Capítulo 31

— Isso é ridículo... — Rebati abruptamente.

Não era tão ridículo, porque eu estava realmente me sentindo assim. Só que assumir isso em voz alta era absurdo. Eu não podia gostar de dois homens ao mesmo tempo, era errado, obsceno. Era como se estivesse pisando numa linha perigosa, e não fizesse ideia de como voltar atrás, ou parar de fazer o que estava fazendo. Não tinha como parar ou voltar. As coisas estavam tomando proporções estapafúrdias e tudo o que eu conseguia fazer agora era olhar para Thomas e sentir meu corpo todo reagir com borbulhas. Ardendo por um sentimento que se recusava a morrer.

— Ah, é? — indagou ceticamente — Thomas enfiou a mão no bolso de dentro do palito e sacou a carteira, deixando uma nota de cinquenta embaixo do copo dele, e eu fiquei ali, parada, observando-o se movimentar com mais pressa. — Se é tão ridículo assim, vem comigo?

Ele se levantou da cadeira e me agarrou pelo braço. Não foi um toque rude que poderia me machucar como esperava que fosse, mas foi firme o bastante para me tirar do lugar e emitir ondas consistentes que irromperam o meu corpo e fizeram as minhas pernas bambearem. Nossos olhares se cruzaram quando ergui-o do meu braço para o rosto dele e eu me senti anestesiada pela intensidade que encontrei ali, naqueles olhos frios ardentes. Eu não sabia para onde ele estava me levado, mas nós saímos do Brews mais rápido do que entramos.

— O que você quer? — Indaguei, no meio do caminho, ainda bastante confusa.

— Cinco minutos.

— Você quer cinco minutos? — refutei com indignação, as minhas pernas movimentando-se rápido conforme ele me puxava. — Eu te dei cinco minutos. Não foram o bastante?

O Corolla estava estacionado do outro lado da rua, diante da entrada do meu condomínio. A lataria do carro brilhava conforme nos movimentávamos e a luz oscilava sobre a camada de tinta preta polida. Era um belo e imponente carro, mas Thomas não me permitiu olhar muito, já que nós nos aproximávamos rápido dele.

Thomas destravou o carro pelo controle da chave e abriu a porta do passageiro. Ele gesticulou com uma cordialidade exagerada para que eu entrasse, e a minha resposta foi um franzir de sobrancelhas.

Ele estava com as veias das têmporas sobressaltadas sob a pele e as pupilas dilatada. A respiração pesada poderia ser devido ao ritmo que havíamos andado até aqui, mas me arriscaria a dizer que não era por isso. Talvez o coração estivesse a mil, eu pensei, precisaria tocá-lo para saber, mas o meu olhar não desviava da boca entreaberta dele. Parecia um convite irresistivelmente vermelho de provocação. Pressionei meus lábios, engolindo a seco quando me peguei em flagrante. Os olhos dele também estavam sobre os meus, intensos e avassaladores.

— Eu quero cinco minutos da sua mais pura honestidade. Você pode fazer isso? — A voz dele estava agindo com um grande poder hipnótico nos meus tímpanos, me fazendo ficar a olhar diretamente para ele.

O cheiro do perfume delicioso dele vagou novamente pelo meu nariz e impregnando-se em meu cérebro como um entorpecente agindo e batendo rápido no meu sistema nervoso, me fazendo ter pensamentos incontroláveis que iam contra tudo o que eu acreditava até agora, mas um pouco de razão que sobrara gritou:

Não, eu não podia fazer isso. Eu tinha muita coisa a perder, e para ele, não havia nada em jogo. Por isso, a minha resposta foi um vago e abstrato silêncio que perdurou no ar até que eu abrisse a minha boca para dizer:

— Assine a minha Licença, por favor. É só o que eu te peço.

— Você, de repente, ficou tão educada... — ele comentou com um meio sorriso malicioso — Mas, eu estou com dificuldade em processar esse seu... afastamento. — As palavras pareciam brincarem lentamente na ponta da língua dele. — Eu sinto que você... — Ele não quis continuar — Não vamos falar disso agora. — A voz dele estava cálida, macia e ao mesmo tempo rouca.

Era tão errado assim querer que ele se aproximasse? Que ele me tocasse outra vez. Samuca era meu noivo, mas ele me abandonara por causa de Thomas. Então, eu deveria afastá-lo e tudo o que eu conseguia era desejá-lo mais perto. Tudo era tão contraditório. Thomas era tão atraente e irresistível.

O que eu estava pensando da minha vida ao ir de encontro a ele?

Mas, por que eu não conseguia evitar?

— Complete a frase. O que você sente? — indaguei instintivamente não tão segura de mim quanto ele, mantendo a voz no mesmo tom. Baixo e rouco. O meu corpo estava ardendo em brasas e eu não estava conseguindo controlar o poder que Thomas exercia sobre minha mente e meu corpo.

Era uma coisa descomunal. Inexplicável. Incontrolável. O destino era assim e parecia que toda a minha vida tinha corrido para este momento, para viver isso... com ele, e não era a primeira vez que eu me sentia assim. Todos os nossos caminhos tinham sido feitos para se cruzarem neste ponto. E naquele momento, me senti nadando teimosamente contra uma correnteza que jamais poderia vencer, porque isso ia além de nós mesmos, e eu estava tão cansada de tentar vencer uma coisa imbatível. Eu não queria mais lutar.

— Não sei... eu estou me sentindo um pouco egoísta. — A voz dele foi morrendo à medida que ele se aproximava da minha boca.

O hálito refrescante também estava me atraindo involuntariamente, como se uma força indutiva nos conduzisse um para o outro. Era atração pura. Magnetismo ou algo do tipo, eu não me importava, pois meu cérebro inebriado desejava-o com tanta sede que quando me dei conta do que estava fazendo de fato, meus olhos já estavam fechados e nossas bocas estavam juntas.

O toque quente e iminente do nosso beijo fez a minha mente explodir com a intensidade do ato.

O destino de uma mosca que acabara de cair na teia de uma caranguejeira. Os lábios quentes e sedentos dele cobriram os meus num toque macio e ao mesmo tempo mordaz. Ele me devorou como uma presa encurralada e eu, estava gostando daquilo. De ser sua presa; estar indefesa, naquelas circunstâncias era dolorosamente prazeroso, e ele, sabendo disso continuou ali, me saboreando de uma forma doce e ao mesmo tempo pervertida que ninguém conseguiria resistir.

— Isso está errado. — Comentei com um pequeno lapso de lucidez, sobre a boca dele, ofegante, quando a mão dele roçou a minha coxa.

— Eu sei, mas podemos ignorar isso por cinco minutos? — ele não se afastou muito para dizer isso, e eu apenas consenti num gesto de cabeça, retomando o contato com mais intensidade.

Thomas me empurrou para dentro do carro, e eu cai sentada sobre a poltrona de couro antes que eu me desse conta, a porta do lado do motorista foi aberta e ele entrou, fechando a porta e atacando-me com mais feracidade agora que estávamos na privacidade do interior do carro. Ele se reclinou sobre o estofado e me conduziu para o seu colo.

Mantendo o contato visual, as pupilas grandes e dilatadas pelo desejo pungente recobriam boa parte do azul e me encaravam com fervor e luxúria; minhas pernas encacharam-se ao lado do quadril dele, e eu pude sentir sua ereção catucar entre minhas coxas sob o tecido fino da calcinha, isso desencadeou uma onda de prazer quente e fria que subiu das minhas pernas e se instalou no meu baixo vente. Nossas respirações alteradas, praticamente no mesmo ritmo. As minhas mãos espalmadas sobre o peito dele.

O olhar malicioso de quem sabia o que estava fazendo desceu, acompanhando o momento que suas mãos quentes faziam ao seguir um caminho das minhas pernas até embaixo do vestido, subindo e subindo até as minhas costas, até que ele me segurou pela cintura e me encarou com presunção, me puxando mais para ele.

Naquela situação, toda aquela presunção esboçada me fazia perder a cabeça. Ele era lindo e esse ar superior e confiante dele o deixava gostoso e irresistível. Uma torrente de convecção se formou entre as minhas pernas devido a forma como ele me olhava. Eu gostava disso, e me sentia tomada pela luxúria com ele embaixo de mim, porque era eu quem estava no controle e não havia nada que ele pudesse fazer. Inclinando o corpo para beijá-lo, avancei com a mão em seu colarinho e desabituei os dois primeiros botões.

Focada em tirar a camisa dele, não percebi que Thomas estava me olhando, até que a ponta do dedo indicador dele ergueu meu rosto na altura dos seus e ele me fitou com nítida seriedade.

— Eu também não consigo parar de pensar naquele beijo. — Ele comentou aleatoriamente num sussurro, e meu cérebro levou algum tempo para associar e processar o que ele havia dito. — Na verdade, eu não consigo parar de pensar em você...

A revelação me fez parar de respirar por um instante, e minha mente viajou até a lembrança do beijo e em como eu havia me sentido sobre isso. Pensar fez a minha pele se arrepiar como se houvessem passado pedras de gelo nas minhas costas. Ele também estava pensando sobre isso. Ele não estava conseguindo esquecer e pela primeira vez, não me senti sozinha nesse barco.

— Você me enganou para tirar isso de mim. Você e o meu amigo da onça.

Thomas sorriu e me beijou.

— Fred é um bom amigo, você que não me ouve. — Ele justificou, murmurando.

Eu joguei o peso do meu corpo todo para cima dele e me aproximei do seu ouvido, sussurrando:

— Eu estou ouvindo agora — e capturei a orelha dele com meus dentes, chupando o nódulo com muita excitação.

O pau dele se contraiu entre as minhas pernas e as mãos se fecharam mais ao apertaram as minhas coxas com pura excitação, e ele me beijou, mordendo o meu lábio inferior, fazendo-me gemer com o prazer reprimido.

Afastei-me, encarando-o e sem pedir autorização antes de segurar a camisa dele e agarrar pelas golas, puxando uma para o lado e outra para o outro. Os botões voando e caindo pelo acoalho do carro. Minha mente precisou de alguns segundos para admirar o que estava exposto diante de mim: um peitoral forte e definido. Definitivamente, Thomas era um frequentador assíduo de academia, porque há seis anos ele tinha o corpo bonito, de jogador de futebol e agora, ele estava incrivelmente gostoso.

Apertando os lábios e tentando reprimir o que aquela visão ocasionava em mim, deslizei as mãos pelo peitoral forte.

— Melhor assim... — Comentei, abaixando a cabeça para beijar novamente.

— Eu estava louco para fazer isso... — A mão dele deslizou pelo meu corpo até se instalar na parte da frente, descendo pela minha barriga até parar entre as minhas pernas.

A minha calcinha estava molhada, e tudo o que eu queria era que ele descesse um pouco mais até lá. Os meus músculos se contraiam por dentro, desejando-o mais uma vez. Uma necessidade estridente recaiu sobre mim e pela forma como ele respirava de excitação, também estava sobre ele.

Thomas parou, encarando-me como se aguardasse algum tipo de aprovação e tudo o que eu fiz foi me movimentar mais para cima do colo dele implorando para continuar, apertando sua mão contra mim e ele, e ele sorriu vaidosamente. Um sorriso que irradiou malicia e tentação.

Ele era um pecado. Um pedaço de mal caminho, ou a estrada inteira da perdição. Isso não me importava. Não agora.

Thomas avançou com a mão sobre o decote do meu vestido e abaixou-o o suficiente para exibir os meus seios, segurando um com a mão e capturando o outro com os lábios, sugando-o e me fazendo suspirar de prazer. A sensação era maravilhosa e quando ele deu uma leve mordiscada, eu joguei a cabeça para trás, aproveitando tudo que ele fizesse agora.

O meu cérebro parou de racionalizar quando a mão dele deslizou pelo cós da calcinha, entrando em contato com a minha parte mais sensível e a minha garganta se fechou; a boca secou, ansiosa e necessitada, fechando os olhos assim que os dedos dele seguiram um caminho delirante e delicioso. Tudo se tornou meio desfocado, o dedo brincou ao redor da minha entrada umedecida pela necessidade de tê-lo e curvei o corpo para a frente, cobrindo os lábios dele com os meus, tentando abafar os gemidos quando o dedo dele penetrou em mim e começou a me estimular.

A mão livre dele parou sobre o meu rosto e eu comecei a me movimentar em busca de mais prazer. Eu não deveria fazer isso. Não mesmo, mas não havia nada para me impedir de prosseguir. Eu o queria tanto e há tanto tempo. E ele estava aqui, agora, embaixo de mim, tão suscetível e vulnerável.

Era tudo o que eu não admitia nem para mim mesmo, porque eu tinha medo disso. Desse sentimento, da atração física, essa coisa inexplicável que estava me sucumbindo. Eu não sabia se poderia lidar com isso depois, mas não queria ter o trabalho de pensar nisso agora. Eu tinha entrado num barco e nós já estávamos em alto-mar. Não havia como voltar. Eu não queria voltar.

E enquanto ele ofegava e eu gemia contra os lábios dele, o dedo se movimentando mais e mais rápido me fazia revirar os olhos de prazer.

Eu estava prestes a gozar; os lábios se movimentando e a minha língua brincando dentro da boca dele quando um telefone subitamente começou a tocar.

Thomas se movimentou por baixo de mim, continuando o beijo, de um jeito que ele sacou o telefone de algum lugar e hesitou, olhando para mim.

A razão estava quase me fazendo abaixar a saia do vestido e sair do carro com o meu restante de dignidade quando ele descartou o telefone e continuou o que estava fazendo com a mão, mas isso não durou muito porque o telefone voltou a tocar.

Ele pegou o telefone do banco onde eu estava há alguns minutos e fitou a tela do telefone.

"Carolina", era ela quem estava ligando, eu consegui ler de relance enquanto ele erguia o telefone.

— Eu preciso atender. — Foi o que ele disse um instante depois de abrir a chamada.

Eu fiquei ali, parada, em cima de Thomas, constrangida pela minha posição enquanto observa sua expressão concisa, ouvindo a voz feminina e grave de Carolina do outro lado do telefone.

Eles ainda estavam juntos? Porque ele tinha parado tudo o que estava acontecendo entre a gente para atendê-la. Eles estavam juntos até poucas semanas e agora, ele estava aqui... comigo?

Pensar nisso foi como jogar um balde de água fria para os meus ânimos.

— Tudo bem. Eu vou dar uma passada aí. — Disse, por fim, abaixando o telefone e olhando para mim.

Um misto de desânimo e decepção me fez deslizar para o banco do passageiro.

— Eu preciso ir. — Informou depois que guardou o telefone, remexendo-se no banco para ajeitar a roupa. A Carolina o tinha chamado e ele estava indo correndo. É claro que eles estavam juntos. — Passa amanhã na minha sala para pegar sua Licença assinada.

Que se dane a Licença. O que ele pensava que eu era?

Encarei-o com muita descrença, ajeitando a barra do vestido para cobrir o máximo que podia. Estava incapacita de abrir a boca e lhe dizer algo, porque nós estávamos errados. Eu estava errada e isso era o bastante para me fazer assentir e sair do carro.

Fechei a porta, e ele ligou o motor do carro, olhando-me uma última vez antes de acelerar o carro e entrar em movimento.

Eu não passava de uma tremenda idiota burra.

O QUE EU ESTAVA FAZENDO DA MINHA VIDA?

E Samuca? Como nós ficaríamos? A minha consciência começou a pesar demais.

***


boa noite, meus amores.

Durmam com esse barulho do Thomas devorando a Nina. Espero que gostem, eu nunca escrevi um hot e levei a publico, então deixe aqui sua sugestão ou comentário. Eu sempre estou tentando melhorar e com a ajuda de vocês, tenho certeza que posso ir mais longe.

Obrigada por você ter chegado até aqui.



Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top