Capítulo 12 (extra) - Chega pra lá e desespero
N/A: Salve, salve, minha gente! Chegay nesse domingão como prometido para o nosso capítulo extra, que tá ó 😢
Simbora ler.
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- Você enlouqueceu? - Sarah questionou Viviane muito séria assim que se afastou da outra, pondo fim àquele beijo inesperado que a morena lhe tascou para desespero e irritação completa da loira.
- Qual é, Sarah?! Vai dizer que não gostou? - a outra sorriu. Já que com palavras não estava convencendo Sarah, Pocah achou que com ação seria mais bem sucedida em sua 'missão' de conquistar a médica loira e por isso, que resolveu beijar Sarah. Só não contava com tal reação e uma resposta nada delicada vinda da outra mulher.
- Eu estou com cara de quem gostou, Viviane?
A morena se reteceu diante da fala ríspida e o semblante sério da loira. Não era bem aquilo que esperava de Sarah quando lhe beijou.
- Sarah, eu...
- Viviane...
De canto de olho, Sarah notou que havia uma plateia inteira as observando com atenção. Então achou por bem ter uma conversa com Viviane longe dos olhares curiosos dos outros.
- Vem agora comigo! - a loira pegou a outra pelo pulso e saiu levando-a para dentro da casa.
Assim que elas sumiram os demais que aquela altura haviam se juntado todos onde Kerline, Carla e Gil se encontravam, entreolharam-se e começaram as especulações maldosas.
- Será que elas foram se pegar lá pra dentro? - Caio foi o primeiro a se pronunciar.
- Bom a chefe é discreta então, provavelmente preferiu não fazer isso na nossa frente. - Carla opinou.
- Elas tem algo? - foi Vivian quem quis saber.
- Não. Mas elas uma vez saíram para jantar juntas. E desde que elas tiveram esse date, a Pocah é doida para ter outro date com a Sarah. - Kerline revelou com um sorriso malicioso.
Vivian assentiu com um sorriso forçado. Durante o almoçou, ela até tentou se aproximar de Sarah com o intuito de, quem sabe, rolar algo entre elas, já que havia se encantado com a médica e sua beleza estonteante. Porém a outra sempre dava um jeito de se esquivar de sua aproximação e agora, Vivian já sabia o porquê: Pocah. Mal a cardiologista desconfiava que Pocah não era a razão da 'fuga' de Sarah à suas intenções de aproximação.
- Se duvidar a Pocah quer mais do que um date com a chefinha.
As risadas de alguns ecoaram. Vivian e Thaís foram as únicas que não riram, por se sentirem constrangidas com aquela situação e os comentários, e insinuações nada gentis a respeito de alguém que não estava ali para rebater o que era dito.
- Estava achando muito a Pocah não vir com tudo para cima da chefe. - Gil comentou.
- Pena que não registramos esse momento.
- Quem disse Fiuk? Eu registrei. - Ker mostrou aos amigos o celular com a foto de Pocah beijando Sarah.
Como ela imaginou que Viviane não era de dar ponto sem nó quando a viu seguir atrás de Sarah após a dança delas, a doutora Cardoso esperou em alerta com o celular em mãos, fingindo que mexia em algo nele, quando na verdade estava esperando o momento exato de registrar algo com o que pudesse perturbar a vida de sua amiga. E veio o beijo o qual ela não pensou duas vezes em registrar. Sua intenção era fazer a ponte entre Sarah e Vivian, mas Pocah tomou a dianteira e 'fisgou' a cirurgiã.
- Caramba, Ker! Tu dava pra trabalhar de paparazzi. - Carla opinou, causando risadas nos amigos.
- E depois só eu que sou o gay fofoqueiro, né Ker? - cantarolou Gil em tom brincalhão.
- Ai, digamos que fui contaminada pelo seu lado fofoqueiro.
- Saí fora, bicha ridícula. Não põem a culpa em mim de ser fofoqueira, não. E pode mandar a foto do beijo pra Ju pra ela ver que a nossa chefe enfim desencalhou. Ai, Brasil! - gritou Gilberto para risada geral.
- Vou mandar agora. Espera.
Nesse instante Rodolffo que tinha ido levar Rafa em casa e retornado para a casa de Kerline, chegou no grupo e notou a animação e os risos do povo.
- Ei, qual é a piada pra eu rir também?
- Rodolffo, você perdeu um babado forte que rolou aqui. Senta pra não cair para trás quando a gente te contar, amigo.
- Eita, que o trem deve ter sido dos grandes, hein. - o traumatologista comentou em tom divertido e se sentando ao lado de Fiuk. - O que houve, gente?
- A Pocah partiu para o ataque com tudo pra cima da Sarah e tascou um beijo na nossa chefe! - revelou Carla.
- O quê?
- Isso mesmo que você ouviu. E agora as duas estão lá dentro da casa, provavelmente se pegando, bastião. - Caio ria de maneira maliciosa.
Rodolffo não podia acreditar que Sarah estivesse fazendo uma traição dessas com Juliette. Não conhecia bem a sua chefe como pessoa, mas podia apostar que uma coisa dessas não seria da índole de Sarah. Ou será que era?
- Juliette já viu a foto. Bora ver o que ela vai dizer.
- Que foto vocês mandaram pra Juliette? - se apavorou o traumatologista.
- Do beijo da Sarah com a Pocah. - revelou Gil rindo.
- Puta que pariu! - Rodolffo exclamou alto e em tom extremamente exasperado. - Vocês não tinham nada que ter mandado essa porra pra ela. - disse sério e se pondo de pé com uma rapidez, que fez até sua cadeira tombar para trás.
- Ih, qual foi, bastião?! - Caio tinha um sorriso nos lábios.
- É, Rodolffo, qual foi? Por que não podíamos mandar essa foto para a Juliette? - Arthur lançou a questão sem entender a preocupação e toda a irritação do colega. E ele não foi o único, todos os demais ficaram curiosos com aquela reação de Rodolffo.
O traumatologista se xingou mentalmente pelo modo exagerado com o qual reagiu. Não podia dizer a verdade senão era um homem desempregado por Sarah e morto por Juliette.
Porra! Pensa, Rodolffo!
- Bom... É que... - ele começou a falar meio incerto enquanto era alvo dos olhares dos colegas. - Nós conhecemos a Sarah e ela... É uma pessoa muito reservada. Acham que ela vai gostar de ter sido exposta assim? Eu tenho certeza que não.
- Cara, ele tem razão! - Fiuk foi o primeiro a se manifestar após um breve silêncio. - A chefinha não vai gostar disso.
- A Ju mandou uma resposta. - Kerline avisou sem dar muita importância para o sermão de velho do Rodolffo.
- O que ela falou? - Gil quis saber batendo palmas todo empolgado e também não dando a mínima para o que Rodolffo disse.
- "Bom para ela que esteja se divertindo." - leu Kerline aos amigos.
- Nossa, senti daqui a frieza das palavras. Vocês não acharam não? - Carla olhou para os amigos.
A maioria concordou, balançando a cabeça.
Rodolffo resolveu agir. De primeira pensou em ir disfarçadamente lá com Sarah e contar sobre a foto que tiraram dela e que chegou em Juliette. Mas depois achou melhor não ir, pois imaginou que talvez Sarah estivesse tendo uma conversa séria com Viviane, porque era nisso que ele acreditava. Não achava que a chefe estivesse dando uns pegas na outra mulher, como seus companheiros de trabalho especulavam. Sendo assim, ele tentou ajudar o lado de Sarah com Juliette, ligando à amiga na intenção de diminuir um pouco que fosse o estrago da enorme cagada que seus colegas de trabalho fizeram.
- Vocês me dão licença que vou ligar aqui pra Rafa. - ele anunciou já se afastando e nem esperando resposta do grupo.
Enquanto isso dentro da casa Sarah tinha uma conversa séria e que esperava ser a definitiva com Pocah.
- Escute bem Viviane porque esta vai ser a última vez que eu tenho esta conversa com você. - iniciou, deslizando os dedos pela testa. Sua vontade era de esganar a mulher a sua frente, mesmo sendo uma pessoa que detestava violência. Mas o que Viviane fez foi inadmissível. As consequências daquele seu ato eram catastróficas. E Sarah já estava apavorada por antecipação com elas. - Entre você e eu não vai acontecer nada. Se antes não aconteceu quando saímos...
- Não aconteceu porque fez jogo duro comigo.
- Não foi por isso. Foi porque eu não quis nada na época e nem quero agora, pois não posso.
- Você sempre diz que não pode. Por que? - Pocah cruzou os braços e ergueu o queixo em desafio.
Pelo visto, Sarah teria que ser mais explícita ainda do que já foi nas outras vezes e contar com todas a letras sobre seu relacionamento para vê se assim se livrava de vez de Viviane.
- Eu tenho alguém. Uma pessoa que eu amo e que me faz muito feliz. Portanto, você tem zero porcento de chance comigo.
A morena sentiu o golpe duro daquelas palavras, principalmente as últimas. Então Sarah tinha alguém, mas quem seria essa pessoa?
- Quem é ela?
- Não tenho obrigação alguma de te dizer. É a minha vida e só diz respeito a mim.
Nada satisfeita, Pocah não conseguiu engolir isso que Sarah disse.
- Você não está usando essa velha desculpa esfarrapada, inventando um namoro de fantasia apenas para me afastar, né? Porque eu acho que é isso que está fazendo.
Sarah balançou a cabeça descrente e se indagando sobre que espécie de pessoa sem noção ou sem um pingo de amor próprio era Viviane? Meu Deus! Depois de tudo que havia lhe dito antes e agora, ela ainda insistia naquela situação.
- Viviane, você ache o que quiser. É direito seu. Mas eu vou lhe dar um aviso sério, doutora Queiroz... - Sarah usou de toda uma entonação mais firme, séria e formal, que fez Pocah até engolir em seco. - Pare com esses assédios, porque o que está fazendo comigo tanto fora do hospital quanto lá dentro se chama assédio. E eu não vou mais tolerar isso. Se continuar com essas coisas, vou me encarregar de tomar medidas cabíveis e extremistas quanto aos seus assédios. - a morena arregalou os olhos assustada com a ameaça. - E eu não quero ter que fazer isso Viviane. Apesar de tudo, você é uma boa pessoa e uma excelente profissional. Gosto de você como colega de trabalho. - fez questão de frisar estas três últimas palavras. - Mas se tiver que agir com o rigor contra você, eu não hesitarei um segundo sequer, porque não foi por falta de aviso.
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- O que foi que houve, bichinha? Você parece que murchou do nada.
Washington aproveitou que ficaram só os dois na água e tentou descobrir da irmã o que aconteceu para ela perder o brilho no olhar e passar a não sorrir com a mesma empolgação e espontaneidade costumeira.
- Não foi nada, preto. - a cardiologista forçou um sorriso para o irmão, deslizando as pontas dos dedos pela água que batia na altura de seu busto.
- Juliette, eu te conheço, o que foi? Desembucha, mulher!
Ela suspirou e quis chorar, mas não faria isso. Ainda que a vontade de sucumbir às lágrimas fosse enorme.
Aquela foto estragou com seu dia e lhe tirou a alegria. Como Sarah pode ter feito isso com ela? Não conseguia acreditar naquilo. Chegou a responder a mensagem de Kerline apenas para não deixá-la no vácuo, mas talvez fosse melhor não ter mandado nada para ela e nem para Sarah.
Assim que respondeu a Kerline, a cardiologista não pensou duas vezes em mandar uma mensagem a namorada com os dizeres: você está se divertindo a beça, não é doutora Andrade?! Parabéns!, Juntamente com tais palavras ainda mandou junto a foto e o vídeo que Kerline lhe enviou. Depois desligou o celular para não dar margem para ser perturbada pela namorada quando visse sua mensagem ou por quem quer mais que ligasse ou mandasse outra mensagem. Não queria falar com ninguém, muito menos ainda com Sarah do jeito que estava, pois seria desastroso. Ia lhe dizer coisas no calor da raiva que sentia, que iam magoar a namorada como aquela maldita foto estava lhe magoando muito.
- Juliette Freire. Fala logo. - exigiu Washington
Ela resolveu abrir o jogo com o irmão, porque sabia que ele não lhe deixaria em paz enquanto não abrisse a boca. Sendo assim, lhe contou sobre a fotografia que recebeu de uma colega do trabalho onde Sarah aparecia beijando outra em um almoço em que estavam.
- Eu não acredito que ela fez isso comigo, Washington. Eu não acredito, visse! - ela fungou e tratou de enxugar rapidamente a lágrima que escorreu de seus olhos.
- Ju olha pra mim. - ela fez o que ele pediu. - Sei que você está magoada e com raiva do que viu. Eu já passei por isso e te entendo, mana. - ele acariciou seu rosto. Washington não sabia explicar a razão, mas ao contrário da irmã, ele não conseguia acreditar que a cunhada tenha traído Juliette. - E como alguém que já viveu isso na pele, eu vou te dá um conselho: não se deixe levar por esses sentimentos. Ponha a cabeça para pensar.
- Pensar no quê? No tamanho dos meus chifres?
- Juliette usa o raciocínio, mulher. Eu não conheço a Sarah o suficiente, mas você sim. Você mora com ela. Tem um relacionamento de mais de um ano com essa mulher. Você me contou toda a história de vocês desde lá atrás quando se conheceram, passando por toda a dificuldade que foi para enfim ficarem juntas depois que ela baixou a guarda pra você.
Ela havia revelado tudo ao irmão quando ele quis saber mais a respeito da cunhada do que a irmã lhe contou no carro. Juliette não poupou detalhes, porque sabia que em Washington podia confiar seus segredos.
- O que isso tudo tem a ver, Washington?
- O que tem a ver? Meu Deus, mulher! Põem a cabeça pra funcionar, Juliette. Tu não é burra, oxe!... Acha que a Sarah depois de deixar os medos dela de lado pra ficar com você, ia jogar pelo ralo toda a história bonita, que você me contou que vocês vem escrevendo juntas depois que se acertaram?
A morena suspirou.
- Sinceramente, eu não sei o que pensar.
- E se foi essa mulher quem beijou a Sarah, pegando sua namorada desprevenida, hein?
Aquela suposição de Washington fez Juliette parar para pensar pela primeira vez na 'inocência' da namorada. Pocah era afim de Sarah, MUITO afim. E poderia sim ter feito aquilo.
- Talvez isso aí possa ser uma hipótese, Washington. Pocah arrasta um trem sem fim pela Sarah. Mas...
- Mas o quê?
- Antes da foto do beijo, eu recebi um vídeo da Sarah dançando com a Pocah. Ela não tinha nada que dançar com essa mulher, preto. Aliás, Sarah detesta dançar, ainda mais em público.
Já era uma novela fazer a namorada dançar com ela em casa. Aí, a Sarah vai e dança com Pocah na frente de um monte de gente?
- Ah, Ju, vai ver que ela não quis ser mal educada com...
- Foda-se! Pois que fosse mal educada, Washington. - rebateu com raiva e não deixando o irmão terminar sua fala. - Ela não tinha nada que dançar com essa mulher. A minha vontade agora, juro, é de arrancar fio por fio daquele cabelo loiro oxigenado da Sarah até aquela doutora não ter um fiozinho sequer naquela cabeça idiota dela.
Washington não aguentou ouvir a parte final da fala da irmã e começou a rir.
- Não ri, não seu peste! - bateu no braço do irmão. - Não faz ideia do desgosto que tô sentindo daquelas duas, principalmente da Sarah.
- Vocês precisam conversar.
- Se eu conversar com ela agora, eu vou falar coisas que, provavelmente irei me arrepender depois. Portanto, não é uma boa hora falar com ela nesse momento.
- Realmente, nesse momento não é recomendado que conversem. Mas depois, com você mais calma, conversa com ela. Toda história tem dois lados, Ju. Mainha sempre diz isso pra gente.
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- Já estou indo! - Sarah anunciou após se aproximar do grupo de amigos que estavam com umas caras estranhas, que ela nem se deu ao trabalho de saber.
- Mas já, Sarah? - Kerline se pôs de pé.
- Ker, você, ou melhor, vocês viram o que aconteceu. Portanto, me poupe de explicar o motivo de já ir embora. Vou me despedir de Cecília. E não se dê o trabalho de me levar até a porta, porque sei o caminho. Até mais.
Ela deu as costas ao grupo e saiu sem dar margem para que um A sequer fosse dito pelo pessoal.
- Cecília já vou! - comunicou ao se aproximar da senhora.
A mulher pediu licença e fez questão de acompanhar Sarah até a porta, mesmo a médica dizendo que não era necessário. Mas a aniversariante bateu o pé com aquilo ao perceber que alguma coisa parecia errada com a médica loira.
- Você vai pelo que houve? - sondou Cecília enquanto caminhava de braços dados com Sarah pelo corredor de sua casa.
- Aquilo não devia ter acontecido, Cecília. - disse com preocupação ao pensar em como ia contar aquilo a Juliette e, principalmente, na reação da namorada ao tomar ciência daquele fato.
- Por que não? - indagou a senhora ao pararem na porta de saída da casa.
Sarah encarou Cecília e a mãe de Ker ao olhar no fundo dos olhos tristes e angustiados da amiga da filha entendeu tudo.
- Você tem alguém, não é minha querida?
A cirurgiã resolveu ser honesta com a mãe de Kerline.
- Tenho. - confirmou depois de alguns segundos. - E eu não sei como vou contar pra ela isso. Tô apavorada aqui com a reação dela e... - o restante das palavras ficaram entaladas em sua garganta.
- E dela não entender a situação? - completou Cecília por Sarah.
- É. - respondeu com um nó na garganta e os olhos levemente marejados. Conhecia o gênio de sua namorada e sabia que ela não ia reagir nada bem quando soubesse daquele beijo roubado.
- Sei que é uma situação delicada e nada favorável para o seu lado. Mas ó... - Cecília segurou nas mãos de Sarah. Tinha um carinho enorme pela médica. Quando a conheceu muitos anos atrás torceu bastante para ela e sua filha serem mais que amigas, mas Kerline foi taxativa com mãe ao dizer que Sarah não fazia seu tipo por ser certinha demais. -... explique a ela como tudo aconteceu e eu tenho certeza, que essa moça vai entender.
- E se ela não entender? Se ela terminar tudo comigo? Meu Deus do céu! Eu a amo muito, Cecília. E não quero perde-la por um ato impensável de alguém sem um pingo de noção.
A raiva que sentia de Pocah não podia ser medida no momento. E se por culpa dela seu relacionamento com Juliette terminasse, nunca mais ia olhar na cara da neurocirurgiã.
- Aquela moça que lhe beijou, você e ela já...
- Nós saímos uma vez faz um tempo já. E se quer saber? Me arrependo amargamente disso. Foi um erro grotesco da minha parte ter saído com ela. Mas enfim... Desde que ela voltou a trabalhar comigo, insiste em que tenhamos algo. Já lhe disse "não" sei lá quantas vezes, só que ela ainda assim insiste.
- Nossa! Ela não tem amor próprio, não essa moça?
- Pelo visto nem um pouco. Mas agora depois de tudo que eu disse, espero, sinceramente, que ela pare. Porque fui bem dura com ela e contei com todas as letras que tenho alguém.
Cecília sorriu por ouvir aquele final. Saber que Sarah tinha alguém lhe deixava feliz. Sempre desejou que a médica loira deixasse de ser tão solitária e tivesse alguém, e que esse alguém fosse uma pessoa especial na mesma proporção que Cecília sabia que a loira era. E, a julgar pela preocupação e o medo de Sarah sobre como aquele fato que ocorreu ali abalaria seu relacionamento, essa pessoa era muito especial.
- Kerline nem sonha com isso de você ter alguém né?
- Não e eu gostaria de te pedir...
- Nem precisa completar, minha querida. - Cecília interrompeu a médica e deu duas leves batidas nas costas das mãos de Sarah em sinal de conforto. - Pode ficar tranquila que se depender de mim, ela vai continuar às cegas. Não vou contar que você tem alguém.
- Obrigada, Cecília. - Sarah abraçou a outra mulher.
- De nada, minha querida. E espero do fundo do coração, que as coisas entre você e essa moça com quem você está, fiquem bem apesar desse acontecido de hoje.
- Eu também.
- E quero conhecê-la depois.
- Você já a conhece. - revelou ao desfazer o abraço com a outra mulher. - É a Juliette. Ela trabalha comigo e a Kerline no hospital.
- Ah, aquela simpática moça de óculos?
- Sim!
- Ela é linda.
- É. - concordou com um suspiro, seguido de um sorriso triste.
- Ei, vai ficar tudo bem com vocês, minha querida. Ela vai entender que você não teve culpa.
- Não tenho tanta certeza disso, Cecília.
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Sarah entrou em casa com a cabeça estourando de dor e ainda possessa de raiva. Ainda bem que hoje não toparia com Pocah no hospital, porque a médica estava de folga. Melhor assim! Pois não teria estômago para olhar na cara da outra mulher depois do que houve. Esperava de verdade que Pocah tivesse entendido bem e seguisse o que 'pediu', pois caso contrário cumpriria a ameaça que fez a ela sem pensar duas vezes.
Se jogando no sofá, ela só desejava poder voltar no tempo e não ter posto os pés na casa de Kerline.
"Se arrependimento matasse!"
Não tinha a menor ideia de como ia contar a sua ciumenta namorada sobre aquele episódio que aconteceu. Tinha medo da reação de Juliette e de um possível término de relação vindo da parte da namorada.
Só o simples fato de imaginar a namorada pondo um fim no relacionamento delas e ver sua vida sem Juliette, a loira já se sentia doente.
Entretanto, mesmo correndo o risco de ver sua relação ir pelo ralo, ainda assim não pretendia ocultar aquele fato de Juliette. Até porque se não fosse por ela, sua namorada, certamente saberia daquilo por outra boca, o que seria ainda mais desastroso. Então era melhor que Juliette soubesse de sua própria boca do que pela de terceiros, que, ainda por cima, poderiam aumentar mais a história, além de não conta-la como de fato aconteceu.
Ainda levou alguns minutos mais para que ela tomasse coragem de pegar o celular de dentro da bolsa com o intuito de ligar para a namorada e contar logo aquilo. Se era para falar então que fosse de uma vez.
Só não contava que ao pegar o celular encontraria algumas notificações de ligações perdidas de Rodolffo que não escutou, porque havia posto o celular apenas para vibrar.
"O que será que ele quer com tantas ligações assim?!"
Seja lá o que for, ela não estava com cabeça alguma para retornar suas ligações. Entre as chamadas ainda havia a notificação de mensagens de Juliette, que fizeram Sarah esboçar um sorriso de leve. Porém ao entrar no contato da namorada, a loira desfez o sorriso no instante seguinte. A palidez tomou conta de seu rosto e seu estômago embrulhou ao se separar com um vídeo seu dançando com Pocah, e o pior... uma foto sua com a outra mulher lhe beijando.
- Ah, não! - murmurou quase não acreditando no que via e no que leu logo antes da foto.
Aquilo não podia está acontecendo!
Como ela conseguiu aquelas coisas?
Ou melhor, quem mandou aquilo a ela?
- Isso só pode se um pesadelo!... Meu Deus! - gritou se afundando no sofá.
A médica quis chorar de raiva, de desespero e de mais uma infinidade de sentimentos, porém não havia tempo para isso. Ela precisava falar o quanto antes com Juliette e tentar desfazer as conclusões errôneas que sua namorada deve ter tirado por conta daquelas coisas que Sarah ia descobrir quem mandou depois.
Com as mãos trêmulas, ela discou o número da cardiologista e para seu total desespero e agonia a ligação nem chamou e já foi direcionada para a caixa postal.
- Merda! - cobriu com a mão esquerda os olhos.
Decerto Juliette desligou o celular. E agora como falaria com ela? Como tentaria consertar aquele estrago?
Sequer tinha o número de Washington para falar com ele e, muito menos, o contato da casa dos pais de Juliette. Com isso estava 'refém' da boa vontade da namorada em ligar o aparelho celular e mais ainda, de lhe atender, coisa que duvidava que a cardiologista fosse fazer tão cedo.
Foi tomando um leve susto que ela sentiu o aparelho moderno vibrar em sua mão direita poucos segundos depois. Na tela não era o nome da pessoa com quem ansiava falar desesperadamente no momento. Tratava-se de Rodolffo.
- Alô! - atendeu sem um pingo de vontade.
- Sarah que bom que atendeu. Eu preciso te contar uma coisa urgente que aconteceu. - ele disse afoito. - O pessoal, eles tiraram uma foto sua...
- Com a Viviane me beijando e mandaram para a Juliette. - ela completou junto com ele.
- Então eles te falaram?
- Não. Juliette me mandou a foto junto com um vídeo meu dançando com a Pocah e suas felicitações por eu estar me divertindo na festa.
- Droga! Sinto muito, Sarah. Você já conseguiu falar com ela?
- Não. - respondeu de forma lacônica. - Liguei, mas a chamada deu direto na caixa postal. Provavelmente, ela desligou o celular.
- Tentei e foi isso também. Cara, achei muito sem noção o que fizeram. Quero que saiba que não compactuei com isso, Sarah. O que fizeram foi uma falta de respeito sem tamanho com você.
- Você sabe quem tirou a foto, fez o vídeo e enviou pra Juliette?
- Não sei quanto ao vídeo, mas em relação a foto, pelo que eu soube foi a Kerline quem tirou e enviou após o Gilberto sugerir isso. - entregou Rodolffo sem hesitação, pois os culpados mereciam um belo sermão para aprenderem a respeitar a vida particular alheia.
- Bom saber. Mas posso apostar que os demais fizeram parte disso indiretamente.
- Tecerem comentários maldosos que nem vale a pena repetir, Sarah.
- Posso imaginar. - suspirou. - Desculpa, eu preciso desligar para tentar entrar em contato com a Juliette. Te agradeço por me avisar o que houve, Rodolffo. Obrigada, de verdade.
- Imagina. Eu também vou seguir tentando contato com ela. Até mais no hospital, doutora.
- Até.
Pelas horas que se seguiram a médica tentou incansavelmente contato com a namorada, mas sem obter êxito, aumentando com isso seu desespero e sua raiva pelos causadores daquela situação.
Deu seu horário de sair para ir trabalhar e sem outra alternativa, só lhe restou sair de casa rumo ao hospital onde pretendia ter uma conversa muito séria com seus subordinados pelo episódio que ocorreu.
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💔🥺
Até quarta-feira.
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