Capítulo 13

A viagem do Rio para Cabo Frio durou certa de duas horas, e eu já estava enjoada da estrada quando Samuca manobrou o carro na garagem da casa.

Eu tinha esquecido de quão incrível esse lugar conseguia ser. Há dois anos, Marco, o pai de Samuca, se cansou de ficar preso ao escritório e passou a Pontes Torres, a firma de advocacia da família, para seu único filho. Decidido a aproveitar ao máximo a sua aposentadoria, se mudou para cá há um ano e meio, e estava vivendo tranquilamente nesta casa linda no interior do Rio de Janeiro.

O lugar era de tirar o fôlego. O céu azul por cima do cenário ampliava a beleza dos longos vidros da casa de dois andares que refletiam a paisagem que a cercava. A vegetação era estratificada e ia de pequenas plantas rasteiras como samambaias e orquídeas bambus, a incríveis e antigas quaresmeiras que formavam um jardim nas laterais do caminho cimentado até a entrada da casa. O rústico predominava na arquitetura, e embora fosse antiga, ainda estava muito preservada.

— Ah, meu Deus! — Ângela surgiu na porta da casa com empolgação, enquanto eu descia do carro. — Até que enfim vocês chegaram. — Celebrou ao vir na nossa direção com os braços abertos.

— Tia Ângela... — disse, ao abrir um largo sorriso.

Ela me cumprimentou, segurando o meu rosto e deixando dois beijos, um em cada bochecha, puxando-me pelo ombro para um longo e calorosos abraço

Ângela costumava ser a minha tia coruja — talvez, porque não pudesse ter filhos e acabou me adotando também —, ela é irmã gêmea univitelina com minha mãe. Olhar para ela era quase o mesmo que ver a minha mãe ou a mim mesma. A semelhança era assustadora. Os cabelos da tia Ângela eram curtos e volumosos, na altura do pescoço e num tom quase castanho acaju. Os olhos eram estreitos e abaulados nos côncavos, tinham uma coloração avelã, de castanho a esverdeado, cílios espessos e sobrancelhas grossas modeladas apenas os intensificavam. Ela, minha mãe e eu compartilhávamos dessa genética. Os lábios levemente mais inchados na parte inferior estavam cobertos por um batom laranja, cuja cor combinava com a pele bronzeada. Com certeza estava aproveitando a piscina. Animada, moderna e muito bonita ao usar um vestido leve, vermelho com pequenas flores brancas, de alças finas, que transpassavam os seios fartos, amarradas nas costas e sandálias rasteiras nos pés. Para 39 anos, ela estava com tudo em cima. Mais do que isso, ela estava incrível. Corpo lindo, torneado. Magra. Cinco centímetros a mais do que eu.

— Você cortou os cabelos... — comentou com surpresa, ao puxar os meus fios, cujo comprimento passava um pouco da clavícula, fazendo uma cortina de fios castanhos esvoaçarem-se no ar, assim que caiu novamente sobre meus ombros. — Achei que nunca fosse desapegar do longo. Está linda e agora, mais do que nunca, se parece mais comigo.

— Quem disse? — Essa foi a voz da minha mãe. — Ela é a minha cópia, Angel!

Minha tia ignorou, ao revirar os olhos e balançou a cabeça divertidamente.

— Ah, que saudades do meu garoto. — Dessa vez, ela apertou o Samuca num abraço.

— Eu também estava, Ângela. — Samuca respondeu, e praticamente a tirou do chão.

Samuca perdera a mãe para um tumor cerebral, quando ainda tinha 12 anos, e Marco só se envolveu com alguém, no caso minha tia, cinco anos depois. A história deles é muito bonita e eles adoravam contá-la para quem quisesse ouvir.

— Nada disso, Ciça. Minha sobrinha se parece mais comigo do que com a própria mãe. — Ângela farpeou a minha mãe, quando deixou um tapa sutil na minha bunda.

— Ah, minha filha... — Ela veio em minha direção com os braços abertos, envolvendo-me num abraço terno. — Como você está, meu amor? — perguntou ainda me envolvendo.

— Eu estou bem, mamãe. — Respondi, afagando as costas dela.

Abraçá-la me fez perceber o quanto havia emagrecido. Cinco ou até seis quilos, até mais, se levar em consideração o rosto e o pescoço fino, e isso me fez analisa-la com mais calma, assim que se afastou e levou as mãos para trás do corpo. Os cabelos ainda eram longos, na altura da costela, mas estava opaco e sem vida.

— Você está bem? — indaguei de cenhos franzidos, num tom baixo que apenas ela pudesse ouvir.

O sorriso amplo que exibia a linha bonita dos seus dentes brancos se fechou e ela tirou a mecha que o vento levou para frente do seu rosto, e balançou a cabeça, concordando com o gesto.

— Vocês são gêmeas. — Samuca passou os braços pelos ombros das duas, ficando no meio delas ao avançarem pelo caminho de pedras para a casa. — Eu não entendo porque ainda insistem nisso. Ela se parece com as duas.

Deixei uma risada vibrar em meu peito e balancei a cabeça ao abrir o porta-malas, pegando a minha bagagem.

— Pode deixar que eu levo. — Marco apareceu na porta, vindo em direção ao carro.

O pai do Samuca era um homem lindo. Alto, forte e com porte atlético. Tinha fartos cabelos loiros escuros lisos que davam para passar atrás das orelhas, e agora, estavam penteados para trás. Os olhos eram de azuis profundos, e as sobrancelhas, junto à barba, cuja maior concentração de pelos era no bigode e no cavanhaque, já carregavam notórios fios brancos. Embora a idade estivesse chegando, ele não parecia perder o charme. O terno e a gravata foram substituídos por simples camisa branca de botões, que ele deixava dois abertos na gola, e exibia o começo de um peitoral bronzeado e sarado com a bermuda de sarja bege e sandália de couro. O novo estilo praiano combinava com ele. Marco costumava ser animado, de bem com a vida e muito carinhoso. Eram 49 anos de muita disposição.

Abri um sorriso, acenando positivamente com a cabeça, e ele esboçou um riso simpático em resposta, mostrando a linha de dentes brancos.

— Como foi de viagem? — Perguntou, assim que pegou a mala da minha mão.

Suspirei ao me lembrar dos 150 quilômetros que havíamos percorrido e suspirei, demonstrando que realmente era longe.

— Longa. — Respondi, acenando com a cabeça, e enfiando as mãos nos bolsos de trás da minha calça. Ele sorriu mais amplo.

— Eu sei bem como é... — Comentou, enquanto avançava com a mala ao meu lado pelo caminho de pedras. — Eu estou muito feliz que você tenha conseguido vir. — Acrescentou, dessa vez olhando para mim — Samuel disse que você tem trabalhado muito ultimamente.

Suspirei assim que me lembrei da loucura que estava a Parilla nas últimas semanas. Eu já estive muito mais atarefada e Samuca usou o serviço como desculpa para o nosso desentendimento.

— Tem sido uma loucura... — Aleguei, balançando a cabeça em concordância, ajeitando o cabelo que o vento insistia em agitar.

Marco deu mais alguns passos em silêncio, mas virou seu rosto para mim outra vez e eu pude ver de esguelha quando ele o fez.

— Sabe, Nina... — Marco estalou. — Eu fiz um bom trabalho com o Samuel e tenho orgulho do homem que ele se tornou, mas eu não fui um bom marido.

Franzi o cenho e precisei parar antes de cruzar a porta dupla de vidro e madeira da entrada que dava acesso para a sala de estar. Ângela passou por trás do balcão e acenou com a mão, formando um sorriso para Marco.

— Não com ela. — Ele fez questão de esclarecer com um sorriso. — Com a Lúcia.

Esfreguei uma mão na outra, um pouco apreensiva com o rumo que a conversa estava tomando. Ele estava falando da falecida esposa e isso nunca tinha acontecido, não comigo.

— O trabalho é muito importante, e eu sei que você quer crescer na Revista, mas não pode permitir que a sua vida se resuma basicamente isso.

Assenti que sim com a cabeça. Falar sobre isso me fez sentir raiva, porque o quê a Verônica fez comigo me veio à mente. Realmente estava trabalhando muito e estava dando tudo de mim para que quando o estágio terminasse, daqui a dois meses, fosse contratada de fato.

— Eu sei, Marco. A gente trabalha demais, mas não vai ser sempre assim. Eu ainda sou uma estagiária e preciso provar que mereço continuar na Revista quando o contrato de estágio acabar.

— Eu não tenho dúvida que você vai conseguir. Você é inteligente, é esperta, ágil, mas não precisar dar essa parte da sua vida para a Revista.

— Não é bem assim, Marco. — Suspirei, consternadamente.

Eu não poderia contar a ninguém o que a Verônica estava fazendo comigo até decidir que atitude tomaria, então apenas me resignei a simples palavras que não justificava o que ele estava me dizendo.

— Depois que você começa a crescer, o céu é o limite. Você foca em um objetivo e depois que você o atingir, vai buscar algo ainda maior e quando se der conta, a sua vida já passou, e a única coisa que você vai ter é uma carreira para se orgulhar. Dinheiro e prestígio não vão pagar pela sua juventude, muito menos a solidão, e você só percebe isso tarde demais para voltar atrás. Eu passei a minha vida trabalhando para que a firma chegasse ao topo. Mas quando a minha mulher morreu eu pude perceber que nada do que eu tinha podia mudar isso. Na verdade, eu estava tão imerso no trabalho que eu nem vi acontecer.

Selei os meus lábios um no outro e os pressionei sem saber o que dizer, enfiando as mãos nos bolsos de trás da minha calça jeans.

Nós queríamos ter uma vida estável e segura. Ter um trabalho e um bom remuneramento faziam parte do processo.

— Eu sinto muito.

Ele sorriu amplamente e balançou a cabeça, dispensando as minhas palavras.

— O Samuel é cabeça dura nesse quesito, está fazendo um trabalho excepcional na Pontes Torres. Tem pegado os melhores casos e não está perdendo nenhum. Isso é bom, mas a vida não é só isso.

Encarei-o nos olhos, procurando mais alguma coisa que ele pudesse não estar dizendo e apenas fiquei ali, refletindo acerca das suas palavras.

— Apenas pensei nisso. — Pediu, ultrapassando a porta com a minha mala na mão.

Vi-o soltar a mala próximo ao balcão da sala de estar e passar os braços ao redor da cintura de Ângela, deixando um beijo no topo da cabeça dela.

— O que ele estava falando? — Samuca apareceu de repente, pondo o corpo no meio da porta.

— Ele acha que nós trabalhamos demais... — Respondi, olhando por cima do ombro de Samuca o casal que parecia dois adolescentes que acabaram de começar a namorar.

Ele deu de ombros e olhou por cima do ombro, provavelmente procurando o que tanto me rouba a atenção.

— Eles estão muito felizes... — Comentei, deixando um sorriso se formar em meu rosto.

A felicidade dos dois era quase palpável e isso me deixava feliz por eles. Os braços de Samuca envolveram a minha cintura e roubaram a minha atenção para ele, fazendo-me desviar o olhar para ele.

— E nós também... — Alegou, arqueando as sobrancelhas, o que me faz soltar uma risada.

Ele sorriu também, estreitando a distância que havia entre nós ao selar nossos lábios um no outro.

***

Era final de tarde. Seis horas, e o sol começava a se pôr, tentando se destacar por entre as grandes nuvens que compunham o horizonte, tingido de vibrantes tons alaranjados que se mesclavam com o azul. A brisa do mar tornava o clima úmido e agradável à pele. Exalei profundamente, relaxando de imediato com a pureza e refrescância do ar.

— É uma linda tarde. — Minha mãe comentou, sentada no sofá ao olhar para o céu através da parede de vidro que isolava a sala, assim que desci os degraus da escada.

— Vocês vão amar o lago. — Ângela nos incentivou, gesticulando com a mão ao se sentar ao lado da minha mãe. — Nós queríamos ir, mas sua mãe não está se sentindo muito bem.

Franzi as sobrancelhas, desviando o olhar para a minha mãe.

— O que você tem? — indaguei, analisando-a.

Ciça fitou Ângela com desaprovação.

— Não é nada, amor. — Respondeu, suavemente, erguendo a mão e pegando a minha com seus dedos brancos e finos. — É só uma indisposiçãozinha, não se preocupe. — Alegou, com um sorriso contido.

Estudei as duas por um tempo. Elas realmente eram muito parecidas e lado a lado me faziam questionar o quanto isso era possível. Abaixei um pouco o olhar, analisando os dedos magros e frios, constatando que minha mãe estava bem mais pálida e magra do que minha tia, isso estava começando a gerar desconforto e estranheza, porque por mais que não mantivesse contato com ela nos últimos meses, sabia que não era dada a dietas nem a exercícios físicos, mas mesmo achando a situação um pouco estranha, assenti que sim com a cabeça.

— Estamos indo. — Samuca informou quando desceu da escada, chamando-me com um gesto de mão.

— Se divirtam, crianças... — Ângela gritou suavemente quando nós já estávamos do lado de fora.

Ele me conduziu pelo caminho de cimento que nos levaria até os fundos da casa. O terreno era grande e o lago ficava no final desse caminho. Samuca puxou a minha mão e freou os meus passos. Virei-me para ver o sorriso de lado que se abriu em seu rosto. Ele me surpreendeu ao puxar a camiseta pelos braços, tirando-a ao deixar em exibição o corpo forte e musculoso de tirar fôlego. O meu olhar desceu para o cós da bermuda e eu umedeci os lábios com a ponta da linga ao estudar o maldoso caminho que seus músculos formavam do peitoral até o abdômen trincado e o "v" em seu quadril. Ergui a sobrancelha e um riso de malicioso e curioso se formou em meus lábios.

— O que você está fazendo? — Perguntei, tentando controlar a excitação e curiosidade ao fixar o meu olhar em seu rosto.

Ele franziu os lábios, subindo a mão para desabotoar a bermuda branca.

— Uma chupada pra quem chegar primeiro. — Brincou, puxando a bermuda para baixo.

Isso me fez gargalhar.

— Três... — Ele arqueou a sobrancelha e isso me fez levar as mãos aos botões do vestido, abrindo-o o mais rápido possível, só que o vestido era fechado de cima a baixo por botões.

— Dois...

Dei alguns pulinhos de empolgação ao perceber que o tempo estava passando e eu ainda não tinha conseguido me livrar de botões suficientes para sair de dentro, então manobrei os braços para me livrar das alças finas. O tecido leve, verde claro e balançava no ar com o vento fresco do final da tarde. Consegui afrouxá-lo no busto e ele deslizou pelas minhas pernas, restando apenas o sutiã sem alças rosa, de renda e a pequena calcinha para cobrir meu corpo.

— Um.

Eu o empurrei para trás, antes que ele pudesse correr primeiro do que eu, soltando uma gargalhada ao tentar ganhar uma vantagem, começando a correr em direção ao deque de madeira que ficava a uns vinte e cinco metros à frente.

Samuca agarrou meu pulso, tentando interromper a minha vitória. Eu o puxei para um beijo, selando seus lábios de um jeito sensual e lento, tentando distrai-lo e trapaceei mais uma vez ao empurrá-lo para fora do caminho, voltando a corrida e pulando do deque de madeira diretamente para o lago.

A agua agitou-se com a minha invasão e eu ainda estava emergindo na água quando Samuca pulou e a perfurou com seu corpo grande, gerando ondas na água.

Samuca surgiu na superfície, sacudindo a cabeça e esfregou os olhos com as mãos, a fim de tirar o excesso de água alojada.

— Você podia aprender a perder com dignidade... — Ele resmungou, dando risada e nadou até mim, empurrando a minha cabeça para dentro da água antes mesmo que eu pudesse me pronunciar.

Soltei uma gargalhada, quando pus a cabeça para fora novamente e formei uma corrente de água com braço a fim de alvejá-lo em forma de chuvisco.

— Nada disso... Seja um bom perdedor. — Provoquei-o, girando na água ao mexer os braços.

— Você trapaceou... — Reafirmou, dando algumas braçadas para a frente, ficando bem perto de mim.

Arqueei a sobrancelha e sorri, jogando o corpo para trás, a fim de mergulhar os cabelos soltos na água e fechei os olhos quando a minha cabeça foi lavada pela água fresca.

— Você quer que eu pague agora? — As mãos de Samuca passaram ao redor do meu corpo.

O calor do corpo de Samuca ao redor de mim cortou a temperatura amena da água e enviou pequenas ondas em forma de choque por todo o meu corpo.

— Não. — Contestei ao sorrir com a insinuação, jogando mais uma porção de água em forma de chuvisco em seu rosto, cortando o clima.

Ele cerrou os olhos e forçou uma expressão ofendida ao me encarar de esguelha.

— Ah... — Ele nadou para trás. — Você vai ver.

— Nem pense nisso. — Alertei, ao abrir a boca com divertida indignação, quando ele juntou as mãos em conchas cheias de água, alvejando o líquido todo em minha direção.

Depois da enxurrada de água, afundei o corpo para dentro da água e mergulhei na horizontal, voltando a quando precisei tomar fôlego.

Nadei ao redor de Samuca, a uns dois metros de distância dele, e estudei a paisagem ao redor.

— Eu não consigo parar de admirar esse lugar... — Comentei.

Havia algumas palmeiras à margem do lago. Conglomerados de plantas rasteiras aparados em formas arredondadas e alguns barcos pequenos do outro lado.

— Esse lugar é incrível... — Acrescentou num suspiro, fazendo a mesma observação com o olhar alternando entre a paisagem e eu. — Estar com você é incrível. — disse, quase que para ele mesmo, mas os meus ouvidos também puderam distinguir suas palavras.

Meus lábios se curvaram num riso espontâneo e lisonjeado, e eu mergulhei, dando algumas braçadas no imenso e profundo silêncio da água. A paz me alcançou, mas não demorou muito para que o vazio da tranquilidade fosse preenchido por imagens caóticas do dia da apresentação do novo dono da Parilla. Memórias de Thomas, em forma de flashs, atacaram a minha mente com unhas e dentes. Precisei emergi com pressa e quase sem fôlego, ficando a poucos centímetros de Samuca. Eu não queria ter me lembrado disso. Precisava contar, mas não porque a presença de Thomas estava me incomodando, realmente estava e eu não queria vê-lo, tampouco ter de lidar com ele, mas devia isso a Samuca porque ele tinha o direito de saber que Thomas saíra do passado diretamente para o meu presente. Eu não aguentava mais o fardo de ter que esconder isso.

A tensão começou a se formar, transformando-se em calafrios e o nervosismo percorreu o meu estômago. Engoli o nó que se aglomerou em minha garganta antes de me pronunciar.

— Nós precisamos conversar. — Informei, e a minha voz se tornou muito mais carregada de tensão do que eu esperava.

A expressão dele também se fechou um pouco, os olhos tomando uma coloração muito mais sombria desta vez.

— Ok. — Respondeu, mesmo apreensivo.

— Antes de mais nada, eu gostaria que você soubesse que eu...

A minha fala foi imediatamente interrompida, quando nossos olhares desviaram-se para o deque. Era a minha mãe e ela estava nos chamando.

— O jantar está pronto.

— O que? — Samuca e eu rebatemos em uníssono.

Eu não acredito.

Pude ter a sensação de que tinha ficado pálida. Ainda não estava conseguindo acreditar que minha mãe tinha atrapalhado um momento tão importante. Estava prestes a contar sobre a situação da Parilla e Thomas. Por isso, precisei respirar fundo, sem conseguir esconder minha frustração. Apertei os olhos e passei a mão pela testa, empurrando os cabelos do rosto para trás. Sentia que toda a coragem que havia em mim, tinha escoado pela água e não parecia que eu a recuperaria novamente. Justo no momento em que tinha decidido desabafar.

— Sua tia está chamando. Venham logo... — Pediu, gesticulando com a mão, afastando-se do deque ao seguir pelo caminho de volta a casa.

— Depois a gente continua. Vamos... — Samuca disse, nadando em direção à borda do rio.

Frustrada e chateada, apenas o acompanhei, saindo do rio e enrolando os cabelos a fim de tirar o excesso de água e entrei no vestido novamente.

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