá no almoço na casa da Ker. Nada de ficar de confiança com a Viviane.

Sarah riu e abraçou a namorada apertado.

- Você sabe, perfeitamente que sei me comportar, Juliette.

- É verdade. Quem não sabe é aquela Viviane, também conhecida como: Pocah noção.

Foi impossível Sarah conter a risada diante do comentário da namorada. Juliette era terrível.

- Ai, Juliette! Você saí com cada uma.

- Eu estou mentindo?

O segundo chamado do voo foi feito, impedindo Sarah de dar uma resposta a namorada.

- É melhor você ir. Já é o segundo chamado, linda.

Elas trocaram um beijo mais demorado.

- Quando chegar na casa dos seus pais me liga ou manda mensagem, está bem?

- Pode deixar!... Até daqui a sete dias.

- Até, minha linda. - piscou para namorada.

Sarah ficou observando Juliette seguir até o portão de embarque. Um último aceno da cardiologista que a loira correspondeu com outro aceno e Juliette seguiu até a cirurgiã lhe perder de vista.

"Serão longos sete dias sem você, meu amor!"

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Tranquilizaram mais o coração já que o Rodolffo não fez coisa errada?

Agora pelos próximos capítulos nossas doutoras vão ficar separadinhas. E com isso tem coisas bem interessantes por vir como, por exemplo, certo almoço na casa da Kerline e uma Viviane partindo para o ataque 👉👈  😒

Até semana que vem. Xero.







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