Capítulo 16 (extra) - Ciúmes
N/A: Salve, salve, minha gente.
Hoje o aniversário é dessa autora, mas quem ganha o presente são vocês, minhas leitoras.
Simbora ler!
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Sarah mal podia acreditar que Cínthia Martins estivesse diante de seus olhos, tão linda e ruiva como sempre. Pelo que sabia, a mulher estava vivendo nos EUA, mas pelo jeito estava de volta. Seria uma volta temporária ou definitiva?
- Vai ficar aí só me olhando e não vai vir me dá um abraço, Sweet?
A loira tinha ficado tão impactada com a presença da ruiva que ainda estava sem poder de reação. A última vez que se viram "ao vivo" foi no aeroporto na despedida de Cínthia. A por sinal, tinha sido alguém muito especial com quem Sarah viveu uma relação bacana com bons momentos.
Dos poucos relacionamentos que teve antes do atual com Juliette, o com Cínthia foi o que teve alguma relevância e mais durabilidade se comparado com os outros. A ruiva tinha uma aura alegre e contagiante, que deixava Sarah a vontade algo muito semelhante com Juliette. A única diferença era que com Cínthia os sentimentos envolviam paixão, companheirismo, amizade e atração, mais coisa de pele. Com Juliette também envolvia tudo isso, mas havia algo maior e mais especial no meio: amor.
- Claro!
A loira se levantou da cadeira e foi cumprimentar a outra mulher com um abraço apertado.
- Nossa que saudades, Sweet. - sussurrou Cínthia.
- Também!
No fundo sentia saudades de Cínthia e sua alegria constante e empolgação extrema. Ela era um acontecimento quando surgia. Uma pessoa ímpar que foi a grande responsável por Sarah ser reconhecida por suas palestras. Cínthia foi a primeira a incentivar a loira a ensinar aos outros o que sabia.
"Você já pensou em dar aulas?"
"Deus me livre! Eu sou tímida, esqueceu? Como que vou dar aulas? Ficou maluca, Cínthia!", Resmungou do sofá enquanto assistiam a uma série de TV.
"Eu sei que é tímida, mas é que você tem um jeito tão bom de explicar, que torna fácil entender essas coisas médicas. Por exemplo, naquele dia você me explicou sobre laparoscopia e eu entendi perfeitamente. "
"Ensinar não é pra mim."
"Faz um curso de oratória para pessoas timidas. Assim você perde essa vergonha de falar em público."
"E tem esse curso?"
"Claro que tem. Faz boba! Posso apostar que você vai ser um sucesso dando palestras."
"Você não vai me deixar em paz com isso, né?"
"Não, porque eu sei que você tem capacidade de se tornar uma excelente palestrante, sweet."
Acabou que Sarah fez o tal curso de oratória por insistência de Cínthia. Logo depois a ruiva conseguiu com um contato que Sarah desse sua primeira palestra na qual a loira foi super bem e elogiada. E a partir daí Sarah começou a ser requisitada para outras palestras e mais outras.
- Você tem dormido no formol é? Porque parece que não envelheceu nada desde a última vez que nos vimos pessoalmente há dez anos.
- Claro que envelhece. Tem umas rugas aqui cobertas por tonelada de maquiagem, sua tola.
As duas riram.
- E aquela maluca da Ker, como está?
- Tão maluca quanto a conheceu.
Das poucas mulheres com as quais se envolveu Cínthia foi a única com quem Kerline teve algum pouco de contato.
- Posso imaginar. Mas ainda bem que te encontrei, sweet. - a ruiva tocou o ombro de Sarah. - Porque já estava em vista de caçar você.
- Por qual motivo?
- Tenho algo importante para tratar com você. - ela contou empolgada e agora segurando a mão de Sarah. Foi bem providencial esse encontro. Parece até que o destino conspirou a seu favor para encontrar Sarah ali. Assim que foi informada de sua presença no evento, não pensou duas vezes em procurá-la.
- Sobre?
Cínthia começou a adiantar um pouco do assunto que pretendia tratar com sua ex, quando a procurasse em breve.
Juliette ria de algo dito por Camilla enquanto estavam na fila para pegar o canudo simbólico de conclusão do curso, quando avistou Sarah trocando abraço com uma ruiva, muito bonita por sinal. No mesmo instante o seu sorriso foi se desfazendo e ela passou a observar Sarah que depois do abraço demorado na estranha, ficou de risos e conversas com ela.
- Quem é a ruiva lá com a Sarah?
- Não tenho a menor ideia, João. - respondeu séria e cruzando os braços.
- Ih! Alguém aqui acabou de ser picado pelo bichinho do ciúmes ou tô vendo coisas, gente? - Camilla olhava de maneira zombeteira para Juliette que somente olhou para amiga de cara mais amarrada e voltou a encarar a namorada com a tal ruiva que ela não sabia quem era, mas que pelo que se via tinha intimidade o bastante com Sarah, pois ora tocava seu ombro, ora segurava sua mão enquanto conversavam e para piorar, não tirava o sorriso do rosto. Até mesmo Sarah mantinha um sorriso ainda que contido enquanto estava de papo com a ruiva.
Seria aquela ruiva alguma amiga de sua namorada?
Ou pior, uma ex dela?
Está com cara de ex!
Foi impossível para Juliette não tirar os olhos das duas até chegar sua vez de ir buscar o canudo. Assim que o recebeu, esperou os amigos receberem os seus para juntos voltarem para a mesa.
O grupo retornou bem no exato instante em que a ruiva dizia a Sarah que quando retornasse para São Paulo ligaria para a médica, marcando um almoço entre elas.
- Okay. - foi tudo o que a loira se permitiu dizer diante da presença da namorada.
- Até depois, sweet. - se despediu Cínthia abraçando Sarah e depois do abraço ainda fez um afago no rosto da cirurgiã, por quem mantinha muita estima e carinho devido ao bom passado que tiveram juntas.
Discretamente, Sarah olhou rápido para Juliette e pelo olhar mortal que ela lhe lançava, a cirurgiã soube que a namorada não gostou nada das demonstrações de afeto de Cínthia.
"Céus, Cínthia! Você bem que podia ser menos afetuosa!"
- Com licença. - a ruiva disse aos recém chegados antes de se afastar da mesa.
- Poxa sua amiga já foi e nem deu para nos apresentá-la. - comentou Camilla rompendo o breve silêncio constrangedor que ficou após a ida da ruiva.
- É que a Cínthia tinha que cumprimentar outras pessoas. - justificou Sarah ao se acomodar ao lado de Juliette que havia sido a primeira a se sentar.
Séria a cardiologista focou os olhos na ruiva parada bem mais lá adiante de conversa com um dos professores que deram aula para sua turma.
- Ela é médica também? - João perguntou curioso e Juliette agradeceu pelo questionamento do amigo.
- Não. Cínthia é formada em Jornalismo. E fez curso de Produção Editorial para trabalhar na área de editoração, a qual sempre foi um desejo seu. - Sarah notou de relance, Juliette lhe olhar com uma das sobrancelhas erguidas, e prosseguiu em sua explicação. - Ela tinha se mudado para os EUA há uma década, mas me contou que voltou há pouco tempo ao receber de um conhecido o convite para ser a nova editora-chefe da Crânio Editora.
- Aquela especializada em lançar revistas médicas e, principalmente livros de medicina? - Vitória interpelou.
- Essa mesma.
- E por que você vai almoçar com essa editora-chefe? - Juliette se pronunciou pela primeira vez. Sua cara não era nada boa devido a resposta ouvida de Sarah. Pelo visto sua namorada e a tal Cínthia eram íntimas demais, o que só reforçava mais a sua ideia daquela fulana lá ser uma ex da cirurgiã.
Era só o que me faltava! Já não basta Pocah dando encima de Sarah, agora me vem uma possível ex para isso!
Sarah encarou a cardiologista e se elas estivessem sozinha ali não teria o menor problema em revelar o motivo, mas apesar das pessoas com elas se mostrarem discretas e ter certeza de que não iam sair por aí revelando o que diria, ainda assim a loira achou melhor só revelar o que Cínthia queria com ela quando estivesse sozinha com a namorada. Até porque a editora-chefe foi bem taxativa ao pedir: mantenha isso em off, Sweet.
- Eu conto depois, pode ser?
- Claro... Sweet.
O sorriso irônico e o tom debochado usado para lhe chamar pelo apelido que sua ex lhe deu na época do namorado delas, só reforçou para Sarah que Juliette não gostou nada de lhe ver com a ruiva.
- Pelo visto a ciumenta da relação é a Juliette. - sorrindo, Camilla comentou para descontrair.
- Totalmente. - concordou Sarah, recebendo um olhar mortal da namorada. - Não me olhe assim, porque você sabe que é verdade.
- E você também não é a ciumenta, não bonitona?
- Eu não. - negou, tentando não rir, porque sabia que estava mentindo.
- A Sarah não tem mesmo cara de ser ciumenta. - opinou João.
- Também acho. - concordou Camilla e Vitória juntas.
- Pois tua cara nem treme por tá contando uma mentira dessas pra eles, não Sarah?! - a outra sorriu assim como os demais. - Minha gente... O que ela disse é mentira. Essa carinha aqui engana. - a cardiologista apertou de leve o queixo na namorada. - Não caíam na dela, não.
O clima tenso com isso se dissipou instantaneamente diante das risadas que vieram logo em seguida a fala da cardiologista.
Aílton se aproximou da mesa instantes depois pedindo que Sarah lhe acompanhasse para lhe apresentar umas pessoas.
- Já volto, pessoal. - anunciou a cirurgiã se levantando e depois seguindo seu velho amigo.
- Agora que estamos sozinhos aqui, ela é mesmo ciumenta, Juliette?
- Sim, João. Só que ela não admite. Ao contrário de mim.
- Ah, mas você nem precisava admitir isso, Juliette. Já ficou bem evidente pra gente que é ciumenta. - Camilla retrucou com um sorriso.
- Mas minha gente não tem como não sentir ciúmes dessa mulher. E pra piorar, a peste ainda tem um chame pra atrair outras mulheres para si, que meu Deus!
- Vitória que o diga, que ficou atraída por ela, né Viih? E ainda é até hoje.
- Lá vem de novo com isso, Camilla.
Os outros três riram da loirinha.
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Era por volta das onze quando Vitória foi a primeira a anunciar que iria embora, porque segundo ela seu voo de volta para casa estava marcado para de manhã cedo. Ela se despediu de cada um com um abraço e ainda teve que ouvir uma última gozação de Camilla na hora que abraçou Sarah.
- Vai. Aproveita, Viih. Aproveita!
- É, mas não se aproveite muito não, visse, porque eu estou de olho. - implicou de brincadeira Juliette antes de beber seu drinque.
Vitória estava vermelha de vergonha ao se separar de Sarah, causando risada no trio de amigos e um sorriso discreto em Sarah.
- Se arrependimento matasse, eu já estariam morta há séculos. - Vitória resmungou aos amigos que riram.
A loirinha trocou só mais umas três palavras com o grupo e se foi. Meia hora depois era Camilla quem se despedia dos amigos com a promessa de sempre manter contato com eles por mensagens e ligações. Não tardou muito e já era João também quem se despedia e partia dali, deixando apenas as duas médicas à mesa.
- Enfim sós, ao menos nessa mesa. - brincou Juliette fazendo Sarah sorrir. Quanta falta sentia desse bom humor de sua namorada maluca.
- Verdade!... E a propósito... Gostei dos seus novos amigos. - comentou Sarah. De maneira instantânea, ela havia se simpatizado com o trio de amigos da namorada, até mesmo com Vitória rolou uma empatia apesar do passado delas.
- Eu vi. Até os convidou para ir lá em casa.
- Ué! Não gostou da ideia?
- Pelo contrário, adorei essa sua iniciativa e, principalmente a sua desinibição e entusiasmo ao conversar com eles. Pra quem disse, certa vez, que tinha dificuldades em fazer amizades, você até que foi bem, doutora Andrade. - a cardiologista bateu de leve com seu ombro no de Sarah, fazendo-a sorrir com sua habitual timidez.
- Bem... Levando em conta o fato de eles serem pessoas simpáticas e fácies de sociabilizar, tornou tudo mais fácil, doutora Freire. - piscou bem devagar para a outra.
- Ô, Sarah, não pisque assim não, mulher. Ou eu não respondo por mim.
As duas médicas caíram na risada e por alguns segundos ficaram presas em uma troca de olhar intensa e silenciosa, que foi quebrada por Juliette ao se dar conta de que estavam em um lugar público e que as pessoas ali poderiam achar no mínimo estranho aquela troca de olhar delas.
- Que horas você chegou na cidade? - indagou ao tirar os olhos da namorada para encarar sua taça com a bebida rosa.
- Por volta das quatro.
- E está em quê hotel? - quis saber a cardiologista antes de tomar em um gole só o restante de sua bebida, fazendo Sarah que a observava, franzir a testa. Pelas suas contas ela já tinha bebido umas cinco taças daquele drinque rosa, mas resolveu não comentar nada.
- Em nenhum. Estou na casa do Aílton. Ele foi me buscar no aeroporto e não deixou que eu ficasse em um hotel, me levando para ficar na sua casa.
- Ah! - resmungou com certo desapontamento. - Poxa! Achei que estivesse em um hotel, assim a gente poderia passar a noite juntas para matar as saudades. - sussurrou.
- E você acha realmente, que eu vim de São Paulo pra cá, para passarmos a noite separadas, linda?
- Eu não vou passar a noite com você na casa do seu amigo, Sarah. Sem chance.
- E quem falou em passar a noite lá, sua maluca?... Pensei em a gente pernoitar em um hotel.
A cirurgiã viu um sorriso para lá de malicioso ir se abrindo nos lábios da namorada.
- Prefiro mais pernoitar em um... Motel. - a cardiologista sussurrou em sugestão a última palavra.
- Juliette!... Chega desse drinque rosa. Acho que você já bebeu demais dele. - a cirurgiã disse rindo e balançando a cabeça enquanto entregava a taça vazia da bebida de sua namorada a um garçom que passava ali perto naquele instante.
- Ei! Se acha que estou bêbada, te digo que não estou. Eu estou bem sóbria, tá?
- Está mesmo?
- Oxente! Com certeza.
- Se você diz.
- Mas e aí, aceita a minha proposta? A gente nunca foi... - ela se inclinou para perto da namorada e cochichou rente a sua orelha: - em um motel juntas, Sarah. Essa seria uma ótima oportunidade de irmos a primeira vez. Vamos, vai? - se afastou e ficou olhando para a loira no aguardo de sua resposta.
Sarah a encarou bem.
Como que ela ia dizer "não" para tal pedido vindo da dona do par de olhos castanhos mais brilhantes e lindos que já viu? E que bagunçou sua vida de uma maneira tão boa? Impossível!
- Vamos!
Juliette sorriu mais ainda diante da resposta positiva da namorada. Teve que segurar seu ímpeto de tascar um beijo na boca de Sarah ali mesmo.
- Pois então vamos agora. E a gente saí à Francesa!
Sair assim não era lá muito educado no entender da cirurgiã, mas por outro lado, também era um ótimo jeito de evitar justificativas desnecessárias.
- Saída à Francesa então, doutora.
Com sorrisos estampados em seus rostos, elas se puseram de pé no mesmo instante e no que viraram, avistaram Cínthia vindo na direção de Sarah.
- Vou lá pra entrada. Você tem cinco minutos pra despachar essa fuleira e aparecer lá onde estou, Sarah Carolline. Ou adeus motel. Vou pra casa e você passa a noite só. - resmungou a cardiologista antes de se afastar da namorada. Preferiu não estar presente na conversa dela com aquela ruiva, porque se aquela outra mulher falar ou fizer alguma coisa que lhe desagrade, Juliette não saberia ter filtro para ficar na sua.
Sarah nem teve tempo de contra-argumentar, pois foi Juliette sair por um lado e Cínthia parar diante dela.
- Sweet ainda bem que não foi embora. Assim podemos bater um pouco mais de papo.
A loira avistou sua namorada indo e no meio do caminho, ela foi abordada por um sujeito com quem iniciou uma conversa.
- E aí, me conta como tem sido sua vida? - Cínthia puxou Sarah para se sentar com ela em uma cadeira a sua frente.
- Tem sido muito boa. - respondeu e olhou na direção de Juliette e o sujeito com quem ela seguia de papo.
- Nossa, Sweet. O tempo passou e você continua econômica nas palavras. Me dá mais detalhes da sua vida, poxa. Você está solteira, casada, enrolada ou o quê?... Sarah! - Cínthia chamou pelo nome da médica, já que ela não respondeu sua pergunta.
- Oi! - a cirurgiã olhou para Cínthia após a outra berrar seu nome. - O que foi?
- Mas o que tanto você olha?
Cínthia se virou na cadeira e avistou a morena que há pouco estava ali com sua ex antes de chegar nela, de papo com um sujeito.
- É a moça que estava aqui com você a quem tanto olha? Como ela se chama?
- Juliette!
Sarah viu o sujeito segurar a mão de sua namorada com a mão esquerda enquanto com a direita fez um afago no dorso da mão dela.
- Parece que a Juliette conquistou um partidão. Sua amiga tem bom gosto, ainda que homem não faça o meu tipo. Mas o sujeito com ela é um belo espécime, viu.
- Juliette não é minha amiga. É minha namorada. - soltou sem qualquer filtro.
- Oi? - Cínthia olhou na hora para a loira.
- É um relacionamento secreto. Trabalhamos juntas, sou chefe dela e, por favor, peço que não comente nada com ninguém. Agora, se me der licença, eu preciso ir lá com ela.
- Não, espera. - Cínthia segurou no pulso de Sarah, detendo a loira de ir embora. - Você me joga essa bomba e quer ir embora assim? Negativo. Senta aí.
- Cínthia, por favor, me deixar ir. Depois te explico tudo. Droga!
- Meu Deus! - a ruiva começou a rir ao se dar conta do que estava presenciando, fazendo Sarah franzir a testa em estranhamento.
- Posso saber qual é a graça?
- Eu vivi pra ver Sarah Andrade com ciúmes. - a ruiva ria com uma das mãos no rosto. - Essa Juliette merece um prêmio por te despertar esse sentimento, porque comigo isso não rolou uma vez sequer.
Cínthia se lembrava que quando elas namoraram uma das coisas que mais a incomodava era o fato de Sarah não esboçar um pingo de ciúmes dela.
- Não fala bobagem. - resmungou séria.
- Não é bobagem. Você nunca sentiu ciúmes de mim, Sarah. Já da Juliette ali, você tá se corroendo de ciúmes.
- Não é isso.
- É sim. Você vai negar, mas não adianta. E vai logo lá antes que você tenha uma síncope aí. E depois quando eu for pra Sampa quero conhecê-la... - apontou com a cabeça na direção de Juliette. -... e saber melhor essa história de vocês duas, hein Andrade.
- Não sabia que o nome da minha mãe tinha mudado de Abadia para Cínthia.
- Também amo você, Sweet. Até breve.
- Até.
Sarah deixou sua ex e foi até onde Juliette estava. Chegou bem no exato momento em que ela trocava um abraço com o sujeito.
- Já podemos ir, Juliette? - indagou séria ao se postar atrás da namorada e lançar um olhar ao sujeito alto e bem apessoado com Juliette.
- Você já se despediu da sua amiga? - a cardiologista se virou para a namorada.
- Já. E você pelo visto do seu.
Juliette comprimiu os lábios para conter o sorriso que lhe escaparia ao notar que sua namorada estava com ciúmes de Bil. O rapaz havia lhe parado no meio do caminho para pedir desculpas por suas ações a mesa quando estavam com os amigos dela. Ele alegou que achava que ela fosse solteira, por isso tentou se chegar nela, mas seus amigos contaram que ela era comprometida e ele tirou o time de campo. Juliette achou até fofa a atitude dele em vir lhe pedir desculpas. Outro talvez nem tivesse se dado ao trabalho disso ou pior, não se contentaria e insistiria em flertar com ela, mesmo depois de saber que ela é comprometida.
- Já sim, também. A propósito deixa eu te apresentá-lo. Este é o Bil, Sarah. Bil esta é a Sarah.
- Olá! - o sujeito estendeu a mão a cirurgiã.
- Oi. - respondeu Sarah apertando a mão do sujeito. - Vamos? - olhou para Juliette que se segurava para não rir.
Depois a ciumenta sou apenas eu!
- Vamos, sim. Tchau, Bil.
- Tchau, Juliette.
Em silêncio, elas seguiram até a saída do salão e enquanto vinham agora por um corredor, Juliette resolveu dizer algo para quebrar o silêncio.
- O que você tem?
- Nada!
- Pois não é o que parece. Está assim por causa do Bil? - arriscou já imaginando a resposta.
- Eu não!
- Você é péssima mentindo, só pra que fique ciente. - olhou para a outra que estava séria.
- O que aquele cara queria com você?
- Se despedir. - mentiu. - Ele foi meu colega de turma.
- Eu tive a impressão de ele estar de flerte com você.
Juliette sorriu e aproveitando que elas haviam chego na porta da universidade e que não havia ninguém por perto, a cardiologista abraçou a namorada.
- Isso aí que você está sentindo... É exatamente o mesmo que eu sinto quando essas engraçadinhas ficam revoando sobre você feito umas urubus, doutora.
- Quem disse que eu tô sentindo alguma coisa?
- Ah, não está?
- Não!
- Como é mesmo que você diz?... Ah, lembrei!... Mentir é feio, doutora!
As duas sorriram e acabaram por trocarem um beijo, que foi interrompido pelo toque do celular da cardiologista. Era Washington querendo saber se ela ainda ia demorar na confraternização porque ele já estava com sono.
- Não precisa vir me buscar, preto. A Sarah apareceu aqui na festa e eu vou ficar com ela por aqui. Amanhã de manhã, nós estamos aí em casa, avisa a mainha, que vou dormir fora, visse.
- Eita que mainha vai conhecer a nora dela e eu a minha cunhada.
A cardiologista riu da empolgação do irmão.
- Sim. Agora preciso desligar. Tchau.
- Meu Deus! Você praticamente desligou na cara dele.
- Se eu não fizesse isso, ele ia ficar de conversa. Washington só quer um pé pra ficar isso. Agora deixa eu chamar o Uber pra gente ir embora daqui.
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- Nossa! Acho que dá o nosso quarto aqui dentro e ainda sobra espaço. - comentou Juliette ao estarem dentro do quarto de motel.
O cômodo espaçoso possuía uma cama redonda enorme com espelho no teto e na parede atrás da cama, ar condicionado, área de refeição com mesa de jantar, telefone, TV de tela plana com canais eróticos, rádio, frigobar, banheira grande com hidromassagem e banheiro privativo com ducha, vaso sanitário e pia.
- Verdade. - resmungou ao encarar o cômodo por inteiro.
- Ei! Podemos aproveitar essa ocasião pra comemorar o nosso aniversário de namoro atrasado. - a cardiologista chegou perto da namorada e passando os braços em torno da cintura da namorada. - O que acha? - começou a depositar alguns beijos pela extensão de seu colo exposto pelo decote do macacão que Sarah usava.
- Eu acho ótimo! - respondeu de olhos fechados, sentindo os lábios da namorada beijando seu pescoço e chegar por fim a sua boca. Sarah não tardou em nada em retribuir o beijo de maneira calma e lenta, como se estivesse degustando o prato mais saboroso que já provou.
Engraçado como os relacionamentos tendem a esfriar com o passado tempo. Mas o delas não. Elas já tinham certo tempo, mas ainda assim a chama parecia sempre acessa e o fogo não apagava. Porque não é raro achar que o amor entra na rotina, que aquele frio na barriga desaparece e a chama só fica acesa no começo.
É fato que no começo tudo é novo. O amor é intenso porque você está conhecendo a pessoa e descobrindo, a cada dia, algo novo nela que te faça admirá-la ainda mais, e sua vontade de estar perto e dar o seu melhor, para agradar o outro, é crescente... Até que chega um ponto que tudo se estabiliza??!
Mas no caso delas não se estabiliza, pelo contrário segue numa crescente. A admiração segue sendo diária, nunca acaba. Assim como nunca acaba o amor, o desejo, a paixão. Além disso, elas (geralmente por incentivo e ideia de Juliette) sempre estavam fazendo algo diferente para que a chama não se apagasse... Seja fazendo jogos sexuais, indo a um motel, coisas que são como um fogo que mantém a relação aquecida. "Afinal, o incêndio, como consequência do amor, queima a solidão, os pensamentos ruins e preenche, com chamas de bons sentimentos, o coração.", Já dissera alguém certa vez.
- Não tem nada que me desarme mais do que um beijo seu. - resmungou Sarah com um sorriso e ainda de olhos fechados.
- E não há nada mais lindo e mais encantador, do que ver os seus lábios sorrindo depois de um beijo meu.
Os olhos verdes se abriram para encontrar um par de castanhos tão brilhantes e cheios do mais puro desejo.
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Quarta-feira o capítulo tá Fire Meet Gasoline, como diz na música da Sia ❤️
Até lá, minha gente.
Xero.
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