Tempos de Escola II

Dentro da sala de aula do segundo ano do ensino médio, dentro da Sala 3, eu me sentava ao fundo, bem na extremidade, onde eu podia me escorar na parede à direita. Naquele período, eu e Tiffany nunca mais voltamos a nos ver depois de levá-la àquele túnel do terror. Ela mudou de escola apenas para não voltar mais a me ver.

— Muito bem, turma — a professora de matemática, dona Marcinha, estava dando sua aula, escrevendo o título do assunto na parte superior do quadro com caneta grafite preto. — O novo assunto deste segundo trimestre será Teorema de Pitágoras — ela era uma senhora de sessenta e poucos anos. Gostava de trabalhar com um vestido vermelho, tinha os cabelos grisalhos amarrados num coque atrás da nuca e, como toda boa intelectual, usava óculos de grau.

Matemática era a matéria que eu mais detestava, juntamente com química. Todo fim de ano eu ficava em recuperação nessas porcarias. Eu só conseguia passar porque era nesses momentos críticos que eu me engajava nos estudos, mas essa sorte mudou depois que repeti o ano, quando fiquei em recuperação em sete matérias: matemática, química, geografia, física, português, até mesmo história e sociologia.

Quando vi aquilo, meu espanto foi imediato. Fiquei congelado diante da lista colada na parede ao lado da porta da minha sala, com os olhos esbugalhados vendo os sete X marcados nos quadradinhos à direita do meu nome completo: Gilson Fernandes de Melo.

— Puta merda — murmurei, perplexo.

O momento que parei diante da minha casa foi um dos mais tensos da minha vida. Na minha cabeça, aquele podia ser os meus últimos minutos de vida. A frente da casa tinha uma cerca branca baixa com uma portinhola aberta. Depois de uma escadinha de três degraus estava a porta de madeira pintada de branco, mesma cor das paredes exteriores da residência, cujo teto era feito de telhas de barro vermelho.

Respirei fundo, enfiei a chave na fechadura e girei a maçaneta preta. A sala era um espaço quadrangular de paredes de cerâmica cor de prata, com um sofá cor de vinho bem de frente à TV, que ficava em cima de uma bancada marrom escura, com um DVD preto na prateleira inferior com várias capas de filmes piratas que comprávamos nos camelôs. Alguns metros frente à entrada estava o corredor que tinha duas entradas nas paredes à esquerda. A primeira levava ao quarto dos meus pais, fechado por uma porta branca de maçaneta preta. A segunda era o meu quarto, com porta de madeira levemente escancarada, e ao fim do corredor estava a cozinha, e depois dela ficava o quintal, onde ficava o nosso cachorro chamado Berimbau.

No momento que coloquei os pés dentro da sala, encontrei o meu pai no meio do corredor, vestido com uma camisa branca, com os braços cruzados e os olhos bravos me encarando de uma forma extremamente ameaçadora. A bronca que recebi quando contei a ele foi pior do que qualquer pesadelo. Apesar disso, nunca me esquecerei do tapa que ele desferiu na minha cara.

— TU É A PORRA DE UM MOLEQUE, É ISSO QUE TU É — ele esbravejou. — ACHA QUE TUDO NA VIDA É FÁCIL?! ACHA QUE É SÓ COLAR NA PROVA QUE TÁ TUDO CERTO?! NÃO, NÃO TÁ! É O TEU FUTURO QUE TÁ NESSAS PROVAS! BOTA ISSO NA TUA CABEÇA, PORRA!

— Eu vou estudar — estava chorando na frente dele, com os olhos avermelhados e ardendo. — Eu... Eu juro que vou estudar...

— ACHO BOM MESMO — bradou tão alto que me fez estremecer e baixar a cabeça na hora. — PORQUE SE EU CHEGAR LÁ E VER QUE TU FOI REPROVADO, EU SOU CAPAZ DE ESTOURAR ESSA CASA INTEIRA NA TUA CABEÇA! SOU CAPAZ DE ARRANCAR O TEU PESCOÇO NA FRENTE DA TUA MÃE — balançou o dedo perto da minha face. — A PARTIR DE HOJE, TU NÃO VAI SAIR DO TEU QUARTO SE NÃO FOR PRA FAZER AS PROVAS! VIDEOGAME?! PODE ESQUECER! SE TOCAR NAQUELA PORRA, QUEBRO ELE E A TUA CARA — agarrou meu rosto e o levantou para fitá-lo, apertando os dedos nas minhas bochechas. — TÁ ME OUVINDO, MOLEQUE?! — eu respondi um sim com a cabeça tremulando e as lágrimas correndo soltas. — PRONTO, AGORA VAI PRO TEU QUARTO! VAI, ANDA — e me empurrou com o bater da mão no meu rosto, que me fez voltear um tropeço.

Chorando e fungando forte o nariz, corri para o meu quarto. A cama de lençol verde escuro ficava no canto direito ao fundo. A janela, com vista para a casa amarela do vizinho ao lado, ficava na parede um pouco à esquerda da cama, e bem à esquerda da janela estava a bancada de madeira com uma TV que era um pouco menor que a da sala. Na prateleira abaixo estava o meu videogame, um aparelho em forma de tijolo preto e metálico. Assim como boa parte da casa, as paredes do meu quarto também eram de cerâmica cor de prata.

O primeiro que fiz ao entrar no quarto foi sentar na beirada da cama, com as mãos na cabeça, fechando os olhos e deixando as lágrimas pingarem no chão, chorando no máximo de silêncio que fosse possível, ainda que soltasse um e outro fungado junto com um soluço. Ninguém poderia me ouvir no lado de fora, e isso era o único que importava naquele instante.

O que passei naqueles dias de transição de mês de novembro para dezembro foi um inferno. Fiquei noites em claro com a cara nos livros em cima da cama e o notebook branco ligado ao lado. Se eu cheguei a dormir direito naqueles dias, não consigo me lembrar. Foi um esforço contínuo para tentar memorizar todos os assuntos das sete matérias de forma quase simultânea, sobrecarregando a minha mente a tal ponto que acabei desmaiando durante uma madrugada em cima da cama, para acordar no dia seguinte com a cabeça latejando uma dor de marretadas.

Como fiquei proibido de sair de casa, senti vergonha em pedir para os meus pais comprarem remédio para dor de cabeça, mas durante uma manhã que eles foram fazer as compras no supermercado, fui para o quintal para espairecer um pouco a mente. Puxei a porta de madeira e coloquei os pés calçando chinelos no chão de terra do qual o quintal inteiro era composto, cercado por um muro de pedra de quatro metros. Lá estava nosso cachorro Berimbau correndo atrás das galinhas, que corriam balançando freneticamente as asas, cacarejando.

Ver isso sempre me fazia sorrir com muita graça. Berimbau foi um cachorro macho de rua que o meu pai acolheu por pena. Ramón Fernandes sempre foi amante de cachorros, tanto que tinha um quadro na cozinha com ele criança se abraçando com dois filhotinhos lambendo os dois lados da sua cara. Se dependesse do meu pai, criaríamos uma ninhada inteira dentro de casa, mas minha mãe jamais permitiria por ter alergia à pelos.

Berimbau era um cachorro vira-lata de pelos negros e finos com uma camada branca na frente do pescoço. Sempre que ele me via, corria para mim e se levantava com as patas traseiras, esfregando as patas dianteiras sobre a minha camisa, fitando-me com os olhos de bola preta e a bocarra resfolegando com a língua para fora. Rindo baixinho, eu acariciei sua cabeça e ele reagiu com uma cerrada de olhos, deixando um sorrisão na cara, logo começou a esfregar a lateral da cabeça em minha camisa em um gesto de carinho.

Quando a noite caiu, eu estava de volta ao meu quarto, mais uma vez sobrecarregando a minha mente, ainda com a cabeça latejando como se recebesse duras pancadas de instante em instante. Era sete horas da noite e eu ainda não havia jantado. Na verdade, o meu pai me proibiu de sair do quarto até para isso. Por causa disso, era a minha mãe que tinha que trazer a janta para mim dentro do quarto.

— Gilson? — Andreza Fernandes abriu a porta e entrou lentamente, segurando um prato contendo arroz branco, feijão marrom e guisado de frango na mão. — Posso entrar?

— A senhora já entrou — falei com os olhos focados na tela do computador. — Pode deixar a comida aí que depois eu como.

— Gilson, sai um pouco desses estudos e descansa. Eu tô vendo tuas olheiras daqui. Vai terminar pegando uma doença.

— NÃO POSSO — gritei, finalmente a encarando. — SE EU DORMIR, VOU TERMINAR ESQUECENDO TUDO, E AMANHÃ VAI COMEÇAR AS PROVAS! EU NÃO POSSO PARAR!

— Gilson, o que é isso?! Calma!

NÃO — esbravejei. — NÃO, EU NÃO POSSO ME ACALMAR! AGORA DEIXA A PORRA DA COMIDA AÍ QUE DEPOIS EU COMO! FAZ O FAVOR, EU PRECISO TER FOCO AQUI!

Ela ficou me encarando por alguns segundos, em seguida deixou o prato em cima da gaveta que fica ao lado da porta. Eu voltei o foco para a tela do notebook, porém percebi que ela ainda ficou me olhando com tristeza.

— Boa sorte na prova amanhã... tá?

Eu ignorei aquilo e continuei com os olhos no notebook. Os olhos dela abaixaram e por fim se retirou do quarto, fechando suavemente a porta. Mesmo com os olhos ardendo e lacrimejando, eu fiquei a madrugada inteira estudando. A única pausa que fiz foi para beber a água de uma garrafa no chão ao lado da cama.

Às exatas 01h30 da madrugada, levantei-me da cama e fui para a cozinha. O corredor estava todo escuro. Foi quase como andar com os olhos vendados, mas não tive problema nenhum em chegar à cozinha, pois conhecia cada pedaço de chão da casa. Abri a geladeira e peguei o garrafão de água gelada na prateleira inferior da porta. Abri a tampa e comecei a beber glup glup glup. Tampei o garrafão e coloquei de volta, logo retornei pelo corredor, com uma mão coçando o olho.

Antes de entrar de volta no quarto, detive os passos ao ouvir gemidos soando do quarto dos meus pais. Reconheci na hora a voz da minha mãe gemendo constantes oh dentro do quarto. Logicamente eu conhecia aqueles gemidos. Meu pai estava penetrando a minha mãe de quatro. Pelo menos vão acordar de bom humor amanhã, pensei assim que adentrei o quarto e voltei a me sentar na cama, cruzando as pernas frente ao notebook.

Quando deu 3h00, acabei fechando os olhos por mais de dois segundos e arriei com as costas na cama, dormindo com a bocarra aberta derramando baba.

— Ei, Gilson, acorda — ecoou a voz do meu pai de repente. — Já são sete da manhã. Acorda, senão vai se atrasar pras provas!

— Hã?! O quê?! — abri os olhos num sobressalto e vi meu pai de pé na minha frente, trajando uma camiseta branca, ainda de cueca.

— O café da manhã já tá na mesa — ele falou. — Toma banho e se arruma logo pra não chegar atrasado.

— Ah... — esfreguei os olhos com as mãos, ainda tonto de cansaço. — Tá... Tá bom... — minha voz quase não saía de tão fraca. — Já... Já tô indo...

O notebook ainda estava aberto na cama, porém com a tela apagada. A bateria havia acabado. Quando fui guardar o notebook na gaveta, percebi o prato com comida que minha mãe havia deixado em cima frio e estragado. Acabei dando para Berimbau comer no quintal.

O banheiro era um pequeno espaço quadrado com paredes de cerâmica esbranquiçada. A privada também era branca, igual que a torneira que ficava na sua frente. Tirei toda a roupa do corpo e joguei dentro do cesto azul que ficava ao lado da porta. Girei a manivela preta e o chuveiro branco derramou sua água por todo o meu corpo, refrescando-o. Quando terminei de me enxugar com a toalha amarela, vesti-me com a farda da escola, uma calça jeans azul e um par de tênis pretos dados pelo meu avô Alberto Fernandes no dia 23 de julho do ano passado, 2011, dia do meu aniversário.

Sentado na cadeira de madeira ao leste da mesa de mármore branco, alimentei-me com pão com ovo frito e uma xícara de café extraforte. Mamãe já havia saído para abrir sua loja de roupas, e papai já havia ido para o restaurante no qual trabalhava como garçom. Eu tinha sempre que ir para o colégio sozinho e a pé.

Caminhando pelo corredor principal do colégio, de paredes azuis escuras e chão de cerâmica branca, com portas de madeira escura em cada lado que levavam para o laboratório de química, a sala de informática, sala de reuniões e a sala da diretora Tônia, a mulher mais braba que já conheci na vida. Aquela mocreia só não dava mais medo que o meu pai, e dizem que o marido dela é ainda pior. Graças a Deus eu nunca cheguei a conhecê-lo.

No fim do corredor estava uma rampa curta para descer, e nos corrimãos vermelhos nos dois lados da rampa estavam alguns alunos escorados, e entre eles estava o idiota do Paulo, um garoto magricela de cabelos pretos e pele parda. Era o palhaço da minha turma, o tipo que vivia interrompendo aulas e tirando sarro dos professores. Não fiquei nem um pouco surpreso quando vi que ele ficou em recuperação em todas as matérias. O desgraçado nunca se importou com estudos, e ainda tinha a maior pinta de traficante de favela carioca, sempre andando com o boné virado de lado na cabeça e óculos escuros na cara.

Eu soltei um bufo pelo nariz enquanto me aproximava. Deixei mais exposto a minha cara de cansaço para que ele não viesse me encher o saco. Não adiantou de merda nenhuma e ele veio saltando e dançando com os dedos fazendo V.

Chegou o Gilsão da parada, aí — sua voz era rouca e fina, extremamente irritante. — Encontrei a Tiffany esses dias, sabia?! Tava toda nua e de quatro na minha cama, com a bundinha empinadinha pro meu lado! Aí eu comecei a fazer assim nela — remexeu as virilhas freneticamente numa dança que incitava a prática sexual. — E ela gritava OOOOOH! OOOOOH! NOSSA, PAULO, TUA PIROCA É MAIOR QUE A DO GILSON! OOOOOH!

Há tempos ele me fazia essas provocações, e do jeito que ele era, não duvido que ele tenha mesmo feito essas coisas com a Tiffany. Os dois eram vizinhos e ele vivia jogando cantadas para ela, e ela geralmente o ignorava. Teria ela finalmente cedido depois do nosso término?

Naquele momento eu apenas bufei de impaciência.

— Sai da frente, faz o favor — empurrei-lo pelo peito e voltei a andar.

Sai da frente o quê, rapaz?! — ele se interpôs de novo no meu caminho, o que me forçou a cessar. — Tu fala direito comigo que eu faço as meninas gozar, tá ligado?! Tá pensando o quê?! Aqui eu sou autoridade, rapaz! Ninguém mexe com carioca não, tá ligado?!

— Sai da frente, porra, senão eu quebro a tua cara — falei num rosnado áspero. — Eu tô falando sério!

Tu vai bater na minha cara?! — ele continuou a zombar. — Meu irmão, se tu sequer chegar a tocar em mim, eu pego uma espingarda e explodo tua cara dum tiro bem acertado, tá ligad... — minha mão voou para o seu pescoço. Os outros alunos se espantaram.

— Sai... da minha... frente... — falei com os dentes cerrados e os olhos queimando em fúria. — PORRA — joguei-o para o lado e ele tombou. Os outros alunos correram para ajudá-lo a se levantar enquanto eu passei para dentro da minha sala a aguardar o início das provas. Fiquei sentado sozinho na minha cadeira ao fundo da sala completamente vazia, abri o zíper da mochila verde-oliva e liguei o notebook para estudar o assunto uma última vez.

Mas como não havia nada ruim que não pudesse piorar, Paulo chamou a diretora e a mesma me convocou para a sua sala. Entrei na sala com expressão aborrecida, sentindo uma imensa vontade de arrancar o pescoço de Paulo, que estava cabisbaixo, sentado na cadeira da direita frente à mesa da diretora, sem o chapéu e os óculos, com os olhos verdes me mirando pelo canto.

— Sente-se, senhor Gilson — ordenou a diretora Tônia, mulher negra de corpo largo e cabelos negros encaracolados. Eu a obedeci e tomei o meu assento. — Porque o senhor agrediu o Paulo Rodrigues?

— Eu fiquei a semana toda estudando pra prova pra vir um bosta desse me encher o saco — apontei Paulo com a mão. Paulo me olhou com cara feia. — Olha pras minhas olheiras! Eu tô sem dormir direito!

— E o senhor acha certo agredir outra pessoa por causa disso?!

— Foi ele que me irritou! Ele que ficou...

— SE IRRITOU OU NÃO IRRITOU, EU NÃO QUERO SABER — ela bradou com a voz de trombeta. — O SENHOR TEM SORTE DE HOJE SER APENAS DIA DAS PROVAS DE RECUPERAÇÃO, SENÃO EU MANDARIA UM COMUNICADO PROS SEUS PAIS DIZENDO QUE O SENHOR FOI SUSPENSO POR AGREDIR UM COLEGA! SE ISSO SE REPETIR DE NOVO, VOU SER FORÇADA A REPROVAR OS DOIS NA HORA!

Depois da bronca, eu finalmente fui fazer as duas primeiras provas do dia, que eram de matemática e português. Virei noites inteiras estudando para nos dias das provas eu chegar para fazê-las quase desmaiando de sono. Obviamente, o resultado não podia ter sido outro.

FILHO DO CÃO — meu pai me golpeou e eu desabei no chão da cozinha de casa. — REPROVADO! TU FOI REPROVADO! SABE O QUE ISSO SIGNIFICA?! SABE, MOLEQUE?! SABE?! NÃO, TU NÃO SABE, POR QUE TU É A PORRA DE UM MOLEQUE IMATURO DE MERDA, É ISSO QUE TU É!

Ramón, para, pelo amor de Deus — minha mãe o segurou para que não avançasse em cima de mim. — Custa dar uma segunda chance pro menino?! Se ele tivesse repetido de ano duas ou três vezes, tudo bem, mas foi só a primeira vez!

— TÁ VENDO COMO TU É, ANDREZA?! VIVE DEFENDENDO ELE PRA TUDO! FECHA OS OLHOS PRA TODAS AS MERDAS QUE ELE FAZ E DEPOIS O CULPADO NESSA CASA SOU EU!

Uma segunda chance, Ramón — Andreza insistiu. — É tudo que eu peço! Dá uma segunda chance pra ele! Custa dar um voto de confiança pro teu filho?!

Caído no chão, fiquei os mirando com o rosto lavado pelas lágrimas e o nariz fungando a louca. Ramón Fernandes me encarou com o rancor no ápice, respirou fundo, desviou a cara e coçou os dois olhos com os dedos.

— Vai pro quarto — apontou o dedo para o corredor, sem olhar para mim. — Vai pro teu quarto agora e não sai de lá até eu mandar — percebeu, no entanto, que eu ainda não me mexi. — VAI, MOLEQUE!

Eu me levantei escorregando mãos e pés. Dei uma última encarada na minha mãe, que acenou para mim com um olhar triste, dando o sinal para eu ir. Abaixei a cabeça e fui para o corredor. Empurrei a porta do quarto e fechei atrás de mim. Sentei-me na beirada da cama e fiquei a encarar os meus próprios pés durante longos minutos de reflexão, enquanto a luz da manhã invadia a janela do meu quarto, iluminando-o. Moleque... Senti o peso das palavras do meu pai. Sou a porra de um moleque imaturo... Soltei um e outro soluço. É esse o meu futuro?

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