Capítulo 41


— Carolina quer falar com você — Lorena notificou, antes mesmo que eu me sentasse na cadeira.

Fred surgiu a passos seguros da direção do balcão de Lor até que eu pude ouvir.

— Ãm, ãm, ãm... Não pense que vai fugir de mim. Vamos, eu preciso da sua ajuda.

Lor revirou os olhos e suspirou, soltando da porta como se tudo não passasse de uma grande tortura mental.

— Quarta-feira agitada. — Comentou, antes de sair.

Certo. Suspirei também. Carolina quer falar comigo.

— Eu não quero você olhando assim para mim, Lor. — Fred resmungou enquanto Lor seguia em sua direção. — Nós somos amigos.

— Não. — Lor exclamou. — Eu sou a sua secretária e você está me deixando louca.

Segui em direção ao oitavo andar e quando a porta do elevador se abriu, me deparei com pelo menos trinta mulheres em pé e de repente, o espaço amplo e agigantado se tornou minúsculo. Eu não fazia ideia do que estava acontecido e enquanto elas conversavam num tom agradavelmente baixo, eu as fitava confusa.

— Oi. Com licença. — Pedi para uma mulher loira e muito bonita, tentando avançar mais para dentro do andar.

Segui a diante até que me deparei com Carolina segurando uma prancheta diante do corpo.

— Que ótimo, Nina.

— Mas que merda é... — A distinta e única voz masculina se fez ouvir, mas foi morrendo aos poucos quando se desvencilhou da última mulher e se deparou comigo e Carolina.

A minha garganta se comprimiu e o meu peito vibrou forte ao me deparar com ele.

— Nós precisamos escolher uma nova estagiária. — Carolina esclareceu segurando a prancheta diante do peito.

Thomas ergueu as sobrancelhas e encarou Carolina com uma expressão indecifrável.

— Preciso falar com você... — Thomas disse isso e caminhou por entre as mulheres em direção a porta de sua sala.

Carolina observou-o desaparecer com os olhos estreitados, mas depois focou em mim.

— Tudo bem. — Ela exalou depois de dizer. — Precisamos selecionar uma nova Estagiária. Você será a nova Editora Chefe, então preste bastante atenção.

— O que? — Indaguei com descrença.

Carolina ampliou os lábios num sorriso satisfeito e começou a andar.

— Agradeça ao Thomas. — Ela exclamou por cima do ombro.

— Carolina quer falar com você — Lorena notificou, antes mesmo que eu me sentasse na cadeira.

Fred surgiu a passos seguros da direção do balcão de Lor até que eu pude ouvir.

— Ãm, ãm, ãm... Não pense que vai fugir de mim. Vamos, eu preciso da sua ajuda.

Lor revirou os olhos e suspirou, soltando da porta como se tudo não passasse de uma grande tortura mental.

— Quarta-feira agitada. — Comentou, antes de sair.

Certo. Suspirei também. Carolina quer falar comigo.

— Eu não quero você olhando assim para mim, Lor. — Fred resmungou enquanto Lor seguia em sua direção. — Nós somos amigos.

— Não. — Lor exclamou. — Eu sou a sua secretária e você está me deixando louca.

Segui em direção ao oitavo andar e quando a porta do elevador se abriu, me deparei com pelo menos trinta mulheres em pé e de repente, o espaço amplo e agigantado se tornou minúsculo. Eu não fazia ideia do que estava acontecido e enquanto elas conversavam num tom agradavelmente baixo, eu as fitava confusa.

— Oi. Com licença. — Pedi para uma mulher loira e muito bonita, tentando avançar mais para dentro do andar.

Segui a diante até que me deparei com Carolina segurando uma prancheta diante do corpo.

— Que ótimo, Nina.

— Mas que merda é... — A distinta e única voz masculina se fez ouvir, mas foi morrendo aos poucos quando se desvencilhou da última mulher e se deparou comigo e Carolina.

A minha garganta se comprimiu e o meu peito vibrou forte ao me deparar com ele.

— Nós precisamos escolher uma nova estagiária. — Carolina esclareceu segurando a prancheta diante do peito.

Thomas ergueu as sobrancelhas e encarou Carolina com uma expressão indecifrável.

— Preciso falar com você... — Thomas disse isso e caminhou por entre as mulheres em direção a porta de sua sala.

Carolina observou-o desaparecer com os olhos estreitados, mas depois focou em mim.

— Tudo bem. — Ela exalou depois de dizer. — Precisamos selecionar uma nova Estagiária. Você será a nova Editora Chefe, então preste bastante atenção.

— O que? — Indaguei com descrença.

Carolina ampliou os lábios num sorriso satisfeito e empurrou a prancheta para mim antes de começar a se afastar.

— Agradeça a Thomas. — Ela exclamou por cima do ombro antes de sumir por entre as mulheres.

— Ok. — Suspirei.

Eu posso fazer isso. Era uma grande responsabilidade, mas eu precisava fazer uma escolha consciente. Pensava, enquanto o meu olhar rolava a lista com muitos nomes.

— Oi. Amor. — Uma mulher bonita, vinda direto do clipe da Katy Parry de cabelos pretos, mascando um chiclete e vestindo uma blusa justa ombro a ombro rosa, num tom neon e uma saia lápis justa verde limão se aproximou mais de mim. — Quero saber se vai demorar muito para começar a chamar? — Ela olhou para as unhas bastante compridas cobertas por um esmalte amarelo e fitou a minha calça partacourt jeans e depois a blusa branca de gola tartaruga dobrada de trocô.

A minha resposta foi um gesto de cabeça que indicava "não".

— Meu Deus. — Era a voz de Lorena. — O que está acontecendo aqui?

— Preciso da sua ajuda... — Declarei rapidamente.

— Certo... — Lor suspirou, vasculhando ao redor.

*

— Você é muito bonita, deveria tentar a vaga de modelo. — Lor forçou um sorriso para a menina que estava sentada na cadeira do outro lado da mesa.

Bonita, mas só isso. Segundo a ficha, ela tinha dezoito anos. Um metro e setenta e cinco. Grandes e belos olhos verdes, cabelos loiros, pele bronzeada, tinha começado a faculdade de moda há um ano e aparentemente tinha caído de paraquedas aqui na Revista.

— Certo, Lina — suspirei ao fitar a prancheta e constatar que precisaria encarar mais trinta entrevistas dessas. — Obrigada. Ligarem se for o caso.

Ela assentiu e se levantou, segurando a bolsa e ajustando o vestido formal.

A próxima me soou bastante promissora até abrir a boca. Ela sequer sabia para o que se destinava a vaga e Lor negou com gesto de cabeça.

— Próxima. — Exclamei, riscando o nome da lista.

Mais uma mulher adentrou o escritório e sentou-se à cadeira.

— Você é a...

— Alessandra Bergman... — Ela não me deixou falar e o seu tom usual era bastante seguro e superior.

Ergui minha mão para cumprimentá-la e ela ficou parada, olhando a minha mão pairando no ar como se eu fosse uma coisa de outro planeta.

— Oh, ok. — murmurei, constrangida ao abaixar a mão e escondê-la embaixo da mesa, trocando um olhar frustrado com Lorena que estava ao meu lado nessa loucura.

Lorena olhou para a porta, balançando a cabeça em desaprovação, descartando-a logo de cara e eu cocei a garganta, recriminando a atitude. Não dava para simplesmente desclassifica-la, então, foquei na entrevista.

— Então, Alessandra. Vejo que você está cursando moda. Me fale um pouco de você.

Vinte minutos depois e nós ainda estávamos ouvindo a mulher tagarelar sobre o último desfile da Victoria's Secret e todas as suas críticas.

Lorena conseguiu manobrar e não demorou muito para que a mulher se levantasse e saísse como todas as outras.

— Preciso me lembrar de não fazer perguntas tão amplas... — comentei, baixando os óculos e debruçando-me sobre a mesa.

Vinte e nove entrevistadas depois e Lorena me informou que havia acabado.

— Estranho. Achei que fossem trinta. — pensei alto demais, analisando a prancheta.

— Vem, vamos tomar um café.

Eu precisava de um café, por isso, me levantei da cadeira e avancei para o corredor.

— Então, você foi promovida a Editora Chefe? Como vai fazer quando for para Paris? — Lor quis saber, enquanto andávamos pelo corredor.

— Eu não sei. — Confessei num suspiro dramático.

— Você não pode abrir mão de estudar em Paris, Nina. — Lor considerou com seriedade, caminhando ao meu lado. — É uma oportunidade e tanto.

Não deu para ver direito o que aconteceu, porque estava concentrada em olhar para Lor enquanto tínhamos essa conversa quando uma adolescente esbarrou em mim.

— Oh meu Deus! — Ela resfolegou exasperada. — Eu sinto muito. — A jovem se recompôs puxando a blusa larga. — Vocês trabalham aqui. — Ela focou no meu rosto com um olhar urgente. — Tenho uma entrevista, mas estou muito atrasada e espero que ainda dê tempo.

Ela era a trigésima entrevistada e quando eu a olhei com mais insistência, sua fisionomia me soou tão familiar.

— É, acabamos de terminar. — Lor informou.

— Oh... — A expressão agitada da garota começou a se desfazer e murchar como uma planta no calor e agora ela parecia desapontada.

Eu não sabia quem era a menina, mas ela deveria estar na casa dos dezoito ou dezenove anos. Tinha um rosto bonito de olhos azuis e longos cabelos acobreados que transpareciam a inocência. Eu não podia ignorá-la e não me sentia segura de chamar nenhuma das candidatas anteriores.

— Certo. — Soltei, segurando o braço de Lorena e lhe lançando um olhar de cumplicidade. Não tomaria mais do que dez minutos do nosso dia.

— É só me acompanhar. — Orientei para a candidata.

— Como você se chama? — Perguntei, assumindo o meu posto atrás da mesa.

— Paulina. — Respondeu ela e isso foi o gatilho que faltava.

A minha postura se tornar tensa quando a lembrança do acidente com Samuca preencheu a minha mente e eu precisei me levantar.

Isso só podia ser uma pegadinha.

— Você é a garota que bateu na traseira do carro meu noivo. — Pausei engolindo as palavras. — Bem... Do meu ex-noivo. — Fiz questão de corrigir.

— Ai caramba. — Ela exclamou, empalidecendo no mesmo instante. — Olha, eu sinto muito, muito, muito por aquilo.

— Tudo bem. — Gesticulei com a mão para que ela parasse aquele mesmo monólogo que eu ouvira na ocasião do acidente. — Você sabe qual a função da vaga? — indaguei, um pouco cansada das entrevistas.

Paulina acenou num gesto de cabeça.

— Sei sim. Estou no meu quarto período de moda.

A informação me fez encará-la escancaradamente, pois se ela tinha alguma noção de moda, porque combinava tão mal os estilos de roupa?

A garota pareceu perceber o meu conflito e acrescentou.

— São escolhas conscientes — sorriu sem graça. — As minhas roupas. Eu me sinto bem com elas assim. São confortáveis e também, precisei vir às pressas pois estava...

A voz dela foi morrendo quando percebeu que estava alongando demais a explicação. Parecia haver mais alguma coisa, mas eu tinha gostado de sua personalidade e mesmo que ela fosse muito atrapalhada e agitada, me soou muito promissora. Paulina puxou uma folha e esticou o braço, me entregando seu currículo.

Nada mal para uma acadêmica.

— Certo. — Conclui. — Esteja aqui às oito.

— É sério? — Questionou cética, levantando-se da cadeira num pulo.

— É sim. — Respondi e isso foi o bastante para fazer a garota passar os braços ao redor dos meus ombros e me abraçar esmagadoramente.

— Ai-meu-Deus. — Ela me soltou de repente quando reestabeleceu o controle, ajeitando a manga da minha blusa. — Tudo bem. Me desculpe por isso. Obrigada. — Paulina tentou assumir uma postura profissional, mas isso só me fez sorrir.

— Ok. — Sorri mais uma vez.

— Tá bom. — Ela gesticulou com a mão e caminhou até a porta, abrindo-a com insegurança. — Sinto muito pelo seu noivado.

Passei as mãos pelos cabelos e sorri.

— Meu Deus. — Lorena abriu a porta esbaforida. — Ela parece um furacão ambulante.

*

— Carolina. — Chamei-a quando vi passar em direção ao elevador.

Ela parou no meio do recinto e virou-se na minha direção.

— Olá. Nina. Como foi o processo seletivo.

— Foi agitado. — Respondi, me lembrando da bagunça. — Mas não é sobre isso. — Suspirei antes de tomar a decisão de falar. — Gostaria de agradecer a promoção, mas eu não posso aceitar. Recebi uma proposta irrecusável se estudar e trabalhar em Paris — foi a primeira vez que eu disse aquilo em voz alta. Lor estava certa, não havia possibilidade de me fechar para esta oportunidade e dizer isso em voz alta fez o meu peito estufar de felicidade — e eu vou. — Expliquei, forçando um sorriso sem graça.

— Oh! — Carolina fez um "o" com a boca carnuda. — Fico feliz por você, mas o Thomas já sabe disso?

A pergunta fez a minha postura se tornar tensa e a garganta secar.

— Não e eu ficaria muito feliz se você não contasse nada a ele. Eu só quero seguir com a minha vida longe de toda essa confusão. — As palavras saiam com tanta honestidade.

E naquele momento, para esquecê-lo eu precisaria atravessar o mundo.

— Tudo bem. Eu preciso ir. — Informou ela, passando a mão pelo meu braço antes de se afastar.

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